Perceção de saúde na população portuguesa ≥ 35 anos*

João Paulo de Figueiredo Salvador Massano Cardoso Sobre os autores

Resumo

OBJETIVO

Analisar a relação entre determinantes de saúde, satisfação com a vida, locus de controlo, atitudes e comportamentos com a qualidade de vida relacionada à saúde numa população adulta.

MÉTODOS

Estudo observacional (analítico-transversal) com base metodológica quantitativa. A amostra foi de 1.214 habitantes ≥ 35 anos de 31 freguesias do Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012. Foi realizado inquérito de saúde anónimo e voluntário com as seguintes informações: demográfica, inventário clínico, comportamentos de saúde e estilos de vida; qualidade de vida relacionada à saúde (Medical Outcomes Study, Short Form-36); locus de controlo da saúde; questionário de atitudes e comportamentos de saúde e índice de qualidade de vida. Para análise estatística foram utilizados os métodos: Correlação Linear de Pearson; t-Student; Wilcoxon-Mann-Whitney; ANOVA a um Fator; F de Brown-Forsythe; Kruskal-Wallis; Comparações Múltiplas: Tukey HSD, Games-Howell e Conover.

RESULTADOS

A qualidade de vida relacionada à saúde esteve diminuída no sexo feminino, nos grupos etários mais avançados, nos indivíduos com excesso de peso/obesidade, baixas habilitações, viúvos, sozinhos, residentes no meio rural/suburbano, inativos profissionalmente e estatuto socioeconómico médio baixo. Expressaram piores indices de saúde: os inquiridos com autoperceção de saúde de mau/muito mau (p < 0,0001), na presença de doença crónica, a sua frequência (p < 0,0001), que consumiam < 3 refeições diárias (p ≤ 0,01), os sedentários, os que dormiam ≤ 6 h/dia; e os com maior número de anos de tabagismo. A qualidade de vida relacionada à saúde esteve positivamente associada com maior locus de controlo interno, melhores atitudes e comportamentos de saúde (atividade física, cuidados alimentares e de saúde, duração da dependência) e com diferentes áreas de satisfação com a vida.

CONCLUSÕES

Determinadas características sociais e psicológicas, familiares e de saúde, estilos de vida adequados, melhores condições socioeconómicas, bom locus de controlo interno sobre a saúde e atitudes e comportamentos evidenciaram melhor qualidade de vida relacionada à saúde.

Nível de Saúde; Autoavaliação Diagnóstica; Estilo de Vida; Comportamentos Saudáveis; Qualidade de Vida; Conhecimentos; Atitudes e Prática em Saúde; Estudos Transversais


INTRODUÇÃO

As sociedades atuais encontram-se em constante transformação (económica, política e social) e expõem o indivíduo diariamente a determinantes que podem influenciar o seu bem-estar, a saúde e a qualidade de vida. Deve-se investir na promoção da saúde junto às populações para reduzir os efeitos de determinados fatores responsáveis por sua morbilidade e mortalidade.1111  Hespanhol AP, Couto L, Martins C. A medicina preventiva. Rev Port Clin Geral. 2008;24(1):49-64.,1515  Marteau TM, Hollands GJ, Fletcher PC. Changing human behavior to prevent disease: the importance of targeting automatic processes. Science. 2012;337(6101):1492-5. DOI:10.1126/science.1226918
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Os determinantes responsáveis pela saúde e pela doença são acontecimentos ou eventos que produzem alteração da saúde no âmbito de um quadro clínico definido. Sempre existiu procura constante pela saúde e pelo bem-estar em detrimento da doença no ciclo de vida das populações. No entanto, há fatores intrínsecos (biológicos, pessoais, imunológicos e genéticos) que determinam a suscetibilidade de o indivíduo contrair a doença e fatores extrínsecos (ambientais, comportamentais, físicos, hábitos sociais, e outros) a concorrerem para a promoção da exposição do indivíduo a ela.1111  Hespanhol AP, Couto L, Martins C. A medicina preventiva. Rev Port Clin Geral. 2008;24(1):49-64.

A qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) é um indicador genérico de estado de saúde que integra os componentes físicos, psicológicos e sociais. Permite caraterizar e predizer o estado de saúde e relacioná-lo com diferentes indicadores.6 Ferreira PL, Santana P. Percepção de estado de saúde e de qualidade de vida da população activa: contributo para a definição de normas portuguesas. Rev Port Saude Publica. 2003;21(2):15-30. A avaliação da QVRS vai além da avaliação objetiva médica/clínica. Realça a perceção subjetiva do próprio indivíduo face à sua saúde. Cada vez mais procura-se avaliar as pessoas quanto aos comportamentos de saúde e seu controle (locus de controlo)2121  Ribeiro JLP. Avaliação das intenções comportamentais relacionadas com a promoção e protecção da saúde e com a prevenção das doenças. Ana Psicol. 2004;22(2):387-97. seja para evitar a doença e promover a saúde no dia-a-dia.1212  Greene CA, Murdock KK. Multidimensional control beliefs, socioeconomic status, and health. Am J Healt Behav. 2013;37(2):227-37. DOI:10.5993/AJHB.37.2.10
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Quanto maior o controlo pessoal e capacidade de decisão sobre a saúde (locus interno) por parte do indivíduo, maior a satisfação e QVRS. Essa condição será inversamente proporcional aos acontecimentos em saúde associados ao “acaso” ou “outros poderosos” (locus externo).2525  Timm LA, Argimon IIL, Wend GW. Correlação entre domínios de qualidade de vida e lócus de controle da saúde em idosos residentes na comunidade. Sci Med. 2011;21(1):9-13. A qualidade de vida como indicador de satisfação com a vida procura compreender como determinadas áreas da vida que a pessoa valoriza poderão influenciar a sua condição de saúde.3 Ferrans CE, Powers MJ. Psychometric assessment of the Quality of Life Index. Res Nurs Health. 1992;15(1):29-38.

O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre determinantes de saúde, satisfação com a vida, locus de controlo, atitudes e comportamentos com a qualidade de vida relacionada à saúde numa população adulta.

MÉTODOS

Estudo observacional, analítico transversal, com a população ≥ 35 anos do Concelho de Coimbra, totalizando 143.396 residentes de 31 freguesias.aa Instituto Nacional de Estatística (Editores). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Instituto Nacional de Estatística. Lisboa, 2012. O esquema de seleção foi incompleto (amostra) e a unidade de observação foi individual. Recorreu-se ao teste para amostras estratificadas1616  Martins GA. Estatística geral e aplicada. São Paulo: Atlas; 2006. controlando o parâmetro populacional da “percepção de estado de saúde” (), número total de residentes do Concelho (N),aa Instituto Nacional de Estatística (Editores). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Instituto Nacional de Estatística. Lisboa, 2012. o número total de residentes por estrato (freguesia) (wi)aa Instituto Nacional de Estatística (Editores). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Instituto Nacional de Estatística. Lisboa, 2012. para erro aleatório (d2/Z2 = 0,05) e nível de confiança de 95%. A amostra final foi de 1.214 inquiridos.

O estudo teve por base a coleta de dados de inquérito de saúde (autorrelato, anónimo e voluntário). O inquérito administrado à população foi adaptado do IV Inquérito Nacional de Saúdebb Instituto Nacional de Estatística; Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006. Lisboa; 2009. e resultou de diferentes pré-testes na população. As respostas dos respetivos pré-testes coincidiram na reformulação de perguntas, palavras e termos, alteração da formatação, eliminação de redundâncias de conteúdo e reorganização das temáticas em estudo. Foi criada uma equipe de entrevistadores treinados para o administrar à população. O inquérito apresentou indicadores (informação demográfica, inventário clínico, comportamentos de saúde e estilos de vida) e índices de saúde que procuravam capturar, mensurar e qualificar o estado de saúde.

