Estigma e discriminação relacionados à identidade de gênero e à vulnerabilidade ao HIV/aids entre mulheres transgênero: revisão sistemática

Estigma y discriminación relacionados con la identidad de género y la vulnerabilidad al VIH/SIDA entre mujeres transgénero: revisión sistemática

Laio Magno Luis Augusto Vasconcelos da Silva Maria Amélia Veras Marcos Pereira-Santos Ines Dourado Sobre os autores

Resumo:

A prevalência de HIV entre mulheres transgênero é desproporcional quando comparamos com a população geral em vários países. O estigma e a discriminação, por conta da identidade de gênero, têm sido comumente associados à vulnerabilidade ao HIV/aids. O objetivo foi realizar uma revisão sistemática da literatura para analisar a relação entre o estigma e a discriminação relacionados à identidade de gênero de mulheres transgênero e à vulnerabilidade ao HIV/aids. Revisão sistemática da literatura, que envolveu as etapas de identificação, fichamento, análise e interpretação de resultados de estudos valendo-se da seleção em cinco bases: PubMed, Scopus, Web of Science, Science Direct e LILACS. Não houve estabelecimento de período de tempo a priori para essa revisão. Os estudos foram avaliados de acordo com critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos artigos em inglês, português ou espanhol, que relacionavam o estigma e a discriminação com a vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV. Foram encontrados 41 artigos, majoritariamente qualitativos, publicados no período entre 2004 e 2018, e categorizados em três dimensões do estigma: nível individual, interpessoal e estrutural. Os dados permitem destacar que os efeitos do estigma relacionado à identidade de gênero, como a violência, a discriminação e a transfobia, são elementos estruturantes no processo da vulnerabilidade da população de mulheres transgênero ao HIV/aids. Os trabalhos mostraram relação entre estigma e discriminação com a vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV/aids e apontaram para a necessidade de políticas públicas que combatam a discriminação na sociedade.

Palavras-chave:
Estigma Social; Discriminação Social; Pessoas Transgênero; HIV; Revisão Sistemática

Resumen:

La prevalencia de VIH entre mujeres transgénero es desproporcionada cuando la comparamos con la población general en varios países. El estigma y la discriminación, debido a la identidad de género, han sido comúnmente asociados a la vulnerabilidad al VIH/SIDA. El objetivo fue realizar una revisión sistemática de la literatura para analizar la relación entre el estigma y la discriminación, relacionados con la identidad de género de mujeres transgénero y su vulnerabilidad al VIH/SIDA. Se realizó una revisión sistemática de la literatura, que implicó etapas de identificación, registro, análisis e interpretación de resultados de estudios, a partir de una selección en cinco bases de datos: PubMed, Scopus, Web of Science, Science Direct y LILACS. No se estableció un período de tiempo a priori para esta revisión. Los estudios se evaluaron según criterios de inclusión y exclusión. Se incluyeron artículos en inglés, portugués o español, que relacionaban el estigma y la discriminación con la vulnerabilidad de mujeres transgénero al VIH. Se encontraron 41 artículos, mayoritariamente cualitativos, publicados durante el período entre 2004 a 2018, y categorizados en tres dimensiones del estigma: nivel individual, interpersonal y estructural. Los datos permitieron destacar que los efectos del estigma, relacionado con la identidad de género, como la violencia, la discriminación y la transfobia, son elementos estructuradores en el proceso de la vulnerabilidad de la población de mujeres transgénero al VIH/SIDA. Los estudios mostraron una relación entre estigma y discriminación con la vulnerabilidad de mujeres transgénero al VIH/SIDA y señalan la necesidad de políticas públicas que combatan esta discriminación en la sociedad.

Palabras-clave:
Estigma Social; Discriminación Social; Personas Transgénero; VIH; Revisión Sistemática

Introdução

A prevalência de HIV entre mulheres transgênero é desproporcional quando comparamos com a população geral 11. Grinsztejn B, Jalil EM, Monteiro L, Velasque L, Moreira RI, Garcia ACF, et al. Unveiling of HIV dynamics among transgender women: a respondent-driven sampling study in Rio de Janeiro, Brazil. Lancet HIV 2017; 4:e169-76.,22. Baral SD, Poteat T, Strömdahl S, Wirtz AL, Guadamuz TE, Beyrer C. Worldwide burden of HIV in transgender women: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 2013; 13:214-22.,33. Poteat T, Wirtz AL, Radix A, Borquez A, Silva-Santisteban A, Deutsch MB, et al. HIV risk and preventive interventions in transgender women sex workers. Lancet 2014; 385:274-86.. Um estudo de metanálise estimou uma prevalência de 19,1% para 15 países, que é 48,8 vezes maior quando comparada com aquela entre adultos em idade reprodutiva da população dos mesmos países 22. Baral SD, Poteat T, Strömdahl S, Wirtz AL, Guadamuz TE, Beyrer C. Worldwide burden of HIV in transgender women: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 2013; 13:214-22..

Essa desproporcionalidade tem sido explicada em diversos trabalhos por uma diversidade de complexos fatores individuais que incluem: biológico (por exemplo: sexo anal desprotegido) e comportamentais (por exemplo: não utilização do preservativo, uso de substâncias psicoativas etc.), juntamente com fatores estruturais, tais como o estigma e a discriminação, que também têm um papel importante, podendo influenciar os comportamentos, práticas e atitudes em relação ao HIV, e que atuam limitando o acesso a recursos socioeconômicos, em especial educacionais, laborais, bem como o acesso a serviços de prevenção 22. Baral SD, Poteat T, Strömdahl S, Wirtz AL, Guadamuz TE, Beyrer C. Worldwide burden of HIV in transgender women: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 2013; 13:214-22.,33. Poteat T, Wirtz AL, Radix A, Borquez A, Silva-Santisteban A, Deutsch MB, et al. HIV risk and preventive interventions in transgender women sex workers. Lancet 2014; 385:274-86.,44. Herbst JH, Jacobs ED, Finlayson TJ, McKleroy VS, Neumann MS, Crepaz N. Estimating HIV prevalence and risk behaviors of transgender persons in the United States: a systematic review. AIDS Behav 2008; 12:1-17.. Assim, pesquisadores, ativistas e profissionais de saúde têm considerado o estigma e a discriminação como dois dos principais fatores associados às altas prelavências de infecção pelo HIV 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774.,88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24..

As performances de gênero das mulheres transgênero são vistas como uma insubordinação ao poder estabelecido pela sociedade heteronormativa sobre os corpos e relações sociais 1010. Magno L, Dourado I, Silva LAV. Estigma e resistência entre travestis e mulheres transexuais em Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2018; 34:e00135917.,1111. Butler J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira; 2016.. Como consequência, as mulheres transgênero enfrentam intensa estigmatização em função da expressão de suas identidades de gênero, em sociedades predominantemente patriarcais e machistas 33. Poteat T, Wirtz AL, Radix A, Borquez A, Silva-Santisteban A, Deutsch MB, et al. HIV risk and preventive interventions in transgender women sex workers. Lancet 2014; 385:274-86.,1010. Magno L, Dourado I, Silva LAV. Estigma e resistência entre travestis e mulheres transexuais em Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2018; 34:e00135917.. Quando se comparam homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero, observa-se que elas vivenciam mais estigma e discriminação 77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774., mais eventos psicossociais estressores do que os HSH, revelando a existência de discriminação mesmo dentro da comunidade LGBT 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.. Também apresentam maiores prevalências de HIV do que os HSH 1313. Poteat T, Ackerman B, Diouf D, Ceesay N, Mothopeng T, Odette K, et al. HIV prevalence and behavioral and psychosocial factors among transgender women and cisgender men who have sex with men in 8 African countries: a cross-sectional analysis. PLoS Med 2017; 14:e1002422..

O estigma e a discriminação em função da identidade de gênero estão relacionados comumente a um contexto social, econômico e psicológico desfavorável às mulheres transgênero 1414. White-Hughto JM, Reisner SL, Pachankis JE. Transgender stigma and health: a critical review of stigma determinants, mechanisms, and interventions. Soc Sci Med 2015; 147:222-31., que implica muitas vezes o seu envolvimento com o sexo comercial, em geral em decorrência das opções limitadas do acesso ao mercado formal de trabalho 22. Baral SD, Poteat T, Strömdahl S, Wirtz AL, Guadamuz TE, Beyrer C. Worldwide burden of HIV in transgender women: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 2013; 13:214-22.,33. Poteat T, Wirtz AL, Radix A, Borquez A, Silva-Santisteban A, Deutsch MB, et al. HIV risk and preventive interventions in transgender women sex workers. Lancet 2014; 385:274-86.,44. Herbst JH, Jacobs ED, Finlayson TJ, McKleroy VS, Neumann MS, Crepaz N. Estimating HIV prevalence and risk behaviors of transgender persons in the United States: a systematic review. AIDS Behav 2008; 12:1-17.,1515. Perez-Brumer AG, Reisner SL, McLean SA, Silva-Santisteban A, Huerta L, Mayer KH, et al. Leveraging social capital: multilevel stigma, associated HIV vulnerabilities, and social resilience strategies among transgender women in Lima, Peru. J Int AIDS Soc 2017; 20:21462.. Apesar disso, a atual resposta à epidemia do HIV/aids tem enfatizado mais as medidas biomédicas do que as questões estruturais, o que inclui o papel dos ativistas e dos membros das populações mais afetadas pela epidemia 1616. Aggleton P, Parker R. Moving beyond biomedicalization in the HIV response: implications for community involvement and community leadership among men who have sex with men and transgender people. Am J Public Health 2015; 105:e1-7.. Desse modo, o presente artigo pretende realizar uma revisão sistemática da literatura para analisar a relação entre o estigma e a discriminação relacionados à identidade de gênero de mulheres transgênero e à vulnerabilidade ao HIV/aids.

