CARTAS LETTERS

 

Puricelli RCB et al. respondem

 

Puricelli RCB et al. respond

 

 

Rubens Carlos Bassani PuricelliI, II ; Emil KupekII; Rita de Cássia C. BertonciniIII

IDiretoria de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
IINúcleo de Pesquisas e Estudos em Epidemiologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
IIILaboratório Central de Saúde Pública, Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

Senhor Editor,

O artigo Controle de Surto de Meningite Meningocócica do Sorogrupo C no Município de Corupá, Santa Catarina, Brasil, com Ações Rápidas e Efetivas de Vigilância Epidemiológica e Imunização 1, publicado no volume 20, número 4, teve como objetivo descrever as principais características epidemiológicas relacionadas ao evento e avaliar os efeitos da vacinação no comportamento da doença naquele município.

Essa vacinação, realizada prontamente, constituiu diferencial em relação às intervenções vacinais até então realizadas no Estado, normalmente tardias. Na contextualização do artigo incluiu-se registros, disponíveis na literatura nacional, sobre intervenções tardias ocorridas também no país. Um desses registros, cujos autores foram devidamente identificados (Rodrigues & Alves Filho, 1989, apud Amato Neto et al. 2), afirma que a vacinação desencadeada no Brasil no ano de 1975, foi realizada "...somente após o início do declínio da incidência da doença" 1 (p. 966).

Essa afirmação mereceu reparos da Dra. Rita Barradas Barata, manifestada em carta aos editores dessa revista. Apesar de concordar que a vacinação foi desencadeada tardiamente, a autora contesta a sua utilização somente após o declínio da incidência, apresentando como justificativa, dados interessantes e esclarecedores do Município de São Paulo.

Sem querer nos atribuir a defesa daquela afirmação e reconhecendo a importância proporcional dos números do Município de São Paulo em relação ao montante do país, entendemos que dados de âmbito nacional, referentes à evolução da doença no momento da vacinação, contribuiriam de forma definitiva para esse esclarecimento. Vale lembrar no entanto que, mesmo para o Município de São Paulo, o agente isolado na epidemia em 1971 foi o meningococo do sorogrupo C e "no início de 1974, quando tudo levava a crer que a epidemia estava próxima do fim, surpreendentemente ela recrudesceu. Os casos eram então devidos ao meningococo do sorogrupo A, tendo havido, pois, o embricamento de duas epidemias" 3 (p. 247), sugerindo que, pelo menos em relação ao sorogrupo C, aquela afirmação possa ser verdadeira.

Entendemos, portanto, que a inclusão daquela afirmativa em questão, não implica necessariamente em erro de análise, mesmo porque a revisão daqueles dados da década de 1970 não fazia parte dos objetivos do artigo. Baseamo-nos, nesse caso, no que está disponível na bibliografia especializada, podendo estes ser considerados, em princípio, como verdadeiros. Nesse sentido, outros autores consultados (Guedes JS, 1976, apud Oliveira 4) 5 confirmam aquela informação.

Finalizando, queremos manifestar nossa satisfação pelo fato do artigo ter despertado o interesse de reconhecida estudiosa do assunto e pela menção de se tratar de relato interessante de um surto descrito de maneira correta.

 

 

Endereço para correspondência
R. C. B. Puricelli
Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Rua Rui Barbosa 544
Florianópolis, SC 88025-301, Brasil
puricellirubens@hotmail.com

Recebido em 20/Out/2004
Aprovado em 21/Out/2004

 

 

1. Puricelli RCB, Kupek E, Bertoncini RCC. Controle de surto de meningite meningocócica do sorogrupo C no Município de Corupá, Santa Catarina, Brasil, com ações rápidas e efetivas de vigilância epidemiológica e imunização. Cad Saúde Pública 2004; 20:959-67.
2. Amato Neto V, Baldy JLS, Silva LJ. Imunizações. São Paulo: Editora Sarvier; 1991.
3. Farhat CK. Fundamentos e prática das imunizações em clínica médica e pediatria. Rio de Janeiro: Editora Atheneu; 1989.
4. Oliveira NM. Campanha de vacinação contra a meningite meningocócica – contribuição a seu estudo [Tese de Doutorado]. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 1985.
5. Gama SGN. A doença meningocócica e sua evolução no Município do Rio de Janeiro, 1976-1994 [Dissertação de Mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; 1995.

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