Função cognitiva entre adultos mais velhos: resultados do ELSI-Brasil

Erico Castro-Costa Maria Fernanda Lima-Costa Fabíola Bof de Andrade Paulo Roberto Borges de Souza Junior Cleusa Pinheiro Ferri Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Investigar as variações macrorregionais da função cognitiva em amostra nacional representativa da população brasileira com 50 anos ou mais.

MÉTODOS

Foram utilizados dados da linha de base do Estudo Longitudinal dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coletados entre 2015 e 2016. A memória foi aferida por meio de lista de 10 palavras e a função executiva, pela fluência verbal semântica, baseada na nomeação de animais. Como potenciais variáveis de confusão, incluímos: sexo, idade, escolaridade e residência rural ou urbana.

RESULTADOS

Entre os 9.412 participantes do ELSI-Brasil, 9.085 foram incluídos na análise; 53,9% eram mulheres e a média de idade foi 63,0 (0,42) anos. Após ajustes por potenciais variáveis de confusão, os escores médios para memória e fluência verbal foram menores na região Nordeste e maiores no Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente. Na região Sul, foram encontrados maiores escores para memória imediata e combinada. Em todas as regiões, participantes mais velhos e com menor escolaridade apresentaram piores escores para memória e fluência verbal.

CONCLUSÕES

Existem diferenças na função cognitiva entre adultos mais velhos nas distintas macrorregiões, que são independentes da idade, sexo, escolaridade e residência rural ou urbana.

Idoso; Cognição; Memória; Fatores Socioeconômicos

INTRODUÇÃO

A função cognitiva é um importante determinante para a independência e melhor qualidade de vida entre os idosos11. Cigolle CT, Langa KM, Kabeto MU, Tian Z, Blaum CS. Geriatric conditions and disability: the Health and Retirement Study. Ann Intern Med. 2007;147(3):156-64. https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-200708070-00004
https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-...
. Segundo projeções recentes, a população idosa vai triplicar no Brasil e passará de 19,6 milhões em 2010, para 66,5 milhões de pessoas em 205022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Geografia. Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de Janeiro: IBGE; 2016., tornando-se a sexta maior população de idosos no mundo33. World health Organization. World report on aging and health. Geneva: WHO; 2015 [cited 2017 Nov 25]. Availabe from: http://www.who.int/entity/ageing/publications/world-report-2015/en/
http://www.who.int/entity/ageing/publica...
.

O envelhecimento é um fenômeno complexo e o seu impacto nas condições de saúde e na funcionalidade ocorrem de maneira heterogênea entre os idosos. Essas diferenças estão associadas a heranças genéticas44. Steves CJ, Spector TD, Jackson SH. Aging, genes, environment and epigenetic: what twin studies tell us now, and in the future. Age Aging. 2012;41(5):581-6. https://doi.org/10.1093/ageing/afs097
https://doi.org/10.1093/ageing/afs097...
, determinantes ambientais e sociais5–8 e a características individuais dos idosos99. World Health Organization. Closing the gap in a generation: health equity through action on social determinants of health: final report of the Commission on Social Determinants of Health. Geneva: WHO; 2008 [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563703_eng.pdf
http://whqlibdoc.who.int/publications/20...
,1010. Dannefer D. Cumulative advantage/disadvantage and the life course: cross-fertilizing age and social science theory. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2003;58(6):S327-37. https://doi.org/10.1093/geronb/58.6.s327
https://doi.org/10.1093/geronb/58.6.s327...
. Estudos anteriores de base populacional com amostras nacionais de diversos países mostraram que fatores sociodemográficos1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
e diferenças entre as áreas rurais e urbanas1313. Saenz JL, Downer B, Garcia MAG, Wong R. Cognition and context: rural-urban differences in cognitive aging among older Mexican adults. J Aging Health. 2017 Apr 1::898264317703560. https://doi.org/10.1177/0898264317703560
https://doi.org/10.1177/0898264317703560...
,1414. Cassarino M, O’Sullivan V, Kenny RA, Setti A. Environment and cognitive aging: a cross-sectional study of place residence and cognitive performance in the Irish Longitudinal Study on Aging. Neuropsychology. 2016;30(5):543-57. https://doi.org/10.1037/neu0000253
https://doi.org/10.1037/neu0000253...
para a moradia estão relacionados às alterações da função cognitiva entre os idosos, apresentando variações culturais e geográficas importantes1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
,1515. Lei X, Smith JP, Sun X, Zhao Y. Gender differences in cognition in China and reasons for change over time: evidence from CHARLS. J Econ Aging. 2014:4:46-55. https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.0...
,1616. Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex. 2015;57 Suppl 1:S90-6..