Metodologia

Trata-se uma revisão sistemática da literatura sobre estigma, discriminação e vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV/aids, que envolveu as etapas de identificação, fichamento, análise e interpretação de resultados de estudos selecionados. Essa revisão seguiu as recomendações da PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), um guia que descreve as exigências específicas para estudos de revisões sistemáticas e metanálises 1717. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Prisma G. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the Prisma Statement (Reprinted from Annals of Internal Medicine). Phys Ther 2009; 89:873-80..

Estratégias de busca e fontes de informações

Revisores independentes (L. M., M. P.-S.) realizaram a busca de trabalhos nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science, Science Direct e LILACS, utilizando as seguintes combinações de palavras-chave: “discrimination”, “HIV”, “social stigma” ou “stigma” “transgender persons” ou “transgender” ou “travesti” (Material Suplementar, Tabela S1: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/public_site/arquivo/suppl-e00112718portugues_3826.pdf). Adicionalmente, foram examinadas as listas de referências bibliográficas dos estudos relevantes, a fim de identificar aqueles potencialmente elegíveis.

No Brasil e na América Latina, os termos “travesti” e “mulher transexual” são mais comumente usados pelas próprias comunidades do que “mulher transgênero”. Essas diferenças podem marcar identidades políticas e/ou subjetivas, que são fluidas a depender do contexto 1818. Lionço T. Atenção integral à saúde e diversidade sexual no processo transexualizador do SUS: avanços, impasses, desafios. Physis (Rio J.) 2009; 19:43-63.. Esses termos transmitem diferentes níveis de performances como mulher e reivindicam a legitimidade de sua identidade para além dos parâmetros binários masculino e feminino, adequação de sua imagem física e de seus corpos por meio de terapia hormonal, uso de silicone, dentre outras modificações corporais, e desejam ser tratadas no feminino e pelo nome com o qual elas se identificam. Destaca-se que há um trânsito entre essas identidades, não sendo categorias fixas ou isoladas, mas sempre em disputa, negociação, em constante interação e movimento 1919. Arán M, Murta D. Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde. Physis (Rio J.) 2009; 19:15-41.,2020. Dourado I, Silva LAV, Magno L, Lopes M, Cerqueira C, Prates A, et al. Construindo pontes: a prática da interdisciplinaridade. Estudo PopTrans: um estudo com travestis e mulheres transexuais em Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2016; 32:e00180415.,2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.. Neste trabalho, empregou-se o termo mulheres transgênero (transgender women) tendo em vista que boa parte da literatura contemplada na revisão foi publicada em inglês, e é um termo guarda-chuva usado para representar um amplo espectro de identidades transfemininas que borram as fronteiras de sexo-gênero, embora o termo travesti também tenha sido incluído como termo de estratégia de busca.

As publicações foram gerenciadas no aplicativo Mendeley (https://www.mendeley.com/) para a remoção das duplicatas. A coleta de dados ocorreu entre outubro de 2016 e fevereiro de 2017, sendo atualizada em junho de 2018. Não houve estabelecimento de período de tempo a priori para esta revisão.

Critérios de elegibilidade

Adotou-se como critério de inclusão os estudos que abordavam a relação entre o estigma e a discriminação devido à identidade de gênero e à vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV/aids. Não houve exclusão a priori de nenhuma abordagem metodológica, tendo sido incluídos tanto artigos qualitativos quanto quantitativos. O estudo incluiu artigos escritos em inglês, português e espanhol. Não foram excluídos artigos com base na localização geográfica e temporal, e nem no termo utilizado para a definição de mulheres transgênero (travesti, mulher transexual, aravanis, hijras, metis etc.).

Extração dos dados

Iniciou-se a seleção dos estudos por meio da leitura dos títulos e dos resumos, observando-se os critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra. Após a avaliação, os trabalhos foram selecionados para integrar o corpus desta revisão. Foi estruturada uma planilha do Excel (https://products.office.com/) contendo os seguintes termos: autores, ano de publicação, país do estudo, desenho do estudo/metodologia, número de pessoas investigadas, objetivos, população estudada e principais resultados.

Avaliação do risco de viés (quantitativos) e rigor metodológico (qualitativos)

Em um segundo momento, a qualidade metodológica foi avaliada de acordo com a natureza do estudo. Nas pesquisas com abordagem quantitativa foi utilizada a escala do Research Triangle Institute Item Bank (RTI-Item Bank), que avalia o risco de viés 2222. Viswanathan M, Berkman ND. Development of the RTI item bank on risk of bias and precision of observational studies. J Clin Epidemiol 2012; 65:163-78.. O RTI-Item Bank contém 29 itens para avaliação de estudos, dos quais seis foram aplicados aos trabalhos incluídos nesta revisão (Material Suplementar, Quadro S1: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/public_site/arquivo/suppl-e00112718portugues_3826.pdf): (i) critérios de inclusão e exclusão claramente definidos; (ii) uso de medidas válidas e confiáveis para avaliar critérios de inclusão e exclusão; (iii) estratégia padronizada de recrutamento de participantes do estudo em todos os grupos; (iv) seleção apropriada da amostra; (v) resultados avaliados usando medidas válidas e confiáveis, implementadas consistentemente a todos os participantes do estudo; (vi) variáveis de confundimento e modificadoras de efeito consideradas no desenho e/ou análise de dados 2222. Viswanathan M, Berkman ND. Development of the RTI item bank on risk of bias and precision of observational studies. J Clin Epidemiol 2012; 65:163-78.. O risco de viés foi avaliado e classificado usando-se a resposta dos estudos aos itens descritos anteriormente e foram classificados da seguinte maneira: alto risco de viés - quando o trabalho teve uma ou mais respostas negativas aos itens; risco moderado de viés - quando um ou mais itens foram considerados “parcialmente” ou “não pode ser determinado”; baixo risco de viés - quando todos os itens da escala registraram uma resposta positiva 2222. Viswanathan M, Berkman ND. Development of the RTI item bank on risk of bias and precision of observational studies. J Clin Epidemiol 2012; 65:163-78..

Para a avaliação dos estudos qualitativos foi utilizado o instrumento proposto pelo Critical Appraisal Skills Programme (CASP), empregado na análise crítica de relatos de pesquisas qualitativas. Esse instrumento apresenta dez questões que conduzem o avaliador a pensar de forma sistemática sobre o rigor, credibilidade e relevância do estudo, considerando: (i) objetivo claro e justificado; (ii) desenho metodológico apropriado aos objetivos; (iii) procedimentos metodológicos apresentados e discutidos; (iv) seleção da amostra; (v) coleta de dados descrita, instrumentos e processo de saturação explicitados; (vi) explicitação da relação entre pesquisador e pesquisado; (vii) cuidados éticos; (viii) análise densa e fundamentada; (ix) resultados apresentados e discutidos, apontando o aspecto da credibilidade e uso da triangulação; (x) descrição sobre as contribuições e implicações do conhecimento gerado pela pesquisa, bem como suas limitações 2323. Critical Appraisal Skills Programme (CASP): making sense of evidence. London: Public Health Resource Unit, University of Oxford; 2006.. Os estudos qualitativos foram classificados em duas categorias: na A foram classificados os trabalhos com alto rigor metodológico, uma vez que preencheram ao menos 9 dos 10 itens; na categoria B foram classificados aqueles com moderado rigor metodológico, quando pelo menos 5 dos 10 itens foram atendidos 2323. Critical Appraisal Skills Programme (CASP): making sense of evidence. London: Public Health Resource Unit, University of Oxford; 2006.,2424. Espíndola CR, Blay SL. Percepção de familiares sobre a anorexia e bulimia: revisão sistemática. Rev Saúde Pública 2009; 43:707-16..

