TESES THESIS

 

 

LINS, A. M., 1997. O Programa UNI da Fundação Kellogg no Brasil: Uma Avaliação a Partir do Postulado de Coerência de Mario Testa (Luiz Carlos de Oliveira Cecílio, orientador). Dissertação de Mestrado, Campinas: Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 172 pp. Anexos.

 

O estudo avaliou a coerência do ideário do Programa UNI, através de três projetos no Brasil, analisando a relação entre propósitos, métodos e organização, à luz do Postulado de Coerência de Mario Testa. Bibliografia sobre o Programa UNI e entrevistas com 12 atores do seu processo, agrupados como formuladores do Programa UNI, diretores de projetos UNI e avaliadores, compuseram o material empírico. Ele foi recortado, sistematizado e analisado segundo categorias analíticas de determinação, condicionamento, sujeito coletivo e paradigma, e segundo categorias empíricas de propósito, método e organização. Evidenciou-se uma formulação idealizada do espaço real de operacionalização dos projetos e a presença de linhas de determinação e condicionamento construídas, dialeticamente, no espaço concreto de atuação dos atores e na relação entre sujeito e objeto, algumas vezes, em sentido contrário ao que previamente se supôs na formulação do programa. A investigação conseguiu identificar movimentos de mudanças nas realidades dos projetos UNI, tanto na universidade, como no serviço de saúde e comunidade. As limitações presentes no referencial teórico funcionalista, adotado na formulação inicial do programa, e a pouca valorização dada às linhas de condicionamento ou determinação que partem das organizações podem ser apontadas como explicações para o não-alcance de sua eficácia plena.

 

 

SAMPAIO, R. F., 1997. Cuando los Accidentes de Trabajo no Matan: Una Aproximación Epidemiológica de las Incapacidades Permanentes para la Profesión Habitual (Miguel Martín Mateo y Verena Stolcke, orientadores). Tese de Doutorado, Barcelona: Facultad de Medicina, Universidad Autónoma de Barcelona. 186 pp. Anexos.

 

Nuestro objetivo es conocer quiénes son los trabajadores incapacitados permanentes para la profesión habitual por accidente de trabajo (AT) y evaluar las repercusiones de estos eventos en la vida personal y familiar del trabajador. Se ha optado por la adopción de las metodologías cuantitativa y cualitativa. La metodologia cuantitativa comprende dos subestudios. En el primer se ha analizado la evolución en el tiempo de las incapacidades permanentes por AT y por enfermedad común (EC) y se han estudiado aspectos del proceso de rehabilitación profesional (1986-95). En el segundo se han analizado las características de los accidentados y de los factores asociados con la probabilidad de reinserción en el mundo laboral (1995). Se ha utilizado la información de un Centro de Rehabilitación Profesional del INSS de Belo Horizonte/MG. Los AT producen incapacidades que obligan los trabajadores a cambiar de ocupación en mayor proporción que en las EC. Las enfermedades de trauma repetitivo ("LER") representaron más de la mitad de los casos registrados en el CRP. Estos incapacitados son predominantemente mujeres, con un nivel de estudios más elevado e pertenecientes al sector de servicios. Entre los incapacitados por accidente propiamente dicho y los diagnosticados con una enfermedad diferente a LER, se destacan los hombres con nivel de estudios más bajo, distribuidos en ocupaciones vinculadas a la producción. Los criterios básicos que definen la aceptación del trabajador para la rehabilitación profesional son la edad y la escolaridad. Pese a que las mujeres presentan el perfil exigido, se rehabilitan en menor número que los hombres. Las entrevistas evidenciaron que un AT no se reduce al siniestro y a la recuperación clínica del trabajador. El abandono del accidentado en medio de la burocracia institucional y legal ocasiona una pérdida del control y de referencia del trabajador respecto a su propia vida.

 

 

SILVEIRA, E., 1997. Etnobotânica dos Índios Kaingang do RS, Brasil (Félix Llamas Garcia, orientador). Tese de Doutorado, León: Departamento de Biologia Vegetal, Universidade de León. 299 pp.

