• Água, saneamento e esquistossomose mansoni: um estudo baseado no Inquérito Nacional de Prevalência do Brasil (2011-2015) Article

    Poague, Kasandra Isabella Helouise Mingoti; Mingoti, Sueli Aparecida; Heller, Léo

    Resumo em Português:

    Resumo O presente trabalho teve como objetivo explorar a associação entre água, saneamento e a prevalência de esquistossomose mansoni em estudantes de 7 a 17 anos de todas as 27 unidades federativas do Brasil. Tratou-se de um estudo transversal, conduzido com base nos dados de prevalência de esquistossomose mansoni referentes a 197.567 estudantes de 521 municípios brasileiros que participaram do Inquérito Nacional da Prevalência de Esquistossomose Mansoni e Geo-helmintoses (2011-2015). Modelos lineares generalizados do tipo binomial negativo, univariável e multivariável foram construídos considerando níveis de significância de 25% e 5%, respectivamente, e os municípios como unidade de análise. Embora os resultados tenham indicado associação protetora entre o acesso à água filtrada nas escolas e a prevalência de esquistossomose mansoni, o acesso ao saneamento nas escolas foi apontado como um fator de risco. A coleta de águas residuais por rede não é universal no Brasil e, mesmo quando presente, não é necessariamente procedida pelo tratamento dos efluentes coletados, resultando, muitas vezes, no lançamento direto do esgoto bruto em matrizes aquosas. Com relação a soluções individuais como fossa sépticas, a presença da infraestrutura por si só não garante o seu uso correto pela população.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This study aimed to explore the association between water, sanitation, and the prevalence of schistosomiasis mansoni in students aged 7 to 17 years from all 27 federative units in Brazil. It was a cross-sectional study conducted based on data on the prevalence of schistosomiasis mansoni referring to 197,567 students from 521 Brazilian municipalities, who participated in the National Survey on the Prevalence of Schistosomiasis Mansoni and Soil-transmitted Helminth Infections (2011-2015). Univariable and multivariable generalized linear models of the negative binomial type were adjusted using 25 and 5% significance levels, respectively, considering municipalities as the unit of analysis. While a protective association was found between access to filtered water in schools and schistosomiasis mansoni prevalence, sanitation in schools was indicated as a risk factor. The collection of wastewater through a network is not universal in Brazil, and even when present, it is not necessarily carried out by the treatment of collected effluents, thus often resulting in the direct discharge of raw sewage into water resources. Regarding septic tanks, only the presence of infrastructure alone does not guarantee its correct use by the population.
  • Desigualdades no manejo da dor nas costas no Brasil - Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 Article

    Saes, Mirelle de Oliveira; Saes-Silva, Elizabet; Duro, Suele Manjourany Silva; Neves, Rosália Garcia

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo foi avaliar a presença de desigualdades socioeconômicas no manejo da dor nas costas em brasileiros. Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019). O manejo da dor nas costas foi avaliado por meio de cinco desfechos: exercícios regulares; fisioterapia; uso de medicamentos ou injeções; prática integrativa e complementar; acompanhamento regular com profissional de saúde. A magnitude das desigualdades de cada desfecho em relação às exposições (escolaridade e renda) foi estimada por meio de dois índices: slope index of inequality (SII) e concentration index (CIX). Dos 90.846 entrevistados, 19.206 indivíduos (21,1%) relataram algum problema crônico nas costas. Os desfechos mais prevalentes foram uso de medicamentos e injeções (45,3%), prática de exercícios físicos (26,3%) e acompanhamento regular com profissional de saúde (24,7%). Ficou evidente a existência de desigualdades no manejo da dor nas costas entre brasileiros. Análise ajustada mostrou que os mais ricos e com maior escolaridade realizavam duas a três vezes mais exercícios físicos, fisioterapia, práticas integrativas e complementares (ICPS) e acompanhamento regular com profissional de saúde do que os mais pobres e com menor escolaridade. Desigualdades absolutas (SII) e relativas (CIX) foram significativas para todos os desfechos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The aim was to assess the presence of socioeconomic inequalities in the management of back pain among Brazilians. Cross-sectional study with data from the National Health Survey (2019). The management of back pain care was assessed using five outcomes: regular exercise; physiotherapy; use of medications or injections; integrative and complementary practice; regular follow-up with a health professional. The magnitude of inequalities of each outcome in relation to exposures (education and income) was estimated using two indices: slope index of inequality (SII) and concentration index (CIX). Of the 90,846 interviewees, 19,206 individuals (21.1%) reported some chronic back problem. The most prevalent outcomes were use of medications and injections (45.3%), physical exercise (26.3%) and regular follow-up with a health professional (24.7%). The existence of inequalities in the management of back pain in the Brazilian population was evident. The adjusted analysis showed that the richest and most educated performed two to three times more physical exercise, physiotherapy, integrative and complementary practices (ICPS) and regular follow-up with a health professional than the poorest and least educated. Absolute (SII) and relative (CIX) inequalities were significant for all outcomes.
  • Evolução temporal de orientações sobre hábitos saudáveis em brasileiros com hipertensão e diabetes: Pesquisa Nacional de Saúde Article

    Flores, Thaynã Ramos; Neves, Rosália Garcia; Costa, Caroline dos Santos; Wendt, Andrea

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo foi avaliar a evolução temporal do recebimento de orientações sobre hábitos saudáveis entre brasileiros com hipertensão arterial e diabetes mellitus. Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 e 2019. Para verificar a evolução temporal das prevalências de orientações sobre hábitos saudáveis, realizadas por profissionais de saúde nos atendimentos para as morbidades, utilizou-se regressão linear ponderada pelos quadrados mínimos da variância, estimando a variação percentual anual (VPA) apresentada de acordo com sexo, cor da pele, faixa etária e quintis do índice de bens. A amostra analítica, em 2013, foi de 11.129 indivíduos com hipertensão e 3.182 com diabetes, e em 2019, de 19.107 indivíduos com hipertensão e 6.317 com diabetes. Para hipertensão, observou-se reduções nas orientações para não fumar (VPA: -1.49), não ingerir bebidas alcoólicas em excesso (VPA: -1.48), ingerir menos sal (VPA: -0.56) e, ainda, para todas as orientações (VPA: -1.17). Para diabetes, foram observadas reduções estatisticamente significativas apenas para não fumantes (APC: -1.13) e para os que não consomem bebidas alcoólicas em excesso (APC: -1.11). Os resultados sugerem redução de todas as orientações avaliadas para hipertensão e diabetes, com maior magnitude entre os indivíduos pertencentes aos quintis mais ricos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract To evaluate time evolution of receiving advice on healthy habits among Brazilians with hypertension and diabetes mellitus. Cross-sectional study with data from the 2013 and 2019 National Health Survey. We used linear regression weighted by least squares of variance to verify time evolution of the outcome estimating the annual percentage change (APC) presented according to sex, skin color, age group, and quintiles of wealth index. The analytical sample in 2013 was 11,129 individuals with hypertension and 3,182 individuals with diabetes, and in 2019 19,107 individuals with hypertension and 6,317 individuals with diabetes. For those with hypertension, there were statistically significant reductions in receiving advice for not smoking (APC: -1.49), not drinking excessive alcoholic beverages (APC: -1.48), ingesting less salt (APC: -0.56), and for all healthy habits (APC: -1.17). For those with diabetes, statistically significant reductions were observed only for not smoking (APC: -1.13) and not drinking excessive alcoholic beverages (APC: -1.11). The results suggest a reduction in all types of advice on healthy habits evaluated for hypertension and diabetes, with greater magnitude among individuals belonging to the richest quintiles.
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