Cuidado informal e remunerado aos idosos no Brasil (Pesquisa Nacional de Saúde, 2013)

Maria Fernanda Lima-Costa Sérgio Viana Peixoto Deborah Carvalho Malta Célia Landmann Szwarcwald Juliana Vaz de Melo Mambrini Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Descrever a prevalência e fatores sociodemográficos associados à ajuda informal e remunerada a idosos com limitações funcionais.

MÉTODOS

Dos 23.815 participantes com 60 anos ou mais da Pesquisa Nacional de Saúde, 5.978 declararam necessitar de ajuda para realizar atividades da vida diária e foram incluídos nesta análise. A variável dependente foi a fonte de ajuda, categorizada como exclusivamente informal (não remunerada), exclusivamente remunerada, mista ou nenhuma. Os fatores sociodemográficos foram idade (60-64, 65-74, ≥ 75 anos), sexo e número de moradores no domicílio (1, 2, ≥ 3). A análise multivariada foi baseada nas regressões logísticas binomial e multinomial.

RESULTADOS

A ajuda informal predominou (81,8%), seguida pela remunerada (5,8%) ou mista (6,8%) e nenhuma (5,7%). A propensão ao recebimento da ajuda por qualquer fonte aumentou gradativamente com o número de moradores no domicílio, independentemente da idade e do sexo (OR = 4,85 e 9,74 para 2 e ≥ 3 moradores, respectivamente). A idade apresentou associação positiva e o sexo masculino apresentou associação negativa com o recebimento de qualquer ajuda. O número de moradores no domicílio apresentou associação mais forte com a ajuda informal (OR = 10,94 para ≥ 3 moradores), em comparação à ajuda remunerada (OR = 5,48) e mista (OR = 4,16).

CONCLUSÕES

O cuidado informal é a principal fonte de ajuda domiciliar aos idosos com limitações funcionais. Em um contexto de rápido envelhecimento populacional e diminuição do tamanho das famílias, os resultados reforçam a necessidade de políticas para garantir o cuidado domiciliar aos idosos com limitações funcionais.

Idoso; Cuidadores; Pessoas com Deficiência; Atividades da Vida Diária; Fatores Socioeconômicos; Inquéritos Epidemiológicos

INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é a mais importante mudança demográfica observada ao redor do mundo nas últimas décadasaaNational Institute on Aging; World Health Organization. Global health and aging Washington, DC: National Institutes of Health; 2011. (NIH Publication, Nº. 11-7737).,bbUnited Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. World population prospects: the 2010 revision. New York; 2010 [citado 2015 dez 3]. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm . Essa mudança demográfica gera preocupações quanto à capacidade dos sistemas sociais para atender à demanda crescente por cuidados de longa duração em função do aumento das limitações funcionais nas faixas etárias mais velhas11. Genet N, Boerma WG, Kringos DS, Bouman A, Francke AL, Fagerström C, et al. Home care in Europe: a systematic literature review. BMC Health Serv Res. 2011;11:207. https://doi.org/10.1186/1472-6963-11-207.
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2. Palloni A, editor. Living arrangements of older persons. Popul Bull UN. 2001 [cited 2016 Feb 25];(42-43):1-44. Available from: http://www.un.org/esa/population/publications/bulletin42_43/palloni.pdf
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-33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
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. Em diferentes contextos e culturas, as ajudas domiciliares aos idosos com limitações funcionais são realizadas predominantemente por cuidadores informais (familiares e amigos não remunerados), conforme evidenciado por inquéritos nacionais realizados na América do Norte, na Ásia e na Europa33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
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4. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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5. Shea D, Davey A, Femia EE, Zarit S, Sundström G, Berg S, et al. Exploring assistence in Sweden and United States. Gerontologist. 2003;43(5):712-21. https://doi.org/10.1093/geront/43.5.712.
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-66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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e por estudo epidemiológico conduzido no município de São Paulo77. Duarte YAO, Lebrão ML, Lima FD. Contribuição dos arranjos domiciliares para o suprimento de demandas assistenciais dos idosos com comprometimento funcional em São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005;17(5-6):370-8. https://doi.org/10.1590/S1020-49892005000500009.
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.