A perceção do estado de saúde pela escala QVRS (MOS SF-36 Medical Outcomes Study, Short Form-36, Health Survey)4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66.,5 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte II - Testes de validação. Acta Med Port. 2000;13(3):119-27.,aa Instituto Nacional de Estatística (Editores). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Instituto Nacional de Estatística. Lisboa, 2012. foi descrita por oito dimensões em saúde, a saber: Medidas de estado de saúde físico (MESF), incluiram: função física, desempenho físico e dor corporal, que mediram as limitações em desempenho comportamental nas atividades físicas quotidianas, incapacidade em executar tarefas diárias devido a problemas físicos e avaliaram a gravidade da dor e limitações resultantes;4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66. Medidas de estado de saúde mental (MESM), que incluiram função social, desempenho emocional e saúde mental. A função social e o desempenho emocional avaliaram as limitações/incapacidades percecionadas pela pessoa e atribuíveis a problemas pessoais e emocionais; saúde mental incluiu os conceitos de ansiedade, depressão, perda de controlo comportamental/emocional e bem-estar psicológico;4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66. Medidas sensíveis a resultados físicos e mentais, incluiram: vitalidade associada aos níveis de energia e fadiga dos indivíduos e saúde geral referente à perceção holística da saúde e esteve associada à situação atual, resistência à doença e o aspeto saudável. Quanto à pontuação (cada dimensão): “0” valor mínimo (pior perceção) e “100” valor máximo (melhor perceção de saúde).

O locus de controlo da saúde foi reconstruído, adaptado e validado para o idioma português.2020  Ribeiro JLP. Reconstrução de uma Escala de Locus-de-Controlo de Saúde. Psiquiat Clin. 1994;15(4):207-14. A estrutura da escala ficou constituída por 14 itens resultando em duas dimensões: locus de controlo e outros poderosos. A pontuação mais elevada na dimensão locus de controlo correspondeu à premissa de que a saúde depende em grande parte do seu próprio controlo. O valor mais elevado de outros poderosos indicava que a saúde é controlada por médicos e outros pofissionais).2020  Ribeiro JLP. Reconstrução de uma Escala de Locus-de-Controlo de Saúde. Psiquiat Clin. 1994;15(4):207-14. Para a confirmação das decisões do autor da validação recorreu-se à análise fatorial por análise de componentes principais. Esta solução produziu dois componentes (dimensões) estimados pela Rotação Ortogonal Varimax: primeira dimensão explicou 24,3% da variância total; segunda dimensão explicou 17,2% da variância total (41,5% de variância comum). Dos 14 itens, oito pertenciam à primeira dimensão (locus de controlo) e seis à segunda (outros poderosos). Quanto à avaliação da consistência interna as estatísticas de alpha de Cronbach para a primeira dimensão foi de 0,763 e de 0,697 para a segunda.

O Questionário de Atitudes e Comportamentos de Saúde (QACS), adaptado e validado para a língua portuguesa (lista de classificação com 28 itens), resume comportamentos relacionados com a saúde e as doenças.2121  Ribeiro JLP. Avaliação das intenções comportamentais relacionadas com a promoção e protecção da saúde e com a prevenção das doenças. Ana Psicol. 2004;22(2):387-97. A classificação final varia entre 28 e 140 pontos e quanto maior a pontuação, maiores os comportamentos protetores de saúde. O inventário ficou constituído por cinco categorias: exercício físico (ef); 2) nutrição (n); 3) autocuidado (ac); 4) segurança motorizada; 5) uso de drogas ou similares.2121  Ribeiro JLP. Avaliação das intenções comportamentais relacionadas com a promoção e protecção da saúde e com a prevenção das doenças. Ana Psicol. 2004;22(2):387-97. Este instrumento não é uma escala, mas um inventário e não supõe uma relação próxima dos itens. Porém, Pais Ribeiro2020  Ribeiro JLP. Reconstrução de uma Escala de Locus-de-Controlo de Saúde. Psiquiat Clin. 1994;15(4):207-14. sugeriu a estimação da consistência interna. Para a categoria exercício físico (três itens Alpha de Cronbach’s de 0,683); nutrição (cinco itens Alpha de Cronbach’s de 0,784); AC (11 itens Alpha de Cronbach’s de 0,643); segurança motorizada (três itens Alpha de Cronbach’s de 0,447); drogas e similares (seis itens Alpha de Cronbach’s de 0,512). Os valores Alpha de Cronbach’s estimados neste estudo foram ligeiramente superiores aos obtidos por Pais Ribeiro.2121  Ribeiro JLP. Avaliação das intenções comportamentais relacionadas com a promoção e protecção da saúde e com a prevenção das doenças. Ana Psicol. 2004;22(2):387-97.

