FÓRUM

 

Fórum: a integralidade na perspectiva da formação, das práticas e da avaliação em saúde

 

 

Virginia Alonso Hortale

Departamento de Administração e Planejamento em Saúde,Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.
virginia@ensp.fiocruz.br

 

 

Desde a década de 80 e, mais recentemente, com a implementação do Sistema Único de Saúde em 1990, o termo integralidade tem sido empregado sob diversos matizes: como articulação entre níveis de prestação de serviços de saúde, como integração entre os setores público e privado, como uma importante diretriz na gestão dos serviços e como proposta de modelo de atenção. Encontramos no Dicionário Aurélio somente termos que se aproximam: integral como adjetivo (total, inteiro, global); integrar como verbo transitivo direto (completar, inteirar, integralizar) e totalidade como substantivo (conjunto das partes que constituem um todo; soma). Ainda que com essa aparente não definição, observamos que são diversos os planos que convergem para que a definição de integralidade seja "quase perfeita". Dentre elas, o dos atores envolvidos (gestores, profissionais, usuários), o da formação e o da gestão, formulação de políticas e atenção.

Neste fórum, procurando contribuir com esse debate, optamos por fazê-lo com base em três planos. O primeiro é o da formação. Para isso convidamos Ricardo Burg Ceccim, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Laura Feuerwerker, pesquisadora da Rede Unida, ambos atualmente no Departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde. Trazem para nossa reflexão argumentos no sentido de fortalecer a definição de uma política de Estado para a formação de profissionais de saúde com base na integralidade e indicam as competências dos setores educação e saúde nessa construção. Coincidentemente estamos em uma conjuntura que se discute a reforma universitária, com a possibilidade de concretizar as Diretrizes Curriculares na graduação das profissões de saúde, onde a integralidade é carro-chefe.

Para o segundo plano - das práticas - convidamos Ruben Araújo de Mattos, pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e um dos coordenadores do Projeto Integralidade: Saberes e Práticas no Cotidiano das Instituições de Saúde. Mattos nos brinda com uma reflexão sobre como a integralidade se manifesta na prática em saúde e como podemos reconhecer as experiências e posteriormente analisá-las.

E, finalmente, para o terceiro plano - da avaliação - convidamos Eleonor M. Conill, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, que apresenta a integralidade como um atributo essencial na avaliação da qualidade do cuidado e dos sistemas de saúde, e nos oferece um conjunto de metodologias validados por pesquisas realizadas nas diversas dimensões do sistema de saúde.

Esperamos que os leitores aproveitem as reflexões, as idéias e por que não, as dúvidas trazidas a este fórum e se incorporem ao debate.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br