A disponibilidade do cuidado informal tende a diminuir em um futuro próximo, em consequência da redução do tamanho das famílias, do aumento do número de casais sem filhos, e do aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
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,44. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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. O valor econômico do cuidado informal aos idosos é raramente considerado. Recentemente, nos Estados Unidos, estimou-se o custo anual do cuidado informal ao idoso em 522 bilhões de dólares, considerando-se as oportunidades perdidas de renda88. Chari AV, Engberg J, Ray KN, Mehrotra A. The opportunity costs of informal elder-care in the United States: new estimates from the American Time Use Survey. Health Serv Res. 2015;50(3):871-82. https://doi.org/10.1111/1475-6773.12238.
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. O custo anual para a substituição do cuidado informal por profissionais não qualificados foi estimado em 221 bilhões de dólares e o custo correspondente para profissionais qualificados foi estimado em 642 bilhões de dólares88. Chari AV, Engberg J, Ray KN, Mehrotra A. The opportunity costs of informal elder-care in the United States: new estimates from the American Time Use Survey. Health Serv Res. 2015;50(3):871-82. https://doi.org/10.1111/1475-6773.12238.
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.

No contexto mundial, o Brasil é um dos países onde o envelhecimento populacional ocorre com mais velocidadeaaNational Institute on Aging; World Health Organization. Global health and aging Washington, DC: National Institutes of Health; 2011. (NIH Publication, Nº. 11-7737).,bbUnited Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. World population prospects: the 2010 revision. New York; 2010 [citado 2015 dez 3]. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm . Os brasileiros com 60 anos esperam viver por mais duas décadasccInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resultados do censo de 2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [citado 2015 out 15]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010 e a razão de dependência dos idosos (em relação ao segmento etário potencialmente produtivo) tem projeções crescentesddUnited Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. World population prospects: the 2015 revision. New York; 2015 [citado 2015 dez 3]. Disponível em: https://esa.un.org/unpd/wpp/publications/files/key_findings_wpp_2015.pdf . As prevalências dos cuidados informal e remunerado aos idosos brasileiros são ainda desconhecidas, uma vez que até recentemente não existiam dados de abrangência nacional sobre o tema.

Neste trabalho, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de SaúdeeeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013. para descrever a prevalência e os fatores sociodemográficos associados ao cuidado informal e remunerado aos idosos brasileiros com limitações funcionais e que declararam necessitar de ajuda para realizar atividades da vida diária.

MÉTODOS

Fonte de Dados

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) é uma pesquisa de base domiciliar, cuja amostra foi delineada para representar a população adulta brasileira99. Souza-Júnior PRB, Freitas MPS, Antonaci GA, Szwarcwald CL. Desenho da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(2):207-16. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200003.
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,eeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013.. A pesquisa foi conduzida em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em colaboração com o Ministério da SaúdeeeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013.. A PNS possui três questionários: domiciliar; individual, a ser respondido por todos os moradores; e individual, a ser respondido por uma amostra de moradores com 18 anos ou mais. O módulo sobre saúde do idoso, que gerou as informações utilizadas na presente análise, foi dirigido a todos os moradores com idade igual ou superior a 60 anos. Para esta análise, os microdados da pesquisa foram obtidos no sítio eletrônico do IBGEeeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013..