O Brasil é um pais de proporções continentais, possui um dos maiores níveis de desigualdade1717. World Bank. Gini Index (World Bank estimate) 2011-2015. Washington (DC); 2015. [cited 2017 Nov 23]. Available from: https://data.worldbank.org/indicator/SI.POV.GINI
https://data.worldbank.org/indicator/SI....
, ocupa a 75ª posição no índice de desenvolvimento humano (IDH)1818. United Nations Development Programme. Human Development Reports. New York: UNDP [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://hdr.undp.org/en
http://hdr.undp.org/en...
e apresenta diferenças para esse índice entre as suas macrorregiões1919. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento humano nas macrorregiões brasileiras: 2016. Brasília (DF): PNUD, IPEA, FJP; 2016.. Os estudos sobre a função cognitiva do idoso brasileiro cresceram nos últimos anos2020. Martins NIM, Caldas PR, Cabral ED, Lins CCSA, Coriolano MGWS. Instrumentos de avaliação cognitiva utilizados nos últimos 5 anos em idosos brasileiros. CiencSaude Coletiva. 2017 out [cited 2017 Nov 23]:0402. Available from: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrumentos-de-avaliacao-cognitiva-utilizados-nos-ultimos-5-anos-em-idosos-brasileiros/16454?id=16454
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/...
. Entretanto, observou-se que a sua maioria (72%) foi conduzida no Sudeste e nenhum desses estudos apresentava um delineamento que permitisse a comparação da função cognitiva entre as macrorregiões brasileiras2020. Martins NIM, Caldas PR, Cabral ED, Lins CCSA, Coriolano MGWS. Instrumentos de avaliação cognitiva utilizados nos últimos 5 anos em idosos brasileiros. CiencSaude Coletiva. 2017 out [cited 2017 Nov 23]:0402. Available from: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrumentos-de-avaliacao-cognitiva-utilizados-nos-ultimos-5-anos-em-idosos-brasileiros/16454?id=16454
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/...
.

O Estudo Longitudinal da Saúde do Idoso (ELSI-Brasil), conduzido em uma amostra nacional representativa dos indivíduos com 50 anos ou mais, possibilita a investigação da função cognitiva dos adultos brasileiros mais velhos. Com isso, o objetivo do presente estudo é: 1) investigar a função cognitiva dos adultos mais velhos estratificada pelas macrorregiões brasileiras; 2) comparar a associação entre os fatores sociodemográficos e o local de moradia com a função cognitiva e as variações entre as macrorregiões; 3) investigar se as variações na estrutura sociodemográfica e o local de moradia observados são totalmente ou parcialmente responsáveis pelas potenciais diferenças da função cognitiva entre as macrorregiões.

MÉTODOS

Fonte de Dados

O ELSI-Brasil é um estudo de coorte de base populacional, com sua amostra delineada para representar a população brasileira com idade igual ou superior a 50 anos, e com o objetivo de investigar a dinâmica do envelhecimento da população brasileira e seus determinantes. A linha de base foi constituída entre os anos de 2015/2016. Mais detalhes podem ser vistos na homepage da pesquisaaaFundação Oswaldo Cruz. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros. Rio de Janeiro; c2015 [citado 28 nov 2017]. Disponível em: http://elsi.cpqrr.fiocruz.br e em outra publicação2121. Lima-Costa MF, Andrade FB, Souza Jr PRB, Neri AL, Duarte YAO, Castro-Costa E, de Oliveira C. The Brazilian Longitudinal Study of Aging (ELSI-Brazil): objectives and design. Am J Epidemiol. 2018 Jan 31. https://doi.org/10.1093/aje/kwx387
https://doi.org/10.1093/aje/kwx387...
.

A coleta de dados da linha de base do ELSI-Brasil incluiu: 1) uma entrevista para o domicílio; 2) uma entrevista individual para o participante; 3) medidas físicas; 4) exames laboratoriais; 3) armazenamento de alíquotas de sangue para futuras análises.

Função Cognitiva

A função cognitiva foi avaliada por meio de uma bateria de testes utilizados em estudos longitudinais sobre a saúde do idoso conduzidos em diferentes países, uma iniciativa conhecida como the Health and Retirement Family2121. Lima-Costa MF, Andrade FB, Souza Jr PRB, Neri AL, Duarte YAO, Castro-Costa E, de Oliveira C. The Brazilian Longitudinal Study of Aging (ELSI-Brazil): objectives and design. Am J Epidemiol. 2018 Jan 31. https://doi.org/10.1093/aje/kwx387
https://doi.org/10.1093/aje/kwx387...
.