Análise de dados

A análise foi norteada pelos referenciais teóricos dos conceitos de estigma, discriminação e vulnerabilidade. Foi utilizado o conceito de vulnerabilidade aplicado ao campo da saúde, especificamente à discussão sobre a epidemia de HIV/aids. Esse conceito pode ser compreendido pela análise de três componentes inter-relacionados: (i) vulnerabilidade individual - com o objetivo de identificar os fatores físicos, mentais ou comportamentais por meio de avaliações de risco e/ou de outras abordagens; (ii) vulnerabilidade social - analisa as dimensões da cultura, religião, moral, política, economia e os fatores institucionais, os quais podem determinar os meios de exposição a doenças e/ou agravos; (iii) vulnerabilidade programática - examina as formas pelas quais as políticas, os programas e os serviços interferem nas situações sociais e individuais das pessoas 2525. Ayres JR, Paiva V, França Jr. I. Conceitos e práticas de prevenção: da história natural da doença ao quadro da vulnerabilidade e direitos humanos. In: Paiva V, Ayres JR, Buchalla CM, organizadores. Vulnerabilidade e direitos humanos: prevenção e promoção da saúde. Livro I - da doença à cidadania. Curitiba: Juruá; 2012. p. 71-94.,2626. Mann J, Tarantola D. AIDS in the World II: global dimensions, social roots, and responses: the global AIDS policy coalition. New York: Oxford University Press; 1996.,2727. Ayres JRDCM, Paiva V, França Jr. I, Gravato N, Lacerda R, Della Negra M, et al. Vulnerability, human rights, and comprehensive health care needs of young people living with HIV/AIDS. Am J Public Health 2006; 96:1001-6.,2828. Bertolozzi MR. Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a construção do conhecimento em Saúde Coletiva? Ciênc Saúde Colet 2007; 12:319-24.. A vulnerabilidade traz uma ênfase na responsabilidade das ações dos governos e das políticas públicas como parte integrante dos determinantes do processo de saúde/doença 2525. Ayres JR, Paiva V, França Jr. I. Conceitos e práticas de prevenção: da história natural da doença ao quadro da vulnerabilidade e direitos humanos. In: Paiva V, Ayres JR, Buchalla CM, organizadores. Vulnerabilidade e direitos humanos: prevenção e promoção da saúde. Livro I - da doença à cidadania. Curitiba: Juruá; 2012. p. 71-94.,2626. Mann J, Tarantola D. AIDS in the World II: global dimensions, social roots, and responses: the global AIDS policy coalition. New York: Oxford University Press; 1996.. Neste artigo, a compreensão teórico-conceitual desse constructo fez ampliar o escopo de análise dos artigos para além das questões comportamentais e individuais relacionadas ao risco, incluindo estudos que relacionavam o estigma e a discriminação com as barreiras de acesso aos serviços de saúde.

O estigma se refere a um atributo profundamente depreciativo de uma pessoa, que é percebido como tal por intermédio da interação social. A presença desse atributo pode confirmar ou reafirmar a “normalidade” de pessoas ou grupos específicos. O estigma destaca um traço específico do indivíduo e o sujeita à impossibilidade de atenção social para outros de seus atributos, imputando-lhes um grande descrédito 2929. Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade manipulada. 4ª Ed. Rio de Janeiro: LTC; 2013.. Recentemente, Hatzenbuehler & Link 3030. Hatzenbuehler ML, Link BG. Introduction to the special issue on structural stigma and health. Soc Sci Med 2014; 103:1-6. enfatizaram a necessidade de se avançar na conceitualização e mensuração do estigma como um fenômeno social com raízes nas estruturas sociais. Esses autores definem o estigma estrutural como condições do nível social mais amplo, normas culturais e políticas institucionais que constroem as oportunidades, recursos e bem-estar de pessoas estigmatizadas. Os autores chamam a atenção para a intensa interação entre o nível microssocial, o lócus das relações interpessoais e o nível macroestrutural. As estruturas referidas não seriam unidirecionais e estáticas, mas sim moldadas pelas interações interpessoais e pelos fatores individuais.

A discriminação pode ser entendida como um resultado prático do estigma, como definido por revisão conceitual 3131. Pescosolido BA, Martin JK. The stigma complex. Annu Rev Sociol 2015; 41:87-116. (p. 34): o estigma seria um profundo atributo de descrédito, uma “marca” ou “identidade desvalorizada socialmente”; a estigmatização estaria relacionada a um processo social que produz desvalorização por meio de rótulos e estereótipos; o rótulo seria um termo sancionado oficialmente e aplicado a condições, indivíduos, grupos, lugares, organizações, instituições ou outras entidades sociais, já o estereótipo estaria relacionado a atitudes e crenças negativas direcionadas às entidades sociais rotuladas; o preconceito como um endossamento de crenças e atitudes negativas relacionadas ao estereótipo; e a discriminação seriam as ações direcionadas ao endossamento e reforço dos estereótipos para trazer desvantagem às pessoas rotuladas. Desse modo, neste artigo consideramos os trabalhos sobre a discriminação e o estigma relacionados à identidade de gênero de mulheres transexuais. Como a literatura sobre esse tema não é consensual 3232. Phelan JC, Lucas JW, Ridgeway CL, Taylor CJ. Stigma, status, and population health. Soc Sci Med 2014; 103:15-23., usaremos “estigma e discriminação” ao longo do texto de maneira pouco rígida, mas entendendo que existem especificidades teórico-conceituais importantes 3333. Phelan JC, Link BG, Dovidio JF. Stigma and prejudice: one animal or two? Soc Sci Med 2008; 67:358-67..

A proposta da análise focada e constante foi usada para a metassíntese. Nesta análise, investigamos as questões metodológicas dos estudos analisados e também foram estabelecidos elementos-chave que constituíram unidades temáticas 3434. Sandelowski M, Barroso J. Handbook for synthesizing qualitative research. New York: Springer; 2007.. Foram encontrados 65 elementos-chave com base na leitura dos artigos, e estes foram categorizados, com o auxílio de uma planilha no software Excel, de acordo com três unidades temáticas do conceito de estigma apontado por Hatzenbuehler & Link 3030. Hatzenbuehler ML, Link BG. Introduction to the special issue on structural stigma and health. Soc Sci Med 2014; 103:1-6. e White-Hughto et al. 1414. White-Hughto JM, Reisner SL, Pachankis JE. Transgender stigma and health: a critical review of stigma determinants, mechanisms, and interventions. Soc Sci Med 2015; 147:222-31.: nível individual (questões psicológicas, como o autoestigma), interpessoal (a discriminação pessoa a pessoa) e estrutural (nível de políticas estatais que podem promover exclusão social).

Resultados

Características dos estudos selecionados

Identificaram-se 791 artigos nas bases de dados, dos quais 41 foram incluídos na revisão. As estratégias de busca estão apresentadas na Figura 1. Os motivos para a exclusão dos artigos foram a ausência da análise sobre estigma, discriminação, vulnerabilidade e HIV (Material Suplementar, Quadro S2: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/public_site/arquivo/suppl-e00112718portugues_3826.pdf).

Figura 1
Fluxograma para o processo sistemático de seleção dos artigos.

A maioria dos artigos usou exclusivamente métodos qualitativos (27/41) (Tabela 1), houve dois artigos com métodos mistos e 12 exclusivamente quantitativos (Tabela 2). Todos foram publicados entre 2004 e 2018. Observou-se um crescimento no número de publicações nos últimos anos, com um pico em 2016 (11/41). Os Estados Unidos foram o país com o maior número de publicações (13/41), seguidos por Índia (5/41), México (3/41) e Brasil (3/41).

Tabela 1
Características da produção de conhecimento em estudos qualitativos sobre a relação entre estigma, discriminação e vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV/aids, 2004-2018.
Tabela 2
Características da produção de conhecimento em estudos quantitativos sobre a relação entre estigma, discriminação e vulnerabilidade de mulheres transgênero ao HIV/aids, 2005-2018.

Mensuração da discriminação e do estigma nos estudos quantitativos

Para identificar como os trabalhos lidaram com a construção da variável de estigma ou discriminação, foram analisados 12 artigos exclusivamente quantitativos e dois com métodos mistos. Identificamos que oito deles trataram o fenômeno como “discriminação” (experiência, percepção etc.) 2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.,3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66.,3737. Pinheiro-Júnior FML, Kendall C, Martins TA, Mota RMS, Macena RHM, Glick J, et al. Risk factors associated with resistance to HIV testing among transwomen in Brazil. AIDS Care 2016; 28:92-7.,3838. Kaplan RL, McGowan J, Wagner GJ. HIV prevalence and demographic determinants of condomless receptive anal intercourse among trans feminine individuals in Beirut, Lebanon. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20787.,3939. Newman PA, Lee S-J, Roungprakhon S, Tepjan S. Demographic and behavioral correlates of HIV risk among men and transgender women recruited from gay entertainment venues and community-based organizations in Thailand: implications for HIV prevention. Prev Sci 2012; 13:483-92.,4040. Operario D, Nemoto T, Iwamoto M, Moore T. Unprotected sexual behavior and HIV risk in the context of primary partnerships for transgender women. AIDS Behav 2011; 15:674-82.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303., três artigos analisaram “estigma” (experiência, percepção etc.) 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24., um estudo tratou o fenômeno de “homofobia” 4242. Martins TA, Kerr LRFS, Macena RHM, Mota RS, Carneiro KL, Gondim RC, et al. Travestis, an unexplored population at risk of HIV in a large metropolis of northeast Brazil: a respondent-driven sampling survey. AIDS Care 2013; 25:606-12., um como “transfobia” 88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25. e um dos artigos com métodos mistos não utilizou o método quantitativo para avaliar a discriminação e o estigma 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.. Muitos desses trabalhos não trouxeram reflexão teórica sobre a diferenciação do conceito de estigma e discriminação.