Variáveis

O módulo sobre a capacidade funcional no questionário da PNS possui perguntas separadas sobre o grau de dificuldades para realizar atividades básicas e instrumentais da vida diária. Cada pergunta possui quatro opções de respostas, variando entre nenhuma dificuldade, pequena dificuldade, grande dificuldade e não consegue. Para aqueles que informavam ter qualquer dificuldade para realizar cada atividade, perguntava-se se ele/ela recebia ajuda para realizá-la, com três opções de respostas: sim; não, porque não tem ajuda; não, porque não precisa de ajuda. Para aqueles que informavam receber ajuda, perguntava-se quem oferecia a ajuda, com sete opções de resposta: familiar não remunerado residente no mesmo domicílio; familiar não remunerado residente em outro domicílio; não familiar não remunerado; familiar remunerado residente no mesmo domicílio; familiar remunerado residente em outro domicílio; cuidador contratado; e empregada doméstica.

A limitação funcional foi atribuída àqueles que informaram ter algum grau de dificuldade para realizar pelo menos uma entre dez atividades básicas ou instrumentais da vida diária. As atividades básicas consideradas foram: alimentar-se, tomar banho, usar o toalete, vestir-se, andar em casa de um cômodo a outro no mesmo andar e deitar-se ou levantar-se da cama. As atividades instrumentais consideradas foram: fazer compras, administrar as próprias finanças, tomar remédios e sair de casa utilizando transporte. A necessidade de ajuda para realizar atividades da vida diária foi atribuída àqueles que declararam ter ajuda para realizar uma ou mais atividades e àqueles que declararam necessitar de ajuda, embora não a recebessem.

As análises principais deste trabalho foram baseadas nos idosos com limitações funcionais, que informaram necessitar de ajuda para realizar uma ou mais atividades da vida diária. Considerando-se que o idoso pode ter recebido ajuda de mais de uma pessoa para realizar a mesma ou diferentes atividades, foram construídos quatro grupos: não tem ajuda (não receberam ajuda para realizar qualquer atividade, embora tenham informado necessitar dessa ajuda para uma ou mais atividades); cuidado exclusivamente informal (ajuda unicamente de familiar ou de outra pessoa não remunerada); cuidado exclusivamente formal ou remunerado (ajuda unicamente de cuidador formal ou de outra pessoa remunerada); e cuidado misto (cuidado informal e remunerado). Na descrição dos resultados, considerou-se, adicionalmente, a pessoa que ajudou o idoso a realizar pelo menos uma atividade da vida diária, que foi categorizada em: familiar não remunerado residente no mesmo domicílio, familiar não remunerado residente em outro domicílio, não familiar não remunerado, cuidador contratado e parente ou trabalhador doméstico remunerado.

Outras variáveis do estudo incluíram idade (60-64, 65-74, 75 anos ou mais), sexo e número de moradores no domicílio (mora sozinho, reside com uma pessoa, reside com duas ou mais pessoas, correspondendo a um, dois e três ou mais moradores, respectivamente).

Análise dos Dados

A descrição dos resultados foi baseada em médias e prevalências ponderadas, com respectivos intervalos de confiança (IC95%), considerando-se os parâmetros amostrais da PNS e os pesos individuaiseeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013.. Nas análises não ajustadas, o teste do Qui-quadrado de Pearson e a regressão linear foram utilizados para examinar a significância estatística das diferenças entre proporções e médias, respectivamente.

As análises multivariadas dos fatores sociodemográficos associados ao recebimento de ajuda foram baseadas na regressão logística binária e na regressão logística multinomial1010. Blizzard L, Hosmer DW. The log multinomial regression model for nominal outcomes with more than two attributes. Biom J. 2007;49(6):889-902. https://doi.org/10.1002/bimj.200610377.
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, estimando-se os valores de odds ratio e IC95%. No primeiro caso, a variável de desfecho foi o recebimento de ajuda por qualquer das fontes acima mencionadas, considerando-se o não recebimento de qualquer ajuda como referência. No segundo caso, a variável de desfecho foi categorizada em ajuda exclusivamente informal, ajuda exclusivamente remunerada, ajuda mista (informal e remunerada) e nenhuma ajuda, considerando-se o último grupo como referência. Os modelos multivariados foram ajustados por idade, sexo e número de moradores no domicílio.