Esse delineamento específico do módulo da função cognitiva do ELSI-Brasil permite a comparação direta dos resultados brasileiros com os resultados encontrados em outros países, como: China [the China Health and Retirement Longitudinal Study (https://g2aging.org/?section=study&studyid=4)], the United States [the US Health and Retirement Study (http://hrsonline. isr.umich.edu)], England [the English Longitudinal Study of Ageing (http://www.natcen.ac.uk/elsa)], Mexico [Mexican Health and Aging Study (mhasweb.org/Resources.aspx)] etc.

Na presente análise, foram selecionadas duas variáveis que representam três domínios bem estabelecidos da função cognitiva: memória, linguagem e função executiva. A memória foi avaliada por meio do teste de aprendizagem da lista de palavras, no qual 10 palavras foram lidas para os participantes. Definiu-se como memória imediata a repetição das palavras logo após sua leitura e memória tardia a sua reiteração ocorrida após cinco minutos da sua apresentação; o participante foi mantido ocupado com o preenchimento do questionário durante o intervalo entre as duas tarefas. Já a memória combinada foi obtida pela soma dos escores alcançados na memória imediata e tardia. A linguagem e a função executiva foi medida pelo teste de fluência verbal semântica categoria animal, em que foi solicitado aos participantes que falassem o maior número de animais em um período de tempo de um minuto.

Outras Variáveis

Também foram consideradas nesta análise as variáveis sexo, idade (50–59, 60–69; 70–79; 80 anos ou mais), escolaridade (< 4, 4–7, 8–11, > 11) e local de residência (rural ou urbana).

Aspectos Éticos

O Projeto ELSI-Brasil foi aprovado na Comissão de Ética da Fiocruz, Minas Gerais (CAAE 34649814.3.0000.5091). Todos os participantes assinaram termo de consentimento pós-informado separados para todos os procedimentos da pesquisa.

Análises Estatísticas

As análises estatísticas foram conduzidas no programa Stata 14.1. Devido ao delineamento complexo da amostra com estratificação, todas as análises foram feitas com o uso de fatores de ponderação para cada estrato, assim obtendo-se nos resultados finais a contribuição de cada estrato de acordo com o seu peso real, e não através da sua participação na amostra. O uso do comando svy do Stata permitiu gerar o erro padronizado robusto.

Para comparação das características dos participantes entre as macrorregiões, foi empregada a análise de variância (ANOVA) ponderada para variáveis contínuas e o teste qui-quadrado de Pearson ponderado para as variáveis categóricas.

Regressões lineares multivariadas com intervalo de confiança de 95% foram realizadas para que fosse estimada a relação entre memória (imediata, tardia e combinada) e fluência verbal com sexo, idade, escolaridade e local de moradia para cada macrorregião.

Finalmente, a média das variáveis memória (imediata, tardia e combinada) e fluência verbal foi padronizada separadamente e depois simultaneamente, por sexo, idade, escolaridade e local de moradia, com a utilização do método direto2222. National Institute on Aging; World Health Organization. Global Health and Aging. Bethesda (MD): National Institute of Health; 2011 [cited 2017 Nov 23]. (NIH publication, 11-773). Available from: http://www.who.int/ageing/publications/global_health.pdf
http://www.who.int/ageing/publications/g...
para cada macrorregião.

RESULTADOS

Dentre os 9.412 participantes da linha de base do ELSI-Brasil, 9.085 (96,5%) apresentaram informações completas para todas as variáveis e foram incluídos nesta análise. As principais características dos participantes por região estão apresentadas na Tabela 1. Na amostra total, a idade média foi de 63,0 anos (EP = 0,42) e a maioria era mulher (53,9%) e tinha menos de 11 anos de estudo (76,2%). A Tabela 2 mostra os escores médios e as análises multivariadas da associação entre os escores da memória e fluência verbal estratificada pelas macrorregiões. Residentes nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste tiveram os melhores desempenhos, tanto na avaliação da memória, quanto na fluência verbal. Adultos mais velhos da macrorregião Sul apresentaram o melhor desempenho nas variáveis memória imediata e memória combinada, enquanto o melhor desempenho na memória tardia e fluência verbal ocorreu entre residentes do Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente. Residentes mais velhos e com baixa escolaridade tiveram pior desempenho na memória (imediata, tardia e combinada) e pior fluência verbal em todas as macrorregiões. Já os participantes da zona rural mostraram pior desempenho na memória imediata e combinada no Nordeste e Sudeste, e na memória tardia no Sudeste. No Centro-Oeste, os residentes da zona rural tiveram melhor desempenho na memória tardia e combinada. Com relação à fluência verbal, participantes da zona rural da macrorregião Sul e Centro-Oeste, e mulheres do Norte e Centro-Oeste, apresentaram pior desempenho dessa função.