 

O estudo da etnobotânica das plantas medicinais utilizadas pelos índios Kaingang do RS teve como objetivo conhecer e valorizar práticas de cura, que podem fornecer informações úteis na busca de soluções para os problemas atuais de saúde pública. Identificamos as plantas usadas como medicinais ou mágicas e obtivemos informações relativas às indicações terapêuticas, modos de preparação, utilização, comparando-se as indicações indígenas com as bibliografias sobre o assunto. Totalizamos 206 espécies, distribuídas em 85 famílias distintas, e 675 indicações diferentes de uso. Destacamos as referências para combater problemas gastrintestinais. Pela análise florística, destacamos as espécies da família Asteraceae, com 113 usos, seguida pela família Fabaceae, com 61 indicações. As partes das plantas utilizadas para fins medicinais compõem-se de 40% de folhas e 21% de tronco ou cascas. Os modos de preparação mais freqüentes são deccoção e infusão (54%). Na análise comparativa, concluímos que 37,86% são de conhecimento científico; 15,53% possuem diferenças parciais; 10,19% diferem totalmente dos usos já conhecidos e 27,67% são totalmente desconhecidas como medicinais, sendo uma contribuição dos índios Kaingang à ciência.

 

 

ALBUQUERQUE, L. G. T., 1997. Valor da Histerossonografia na Avaliação da Cavidade Endometrial na Mulher com Sangramento Uterino Anormal (Ellen Elizabeth Hardy, orientadora; Luis Guillermo Bahamondes, co-orientador). Dissertação de Mestrado, Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, 68 pp. Anexos.

 

Sangramento uterino anormal é uma das queixas mais freqüentes das mulheres que procuram atenção ginecológica. Por este motivo, observa-se a necessidade de obter-se o diagnóstico de suas causas com métodos propedêuticos de fácil execução, de alta acurácia diagnóstica e de baixo custo. Esta pesquisa comparou a acurácia diagnóstica da histerossonografia com a da ultrassonografia e histeroscopia no diagnóstico das alterações uterinas nas mulheres com história clínica de sangramento uterino anormal, tendo como padrão ouro a histologia. Foram examinadas 56 pacientes assistidas no setor de histeroscopia do CAISM/Unicamp; analisaram-se os resultados comparando a sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo dos três métodos propedêuticos. A sensibilidade da histerossonografia e da histeroscopia foi de 94%, e a da ultrassonografia foi de 83%. A especificidade da histerossonografia foi de 87%; a da histeroscopia, de 92%, e a da ultrassonografia, de 76%. As diferenças entre os três métodos não foram estatisticamente significativas.

Concluímos que a histerossonografia é um método acurado para diagnóstico de alterações orgânicas que causam sangramento uterino anormal, podendo ser utilizado como método substituto da histeroscopia e complementar à ultrassonografia, para diagnóstico de alterações uterinas causadoras de sangramento uterino anormal.

 

 

OLIVEIRA, M. N. G, 1997. Perfil Antropométrico e Dietético de Adolescentes de Situação Sócio-Econômica Diferenciada (Eliane de Abreu Soares, orientadora). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. 163 pp. Anexos.

 

O estudo teve como objetivo avaliar o perfil antropométrico e dietético de adolescentes de situação sócio-econômica diferenciada. Foram avaliados 256 adolescentes de 11 a 18 anos, de ambos os sexos, estudantes do Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (Cap/Uerj), do Colégio Municipal Francisco Cabrita e da Escola Estadual João Alfredo. Para classificação da situação sócio-econômica, utilizaram-se como critérios a ocupação e a escolaridade dos pais. A avaliação sócio-econômica demonstrou que 72% dos pais dos alunos do Cap/Uerj apresentam nível superior, com ocupação condizente com a escolaridade, ao passo que, nos outros dois colégios, 50% apresentaram escolaridade de primeiro grau. A avaliação antropométrica foi realizada mediante mensuração de peso, estatura, circunferência de braço e de sete sítios de dobras cutâneas. O estudo antropométrico demonstrou que as adolescentes de nível sócio-econômico alto e baixo, na faixa etária de 15 a 18 anos, apresentam maior percentual de tecido adiposo do que os meninos de ambos os colégios. Para a avaliação dietética, aplicou-se recordatório 24 horas, registro alimentar de três dias e questionário de freqüência alimentar. Os resultados mostraram que os adolescentes de ambos os sexos, independentemente do nível sócio-econômico, apresentam baixa ingestão de cálcio dietético. O leite foi o principal alimento mencionado no consumo diário pelos estudantes de ambos os sexos do colégio de nível sócio-econômico alto; por outro lado, nos de nível sócio-econômico baixo, arroz, feijão e açúcar foram os alimentos citados. As bebidas mais mencionadas foram refrigerantes, suco de frutas e café, para os meninos de 11 a 14 anos e meninas de 15 a 18 (não-Cap). O consumo de energia foi maior nos adolescentes do sexo masculino. Diante dessa pesquisa, conclui-se que há necessidade de se ampliarem estudos sobre o comportamento dietético de pessoas dessa faixa etária.