O índice de qualidade de vida, versão genérica (III), é constituído por 33 itens (comum a todas as versões validadas e adaptadas para o idioma português) e forma quatro domínios: saúde e funcionalidade; psicológica e espiritual; social e económica e família.1414  Kimura M, Silva JV. Índice de qualidade de vida de Ferrans e Powers. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(N. Espec):1096-102. DOI:10.1590/S0080-62342009000500014
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Recorreu-se à análise fatorial por meio da análise de componentes principais e estimação dos pesos fatoriais por meio do Método de Rotação Ortogonal Varimax para a validação das quatro dimensões. A primeira dimensão explicou 24,3% da variância total; a segunda 8,0%, a terceira 4,7% e a quarta 4,2% (58,3% de variância comum). Quanto à consistência interna: saúde e funcionalidade (13 itens Alpha de Cronbach’s de 0,901); espiritual e psicológica (sete itens Alpha de Cronbach’s de 0,894); social e económica (oito itens Alpha de Cronbach’s de 0,832); família (cinco itens Alpha de Cronbach’s de 0,835). Os itens cotados com valores mais elevados têm maior impacto no resultado (satisfação com as diferentes áreas da vida) do que os itens com valores mais baixos.3 Ferrans CE, Powers MJ. Psychometric assessment of the Quality of Life Index. Res Nurs Health. 1992;15(1):29-38.,1414  Kimura M, Silva JV. Índice de qualidade de vida de Ferrans e Powers. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(N. Espec):1096-102. DOI:10.1590/S0080-62342009000500014
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A escolha dos instrumentos relacionou-se com o fato de serem precisos, concisos, de fácil utilização e consequente avaliação.2424  Tabachnick B, Fidell L. Using multivariate statistics. 5.ed. Boston: Pearson International Edition; 2007.

Os dados antropométricos, como altura (m) (segundo o bilhete de identidade/documento único); peso (kg) (segundo a perceção do inquirido tendo como referência a última vez que se pesara e mantida a mesma condição física); índice de massa corporal (IMC)cc World Health Organization. Global Database on Body Mass Index: an interactive surveillance tool for monitoring nutrition transition. Geneva; 2006 [citado 2013 maio]. Disponível em: http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.htm (baixo peso: < 18,50 kg/m2 Burkert NT, Freidl W, Muckenhuber J, Stronegger WJ, Rasky E. Self-perceived health, quality of life, and health-related behavior in obesity: is social status a mediator? Wien Klin Wochenschr. 2012;124(7-8):271-5. DOI:10.1007/s00508-012-0160-y
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, peso normal: 18,50 kg/m2 Burkert NT, Freidl W, Muckenhuber J, Stronegger WJ, Rasky E. Self-perceived health, quality of life, and health-related behavior in obesity: is social status a mediator? Wien Klin Wochenschr. 2012;124(7-8):271-5. DOI:10.1007/s00508-012-0160-y
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- 24,99 kg/m2, excesso de peso: 25,00 kg/m2 - 29,99 kg/m2, obesidade: ≥ 30,00 kg/m2); perímetro da cintura e perímetro do pescoço com recurso a uma fita métrica inextensível. O risco de obesidade ao nível perímetro da cintura para o homem foi normal ≤ 102 cm e risco elevado > 102 cm enquanto para a mulher foi normal ≤ 88 cm e risco elevado > 88 cm.1313  Janssen I, Katzmarzyk P, Ross R. Body mass index, waist circumference, and health risk: evidence in support of current National Institutes of Health guidelines. Arch Intern Med. 2002;162(18):2074-9. DOI:10.1001/archinte.162.18.2074
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A identificação de doenças crónicasbb Instituto Nacional de Estatística; Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006. Lisboa; 2009. foram reagrupadas segundo a 10ª Revisão da Classificação Internacional das Doenças.

Variáveis de caracterização recodificadas: freguesias classificadas em áreas predominantemente rurais; áreas predominantemente urbanas e áreas mediamente urbanas.dd Portugal. Secção Permanente de Coordenação Estatística. 8ª Deliberação 2717/2009, de 6 de Agosto. de 2009. Revisão da tipologia de áreas urbanas. Diario da Republica, 2ª Serie, n. 188, 28 set 2009; p.39246. A profissão definida pela Classificação Portuguesa das Profissõesee Instituto Nacional de Estatística. Classificação Portuguesa das Profissões 2010. Lisboa; 2011. e a classe social (Escala de Graffar-adaptada) definida em classe I (alta), classe II (média alta), classe III (média), classe IV (média baixa), classe V (baixa).