Tabela 1
Características dos 9.085 participantes da amostra. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), 2015–2016.
Tabela 2
Escores médios e análises multivariadas da associação entre os escores da função cognitiva e as variáveis sexo, idade, escolaridade e local de moradia dos 9.085 participantes da amostra. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), 2015–2016.

Escores médios padronizados da memória (imediata, tardia e combinada) e fluência verbal estão dispostos e comparados entre as macrorregiões na Tabela 3. A padronização direta das médias da memória e fluência verbal pelo efeito individual de sexo, idade, escolaridade e local de moradia e pelo efeito simultâneo dessas quatro variáveis não alterou o padrão de diferença existente entre as regiões.

Tabela 3
Escores médios padronizados da função cognitiva dos 9.085 participantes da amostra. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), 2015–2016.

Os valores das médias observadas e padronizadas simultaneamente pelas quatro variáveis são mostrados na Figura.

Figura
Escores médios observados e padronizados por sexo, idade, escolaridade e local de moradia da função cognitiva dos 9.085 participantes da amostra. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), 2015–2016.

DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo nacional com uma amostra representativa da população com 50 anos ou mais que comparou a função cognitiva nas cinco macrorregiões brasileiras, em que foram feitas as aplicações dos mesmos testes no mesmo período. Os residentes das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram melhor função cognitiva em todos os testes aplicados, porém com uma variação entre as posições ocupadas, dependendo da habilidade avaliada. Em todas as regiões observou-se piora dos três tipos de memória e da fluência verbal correlacionada à idade mais elevada e à baixa escolaridade, com exceção da macrorregião Sudeste, na qual a piora da fluência verbal não estava correlacionada às idades mais elevadas. Com relação ao local de moradia, observou-se, de maneira inconsistente, que residentes da área rural exibiam menores escores para testes que avaliam a memória e a fluência verbal. Entretanto, residentes da área rural do Centro-Oeste tiveram melhor performance na memória tardia do que aqueles da zona urbana. O sexo feminino apresentou o pior desempenho nos testes da fluência verbal nas macrorregiões Norte e Centro-Oeste. Finalmente, as médias padronizadas dos três tipos de memória e fluência verbal pelo efeito do sexo, idade, escolaridade e local de moradia mostraram que essas variáveis não explicam a totalidade das diferenças encontradas entre as macrorregiões brasileiras.

Este estudo tem diversas vantagens como: 1) a utilização de uma amostra representativa dos adultos brasileiros com 50 anos ou mais; 2) a avaliação direta da função cognitiva através de testes validados e aplicados em um mesmo período, o que permite comparações entre as macrorregiões brasileiras e com outros países; 3) o treinamento e a certificação dos entrevistadores conforme os protocolos desenvolvidos para o estudo; 4) a garantia de qualidade e controle da coleta de dados pela realização de estudos pilotos prévios a fim de identificar e corrigir potenciais problemas nos procedimentos e entrevistas.

No entanto, o estudo também apresenta limitações que devem ser consideradas durante a interpretação dos resultados. O emprego de uma amostra ponderada pode subestimar as médias para a função cognitiva devido ao seu efeito de delineamento. Contudo, o emprego de análises específicas para ponderação provavelmente supera essa limitação. Os testes usados não avaliaram todas as dimensões da função cognitiva, mas foram escolhidos aqueles que pareciam sofrer menores efeitos teto e chão2323. Batty GD, Deary IJ, Zaninotto P. Association of cognitive function with cause-specific mortality in middle and older age: follow-up of participants in the English Longitudinal Study of Ageing. Am J Epidemiol. 2016;183(3):183-90. https://doi.org/10.1093/aje/kwv139
https://doi.org/10.1093/aje/kwv139...
, comumente encontrados em populações de baixa escolaridade.