Adicionalmente, utilizou-se a regressão logística binomial para estimar as probabilidades preditas do recebimento de qualquer ajuda para realizar atividades da vida diária, pela idade e o número de moradores no domicílio. Esse modelo foi ajustado por sexo e mutuamente pelas duas outras variáveis.

As análises foram realizadas utilizando-se os procedimentos para amostras complexas do pacote estatístico Stata, versão 13.0.

Aspectos Éticos

A PNS foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Processo 328.159, de 26 de junho de 2013). Todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

Entre os 23.815 participantes da amostra da PNS com 60 anos ou mais de idade, 7.233 (30,1%; IC95% 29,2–31,1) informaram ter dificuldades para realizar uma ou mais atividades da vida diária. A média da idade dos participantes da amostra foi igual a 69,9 anos, predominando o sexo feminino (56,4%). Os idosos com limitações funcionais, em comparação aos demais, eram mais velhos (média = 74,6 anos versus 67,8 anos, respectivamente), em maior proporção de mulheres (64,4% versus 47,1%) e residiam em domicílios com três ou mais moradores (50,4 % versus 49,1%). Entre aqueles com limitações funcionais, 81,2% (n = 5.978) informaram receber ou necessitar de ajuda para realizar pelo menos uma atividade da vida diária; as análises subsequentes foram baseadas nesses participantes (Tabela 1).

Tabela 1
Características sociodemográficas dos participantes da amostra com 60 anos ou mais de idade, segundo o relato de ter alguma limitação funcional. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

Como descrito na Tabela 2, entre os idosos que informaram necessitar de ajuda para realizar uma ou mais atividades da vida diária, 5,7% não recebiam qualquer ajuda, 81,8% recebiam ajuda unicamente informal, 5,8% recebiam ajuda unicamente remunerada e 6,8% recebiam ajuda mista. Entre idosos que declararam receber ajuda, 62,0% a receberam de familiar não remunerado que residia no mesmo domicílio, 35,8% de familiar não remunerado que residia em outro domicílio, 4,9% de familiares ou outra pessoa não remunerada, 3,4% de cuidadores contratados e 10,3% de familiar remunerado ou de empregada doméstica.

Tabela 2
Fontes de ajuda para realizar pelo menos uma atividade da vida diáriaa entre aqueles que informaram receber ou necessitar de ajuda para realizá-la(s). Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

A Tabela 3 apresenta as distribuições das características sociodemográficas dos participantes do estudo, segundo as ajudas recebidas. No total, 55,0% das ajudas (informal, remunerada ou mista) eram prestadas a idosos com 75 anos ou mais, 67,0% às mulheres e 53,6% a pessoas residentes em domicílios com três ou mais moradores. Em comparação àqueles que não recebiam qualquer ajuda, os que recebiam ajuda informal, remunerada ou mista eram mais velhos, mulheres e residiam em domicílios com mais moradores.

Tabela 3
Características sociodemográficas dos participantes da amostra com 60 anos ou mais de idade que necessitavam de ajuda para realizar atividades da vida diáriaa, segundo a fonte de ajuda para realizar essas atividades. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

Os resultados da análise multivariada dos fatores sociodemográficos associados às ajudas recebidas encontram-se na Tabela 4. A idade mais velha (75 anos ou mais) apresentou associação positiva e estatisticamente significante (OR = 5,18) com o recebimento de qualquer ajuda, ao passo que o sexo masculino apresentou associação inversa (OR = 0,53). A propensão ao recebimento de qualquer ajuda aumentou gradativamente com o número de moradores no domicílio (OR = 4,85 e OR = 9,74 para dois e três ou mais moradores, respectivamente). As direções (positivas ou negativas) das associações supracitadas foram consistentes para as diferentes fontes de ajuda. Entretanto, algumas diferenças nas magnitudes das referidas associações foram observadas. A idade apresentou associação mais forte com o recebimento da ajuda mista (OR = 10,68) em comparação à ajuda exclusivamente informal (OR = 4,88) e exclusivamente remunerada (OR = 4,65). O número de moradores no domicílio apresentou associação mais forte com o recebimento da ajuda exclusivamente informal (OR = 10,94 para domicílios com três ou mais moradores) em comparação à ajuda exclusivamente remunerada ou mista (OR = 5,48 e OR = 4,16, respectivamente).