Aplicou-se o Teste t-Student para amostras independentes; Teste Wilcoxon-Mann-Whitney; Teste ANOVA a um fator; Teste de F de Brown-Forsythe; Teste de Comparações Múltiplas Tukey; Teste Kruskal-Wallis; teste Comparações Múltiplas Conover e Coeficiente de Correlação Linear de Pearson. Com r < 0,2 correlação muito baixa; [0,2 − 0,39] baixa correlação; [0,4 – 0,69] moderada correlação; [0,70 – 0,89] alta correlação; [0,9 – 1,0] correlação muito elevada.2424  Tabachnick B, Fidell L. Using multivariate statistics. 5.ed. Boston: Pearson International Edition; 2007. A interpretação estatística foi realizada com base no nível de significância de p ≤ 0,05 com intervalo de confiança de 95%.

O IBM SPSS Statistics; MedCalc Statistical Software foram utilizado para o tratamento dos dados.

O estudo foi aprovado pela comissão de ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (Ofício 04-CE-09 de 2009). Os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

A maioria dos habitantes que integraram o estudo residia em freguesias classificadas como áreas predominantemente urbanas e era do sexo feminino; 40,3% tinham entre 35-45 anos e 31,5% entre 45-55 anos; 25,0% possuía formação superior e 23,2% ensino secundário. A maioria dos inquiridos era de nacionalidade portuguesa, caucasiana, casado/união de facto, vivia conjugalmente, era crente (religioso) mas não praticante, vivia em habitação própria e pertencia à classe média. Quanto à situação profissional, 76,6% eram ativos e destes, 87,5% tinham contrato de trabalho por tempo indeterminado. O tempo médio de reforma foi 10 anos (DP = 7,48 anos) e desemprego dois anos (DP = 3,39 anos). Cerca de 47,1% classificou seu estado de saúde como “bom” e 38,2% como “razoável”; 78,1% considerou aproximadamente igual a um ano atrás. A altura e peso médio foi de 1,65 m (DP = 0,08 m) e 71,65 kg (DP = 12,83 kg). O PC e pescoço foram em média 90,93 cm (DP = 15,50 cm) e 36,96 cm (DP = 5,51 cm), respectivamente.

A maioria apresentou peso excessivo ou era obesa e recorria ao centro de saúde e hospital para os cuidados de saúde; 61,2% indicaram não ter consultado o médico nos últimos três meses. O local da última consulta foi sobretudo o centro de saúde (62,0%) e clínica geral (72,1%). A maioria havia consultado profissionais de saúde e recebeu cuidados de saúde nos últimos 12 meses. A exposição à vacina da gripe foi autodeclarada em 25,5% das pessoas e a maioria teve por hábito controlar a tensão arterial e colesterol.

Eram fumadores 20,8% e fumavam, em média, há 25,6 anos (DP = 9,14 anos) e os ex-fumadores durante 20,0 (DP = 11,0 anos); 43,4% indicaram beber álcool com regularidade ou ocasionalmente há 31,5 anos (DP = 11,97 anos). A maioria era sedentária, dormia de sete a oito horas/dia, praticava alimentação do tipo mediterrânea, consumia de três a cinco refeições/dia, nunca alterara os hábitos alimentares, bebia menos de 1L água/dia, trabalhava entre 35 a 40 h/semana; 34,1% passavam seu tempo de “pé e andavam, mas também subiam escadas e carregavam objetos” em seu meio laboral, 32,1% passavam a maior parte do tempo “sentado”. As classes mais representativas da Classificação Portuguesa das Profissões foram os “serviços” (19,9%), em que se reviam as atividades de vendedores, trabalhadores dos serviços pessoais, cuidados pessoais e similares e pessoal dos serviços de proteção/segurança, e “não qualificados” (18,4%) que agregou um conjunto de trabalhadores de limpeza, agricultura, produção animal, pesca e floresta, da indústria extrativa, construção, indústria transformadora e transportes, dentre outros. Indicaram presença de doença crónica, 38,6%; das pessoas com e 70,9% eram portadores de uma a duas doenças crónicas (Tabela 1).

Tabela 1
Caraterização sociobiográfica, perfil e cuidados de saúde da população. Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012.