Os resultados do presente estudo são diretamente comparáveis com estudos realizados em países de alta renda [Health Retirement Study (HRS), English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), the Irish Longitudinal Study on Ageing (TILDA)]1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
e em países de média e baixa renda, como o [Health Retirement Study (HRS), English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), the Irish Longitudinal Study on Ageing (TILDA)]1515. Lei X, Smith JP, Sun X, Zhao Y. Gender differences in cognition in China and reasons for change over time: evidence from CHARLS. J Econ Aging. 2014:4:46-55. https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.0...
,1616. Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex. 2015;57 Suppl 1:S90-6. , nos quais a função cognitiva foi avaliada empregando-se a mesma medida para memória (lista de 10 palavras, com exceção do estudo MHAS, que usou uma lista de oito palavras) e fluência verbal (teste de fluência semântica categoria animal). O ELSI-Brasil, mesmo com uma amostra mais jovem devido à inclusão dos adultos de meia-idade, apresentou médias menores para todas as habilidades avaliadas (memória imediata, tardia e combinada) quando comparado aos três estudos em países de alta renda (HRS, ELSA, TILDA)1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
que utilizaram uma amostra de idosos com 60 anos ou mais. Provavelmente, isso ocorreu devido à grande diferença na escolaridade entre essas amostras, uma vez que esse fator apresenta papel importante na função cognitiva2424. Park DC. The basic mechanism accounting for age-related decline in cognitive function. In: Park DC, Schwarz N, editors. Cognitive aging: a primer. New York: Psychology Press; 2000. p.3-21.. No ELSI-Brasil, 76,2% da amostra dos brasileiros com 50 anos ou mais têm menos de 12 anos de escolaridade; no HRS, ELSA e TILDA, as taxas são de 56%, 48% e 44% para aqueles com 65 anos ou mais e 39%, 28%, 28% para aqueles entre 57–64 anos, respectivamente1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
.

Com relação a comparação com estudos em países de média ou baixa renda, onde a baixa escolaridade foi semelhante entre o ELSI-Brasil, MHAS e CHARLS11. Cigolle CT, Langa KM, Kabeto MU, Tian Z, Blaum CS. Geriatric conditions and disability: the Health and Retirement Study. Ann Intern Med. 2007;147(3):156-64. https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-200708070-00004
https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-...
55. Naughton C, Drennan J, Treacy MP, Laerty A, Lyons I, Phelan A, et al. Abuse and neglect of o older people in Ireland: report on the national study of elder abuse and neglect. Dublin: National Centre for the Protection of Older People; 2010 [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://www.ncpop.ie/userfiles/file/ncpop%20reports/Study%203%20Prevalence.pdf
http://www.ncpop.ie/userfiles/file/ncpop...
,1616. Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex. 2015;57 Suppl 1:S90-6.. Observou-se que no estudo mexicano, apesar de apresentar uma população mais velha (adultos com 60 anos ou mais), o desempenho nas três habilidades foi melhor em comparação aos brasileiros (memória imediata: 4,8 versus 4,3; memória tardia: 4,4 versus 2,9, e fluência verbal: 15,3 versus 12,6). Isso ocorreu porque os participantes da amostra do MHAS eram mais saudáveis do que os do ELSI-Brasil, uma vez que os testes para avaliação cognitiva foram aplicados somente naqueles que não tiveram AVC ou não apresentavam sintomas depressivos1616. Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex. 2015;57 Suppl 1:S90-6.. Além disso, a memória foi testada por uma lista de oito palavras, o que provavelmente influenciou os resultados obtidos com essa versão, superestimando o desempenho dos participantes1616. Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex. 2015;57 Suppl 1:S90-6.. Com relação ao estudo chinês1515. Lei X, Smith JP, Sun X, Zhao Y. Gender differences in cognition in China and reasons for change over time: evidence from CHARLS. J Econ Aging. 2014:4:46-55. https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.0...
, o desempenho na memória combinada foi pior do que no ELSI-Brasil (3,3 versus 7,3), provavelmente porque a maioria de seus participantes era da zona rural1313. Saenz JL, Downer B, Garcia MAG, Wong R. Cognition and context: rural-urban differences in cognitive aging among older Mexican adults. J Aging Health. 2017 Apr 1::898264317703560. https://doi.org/10.1177/0898264317703560
https://doi.org/10.1177/0898264317703560...
,1414. Cassarino M, O’Sullivan V, Kenny RA, Setti A. Environment and cognitive aging: a cross-sectional study of place residence and cognitive performance in the Irish Longitudinal Study on Aging. Neuropsychology. 2016;30(5):543-57. https://doi.org/10.1037/neu0000253
https://doi.org/10.1037/neu0000253...
.