No que se refere ao risco de viés, observou-se que a maioria dos estudos (54%) apresentou risco elevado de viés 88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25.,3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6.,3737. Pinheiro-Júnior FML, Kendall C, Martins TA, Mota RMS, Macena RHM, Glick J, et al. Risk factors associated with resistance to HIV testing among transwomen in Brazil. AIDS Care 2016; 28:92-7.,3939. Newman PA, Lee S-J, Roungprakhon S, Tepjan S. Demographic and behavioral correlates of HIV risk among men and transgender women recruited from gay entertainment venues and community-based organizations in Thailand: implications for HIV prevention. Prev Sci 2012; 13:483-92.,4040. Operario D, Nemoto T, Iwamoto M, Moore T. Unprotected sexual behavior and HIV risk in the context of primary partnerships for transgender women. AIDS Behav 2011; 15:674-82.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303. e apenas 31% foram classificados como baixo risco de viés 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.. A seleção da amostra inadequada e a avaliação do desfecho dos estudos com critérios válidos foram os itens que mais contribuíram para a pontuação de viés nos trabalhos analisados. Em um estudo não foi possível aplicar a escala de viés, pois não apresentou elementos metodológicos quantitativos para a avaliação 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120. (Figura 2) (Marterial Suplementar, Tabela S2: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/public_site/arquivo/suppl-e00112718portugues_3826.pdf).

As variáveis relacionadas ao estigma e à discriminação foram construídas com base em itens de escalas não validadas para a população de mulheres transgênero, algumas inspiradas em escalas anteriores de discriminação racial 4040. Operario D, Nemoto T, Iwamoto M, Moore T. Unprotected sexual behavior and HIV risk in the context of primary partnerships for transgender women. AIDS Behav 2011; 15:674-82., percepção de estigma entre HSH 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8. e homofobia 88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24., e outras foram criadas baseando-se em estudos anteriores com esta população ou valendo-se de revisão da literatura 77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774.,2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.,3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.. Poucos estudos utilizaram apenas uma ou duas perguntas de percepção de discriminação 3737. Pinheiro-Júnior FML, Kendall C, Martins TA, Mota RMS, Macena RHM, Glick J, et al. Risk factors associated with resistance to HIV testing among transwomen in Brazil. AIDS Care 2016; 28:92-7.,3939. Newman PA, Lee S-J, Roungprakhon S, Tepjan S. Demographic and behavioral correlates of HIV risk among men and transgender women recruited from gay entertainment venues and community-based organizations in Thailand: implications for HIV prevention. Prev Sci 2012; 13:483-92. e um não detalhou 4242. Martins TA, Kerr LRFS, Macena RHM, Mota RS, Carneiro KL, Gondim RC, et al. Travestis, an unexplored population at risk of HIV in a large metropolis of northeast Brazil: a respondent-driven sampling survey. AIDS Care 2013; 25:606-12.. Entre os trabalhos que usaram itens para avaliar a discriminação ou o estigma, a maioria utilizou o coeficiente alfa de Cronbach para estimar o grau de confiabilidade do questionário 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,4040. Operario D, Nemoto T, Iwamoto M, Moore T. Unprotected sexual behavior and HIV risk in the context of primary partnerships for transgender women. AIDS Behav 2011; 15:674-82., um utilizou o coeficiente de Kuder-Richardson 4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303., um usou análise fatorial confirmatória 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24., um utilizou análise fatorial exploratória 77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774. e outro, a análise de classes latentes 2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.. Alguns não realizaram nenhuma dessas análises 3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66.,3838. Kaplan RL, McGowan J, Wagner GJ. HIV prevalence and demographic determinants of condomless receptive anal intercourse among trans feminine individuals in Beirut, Lebanon. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20787..

Figura 2
Estigma e discriminação baseados na identidade de gênero e a vulnerabilidade individual, social e pragmática das mulheres transgênero ao HIV.

Técnicas e análise de dados nos estudos qualitativos

As técnicas de produção e análise de dados utilizadas nas pesquisas qualitativas foram variadas. As entrevistas (semiestruturada ou em profundidade) foram as mais empregadas 4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,4545. Koken JA, Bimbi DS, Parsons JT. Experiences of familial acceptance-rejection among transwomen of color. J Fam Psychol 2009; 23:853-60.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,4747. Barrington C, Acevedo R, Donastorg Y, Perez M, Kerrigan D. "HIV and work don't go together": employment as a social determinant of HIV outcomes among men who have sex with men and transgender women in the Dominican Republic. Glob Public Health 2017; 12:1506-21.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,4949. Estrada-Montoya JH, García-Becerra A. Reconfiguraciones de género y vulnerabilidad al VIH/Sida en mujeres transgénero en Colombia. Rev Gerenc Políticas Salud 2010; 9:90-102.,5050. Wilson E, Pant SB, Comfort M, Ekstrand M. Stigma and HIV risk among Metis in Nepal. Cult Health Sex 2011; 13:253-66.,5151. Cuadra-Hernández SM, Zarco-Mera A, Infante-Xibillé C, Caballero-García M. La organización de las poblaciones clave ligadas a la transmisión del VIH: una intervención para abatir el estigma; México, 2005-2009. Salud Colect 2012; 8:191-204.,5252. Boyce S, Barrington C, Bolanos JH, Arandi CG, Paz-Bailey G. Facilitating access to sexual health services for men who have sex with men (MSM) and transgender persons in Guatemala city. Sex Transm Infect 2012; 14:313-27.,5353. Wilson EC, Arayasirikul S, Johnson K. Access to HIV care and support services for african american transwomen living with HIV. Int J Transgend 2013; 14:182-95.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35., seguidas pela combinação de grupos focais com entrevistas 1515. Perez-Brumer AG, Reisner SL, McLean SA, Silva-Santisteban A, Huerta L, Mayer KH, et al. Leveraging social capital: multilevel stigma, associated HIV vulnerabilities, and social resilience strategies among transgender women in Lima, Peru. J Int AIDS Soc 2017; 20:21462.,5757. Chakrapani V, Newman PA, Shunmugama M, Dubrow R. Barriers to free antiretroviral treatment access among kothi-identified men who have sex with men and aravanis (transgender women) in Chennai, India. AIDS Care 2011; 23:1687-94.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,5959. Woodford MR, Chakrapani V, Newman PA, Shunmugam M. Barriers and facilitators to voluntary HIV testing uptake among communities at high risk of HIV exposure in Chennai, India. Glob Public Health 2016; 11:363-79.,6060. Li DH, Rawat S, Rhoton J, Patankar P, Ekstrand ML, Rosser BRS, et al. Harassment and violence among men who have sex with men (MSM) and hijras after reinstatement of India's "Sodomy Law". Sex Res Soc Policy 2017; 14:324-30.,6161. Nemoto T, Cruz T, Iwamoto M, Trocki K, Perngparn U, Areesantichai C, et al. Examining the sociocultural context of HIV-related risk behaviors among kathoey (male-to-female transgender women) sex workers in Bangkok, Thailand. J Assoc Nurses AIDS Care 2016; 27:153-65.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16.. Predominou a utilização da análise temática como técnica de análise de dados qualitativos 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,1515. Perez-Brumer AG, Reisner SL, McLean SA, Silva-Santisteban A, Huerta L, Mayer KH, et al. Leveraging social capital: multilevel stigma, associated HIV vulnerabilities, and social resilience strategies among transgender women in Lima, Peru. J Int AIDS Soc 2017; 20:21462.,4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5050. Wilson E, Pant SB, Comfort M, Ekstrand M. Stigma and HIV risk among Metis in Nepal. Cult Health Sex 2011; 13:253-66.,5252. Boyce S, Barrington C, Bolanos JH, Arandi CG, Paz-Bailey G. Facilitating access to sexual health services for men who have sex with men (MSM) and transgender persons in Guatemala city. Sex Transm Infect 2012; 14:313-27.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392.,6464. Logie CH, James L, Tharao W, Loutfy MR. HIV, gender, race, sexual orientation, and sex work: A qualitative study of intersectional stigma experienced by HIV-positive women in Ontario, Canada. PLoS Med 2011; 8:e1001124.,6565. Remien RH, Bauman LJ, Mantell JE, Tsoi B, Lopez-Rios J, Chhabra R, et al. Barriers and facilitators to engagement of vulnerable populations in HIV primary care in New York City. J Acquir Immune Defic Syndr 2015; 69 Suppl 1:S16-24. (Tabela 1).