Tabela 4
Resultados da análise multivariada dos fatores sociodemográficos associados à fonte de cuidados aos idosos com limitações funcionais que necessitavam de ajuda para realizar atividades da vida diáriaa. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

A Figura apresenta as probabilidades preditas do recebimento de qualquer ajuda (informal, remunerada e/ou mista) para realizar atividades da vida diária, segundo a idade e o número de moradores no domicílio. Em comparação aos que não recebiam ajuda, a probabilidade do recebimento da ajuda foi claramente menor entre pessoas que residiam sozinhas, em comparação àquelas que residiam em domicílios com dois e três ou mais moradores. Com o aumento da idade, cresceu a probabilidade do recebimento da ajuda às pessoas que moravam sozinhas.

Figura
Probabilidades preditasa do recebimento de qualquer ajudab para realizar atividades da vida diária entre idosos com limitações funcionais que necessitavam de ajuda para realizar essas atividades, segundo idade e número de moradores no domicílio. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

DISCUSSÃO

Os principais resultados deste trabalho, baseado em amostra nacional representativa de idosos brasileiros, são: cerca de 1/3 apresentava dificuldades para realizar atividades da vida diária e, destes, 81% declararam necessitar de ajuda para realizar uma ou mais dessas atividades; entre aqueles que necessitavam de ajuda, o cuidado unicamente informal predominou amplamente; a propensão ao recebimento de ajuda para realizar atividades da vida diária aumentou gradativamente com o número de moradores no domicílio, independentemente do sexo e da idade.

O atendimento da demanda por cuidados aos idosos é uma preocupação crescente em diferentes sociedades11. Genet N, Boerma WG, Kringos DS, Bouman A, Francke AL, Fagerström C, et al. Home care in Europe: a systematic literature review. BMC Health Serv Res. 2011;11:207. https://doi.org/10.1186/1472-6963-11-207.
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,33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
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. Entretanto, existem poucas comparações internacionais do cuidado ao idoso, baseadas em amostras nacionais representativas da população mais velha44. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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,66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. Em uma publicação recente foram comparadas as prevalências da ajuda informal e remunerada aos idosos na Espanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. Apesar de ter algumas diferenças metodológicas em relação à PNS, as informações resultantes dessa investigação são úteis como parâmetros de comparação aos resultados da presente análise, como mostrado a seguir.

A prevalência da dificuldade para realizar uma ou mais atividades da vida diária, na população com idade igual ou superior a 50 anos, foi cerca de 25% na Espanha e na Inglaterra e 40% nos Estados Unidos66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. A prevalência correspondente para brasileiros com 60 anos ou mais está dentro dessa variação. Entre aqueles com limitações funcionais, a proporção dos que receberam ajuda para realizar atividades da vida diária foi menor nos Estados Unidos (39%) em relação à Espanha (75%) e à Inglaterra (67%)66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. No Brasil, mais de 90% dos idosos receberam ajuda para realizar uma ou mais dessas atividades, mas é importante salientar que a informação brasileira é restrita aos participantes que declaram necessitar de ajuda para realizar as referidas atividades, ao passo que, nos países acima mencionados, a informação refere-se a todos os participantes com limitações funcionais, sem restrições quanto à sua percepção da necessidade de ajuda para realizar tais atividades.