As mulheres apresentaram, significativamente, menor desempenho comportamental, maior incapacidade e expressão de desconforto nas atividades quotidianas comparativamente ao grupo masculino quanto às MESF. Padrão semelhante ocorrera nos escalões etários ≥ 65 anos e 55-65 anos comparativamente aos mais jovens. Os inquiridos com menores habilitações literárias apresentaram piores resultados de saúde física comparativamente aos inquiridos com mais habilitações. Os solteiros, os casados/união de facto apresentaram melhores índices de saúde comparativamente às pessoas viúvas. Padrão semelhante ocorrera em pessoas que viviam sozinhas. Quanto às MESM, o grupo feminino, pessoas ≥ 55 anos, com baixas habilitações literárias, pessoas viúvas e aqueles que viviam sozinhos apresentaram piores índices de saúde à exceção na presença ou ausência de progenitores (p > 0,05). O grupo feminino, baixa escolaridade, viúvas e presença de progenitores apresentaram significativamente menor bem-estar ao nível da sua saúde e menor energia quanto às medidas de saúde geral e vitalidade. As pessoas que residiam em áreas predominantemente urbanas, em apartamentos e que pagavam dívidas mensais expressaram melhor QVRS perante pessoas que viviam em áreas predominatemente rurais e mediamente urbanas, residissem em moradias e fossem proprietárias. Aquelas integradas numa religião expressaram pior função física (p = 0,016) e saúde mental (p = 0,037) perante pessoas sem religião. As que eram praticantes expressaram pior QVRS comparativamente aos não praticantes. Houve baixos índices de QVRS nos inativos e padrão semelhante ocorrera em pessoas com vínculo laboral precário perante a desempenho físico, dor corporal, vitalidade à exceção da função física (p = 0,450) e saúde geral (p = 0,421). A classe média baixa apresentou maior deficit de saúde ao nível da função física (p = 0,002) e saúde geral (p < 0,0001). No entanto não se diferenciaram por classe social ao nível de MESM e vitalidade (Tabela 2).

Tabela 2
Relação entre as caraterísticas individuais, religiosas, profissionais e sociais face à perceção de estado de saúde (Escala Short Form-36). Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012.

As pessoas que indicaram autoperceção geral de saúde razoável, mau/muito mau expressaram pior QVRS. Indivíduos com excesso de peso e obesos apresentaram menor QVRS ao nível físico e padrão semelhante quanto ao perímetro da cintura (presença de risco). As pessoas obesas apresentaram valores médios semelhantes de função social (p = 0,100) mas pior desempenho emocional e saúde mental comparativamente aos restantes grupos de IMC. Ser obeso ou ter excesso de peso revelou piores índices de saúde geral e vitalidade e padrão semelhante ao nível do perímetro da cintura à exceção da vitalidade (p = 0,082).

Quem consumia três a cinco ou mais refeições/dia apresentou melhores índices de MESF, MESM e saúde geral. Os consumidores regulares/ocasionais de álcool percecionaram melhor função física à exceção desempenho físico (p = 0,081) e dor corporal (p = 0,139). Na saúde mental, os consumidores revelaram melhor desempenho emocional (p = 0,024) e saúde mental (p = 0,008) comparativamente aos não consumidores, à exceção da função social e vitalidade. Observou-se significativamente menor condição de saúde física em fumadores e em ex-fumadores quanto maior era o número de anos de consumo. Esse padrão não ocorrera quanto às MESM. Pessoas sedentárias, que dormiam ≤ 6h ou menos revelaram pior QVRS.

Quem consultara o médico nos últimos três meses (cuidados de saúde) apresentou deficit significativo de saúde ao nível físico e mental, mas quanto ao tipo de consulta (Geral/Especialidade) não fora diferenciador. As pessoas consumidoras de medicamentos com receita médica nas últimas duas semanas apresentaram pior condição ao nível MESF e saúde mental (p = 0,032), à exceção de função social e desmpenho emocional. Os consumidores de medicamentos sem receita não se diferenciaram quanto às medidas de QVRS. Aqueles que tinham consultado médico dentista, e outros, não se diferenciaram dos que nunca tenham feito consultas quanto aos índices de função física, desempenho físico e dor corporal (p > 0,05). Porém, os primeiros pontuaram melhor sua qualidade de vida ao nível da saúde mental, saúde geral e vitalidade. Os que indicaram ter consultado algum profissional em período ≤ 12 meses tendencialmente apresentaram piores índices QVRS em comparação aos que consultaram há mais de 12 meses. Observou-se, na maioria dos índices, pior QVRS quem realizava mamografia, vacinava-se contra a gripe, controlava a pressão arterial e o colesterol (Tabela 3).