A avaliação do rigor metodológico, segundo os critérios CASP, foi classificada como B (moderado rigor metodológico) em quatro estudos 5252. Boyce S, Barrington C, Bolanos JH, Arandi CG, Paz-Bailey G. Facilitating access to sexual health services for men who have sex with men (MSM) and transgender persons in Guatemala city. Sex Transm Infect 2012; 14:313-27.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8.,6565. Remien RH, Bauman LJ, Mantell JE, Tsoi B, Lopez-Rios J, Chhabra R, et al. Barriers and facilitators to engagement of vulnerable populations in HIV primary care in New York City. J Acquir Immune Defic Syndr 2015; 69 Suppl 1:S16-24.,6666. Beattie TSH, Bhattacharjee P, Suresh M, Isac S, Ramesh BM, Moses S. Personal, interpersonal and structural challenges to accessing HIV testing, treatment and care services among female sex workers, men who have sex with men and transgenders in Karnataka state, South India. J Epidemiol Community Health 2012; 66 Suppl 2:ii42-8.. A análise de dados não rigorosa, os procedimentos éticos em pesquisa não explicitados na metodologia do estudo e a ausência de explicitação da interação entre pesquisador e os participantes em campo formam os itens que pontuaram negativamente e contribuíram para o moderado rigor metodológico (Tabela 1).

Estigma, discriminação e vulnerabilidade ao HIV

Observou-se com base na revisão que o estigma produz discriminação e violência em diferentes níveis: estrutural, interpessoal e individual, que podem ter um papel no quadro de vulnerabilidade individual, social e programática das mulheres transgênero ao HIV (Figura 3).

Figura 3
Sumarização do risco de viés para os estudos quantitativos selecionados.

Estigma estrutural

O estigma estrutural promove um contexto social completamente desfavorável às mulheres transgênero por meio da transfobia e discriminação 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,4242. Martins TA, Kerr LRFS, Macena RHM, Mota RS, Carneiro KL, Gondim RC, et al. Travestis, an unexplored population at risk of HIV in a large metropolis of northeast Brazil: a respondent-driven sampling survey. AIDS Care 2013; 25:606-12.,4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392.,6464. Logie CH, James L, Tharao W, Loutfy MR. HIV, gender, race, sexual orientation, and sex work: A qualitative study of intersectional stigma experienced by HIV-positive women in Ontario, Canada. PLoS Med 2011; 8:e1001124.. Em alguns países, principalmente naqueles com forte tradição religiosa, a transexualidade e a homossexualidade ainda são legalmente criminalizadas, como exemplificado em dois estudos: um conduzido na Malásia 4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25. e outro na Índia 6060. Li DH, Rawat S, Rhoton J, Patankar P, Ekstrand ML, Rosser BRS, et al. Harassment and violence among men who have sex with men (MSM) and hijras after reinstatement of India's "Sodomy Law". Sex Res Soc Policy 2017; 14:324-30.. Na Índia, a seção 377 do Código Penal indiano, conhecida como “Lei da Sodomia”, que criminaliza pessoas que fazem sexo com penetração não vaginal, foi reativada pela suprema corte em 2013, mas revogada em setembro de 2018 6060. Li DH, Rawat S, Rhoton J, Patankar P, Ekstrand ML, Rosser BRS, et al. Harassment and violence among men who have sex with men (MSM) and hijras after reinstatement of India's "Sodomy Law". Sex Res Soc Policy 2017; 14:324-30.,6767. Safi M. Campaigners celebrate as India decriminalises homosexuality. The Guardian 2018; 6 sep. https://www.theguardian.com/world/2018/sep/06/indian-supreme-court-decriminalises-homosexuality.
https://www.theguardian.com/world/2018/s...
. Nesse país, o casamento e a procriação, considerados critérios-chave para alcançar o respeito e a normatização heterossexual, parecem justificar o estigma e a violência contra grupos que não se conformam às identidades de gênero hegemônicas 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.. No Líbano, o encarceramento policial por conta da identidade ou expressão de gênero também tem sido relatado 3838. Kaplan RL, McGowan J, Wagner GJ. HIV prevalence and demographic determinants of condomless receptive anal intercourse among trans feminine individuals in Beirut, Lebanon. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20787..

Mesmo em países liberais do ponto de vista legal como: os Estados Unidos 4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,5353. Wilson EC, Arayasirikul S, Johnson K. Access to HIV care and support services for african american transwomen living with HIV. Int J Transgend 2013; 14:182-95.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8., o México 5151. Cuadra-Hernández SM, Zarco-Mera A, Infante-Xibillé C, Caballero-García M. La organización de las poblaciones clave ligadas a la transmisión del VIH: una intervención para abatir el estigma; México, 2005-2009. Salud Colect 2012; 8:191-204., o Japão 6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94. e o Brasil 4242. Martins TA, Kerr LRFS, Macena RHM, Mota RS, Carneiro KL, Gondim RC, et al. Travestis, an unexplored population at risk of HIV in a large metropolis of northeast Brazil: a respondent-driven sampling survey. AIDS Care 2013; 25:606-12., as mulheres transgênero ainda sofrem discriminação em espaços públicos, e possuem muita dificuldade em readequar o nome em consonância com a sua identidade de gênero 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392..

O estigma familiar e social foi encontrado associado ao trabalho sexual 77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774.. E também reportado como uma barreira importante para o acesso das mulheres transgênero à escolaridade 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,5151. Cuadra-Hernández SM, Zarco-Mera A, Infante-Xibillé C, Caballero-García M. La organización de las poblaciones clave ligadas a la transmisión del VIH: una intervención para abatir el estigma; México, 2005-2009. Salud Colect 2012; 8:191-204.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35. e ao emprego formal 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392., que as direciona muitas vezes a uma situação de marginalização socioeconômica 3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66.,6161. Nemoto T, Cruz T, Iwamoto M, Trocki K, Perngparn U, Areesantichai C, et al. Examining the sociocultural context of HIV-related risk behaviors among kathoey (male-to-female transgender women) sex workers in Bangkok, Thailand. J Assoc Nurses AIDS Care 2016; 27:153-65.,6969. Barrington C, Knudston K, Alicia O, Bailey P, Aguilar JM, Loya-Montiel MI, et al. HIV diagnosis, linkage to care, and retention among men who have sex with men and transgender women in Guatemala City. J Health Care Poor Underserved 2016; 27:1745-60. e entrada no mercado do trabalho sexual 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35..

No que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde, diversos trabalhos têm documentado que o estigma e a discriminação podem representar severas barreiras para as mulheres transgênero 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,3939. Newman PA, Lee S-J, Roungprakhon S, Tepjan S. Demographic and behavioral correlates of HIV risk among men and transgender women recruited from gay entertainment venues and community-based organizations in Thailand: implications for HIV prevention. Prev Sci 2012; 13:483-92.,4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. 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Estudos que analisam o uso do sistema público de saúde em alguns países indicam que elas preferem rejeitar este cuidado e pagar por serviços privados ou se automedicar, por conta do estigma 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,4949. Estrada-Montoya JH, García-Becerra A. Reconfiguraciones de género y vulnerabilidad al VIH/Sida en mujeres transgénero en Colombia. Rev Gerenc Políticas Salud 2010; 9:90-102.. A ausência de acesso a hormônios 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8. e procedimentos cirúrgicos para a modificação corporal e adequação de gênero 4949. Estrada-Montoya JH, García-Becerra A. Reconfiguraciones de género y vulnerabilidad al VIH/Sida en mujeres transgénero en Colombia. Rev Gerenc Políticas Salud 2010; 9:90-102. também é identificada na literatura como barreira para uma vida saudável.

O estigma e a discriminação também promovem barreiras no acesso aos serviços de cuidado e prevenção de HIV/aids, fazendo com que muitas mulheres transgênero evitem os serviços públicos de saúde por conta de experiências anteriores de discriminação e de maus-tratos 4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.. Nessa perspectiva, muitos estudos relatam as dificuldades das mulheres transgênero no acesso a serviços de testagem e aconselhamento de HIV 4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5959. Woodford MR, Chakrapani V, Newman PA, Shunmugam M. Barriers and facilitators to voluntary HIV testing uptake among communities at high risk of HIV exposure in Chennai, India. Glob Public Health 2016; 11:363-79., falta de acesso às informações de prevenção 5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392., falta de confidencialidade dos resultados dos testes de HIV em serviços públicos de saúde 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25. e pouco acesso ao preservativo 5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.. A autopercepção de discriminação foi associada no Brasil com a resistência à testagem para HIV 3737. Pinheiro-Júnior FML, Kendall C, Martins TA, Mota RMS, Macena RHM, Glick J, et al. Risk factors associated with resistance to HIV testing among transwomen in Brazil. AIDS Care 2016; 28:92-7.,6161. Nemoto T, Cruz T, Iwamoto M, Trocki K, Perngparn U, Areesantichai C, et al. Examining the sociocultural context of HIV-related risk behaviors among kathoey (male-to-female transgender women) sex workers in Bangkok, Thailand. J Assoc Nurses AIDS Care 2016; 27:153-65.. E mesmo aquelas já testadas para HIV enfrentaram mais estigma ao acessar os serviços de testagem e manejo do HIV, quando comparadas àquelas que nunca foram testadas. A estigmatização também pode dificultar a retenção das mulheres transgênero nos serviços de cuidado ao HIV 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,6969. Barrington C, Knudston K, Alicia O, Bailey P, Aguilar JM, Loya-Montiel MI, et al. HIV diagnosis, linkage to care, and retention among men who have sex with men and transgender women in Guatemala City. J Health Care Poor Underserved 2016; 27:1745-60..