Comparações com outros estudos brasileiros são limitadas devido às diferenças entre as faixas etárias e os desfechos estudados. Em um estudo com funcionários entre 35 a 74 anos de idade em seis universidades nas macrorregiões Nordeste, Sudeste e Sul, a memória foi avaliada pela lista de 10 palavras aplicada em três momentos diferentes (imediata, tardia, reconhecimento), enquanto a fluência verbal semântica foi avaliada pelo teste de categoria animal2525. Passos VMA, Giatti L, Bensenor I, Tiemeier H, Ikram MA, Figueiredo RC, et al. Education plays a greater role than age in cognitive test performance among participants of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). BMC Neurol. 2015;15:191. https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-6
https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-...
. As médias para memória tardia variaram de quatro a oito entre os homens e de cinco a oito entre as mulheres, enquanto as médias para fluência verbal variaram de 12 a 21 entre homens e 13 a 21 entre mulheres conforme a escolaridade dos participantes2525. Passos VMA, Giatti L, Bensenor I, Tiemeier H, Ikram MA, Figueiredo RC, et al. Education plays a greater role than age in cognitive test performance among participants of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). BMC Neurol. 2015;15:191. https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-6
https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-...
. Como o ELSA-Brasil, o presente estudo também demonstrou que os participantes mais velhos e com baixa escolaridade tiveram pior desempenho na memória e na fluência verbal. Contudo, os escores foram menores em todos os testes quando comparados àqueles encontrados no ELSA-Brasil. Provavelmente, essa discrepância ocorreu porque o ELSA-Brasil foi conduzido exclusivamente na área urbana (seis capitais), enquanto o ELSI-Brasil foi conduzido tanto com participantes residentes na área urbana, quanto com aqueles residentes em áreas rurais.

Os testes utilizados para avaliação da memória e fluência verbal no presente estudo fazem parte da bateria cognitiva Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD)2626. Morris JC, Heyman A, Mohs RC, Hughs JP, Van Belle G, Fillenbaum G, et al. The Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD). Part I. Clinical and neuropsychological assessment of Alzheirmer’s disease. Neurology. 1989;39(9):1159-65. https://doi.org/10.1212/WNL.39.9.1159
https://doi.org/10.1212/WNL.39.9.1159...
, na qual a versão brasileira validada mostrou-se adequada para a avaliação da função cognitiva ente os idosos brasileiros2727. Bertolucci PHF, Okamoto IH, Toniolo Neto J, Ramos LR, Brucki SMD. Desempenho da população brasileira na bateria neuropsicológica do Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD). Rev Psiq Clin (São Paulo). 1998;25(2):80-3.. Estudos anteriores revelaram que idosos mais velhos, com baixa escolaridade e procedentes de áreas rurais apresentam pior desempenho cognitivo11–16,27; já os dados da variável sexo são inconsistentes1111. Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23...
,1212. Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc. 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
https://doi.org/10.111/jgs12196...
,1515. Lei X, Smith JP, Sun X, Zhao Y. Gender differences in cognition in China and reasons for change over time: evidence from CHARLS. J Econ Aging. 2014:4:46-55. https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.0...
,11. Cigolle CT, Langa KM, Kabeto MU, Tian Z, Blaum CS. Geriatric conditions and disability: the Health and Retirement Study. Ann Intern Med. 2007;147(3):156-64. https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-200708070-00004
https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-...
66. Wu L, Chen H, Hu Y, Xiang H, Yu X, Zhang T, et al. Prevalence and associated factors of elder mistreatment in a rural community in People’s Republic of China: a cross-sectional study. PLoS One. 2012;7(3):e33857. https://doi.org/101371/journal.pone.0033857
https://doi.org/101371/journal.pone.0033...
,2828. Ferreira L, Ferreira Santos-Galduróz R, Ferri CP, Fernandes Galduróz JC. Rate of cognitive decline in relation to sex after 60 years-of-age: a systematic review. Geriatr Gerontol Int. 2014;14(1):23-31. https://doi.org/10.1111/ggi.12093
https://doi.org/10.1111/ggi.12093...
. Nossos achados replicaram as associações demonstradas anteriormente para memória e fluência verbal em outros estudos com amostras de base populacional11–16,26,27, com exceção dos resultados para memória tardia e combinada, que mostraram que os participantes da área rural no Centro-Oeste tiveram o melhor desempenho. É provável que isso tenha acontecido porque a principal atividade nessa macrorregião é a agropecuária, o que possivelmente favorece melhores condições socioeconômicas, que por sua vez pode ter contribuído para esse desempenho.

Por fim, os resultados do presente estudo mostraram que o desempenho nos testes de função cognitiva dos adultos com 50 anos ou mais é pior do que aquele encontrado em países de alta renda (Estados Unidos, Inglaterra e Irlanda) e inconsistente com o de países de média renda (pior que o encontrado no México e melhor que o encontrado na China). Observamos que os fatores sociodemográficos e a diferença do local de moradia entre as áreas rurais e urbanas confirmaram de maneira consistente o mesmo padrão de correlação entre esses fatores e a função cognitiva nas macrorregiões brasileiras. Entretanto, como esses fatores não explicam completamente as diferenças da função cognitiva nos adultos com 50 anos ou mais observadas entre as regiões, outros fatores contextuais e culturais não dimensionados aqui podem ter papel relevante nas diferenças encontradas.