 

 

MENDES, M. C. T., 1998. A Clientela e os Profissionais de Saúde Diante da Tuberculose (Ana Maria Canesqui, orientadora). Dissertação de Mestrado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 219 pp.

 

Objetivos: Analisar as representações, conceitos e práticas eruditas e populares em relação à tuberculose, suas causas, imagens e estigmas a ela associados; avaliam-se também as relações entre a clientela e os profissionais de saúde, os tratamentos utilizados e o seu abandono ou seguimento, além de fazer-se reconstituição do contexto e conteúdos mais gerais da política nacional de controle da tuberculose. Sujeitos e métodos: Foram utilizados instrumentos da pesquisa qualitativa para reconstruir os depoimentos de sete médicos, três enfermeiras e 36 doentes adultos com tuberculose pulmonar com alta por cura ou abandono. Resultados: A luta antituberculose no Brasil passou por vários modelos de intervenção (do filantrópico ao estatal), configurando-se distintos modos de organização em vários períodos da história política de controle da tuberculose no País. Mostra-se, no momento, como programa centralizado sob o ponto de vista normativo e descentralizado na sua execução nos vários estados e federação, bem como nos serviços. Os profissionais concebem a tuberculose mais nos parâmetros da clínica e menos nos da epidemiologia da doença, sua causalidade ou determinação, valorizando e reforçando o tratamento quimioterápico padronizado. A clientela mantém um discurso próprio sobre as doenças em geral e especificamente sobre a tuberculose, assimilando parcialmente ou reinterpretando os discursos dos profissionais de saúde, como também estigmatizando os doentes e diversificando a causalidade da doença. Têm ainda como referência representações tradicionais e suas experiências de vida, com a própria doença. Não incorporando o conceito de abandono de tratamento formulado pelos médicos e administradores do programa, a clientela tende a identificar a cura com representação de saúde, deixando de valer-se dos medicamentos ao perceber-se saudável (sem sintomas e apto para o trabalho), valorizando positivamente o atendimento e serviços recebidos.

 

 

SILVA, A. A. M., 1997. Morbidade Referida e Utilização de Serviços de Atenção à Saúde da Criança em São Luís, MA (Uilho Antônio Gomes, orientador). Tese de Doutorado, Ribeirão Preto: Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. 148 pp. Anexos.

 