Estigma interpessoal

A experiência das mulheres transgênero tem sido marcada por um contexto de violência e exclusão social em várias regiões do mundo. As violências física 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,3838. Kaplan RL, McGowan J, Wagner GJ. HIV prevalence and demographic determinants of condomless receptive anal intercourse among trans feminine individuals in Beirut, Lebanon. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20787.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,4343. Boivin RR. 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Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42., verbal 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,4545. Koken JA, Bimbi DS, Parsons JT. Experiences of familial acceptance-rejection among transwomen of color. J Fam Psychol 2009; 23:853-60.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35., simbólica 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4545. Koken JA, Bimbi DS, Parsons JT. Experiences of familial acceptance-rejection among transwomen of color. J Fam Psychol 2009; 23:853-60.,6464. Logie CH, James L, Tharao W, Loutfy MR. HIV, gender, race, sexual orientation, and sex work: A qualitative study of intersectional stigma experienced by HIV-positive women in Ontario, Canada. PLoS Med 2011; 8:e1001124., emocional 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37. e sexual 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. 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Personal, interpersonal and structural challenges to accessing HIV testing, treatment and care services among female sex workers, men who have sex with men and transgenders in Karnataka state, South India. J Epidemiol Community Health 2012; 66 Suppl 2:ii42-8.,6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94. têm sido vastamente documentadas. Além disso, assassinatos de mulheres transgênero em vias públicas são documentados na literatura como efeito do estigma 4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120..

A experiência de exclusão e violência geralmente inicia no seio da família por meio da rejeição familiar 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66.,3838. Kaplan RL, McGowan J, Wagner GJ. HIV prevalence and demographic determinants of condomless receptive anal intercourse among trans feminine individuals in Beirut, Lebanon. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20787.,4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4545. Koken JA, Bimbi DS, Parsons JT. Experiences of familial acceptance-rejection among transwomen of color. J Fam Psychol 2009; 23:853-60.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,4949. Estrada-Montoya JH, García-Becerra A. Reconfiguraciones de género y vulnerabilidad al VIH/Sida en mujeres transgénero en Colombia. Rev Gerenc Políticas Salud 2010; 9:90-102.,5050. Wilson E, Pant SB, Comfort M, Ekstrand M. Stigma and HIV risk among Metis in Nepal. Cult Health Sex 2011; 13:253-66.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,5757. 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Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.. Os abusos físico e sexual têm sido relatados como fatores associados ao risco de HIV entre mulheres transgênero 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24..

A exclusão social vivenciada por conta do contexto de estigma pode provocar intenso deslocamento geográfico 5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8. e o ingresso no trabalho sexual 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5050. Wilson E, Pant SB, Comfort M, Ekstrand M. Stigma and HIV risk among Metis in Nepal. Cult Health Sex 2011; 13:253-66.,5151. Cuadra-Hernández SM, Zarco-Mera A, Infante-Xibillé C, Caballero-García M. La organización de las poblaciones clave ligadas a la transmisión del VIH: una intervención para abatir el estigma; México, 2005-2009. Salud Colect 2012; 8:191-204.,5353. Wilson EC, Arayasirikul S, Johnson K. Access to HIV care and support services for african american transwomen living with HIV. Int J Transgend 2013; 14:182-95.,5454. Palazzolo SL, Yamanis TJ, De Jesus M, Maguire-Marshall M, Barker SL. Documentation status as a contextual determinant of HIV risk among young transgender Latinas. LGBT Health 2016; 3:132-8.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,5757. Chakrapani V, Newman PA, Shunmugama M, Dubrow R. Barriers to free antiretroviral treatment access among kothi-identified men who have sex with men and aravanis (transgender women) in Chennai, India. AIDS Care 2011; 23:1687-94.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392.. O trabalho sexual em condições precárias e a troca de sexo desprotegido por mais dinheiro são relatados na literatura como uma das motivações para o sexo anal desprotegido 5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35..

Essas experiências também se estendem a outras relações interpessoais ao longo da vida de mulheres transgênero, como, por exemplo, a exclusão da comunidade de gays 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392.,6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94., a rejeição de amigos 6363. Logie CH, James LL, Tharao W, Loutfy MR. "We don't exist": a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada. J Int AIDS Soc 2012; 15:17392., a agressão de parceiros 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16., a agressão policial 1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,4343. Boivin RR. "Se podrían evitar muchas muertas": discriminación, estigma y violencia contra minorías sexuales en México. Sex Salud y Soc (Rio J.) 2014; (16):86-120.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93.,5959. Woodford MR, Chakrapani V, Newman PA, Shunmugam M. Barriers and facilitators to voluntary HIV testing uptake among communities at high risk of HIV exposure in Chennai, India. Glob Public Health 2016; 11:363-79. e a agressão por parte de vizinhos 5555. Pollock L, Silva-Santisteban A, Sevelius J, Salazar X. "You should build yourself up as a whole product": transgender female identity in Lima, Peru. Glob Public Health 2016; 11:981-93..

A experiência de discriminação relacionada ao gênero tem sido associada a comportamentos sexuais de risco para a infecção pelo HIV nessa população 3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6., tais como o sexo anal receptivo desprotegido 8,21. Além disso, muitos estudos relatam a discriminação das mulheres transgênero por profissionais de serviços de saúde 1515. Perez-Brumer AG, Reisner SL, McLean SA, Silva-Santisteban A, Huerta L, Mayer KH, et al. Leveraging social capital: multilevel stigma, associated HIV vulnerabilities, and social resilience strategies among transgender women in Lima, Peru. J Int AIDS Soc 2017; 20:21462.,3939. Newman PA, Lee S-J, Roungprakhon S, Tepjan S. 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Estigma individual

A conjunção do estigma interpessoal e estrutural pode provocar diversos desfechos negativos na vida das mulheres transgênero, como, por exemplo, o isolamento social 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,6565. Remien RH, Bauman LJ, Mantell JE, Tsoi B, Lopez-Rios J, Chhabra R, et al. Barriers and facilitators to engagement of vulnerable populations in HIV primary care in New York City. J Acquir Immune Defic Syndr 2015; 69 Suppl 1:S16-24. e o medo da discriminação 4444. Melendez RM, Pinto R. "It's really a hard life": love, gender and HIV risk among male-to- female transgender persons. Cult Health Sex 2007; 9:233-45.,5252. Boyce S, Barrington C, Bolanos JH, Arandi CG, Paz-Bailey G. Facilitating access to sexual health services for men who have sex with men (MSM) and transgender persons in Guatemala city. Sex Transm Infect 2012; 14:313-27.,5353. Wilson EC, Arayasirikul S, Johnson K. Access to HIV care and support services for african american transwomen living with HIV. Int J Transgend 2013; 14:182-95.,5757. Chakrapani V, Newman PA, Shunmugama M, Dubrow R. Barriers to free antiretroviral treatment access among kothi-identified men who have sex with men and aravanis (transgender women) in Chennai, India. AIDS Care 2011; 23:1687-94.,5959. Woodford MR, Chakrapani V, Newman PA, Shunmugam M. Barriers and facilitators to voluntary HIV testing uptake among communities at high risk of HIV exposure in Chennai, India. Glob Public Health 2016; 11:363-79.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16.,6464. Logie CH, James L, Tharao W, Loutfy MR. HIV, gender, race, sexual orientation, and sex work: A qualitative study of intersectional stigma experienced by HIV-positive women in Ontario, Canada. PLoS Med 2011; 8:e1001124.,6666. Beattie TSH, Bhattacharjee P, Suresh M, Isac S, Ramesh BM, Moses S. Personal, interpersonal and structural challenges to accessing HIV testing, treatment and care services among female sex workers, men who have sex with men and transgenders in Karnataka state, South India. J Epidemiol Community Health 2012; 66 Suppl 2:ii42-8.. A expectativa de rejeição relacionada ao gênero foi associada a comportamentos sexuais de risco para infecção pelo HIV 3535. Rood BA, Kochaver JJ, McConnell EA, Ott MQ, Pantalone DW. Minority stressors associated with sexual risk behaviors and HIV testing in a U.S. sample of transgender individuals. AIDS Behav 2018; 22:3111-6..

As experiências de discriminação são relatadas como elementos importantes para a internalização do estigma, o que pode provocar uma diversidade de estresse psicossocial 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17., como a baixa autoestima 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94., e comprometer a saúde mental com ocorrência de depressão 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94., ideação suicida 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35. e tentativa de suicídio 4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35..

