RESENHA/REVIEW

 

 

Jane Dutra Sayd

Instituto de Medicina Social Universidade do Rio de Janeiro

 

 

Guia Terapêutico Ambulatorial 1992/1993. Suely Rozenfeld & Vera Lúcia Edais Pepe, (organizadoras). Pono Alegre: Artes Médicas/Rio de Janeiro: Abrasco, 1992. 420 p., índice remissivo, índice de nomes comerciais, índice de nomes genéricos, índice dos medicamentos essenciais — Rename, relação de tabelas, tabelas, bibliografia. (Brochura) Cr$ 141.000,00

Iniciar uma resenha com elogios rasgados pode parecer uma atitude acrítica, proveniente de um entusiasmo excessivo, mas é exatamente o que farei em relação ao Guia Terapêutico Ambulatorial, organizado por Suely Rozenfeld e Vera Lúcia Edais Pepe. Elogios à iniciativa de produzir e editar este Guia jamais serão, a meu ver, suficientes, e explico o porquê.

Em primeiro lugar, o Guia vem preencher um vazio, apontado pelas organizadoras na apresentação, qual seja o de cumprir a recomendação da Organização Mundial da Saúde quanto à elaboração de listas de fármacos e guias terapêuticos independentes e baseadas em critérios racionais. Cumprir esta recomendação é uma necessidade crítica se pretendemos fazer frente, de forma lúcida e enérgica, à invasão de tecnologia na saúde baseada exclusivamente em leis de mercado e consumo. Neste aspecto, o Guia é excelente. Está justamente propondo uma visão crítica que, longe de atacar a tecnologia, propugna a possibilidade de utilizá-la com o maior proveito e o mínimo de danos. Suas indicações são racionais e as contra-indicações, bem justificadas e detalhadas, referindo-se tanto a medicamentos isolados como a combinações e prescrições indesejáveis. Melhor, seu texto foi elaborado com o recurso de profissionais experientes e submetido a uma avaliação em diversos serviços antes de receber a forma final.

A apresentação dos medicamentos por classe terapêutica permite, a meu ver, uma utilização freqüente e pouco trabalhosa no ambulatório. Simultaneamente, a existência dos índices por nomes comerciais e genéricos, bem como a bibliografia bem-organizada, facilitam a busca de informação mais extensa, caso seja do interesse do usuário.

Particularmente em uma área muito carente de terapêutica — a do ensino médico —, o Guia representa uma possibilidade importante de melhoria da formação profissional, introduzindo conhecimento mais denso e correto em meio aos folhetos de propaganda com os quais o estudante convive.

Acompanhei, em parte, o trabalho de confecção e avaliação do Guia, impaciente para vê-lo pronto e amplamente divulgado e distribuído. Na verdade, sempre contei que seria tão prático, abrangente e sério como está, pois não poder-se-ia esperar resultado diferente a partir da equipe que o organizou.

Parabéns a Suely Rozenfeld, Vera Lúcia Edais Pepe e seus colegas pela pertinácia e competência, e peço licença para utilizar o comentário de um dos participantes do seminário de avaliação do Guia, realizado na ENSP em 1991: "O que eu gosto no Guia é a sua petulância". Petulância para ser inteligente, independente, para propor a transformação.

Desejo ver este Guia Terapêutico Ambulatorial na mão de todos os estudantes e profissionais de saúde do país, sempre revisto e atualizado, com tiragens bem grandes, compatíveis com os nossos sonhos de uma melhor atenção à saúde para todos os brasileiros.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br