A morbidade referida e a utilização de serviços de atenção à saúde da criança, bem como alguns fatores associados, foram estudados, por meio de inquérito domiciliar transversal, em uma amostra aleatória por conglomerados em múltiplos estágios de 748 crianças menores de cinco anos, no Município de São Luís (MA), Brasil, em 1994. Foram avaliados indicadores sócio-econômicos, ambientais e demográficos; morbidade referida e utilização de serviços de atenção à criança sadia (puericultura, pesagem e vacinação) e à criança doente (consultas e hospitalizações). Utilizou-se um questionário padronizado respondido pela mãe ou responsável pela criança. O efeito de desenho foi calculado para cada estimativa. Na estimativa da razão de prevalências ajustada, empregou-se a regressão de Cox, modificada para estudos transversais. Como foi utilizada metodologia semelhante à da PESN (Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição), realizada pela Secretaria de Estado da Saúde e Unicef, em 1991, os dados do presente estudo foram comparados com os do estudo anterior, observando-se possível piora do rendimento mensal familiar; aumento da escolaridade dos pais e das mães; alto coeficiente de morbidade referida; diminuição da prevalência de diarréia aguda e manutenção da prevalência de IRA; cobertura e qualidade precárias dos serviços de puericultura; elevação do percentual de crianças com cartão de crescimento, continuando deficiente, porém, o registro de peso no cartão, indicando a precariedade do serviço de monitorização do crescimento infantil; aumento na taxa de consultas médicas; duplicação da taxa de hospitalizações; não-alteração das coberturas vacinais. Quanto à utilização dos serviços de puericultura e vacinação, a escolaridade materna/paterna foi o maior determinante, ao passo que, em relação à realização das consultas médicas curativas, o principal foi a morbidade. Permaneceram independentemente associados ao maior risco de hospitalização, após o controle dos fatores de confusão: idade de um a dois anos, renda familiar de até um salário mínimo e posse de seguro-saúde. As desigualdades sociais na cobertura dos serviços se reduziram nos três últimos anos.

 

 

BACHA, A. M., 1997. Avaliação da Implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher no Estado de São Paulo (Aníbal Faúndes, orientador; Ellen Hardy, co-orientadora). Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 149pp.

 

O objetivo do estudo foi avaliar o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher no Estado de São Paulo entre 1987-1990. Foram entrevistadas 1.008 mulheres em 1988 e 1.335 em 1991, residentes em Penha (Município de São Paulo) e na região de Campinas (Campinas, Indaiatuba, Paulínia e Sumaré). Estudou-se a assistência ao pré-natal (cobertura, mês de início, número de consultas, exames), ao parto (tipo, orientações recebidas), ao puerpério (cobertura da revisão pós-parto, exames, orientações recebidas); analisou-se o conhecimento e prática dos exames de prevenção do câncer de colo uterino e mama; o conhecimento, prática e qualidade do planejamento familiar e a qualidade do atendimento recebido nos postos de saúde. Foram comparados os dados de 1991 e de 1988. O pré-natal teve cobertura e qualidades satisfatórias. A incidência de cesáreas foi elevada e a atenção puerperal melhorou, particularmente em Campinas. O conhecimento e a prática dos exames preventivos do câncer de colo e de mama aumentou. A qualidade do planejamento familiar foi insatisfatória, com poucas diferenças no decorrer dos quatro anos. Segundo as mulheres, melhorou a qualidade do atendimento nos postos de saúde. Conclui-se que, sendo a saúde da mulher uma prioridade nas políticas públicas, é possível progressos na implantação do PAISM.

 

 

ALVES, M. G. M., 1998. A Voz do Hipertenso: Representações Sociais da Hipertensão Arterial ­ Um Estudo de Caso em Jurujuba, Niterói, RJ (Victor Vincent Valla, orientador). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 171 pp.

 