O uso de álcool 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,5757. Chakrapani V, Newman PA, Shunmugama M, Dubrow R. Barriers to free antiretroviral treatment access among kothi-identified men who have sex with men and aravanis (transgender women) in Chennai, India. AIDS Care 2011; 23:1687-94.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16.,6868. Di Stefano AS. HIV's syndemic links with mental health, substance use, and violence in an environment of stigma and disparities in Japan. Qual Health Res 2016; 26:877-94. e outras drogas 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.,4141. Bockting WO, Robinson BE, Forberg J, Scheltema K. Evaluation of a sexual health approach to reducing HIV/STD risk in the transgender community. AIDS Care 2005; 17:289-303.,5858. Rhodes SD, Alonzo J, Mann L, Downs M, Andrade M, Wilks C, et al. The ecology of sexual health of sexual minorities in Guatemala City. Health Promot Int 2015; 30:832-42.,6262. Sevelius JM, Patouhas E, Keatley JG, Mallory OJ. Barriers and facilitators to engagement and retention in care among transgender women living with human immunodeficiency virus. Ann Behav Med 2014; 47:5-16. é relatado em contextos em que mulheres transgênero vivenciam altos níveis de discriminação. E o uso dessas substâncias antes das relações sexuais 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24., como uma prática que aumenta o risco de infecção pelo HIV, principalmente por meio do sexo anal desprotegido 66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,4040. Operario D, Nemoto T, Iwamoto M, Moore T. Unprotected sexual behavior and HIV risk in the context of primary partnerships for transgender women. AIDS Behav 2011; 15:674-82.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25..

O estigma e a discriminação são identificados como fatores que podem influenciar a vulnerabilidade ao HIV. Um estudo mostrou que o estigma relacionado à identidade transgênero foi maior entre as mulheres transgênero vivendo com HIV do que entre as não infectadas 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24.. A relação entre estigma, discriminação e infecção pelo HIV pode ser explicada pela baixa capacidade de negociação do preservativo e o consequente sexo anal desprotegido 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,66. Sanchez T, Finlayson T, Murrill C, Guilin V, Dean L. Risk behaviors and psychosocial stressors in the New York City house ball community: a comparison of men and transgender women who have sex with men. AIDS Behav 2010; 14:351-8.,1212. Infante C, Sosa-Rubi SG, Cuadra SM. Sex work in Mexico: vulnerability of male, travesti, transgender and transsexual sex workers. Cult Health Sex 2009; 11:125-37.,2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.,4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.. Além disso, baixa autoestima e depressão, provocadas pela intensa estigmatização das identidades transgênero, têm sido relatadas como importantes motivos para o sexo desprotegido 5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35..

Alguns trabalhos sugerem que o sexo anal desprotegido é praticado para a validação do status feminino diante do parceiro homem 55. Nemoto T, Operario D, Keatley J, Villegas D. Social context of HIV risk behaviours among male-to-female transgenders of colour. AIDS Care 2004; 16:724-35.,4646. Gibson BA, Brown S-E, Rutledge R, Wickersham JA, Kamarulzaman A, Altice FL. Gender identity, healthcare access, and risk reduction among Malaysia's mak nyah community. Glob Public Health 2016; 11:1010-25., principalmente quando se trata de parceiros fixos, como namorados ou maridos 2121. Magno L, Dourado I, Silva LAV, Brignol S, Amorim L, MacCarthy S. Gender-based discrimination and unprotected receptive anal intercourse among transgender women in Brazil: a mixed methods study. PLoS One 2018; 13:e0194306.. Um estudo qualitativo na Colômbia mostrou que apesar de as mulheres transgênero falarem que usam preservativo em todas as relações, o sexo desprotegido significava realização e sucesso diante de seus parceiros estáveis ou maridos. Nesse contexto, o risco seria ainda maior nas relações estáveis, por conta do papel sexual “ativo” (sexo anal insertivo) desempenhado pelo parceiro, muitas vezes idealizado por algumas das mulheres transgênero naquele país 4949. Estrada-Montoya JH, García-Becerra A. Reconfiguraciones de género y vulnerabilidad al VIH/Sida en mujeres transgénero en Colombia. Rev Gerenc Políticas Salud 2010; 9:90-102..

Discussão

O exame dos artigos analisados permite destacar que o estigma relacionado à identidade de gênero, bem como a discriminação, a violência e a transfobia, têm sido apontados como elementos estruturantes da vulnerabilidade ao HIV/aids entre mulheres transgênero. O estigma e a discriminação foram observados em todos os lugares em que as pesquisas foram realizadas, tanto nos países de média e baixa rendas quanto nos países de alta renda. Apesar desse quadro, alguns trabalhos documentaram formas de resistência das mulheres transgênero por meio do ativismo social, participação em grupos de apoio e resiliência 4848. Ganju D, Saggurti N. Stigma, violence and HIV vulnerability among transgender persons in sex work in Maharashtra, India. Cult Health Sex 2017; 19:903-17.,5656. Kaplan RL, Wagner GJ, Nehme S, Aunon F, Khouri D, Mokhbat J. Forms of safety and their impact on health: an exploration of HIV/AIDS-related risk and resilience among trans women in Lebanon. Health Care Women Int 2015; 36:917-35.,7070. Reisner SL, Perez-Brumer AG, McLean SA, Lama JR, Silva-Santisteban A, Huerta L, et al. Perceived barriers and facilitators to integrating HIV prevention and treatment with cross-sex hormone therapy for transgender women in Lima, Peru. AIDS Behav 2017; 21:3299-311..

Na última década, a produção científica sobre o estigma e discriminação cresceu de maneira exponencial, englobando diversas áreas de investigação, tornando-se cada vez mais específica e complexa 3131. Pescosolido BA, Martin JK. The stigma complex. Annu Rev Sociol 2015; 41:87-116.. No que diz respeito às abordagens metodológicas dos estudos encontrados, percebe-se que a maioria foi de abordagem qualitativa. Uma hipótese plausível para esse fato é a complexidade de operacionalização do conceito de estigma em estudos quantitativos, em função da diversidade de definições de estigma. Os estudos quantitativos aqui revisados tentaram resolver esse problema usando: escores de variáveis relacionadas à discriminação pela identidade de gênero (no trabalho, nos serviços de saúde, dificuldade em conseguir habitação) 88. Sugano E, Nemoto T, Operario D. The impact of exposure to transphobia on HIV risk behavior in a sample of transgendered women of color in San Francisco. AIDS Behav 2006; 10:217-25.,3636. Salazar LF, Crosby RA, Jones J, Kota K, Hill B, Masyn KE. Contextual, experiential, and behavioral risk factors associated with HIV status: a descriptive analysis of transgender women residing in Atlanta, Georgia. Int J STD AIDS 2017; 28:1059-66., por análise fatorial 77. Stahlman S, Liestman B, Ketende S, Kouanda S, Ky-Zerbo O, Lougue M, et al. Characterizing the HIV risks and potential pathways to HIV infection among transgender women in Cote d'Ivoire, Togo and Burkina Faso. J Int AIDS Soc 2016; 19(3 Suppl 2):20774. ou por análise de classes latentes por intermédio da inclusão de variáveis específicas de discriminação (na família, com amigos, com vizinhos, nos serviços de saúde, agressão verbal), pela adaptação de escalas direcionadas à aferição de homofobia 99. Logie CH, Lacombe-Duncan A, Wang Y, Jones N, Levermore K, Neil A, et al. Prevalence and correlates of HIV infection and HIV testing among transgender women in Jamaica. AIDS Patient Care STDS 2016; 30:416-24. ou diretamente pela autopercepção de discriminação 3737. Pinheiro-Júnior FML, Kendall C, Martins TA, Mota RMS, Macena RHM, Glick J, et al. Risk factors associated with resistance to HIV testing among transwomen in Brazil. AIDS Care 2016; 28:92-7..

Os estudos com abordagem quantitativa foram marcados pela ênfase na relação entre experiências de estigmatização e risco para infecção pelo HIV. Vale a pena relembrar que as compreensões iniciais a respeito da epidemia de aids (1981-1984) foram marcadas principalmente pelo enfoque biomédico, epidemiológico e comportamentalista 2626. Mann J, Tarantola D. AIDS in the World II: global dimensions, social roots, and responses: the global AIDS policy coalition. New York: Oxford University Press; 1996., o que promoveu a identificação e estigmatização de subgrupos populacionais que apresentavam uma maior probabilidade de ter pessoas com a doença, em comparação com a população em geral 7171. Ayres JRCM, França Jr. I, Calazans GJ, Salleti Filho HC. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In: Czeresnia D, Freitas CM, editores. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2003. p. 117-40.. Todavia, os estudos epidemiológicos aqui revisados parecem ir além de uma relação meramente comportamental, pois, ao partir de uma reflexão em torno do conceito de estigma, colocam em xeque questões estruturais e relacionais que afetam dimensões analíticas do conceito de vulnerabilidade, fazendo um deslocamento das questões exclusivamente individuais, tais como comportamentos, atitudes e práticas de risco, para a atenção aos aspectos sociais 2626. Mann J, Tarantola D. AIDS in the World II: global dimensions, social roots, and responses: the global AIDS policy coalition. New York: Oxford University Press; 1996..

Os estudos qualitativos de cunho sociocultural destacaram-se por trazer contribuições significativas à análise do estigma e da vulnerabilidade ao HIV, pois não se restringiram à dimensão dos comportamentos individuais, mas ampliaram o leque analítico para questões relacionadas aos processos de rotulagem, distinção e exclusão, que promovem a sustentação do estigma como atributo profundamente depreciativo. Além disso, baseando-se em análise de narrativas e relações sociais cotidianas esses estudos puderam relacionar o processo de estigmatização à vulnerabilidade social e programática de mulheres transgênero ao HIV.