O cuidado informal ao idoso predomina em diferentes países, mas a sua prevalência e composição podem variar, dependendo da existência de políticas para o incentivo ao cuidado domiciliar, da situação socioeconômica, dos arranjos familiares e de fatores culturais, entre outros11. Genet N, Boerma WG, Kringos DS, Bouman A, Francke AL, Fagerström C, et al. Home care in Europe: a systematic literature review. BMC Health Serv Res. 2011;11:207. https://doi.org/10.1186/1472-6963-11-207.
https://doi.org/10.1186/1472-6963-11-207...
,33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
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4. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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5. Shea D, Davey A, Femia EE, Zarit S, Sundström G, Berg S, et al. Exploring assistence in Sweden and United States. Gerontologist. 2003;43(5):712-21. https://doi.org/10.1093/geront/43.5.712.
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-66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. Na Espanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos, entre 55% e 64% dos idosos com limitações funcionais recebem cuidados informais de residentes no mesmo domicílio66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. A prevalência correspondente para o Brasil foi compreendida dentro dessa variação. Por outro lado, a prevalência do cuidado informal por pessoas residentes em outro domicílio foi maior no Brasil (36%) do que na Espanha (6%) ou na Inglaterra e nos Estados Unidos (cerca de 25% em ambos)66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. A prevalência do cuidado remunerado no Brasil (14%) foi semelhante à observada na Espanha (12%) e maior do que nos Estados Unidos (2%) e na Inglaterra (5%)66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. Ainda com relação ao cuidado remunerado, é importante destacar que, no Brasil, predominou o cuidado por parente remunerado ou empregada doméstica, em detrimento do cuidador contratado.

Os arranjos domiciliares estão associados à fonte de cuidados aos idosos em diferentes sociedades e culturas, com maior prevalência do cuidado informal nas famílias mais numerosas44. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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,66. Solé-Auró A, Crimmins EM. Who cares? A comparison of informal and formal care provision in Spain, England and the USA. Ageing Soc. 2014;34(3):495-517. https://doi.org/10.1017/S0144686X12001134.
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. Nossos resultados são consonantes com essas observações. O número de moradores no domicílio apresentou forte associação com o recebimento da ajuda para realizar atividades da vida diária. Essa associação foi consistentemente observada para as diferentes fontes de ajuda (informal, remunerada ou mista), mas a magnitude da associação foi maior para o cuidado informal. É importante salientar, ainda, que a probabilidade do recebimento de ajuda por qualquer fonte foi acentuadamente mais baixa entre idosos que residiam sozinhos. Em função da natureza transversal deste trabalho, não é possível saber se esses arranjos familiares antecederam ou foram consequência da limitação funcional, levando o idoso a transferir-se para um domicílio com mais moradores. De qualquer forma, nossos resultados reforçam preocupações quanto à futura disponibilidade do cuidado informal33. Pickard L, Wittenberg R, King D, Malley J, Comas-Herrera A. Informal care for older people provided by their adult children: projections of supply and demand to 2041 in England. London: Personal Social Services Research; 2008 [cited 2016 Feb 25]. (PSSRU Discussion Paper, 2515). Available from: http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf
http://www.pssru.ac.uk/pdf/dp2515.pdf...
,44. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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, em consequência da redução do tamanho das famílias e do aumento do número de casais sem filhos, que são mudanças demográficas marcantes no Brasil1111. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: famílias e domicílios: resultados da amostra. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [cited 2015 Dec 4]. Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/97/cd_2010_familias_domicilios_amostra.pdf.
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizac...
,1212. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: nupcialidade, fecundidade e migração: resultados da amostra. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [cited 2015 Dec 4]. Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/98/cd_2010_nupcialidade_fecundidade_migracao_amostra.pdf
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizac...
.