A despeito de muitos avanços tecnológicos, alguns agravos, tais como a hipertensão arterial, permanecem com elevados indicadores de morbi-mortalidade. A biomedicina considera a subjetividade e o conhecimento advindos do senso comum como sendo desprovidos de importância. Com isso, a experiência e o conhecimento dos que são acometidos pela hipertensão arterial não têm sido valorizados ou levados em conta. O objetivo deste trabalho foi conhecer as representações sociais sobre a hipertensão arterial de pessoas hipertensas. A pesquisa foi realizada entre moradores do bairro de Jurujuba, Niterói, RJ, usuários do Programa Médico de Família daquele Município. Pretendíamos saber a que os moradores atribuíam o desenvolvimento da hipertensão arterial e quais as formas de tratamento que utilizavam, além de conhecerem as representações sociais. Foram entrevistados usuários, profissionais de saúde e gerentes do Programa Médico de Família no local, num total de doze entrevistas não diretivas e temáticas. As transcrições tiveram seu conteúdo analisado segundo temas, dentro de categorias definidas previamente. Cerca de 95% dos casos de hipertensão arterial são de etiologia desconhecida, não possuindo nenhuma lesão orgânica determinante. É a chamada hipertensão arterial primária, ou essencial, segundo alguns autores. Para os usuários entrevistados, hipertensos, a etiologia desses casos de hipertensão arterial está no cotidiano, com seus conflitos e dificuldades, e não apenas no estilo de vida. Paradoxalmente, os demais grupos (profissionais e gerentes) compartilham essa visão. Entretanto, a resolução desse problema tem passado, até o momento pela "medicalização" da hipertensão arterial e pela atribuição ao estilo de vida, individualizando questões que passam pelo coletivo. As propostas terapêuticas rotineiras não satisfazem a nenhum dos grupos, e os profissionais e gerentes constatam freqüentemente abandono do tratamento. Os "hipertensos" negam o abandono, mas admitem que "adaptam" o tratamento prescrito, segundo suas conveniências. Algumas pistas são dadas em relação aos motivos pelos quais adotam essa prática. Conclui-se que os três grupos devem procurar novas formas de abordar e lidar com essa importante questão de saúde pública, responsável por elevados coeficientes de morbi-mortalidade. Esta é uma constatação não só no Município de Niterói, mas no País como um todo. Aponta-se, assim, a necessidade urgente de investigações interdisciplinares, como, por exemplo, entre a Epidemiologia e as Ciências Sociais.

 

 

PERINI, E., 1998. O Abandono do Tratamento da Tuberculose: Transgredindo Regras, Banalizando Conceitos (Helena Heloisa Paixão, orientadora). Tese de Doutorado, Belo Horizonte: Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais. 218pp. Ilustrações.

 

O estudo aborda o abandono do tratamento da tuberculose em Belo Horizonte, tendo como base as representações sociais sobre a doença. A auto-avaliação da eficácia foi o condicionante fundamental, associada à desinformação. Medo e vergonha mostram-se como agravantes das dificuldades de retorno ao serviço, revelam problemas na relação médico/paciente e barreiras culturais para percepção dos direitos do usuário e deveres do sistema. Segregação, medo, culpa, dúvidas/negação e sofrimento identificam estigma. Desmitificação e banalização, considerando a doença uma 'coisa do passado', expressam tendência da superação. Confirmaram-se como determinantes: uso do álcool e/ou outras drogas, reações/rejeições aos medicamentos e problemas no relacionamento familiar e no trabalho. O uso do álcool liga-se à crença negativa de sua associação com medicamentos. Festejos de fim de ano como uma época propícia ao abandono, liga-se ao consumo de álcool e reintegração dos pacientes. Prisão e desagregação familiar denunciam serviço passivo diante de situações de alto risco. A banalização liga-se à desinformação sobre os riscos da tuberculose, denunciando necessidade de maior atenção na difusão dos conhecimentos. O sentimento de culpa alerta contra atitudes moralizadoras, que denotam posturas equivocadas de individualização de responsabilidades e esquiva dos condicionantes sociais da doença.

 

 

WUO, M., 1998. Prevenção da AIDS na Escola: Representações Sociais de Professores (Eliana Martins da Silva Rosado, orientadora). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Instituto de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 204 pp. Anexos.

 

O objetivo deste estudo foi explorar as representações sociais de professores sobre o HIV/Aids e programas de prevenção da Aids na Escola. Foram sujeitos 54 professores de escolas técnicas de segundo grau do Estado de São Paulo. Utilizou-se um questionário com questões abertas e fechadas sobre a Aids noções da doença, formas de transmissão, prevenção, Aids-adolescentes e preconceitos e sobre programas de prevenção da síndrome na escola funções, dificuldades, responsabilidades e possibilidades de envolvimento. As respostas foram tratadas e analisadas pela técnica de análise de conteúdo. Os resultados obtidos indicaram que os professores apresentaram conhecimentos satisfatórios sobre a doença, sobre formas de transmissão e prevenção: há idéia sobre grupos de risco; apontaram o comportamento, o sexo e uso de drogas como fatores que possibilitam a transmissão da Aids entre adolescentes. Com relação a programas de prevenção, consideram que estes têm função de informar, são de responsabilidade da Secretaria da Saúde e devem ser conduzidos pelos professores de Biologia; apontaram como dificuldades questões psicossociais e técnicas e manifestaram interesse em participar. Pareceu faltar uma ação reflexiva sobre as implicações Aids-adolescência-processo educacional e sobre a possibilidade de programas de prevenção promoverem mudanças comportamentais desejáveis e consistentes entre os adolescentes.