Tabela 3
Relação entre “Estado de Saúde e Qualidade de Vida” relacionada com a perceção e cuidados de saúde da população. Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012.

As doenças crónicas com maior prevalência foram: hipertensão arterial (15,5%), doenças reumáticas (11,2%), depressão (8,8%), alergias e rinites (7,7%). Piores eram os índices QVRS quando avaliada a presença de doença crónica e sua frequência (Tabela 4).

Tabela 4
Relação entre “Estado de Saúde e Qualidade de Vida” relacionada com as caraterísticas clínicas. Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012.

Pessoas com pior condição de estado de saúde físico apresentavam proporcionalmente pior condição de estado de saúde mental, menor índice de saúde geral e vitalidade e vice-versa quando avaliada a interrelação das diferentes medidas de QVRS. As pessoas que consideraram que sua saúde dependia mais dos comportamentos pessoais de saúde (locus de controlo) apresentaram melhores índices de função física, desempenho físico e saúde geral, mas não ao nível das MESM. No entanto, pessoas que acreditavam que a sua saúde dependeria mais de entidades externas a si (outros poderosos) apresentaram piores índices de QVRS. Quanto à QACS, as pessoas que procuravam ter melhor condição física (exercício físico) e maiores cuidados com a sua alimentação (nutrição) apresentaram índices mais elevados de QVRS. Observou-se padrão de correlação positiva com o desenvolvimento de melhores comportamentos preventivos de saúde (auto-cuidado) e evitamento de lesão/acidentes (segurança motorizada) ao nível das medidas de estado saúde mental. A menor dependência de substâncias químicas (drogas e similares) correlacionara-se positivamente com a saúde mental. Quanto ao índice de qualidade de vida, quanto mais satisfeitas com a vida em geral (índice geral), saúde e funcionalidade, as relações sociais e condição económica (social e económica), a crença e melhor bem-estar psicológico (espiritual e psicológico) e suporte familiar (família) apresentaram índices mais elevados de QVRS (Tabela 5).

Tabela 5
Relação entre “estado de saúde e qualidade de vida” e os índices de locus de controlo de saúde, questionário de atitudes e comportamentos de saúde e índice de qualidade de vida dos habitantes. Concelho de Coimbra, Portugal, 2011-2012.

DISCUSSÃO

Diferentes indicadores/índices monitorizados (pessoais, clínicos, comportamentos de saúde, estilos e satisfação com a vida) mostraram, na sua maioria, importante impacto na QVRS dos nossos habitantes.

A caraterística pessoal com maior impacto na QVRS foi o fator biológico sexo. Assim como na literatura, as mulheres tendem a ser o grupo que expressa maiores taxas de morbilidade, pior QVRS ao nível físico e mental.7 Ferreira PL, Ferreira LN. A medição de preferências em saúde na população portuguesa. Rev Port Saude Publica. 2006;24(2):5-14.,1717  Mausner JS, Kramer S. Introdução à epidemiologia. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 2007. Também procuram mais cuidados de saúde.4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66.,7 Ferreira PL, Ferreira LN. A medição de preferências em saúde na população portuguesa. Rev Port Saude Publica. 2006;24(2):5-14. Idade mostrou ser um marcador importante na compreensão da QVRS das populações.4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66. Houve agravamento da QVRS com o aumento da idade, em consonância com a literatura.4 Ferreira PL. Criação da versão Portuguesa do MOS SF-36. Parte I - Adaptação cultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13(1-2):55-66.,7 Ferreira PL, Ferreira LN. A medição de preferências em saúde na população portuguesa. Rev Port Saude Publica. 2006;24(2):5-14.,2525  Timm LA, Argimon IIL, Wend GW. Correlação entre domínios de qualidade de vida e lócus de controle da saúde em idosos residentes na comunidade. Sci Med. 2011;21(1):9-13.