Referências bibliográficas

  • 1
    Cigolle CT, Langa KM, Kabeto MU, Tian Z, Blaum CS. Geriatric conditions and disability: the Health and Retirement Study. Ann Intern Med 2007;147(3):156-64. https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-200708070-00004
    » https://doi.org/10.7326/0003-4819-147-3-200708070-00004
  • 2
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Geografia. Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de Janeiro: IBGE; 2016.
  • 3
    World health Organization. World report on aging and health. Geneva: WHO; 2015 [cited 2017 Nov 25]. Availabe from: http://www.who.int/entity/ageing/publications/world-report-2015/en/
    » http://www.who.int/entity/ageing/publications/world-report-2015/en/
  • 4
    Steves CJ, Spector TD, Jackson SH. Aging, genes, environment and epigenetic: what twin studies tell us now, and in the future. Age Aging 2012;41(5):581-6. https://doi.org/10.1093/ageing/afs097
    » https://doi.org/10.1093/ageing/afs097
  • 5
    Naughton C, Drennan J, Treacy MP, Laerty A, Lyons I, Phelan A, et al. Abuse and neglect of o older people in Ireland: report on the national study of elder abuse and neglect. Dublin: National Centre for the Protection of Older People; 2010 [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://www.ncpop.ie/userfiles/file/ncpop%20reports/Study%203%20Prevalence.pdf
    » http://www.ncpop.ie/userfiles/file/ncpop%20reports/Study%203%20Prevalence.pdf
  • 6
    Wu L, Chen H, Hu Y, Xiang H, Yu X, Zhang T, et al. Prevalence and associated factors of elder mistreatment in a rural community in People’s Republic of China: a cross-sectional study. PLoS One 2012;7(3):e33857. https://doi.org/101371/journal.pone.0033857
    » https://doi.org/101371/journal.pone.0033857
  • 7
    Shankar A, McMunn A, Banks J, Steptoe A. Loneliness, social isolation, and behavioral and biological health indicators in older adults. Health Psychol 2011;30(4):377-85. https://doi.org/101037/a0022826
    » https://doi.org/101037/a0022826
  • 8
    Iliffe S, Kharicha K, Harari D, Swift C, Gillmann G, Stuck AE. Health risk appraisal in older people 2: the implications for clinicians and commissioners of social isolation risk in older people. Br J Gen Pract 2007;57(537):277-82.
  • 9
    World Health Organization. Closing the gap in a generation: health equity through action on social determinants of health: final report of the Commission on Social Determinants of Health. Geneva: WHO; 2008 [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563703_eng.pdf
    » http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563703_eng.pdf
  • 10
    Dannefer D. Cumulative advantage/disadvantage and the life course: cross-fertilizing age and social science theory. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2003;58(6):S327-37. https://doi.org/10.1093/geronb/58.6.s327
    » https://doi.org/10.1093/geronb/58.6.s327
  • 11
    Langa KM, Llewellyn DJ, Lang IA, Weir DR, Wallace RB, Kabeto MU, et al. Cognitive health among older adults in the United States and in England. BMC Geriatr. 2009;9:23. https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
    » https://doi.org/10.1186/1471-2318-9-23
  • 12
    Savva GM, Maty SC, Setti A, Feeney J. Cognitive and physical health of the older populations of England, the United States, and Ireland: international comparability of the Irish Longitudinal Study on Ageing. J Am Geriatr Soc 2013;61 Suppl 2:s291-8. https://doi.org/10.111/jgs12196
    » https://doi.org/10.111/jgs12196
  • 13
    Saenz JL, Downer B, Garcia MAG, Wong R. Cognition and context: rural-urban differences in cognitive aging among older Mexican adults. J Aging Health 2017 Apr 1::898264317703560. https://doi.org/10.1177/0898264317703560
    » https://doi.org/10.1177/0898264317703560
  • 14
    Cassarino M, O’Sullivan V, Kenny RA, Setti A. Environment and cognitive aging: a cross-sectional study of place residence and cognitive performance in the Irish Longitudinal Study on Aging. Neuropsychology 2016;30(5):543-57. https://doi.org/10.1037/neu0000253
    » https://doi.org/10.1037/neu0000253
  • 15
    Lei X, Smith JP, Sun X, Zhao Y. Gender differences in cognition in China and reasons for change over time: evidence from CHARLS. J Econ Aging 2014:4:46-55. https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
    » https://doi.org/10.1016/j.jeoa.2013.11.001