Segundo Link & Phelan 7272. Link BG, Phelan JC. Conceptualizing stigma. Annu Rev Sociol 2001; 27:363-85., o estigma existe quando um conjunto de componentes inter-relacionados converge. O primeiro deles se refere ao fato de que as pessoas distinguem e rotulam as diferenças humanas por meio de uma substancial simplificação das diferenças, como se não houvesse uma gradação entre as diversas categorias. Nesse sentido, geralmente o dualismo entre as categorias prevalece: cis/trans, gay/hetero, negro/branco etc. Uma importante característica desse componente é que os atributos considerados proeminentes diferem drasticamente de acordo com o tempo e o lugar. O segundo componente envolve a associação das diferenças humanas - que são rotuladas - com características negativas; a conexão entre estas duas propriedades conforma o que os autores denominam de estereótipo. O terceiro componente do estigma ocorre quando os rótulos sociais promovem a separação entre duas categorias de pessoas: “nós” e “eles”.

Desse modo, observamos que a estigmatização das mulheres transgênero produz discriminação, que se materializa pela exclusão social e das mais variadas formas de violência. Os efeitos do estigma podem estar relacionados com desfechos psiquiátricos (como ideias suicidas e depressão) e uso de substâncias psicoativas. Além disso, a exclusão social pode estar relacionada com a baixa escolaridade e com as barreiras no acesso ao mercado de trabalho, que, por sua vez, podem influenciar a entrada dessas pessoas no mercado sexual e a adoção de comportamentos arriscados, como, por exemplo, o uso de substâncias injetáveis sem orientações médicas e o sexo anal desprotegido com parceiros sexuais fixos, casuais ou clientes.

Verificamos também que, no nível individual, as mulheres transgênero enfrentam um grande isolamento social, agravado pelo medo da rejeição e pelo desconforto ou insegurança vivenciada nos espaços públicos, produzindo altos níveis de depressão e suicídio, como observado em outros estudos 44. Herbst JH, Jacobs ED, Finlayson TJ, McKleroy VS, Neumann MS, Crepaz N. Estimating HIV prevalence and risk behaviors of transgender persons in the United States: a systematic review. AIDS Behav 2008; 12:1-17.,7373. Clements-Nolle K, Marx R, Katz M. Attempted suicide among transgender persons. J Homosex 2006; 51:53-69.,7474. Nuttbrock L, Bockting W, Rosenblum A, Hwahng S, Mason M, Macri M, et al. Gender abuse, depressive symptoms, and HIV and other sexually transmitted infections among male-to-female transgender persons: a three-year prospective study. Am J Public Health 2013; 103:300-7.. O uso de substâncias psicoativas também está muito relacionado aos comportamentos de risco para a infecção pelo HIV 11. Grinsztejn B, Jalil EM, Monteiro L, Velasque L, Moreira RI, Garcia ACF, et al. Unveiling of HIV dynamics among transgender women: a respondent-driven sampling study in Rio de Janeiro, Brazil. Lancet HIV 2017; 4:e169-76.,7575. Clements-Nolle K, Guzman R, Harris SG. Sex trade in a male-to-female transgender population: psychosocial correlates of inconsistent condom use. Sex Health 2008; 5:49-54.. Um estudo realizado em Nova Iorque, Estados Unidos, produziu fortes evidências de que a discriminação baseada no gênero, entre as jovens mulheres transgênero, aumentava o risco de depressão e de comportamentos sexuais arriscados, os quais, por sua vez, elevavam a probabilidade de infecção por HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis 7474. Nuttbrock L, Bockting W, Rosenblum A, Hwahng S, Mason M, Macri M, et al. Gender abuse, depressive symptoms, and HIV and other sexually transmitted infections among male-to-female transgender persons: a three-year prospective study. Am J Public Health 2013; 103:300-7..

No nível estrutural, os trabalhos mostram que o estigma, por intermédio da discriminação, pode afetar o acesso das mulheres transgênero aos serviços de saúde, bem como aos serviços de testagem e cuidado ao HIV/aids, fato que é corroborado por outros estudos que não focam especificamente na relação HIV e estigma 7676. Tagliamento G, Paiva V. Trans-specific health care: challenges in the context of new policies for transgender people. J Homosex 2016; 63:1556-72.,7777. Cerqueira-Santos E, Calvetti PU, Rocha KB, Moura A, Barbosa LH, Hermel J. Percepção de usuários gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, transexuais e travestis do Sistema Único de Saúde. Interam J Psychol 2010; 44:235-45.. Na Argentina, um estudo realizado observou que 40,7% das mulheres transgênero relataram evitar o uso dos serviços de saúde por causa de sua identidade de gênero. Esse estudo verificou que fatores relacionados ao processo de estigmatização estavam associados com esse fenômeno, como, por exemplo, o relato de ter tido experiência de discriminação no serviço de saúde por parte dos profissionais ou por outros pacientes, e ter sido agredida pela polícia 7878. Socias ME, Marshall BDL, Aristegui I, Romero M, Cahn P, Kerr T, et al. Factors associated with healthcare avoidance among transgender women in Argentina. Int J Equity Health 2014; 13:81..

A diversidade de medidas de estigma e de discriminação nos estudos quantitativos pode dificultar a produção de futuras metanálises acerca do impacto do estigma sobre o risco de infecção pelo HIV. Outra questão importante é a diversidade de uso do conceito de estigma e de discriminação nesse campo de estudos. Desse modo, sugerimos a construção, padronização e validação de escalas que meçam o estigma, em suas diversas faces (individual, interpessoal e estrutural), e a discriminação (como ação ou efeito do estigma) em estudos quantitativos. Já no que diz respeito aos estudos qualitativos, observamos que esta metodologia pode melhor se adequar para análises que pretendam abordar a relação entre as categorias de estigma, discriminação e a vulnerabilidade ao HIV. Para os estudos quantitativos, deve-se também considerar os processos de amostragem, tendo em vista que a seleção por procedimentos não propabilísticos constitui um dos elementos responsáveis pelo risco de viés elevado dentre os trabalhos analisados. Portanto, sugerimos que em estudos futuros sobre a temática, o tamanho da amostra e a seleção dos participantes devam ser adequados para a comparação entre os grupos e controle de confundimentos.

Nos estudos qualitativos, o aprofundamento e o rigor analítico são procedimentos que apresentaram limitações nos trabalhos analisados. Nas pesquisas qualitativas, sugerimos o maior aprofundamento analítico e adoção de diferentes métodos de compreensão do estigma e da vulnerabilidade, a exemplo da triangulação de métodos.

Este estudo apresenta limitações. A primeira refere-se a não realização de metanálise com dados dos estudos quantitativos, tendo em vista a heterogeneidade das variáveis utilizadas nos mesmos. Além disso, há a dificuldade em sintetizar os resultados de trabalhos com diferentes adordagens metodológicas, haja vista que a maioria das diretrizes de condução de revisão sistemática não considera a integração de estudos qualitativos e quantitativos em um mesmo trabalho. Esta revisão não incluiu também a totalidade da literatura cinzenta proveniente de um conjunto relevante de produção científica de organismos internacionais publicado virtualmente, fora da abrangência dos periódicos científicos com revisão por pares. Apesar de tais limitações, adotamos os procedimentos metodológicos consistentes, realizados por revisores independentes, e avaliamos os estudos que atenderam aos critérios de elegibilidade, no intuito de reduzir a possibilidade de viés na presente revisão.

Por intermédio deste estudo, observamos que o estigma e a discriminação estão relacionados de diversas maneiras à vulnerabilidade - individual, social ou programática - ao HIV/aids. Faz-se necessário entender como o estigma e a discriminação são operados na sociedade para produzir e reproduzir iniquidades sociais e de saúde. A compreensão da história do estigma e de suas consequências para os indivíduos e comunidades afetadas, como a discriminação, pode nos ajudar a desenvolver melhor medidas para combatê-lo ou reduzir os seus efeitos 7979. Parker R, Aggleton P. HIV and AIDS-related stigma and discrimination: a conceptual framework and implications for action. Soc Sci Med 2003; 57:13-24.. Desse modo, sugere-se que ações de saúde e de prevenção ao HIV não se limitem aos aspectos comportamentais e de práticas de risco, mas que avancem na promoção de uma cultura de não-discriminação e respeito às diferenças de gênero.

Agradecimentos

Agradecemos aos pesquisadores que trabalharam no Estudo PopTrans: Lucília Nascimento, Fabiane Soares, Vanessa Barros, Ailton Jesus da Silva, Ana Lucia Vilela e Munyra Araújo; ao bolsista de iniciação científica Fábio Alves que contribuiu na coleta de dados; à Associação de Travestis e Transexuais de Salvador; ao Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais; e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de doutorado ao autor L. Magno (nº #1031340).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    11 Jun 2018
  • Revisado
    15 Jan 2019
  • Aceito
    28 Jan 2019
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br