A perceção de QVRS também foi negativamente influenciada pela situação conjugal, área de residência,7 Ferreira PL, Ferreira LN. A medição de preferências em saúde na população portuguesa. Rev Port Saude Publica. 2006;24(2):5-14. caraterísticas da habitação e tipo de proprietário, bem como pelas condições socioeconómicas e situação laboral dos habitantes em estudo.2 Burkert NT, Freidl W, Muckenhuber J, Stronegger WJ, Rasky E. Self-perceived health, quality of life, and health-related behavior in obesity: is social status a mediator? Wien Klin Wochenschr. 2012;124(7-8):271-5. DOI:10.1007/s00508-012-0160-y
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,8 Fleck MPA, Lima AFBS, Louzada S, Schestasky G, Henriques A, Borges V, et al. Associação entre sintomas depressivos e funcionamento social em cuidados primários à saúde. Rev Saude Publica. 2002;36(4):431-8. DOI:10.1590/S0034-89102002000400008
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,2525  Timm LA, Argimon IIL, Wend GW. Correlação entre domínios de qualidade de vida e lócus de controle da saúde em idosos residentes na comunidade. Sci Med. 2011;21(1):9-13.,bb Instituto Nacional de Estatística; Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006. Lisboa; 2009.

Os determinantes extrínsecos ganham maior importância e peso na caraterização e compreensão dos perfis de saúde das populações. Houve agravamento da QVRS na presença de pessoas em que estão além norma (excesso de peso/obesidade, sedentarismo, alimentação incorreta, duração do hábitos tabágicos, tipo de consumo, menos horas de descanso, e outros).2 Burkert NT, Freidl W, Muckenhuber J, Stronegger WJ, Rasky E. Self-perceived health, quality of life, and health-related behavior in obesity: is social status a mediator? Wien Klin Wochenschr. 2012;124(7-8):271-5. DOI:10.1007/s00508-012-0160-y
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Pessoas com pior QVRS acreditam que ela não dependa exclusivamente da sua vontade (locus de controlo), como mostrado em outros estudos,9 Fuscaldi FS, Balsanelli ACS, Grossi SAA. Lócus de controle em saúde e autoestima em portadores de diabetes mellitus tipo 2. Rev Esc Enferm. USP. 2011;45(4):855-61. DOI:10.1590/S0080-62342011000400009
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,2525  Timm LA, Argimon IIL, Wend GW. Correlação entre domínios de qualidade de vida e lócus de controle da saúde em idosos residentes na comunidade. Sci Med. 2011;21(1):9-13. e por isso procuram cuidados de saúde com maior frequência.8 Fleck MPA, Lima AFBS, Louzada S, Schestasky G, Henriques A, Borges V, et al. Associação entre sintomas depressivos e funcionamento social em cuidados primários à saúde. Rev Saude Publica. 2002;36(4):431-8. DOI:10.1590/S0034-89102002000400008
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A doença crónica e sua frequência sugerem impacto negativo de QVRS.1 Aranha LLM, Mirón Canelo JA, Alonso Sardón M, Del Pino Montes J, Sáenz González MC. Qualidade de vida relacionada à saúde em espanholas com osteoporose. Rev Saude Publica. 2006;40(2):298-303. DOI:10.1590/S0034-89102006000200016
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As pessoas que tendiam a manifestar piores resultados de saúde física declararam piores resultados de saúde mental.8 Fleck MPA, Lima AFBS, Louzada S, Schestasky G, Henriques A, Borges V, et al. Associação entre sintomas depressivos e funcionamento social em cuidados primários à saúde. Rev Saude Publica. 2002;36(4):431-8. DOI:10.1590/S0034-89102002000400008
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No entanto, a presença de melhores hábitos e comportamentos de saúde e maior satisfação com as diferentes áreas da vida foram promotoras de melhores índices QVRS na nossa população.

As limitações do estudo foram as referentes ao peso, altura, presença de doença crónica, exercício físico tempo/dia, identificação e quantificação dos alimentos pois foram autodeclaradas. A investigação está limitada à generalização dos resultados ao basear-se em dados transversais.

Esses indicadores exigem pertinentes “reflexões” nas políticas de saúde pública e na atuação de diferentes profissionais para a promoção/desenvolvimento de novas estratégias e instrumentos de decisão e ação que alterem o impacto dos fatores de risco na saúde das populações. Está dado o passo para a concretização do novo estudo na definição/predição de perfis de saúde na população adulta no presente e como esses perfis poderão estar alicerçados em determinantes remotos (adolescência).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    14 Nov 2013
  • Aceito
    26 Fev 2014
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br