 

 

GONÇALVES, H., 1998. A Visão do Paciente: Além da Adesão ao Tratamento da Tuberculose (Ondina Fachel Leal, orientadora). Dissertação de Mestrado, Porto Alegre: Departamento de Antropologia Social, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 285 pp.

 

O trabalho discute as representações sociais referentes à tuberculose e as relações que elas estabelecem com os distintos fatores sociais e culturais que influenciam na adesão ao tratamento da doença, do ponto de vista do doente. Os tratamentos e manejos empregados para a cura da tuberculose são influenciados, em algum nível, pela história social da doença, do modo como a medicina e os indivíduos envolvidos nesses processos (adoecidos ou não) perceberam-na. Com a descoberta dos medicamentos para a cura dessa doença, novas estratégias padronizadas de controle são estabelecidas. Atualmente, no Brasil, os doentes são cadastrados e tratados conforme os moldes do Programa de Controle da Tuberculose. A adesão ao tratamento é considerada a base para o êxito do processo de cura e combate à doença. No entanto, a não-adesão tem sido apontada, pelo programa e pela literatura específica sobre a doença, como a principal causa do insucesso no controle dessa enfermidade. O estudo etnográfico, realizado em Pelotas (Brasil, RS), com cinqüenta doentes em tratamento (35 homens e 15 mulheres), aponta para alguns dentre os vários fatores culturais e sociais que nortearam o comportamento dos que não aderem às recomendações médicas relacionadas, principalmente no que se refere à ingestão diária dos medicamentos. Dentre esses, alguns fatores se destacam na compreensão da adesão à terapêutica, como a dificuldade em compreender a etiologia da doença e seu funcionamento no organismo; as alterações estabelecidas na prática do cotidiano das pessoas adoecidas; os estigmas; a relação dos enfermos com os sinais e sintomas percebidos no corpo; as mudanças nos papéis sociais do doente e da sua rede social mais próxima; a fase de vida em que se encontram os doentes com tuberculose e sua relação com o corpo, a saúde e a doença.

 

 

VARGAS, E. P., 1998 Corpo e Sexualidade Através das Imagens em Vídeos. (Vera Helena de Siqueira, orientadora) Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Centro de Ciências da Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 225pp.

Este estudo teve por objetivo analisar as imagens do corpo vinculadas ao comportamento sexual e reprodutivo nos processos de comunicação mediados pelos chamados vídeos educativos. Buscou-se caracterizar na relação do sujeito com a tecnologia os discursos e a direção do olhar que conformam na atualidade práticas educativas em saúde. Enfatizando as possibilidades de relações que o vídeo apresenta entre os sujeitos enunciador e representado que compõem o texto e profissionais de saúde, nas interações com as mensagens, procurou-se identificar, por meio dos discursos, algumas questões de natureza social e subjetiva que conformam a base de uma determinada visão do corpo, da sexualidade e das relações de gênero. Um banco de imagens foi constituído (60 títulos), a partir de três videotecas governamentais e seis não governamentais. O desenho do estudo teve como sujeito profissionais de saúde da rede pública do Rio de Janeiro, no período de 1996-1997. A análise, apoiada nos conceitos corpo, sexualidade, identidade social e imagem, voltou-se para a abordagem dos fenômenos educacionais e de comunicação em seus aspectos relacionais onde pretendeu-se dar relevância aos elementos culturais, subjetivos e simbólicos, vinculados à clientela/público receptor. Observaram-se concepções de sexualidade generalizantes e de relações de gênero pouco relativizadas quanto ao significado atribuído à experiência sexual e, conseqüentemente, indiferenciação de grupos, culturalmente definidos, na atribuição de significados ao corpo.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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