  • 16
    Mejía-Arango S, Wong R, Michaels-Obregón A. Normative and standardized data for cognitive measures in the Mexican Health and Aging Study. Salud Publica Mex 2015;57 Suppl 1:S90-6.
  • 17
    World Bank. Gini Index (World Bank estimate) 2011-2015. Washington (DC); 2015. [cited 2017 Nov 23]. Available from: https://data.worldbank.org/indicator/SI.POV.GINI
    » https://data.worldbank.org/indicator/SI.POV.GINI
  • 18
    United Nations Development Programme. Human Development Reports. New York: UNDP [cited 2017 Nov 23]. Available from: http://hdr.undp.org/en
    » http://hdr.undp.org/en
  • 19
    Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento humano nas macrorregiões brasileiras: 2016. Brasília (DF): PNUD, IPEA, FJP; 2016.
  • 20
    Martins NIM, Caldas PR, Cabral ED, Lins CCSA, Coriolano MGWS. Instrumentos de avaliação cognitiva utilizados nos últimos 5 anos em idosos brasileiros. CiencSaude Coletiva 2017 out [cited 2017 Nov 23]:0402. Available from: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrumentos-de-avaliacao-cognitiva-utilizados-nos-ultimos-5-anos-em-idosos-brasileiros/16454?id=16454
    » http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrumentos-de-avaliacao-cognitiva-utilizados-nos-ultimos-5-anos-em-idosos-brasileiros/16454?id=16454
  • 21
    Lima-Costa MF, Andrade FB, Souza Jr PRB, Neri AL, Duarte YAO, Castro-Costa E, de Oliveira C. The Brazilian Longitudinal Study of Aging (ELSI-Brazil): objectives and design. Am J Epidemiol 2018 Jan 31. https://doi.org/10.1093/aje/kwx387
    » https://doi.org/10.1093/aje/kwx387
  • 22
    National Institute on Aging; World Health Organization. Global Health and Aging. Bethesda (MD): National Institute of Health; 2011 [cited 2017 Nov 23]. (NIH publication, 11-773). Available from: http://www.who.int/ageing/publications/global_health.pdf
    » http://www.who.int/ageing/publications/global_health.pdf
  • 23
    Batty GD, Deary IJ, Zaninotto P. Association of cognitive function with cause-specific mortality in middle and older age: follow-up of participants in the English Longitudinal Study of Ageing. Am J Epidemiol 2016;183(3):183-90. https://doi.org/10.1093/aje/kwv139
    » https://doi.org/10.1093/aje/kwv139
  • 24
    Park DC. The basic mechanism accounting for age-related decline in cognitive function. In: Park DC, Schwarz N, editors. Cognitive aging: a primer. New York: Psychology Press; 2000. p.3-21.
  • 25
    Passos VMA, Giatti L, Bensenor I, Tiemeier H, Ikram MA, Figueiredo RC, et al. Education plays a greater role than age in cognitive test performance among participants of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). BMC Neurol 2015;15:191. https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-6
    » https://doi.org/10.1186/s12883-015-0454-6
  • 26
    Morris JC, Heyman A, Mohs RC, Hughs JP, Van Belle G, Fillenbaum G, et al. The Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD). Part I. Clinical and neuropsychological assessment of Alzheirmer’s disease. Neurology 1989;39(9):1159-65. https://doi.org/10.1212/WNL.39.9.1159
    » https://doi.org/10.1212/WNL.39.9.1159
  • 27
    Bertolucci PHF, Okamoto IH, Toniolo Neto J, Ramos LR, Brucki SMD. Desempenho da população brasileira na bateria neuropsicológica do Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD) Rev Psiq Clin (São Paulo) 1998;25(2):80-3.
  • 28
    Ferreira L, Ferreira Santos-Galduróz R, Ferri CP, Fernandes Galduróz JC. Rate of cognitive decline in relation to sex after 60 years-of-age: a systematic review. Geriatr Gerontol Int 2014;14(1):23-31. https://doi.org/10.1111/ggi.12093
    » https://doi.org/10.1111/ggi.12093

  • a
    Fundação Oswaldo Cruz. Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros. Rio de Janeiro; c2015 [citado 28 nov 2017]. Disponível em: http://elsi.cpqrr.fiocruz.br

  • Financiamento: A linha de base do ELSI-Brasil foi financiada pelo Ministério da Saúde (DECIT/SCTIE – Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Processo 404965/2012-1); COSAPI/DAPES/SAS – Coordenação da Saúde da Pessoa Idosa, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde (Processos 20836, 22566 e 23700); e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Out 2018

Histórico

  • Recebido
    18 Dez 2017
  • Aceito
    18 Mar 2018
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br