A prevalência da limitação funcional em idosos brasileiros foi maior entre as mulheres do que entre os homens, confirmando observações realizadas em diferentes populações1313. Crimmins EM, Kim J, Solé-Auró. Gender differences in health: results from SHARE, ELSA and HRS. Eur J Public Health. 2011;21(1):81-91. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckq022.
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. Em contraste, os homens com necessidade de ajuda para realizar atividades da vida diária foram menos propensos a receber cuidados tanto informais quanto remunerados ou mistos, independentemente de outras características demográficas. O predomínio do cuidado às mulheres em relação aos homens é consonante com o observado em outros países1313. Crimmins EM, Kim J, Solé-Auró. Gender differences in health: results from SHARE, ELSA and HRS. Eur J Public Health. 2011;21(1):81-91. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckq022.
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e futuros estudos são necessários para um melhor entendimento dessas diferenças entre os gêneros.

Este estudo tem vantagens e limitações. A principal vantagem é a grande base populacional, com representatividade nacional. Isso permitiu, pela primeira vez, conhecer a magnitude e alguns fatores associados aos cuidados informais e remunerados aos idosos brasileiros. Outra vantagem do estudo é a sua validade interna, uma vez que a PNS produziu dados de boa qualidade, com cuidadosa elaboração dos instrumentos e controle da qualidade da informaçãoeeInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 out 15]. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013.. O cônjuge e os filhos são importantes fontes de cuidado informal aos idosos44. Jang SN, Avendano M, Kawachi I. Informal caregiving patterns in Korea and European countries: a cross-national comparison. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2012;6(1):19-26. https://doi.org/10.1016/j.anr.2012.02.002.
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,77. Duarte YAO, Lebrão ML, Lima FD. Contribuição dos arranjos domiciliares para o suprimento de demandas assistenciais dos idosos com comprometimento funcional em São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005;17(5-6):370-8. https://doi.org/10.1590/S1020-49892005000500009.
https://doi.org/10.1590/S1020-4989200500...
,1313. Crimmins EM, Kim J, Solé-Auró. Gender differences in health: results from SHARE, ELSA and HRS. Eur J Public Health. 2011;21(1):81-91. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckq022.
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,1414. Giacomin KC, Uchoa E, Lima-Costa MFF. Projeto Bambuí: a experiência do cuidado domiciliário por esposas de idosos dependentes. Cad Saude Publica. 2005;21(5):1509-18. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000500024.
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. Com base nos dados da PNS, não é possível estabelecer a relação de parentesco do cuidador informal com o idoso, sendo esta uma das limitações da presente análise. Outras limitações do estudo são aquelas inerentes à natureza transversal da pesquisa, como anteriormente comentado.

Em 2006, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que trouxe um novo paradigma para a discussão do tema, afirmando ser indispensável considerar a condição funcional nas suas ações1515. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas, Área Técnica Saúde do Idoso. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Brasília, DF; 2010 [cited 2015 Dec 4]. (Série B. Textos Básicos de Saúde); (Série Pactos pela Saúde 2006, 12). Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_pessoa_idosa_envelhecimento_v12.pdf
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. Mas ainda não existem políticas de abrangência nacional voltadas para apoio ao cuidado domiciliar de longa duração aos idosos com limitações funcionais. O Brasil possui a quinta maior população do mundo, com cerca de 26,5 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idadeccInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resultados do censo de 2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [citado 2015 out 15]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010 . Aplicando-se os resultados da presente análise à população nesta faixa etária, estima-se que cerca de 6,5 milhões de idosos brasileiros necessitam de ajuda para realizar atividades da vida diária, 360 mil não recebem essa ajuda, embora necessitem, e pelo menos 5,7 milhões de familiares ou amigos estão envolvidos no cuidado não remunerado aos idosos. Esses números dão a dimensão do desafio a ser enfrentado pela sociedade brasileira para garantir o cuidado de longa duração aos idosos com limitações funcionais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    10 Maio 2016
  • Aceito
    16 Out 2016
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
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