Prospecção das condições de trabalho do Samu-192 fluvial em cenários de crise a partir da resiliência no enfrentamento à Covid-19 no Alto Solimões

Investigation of the working conditions of the river-based SAMU-192 in crisis scenarios based on resilience in the face of COVID-19 in Alto Solimões

Paula de Castro Nunes Paulo Victor Rodrigues de Carvalho Rodrigo Arcuri Hugo Bellas Bárbara Bulhões Jaqueline Viana Alessandro Jatobá Sobre os autores

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo prospectar as condições de trabalho das equipes de socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) fluvial das áreas ribeirinhas e costeiras da região do Alto-Solimões, a partir da análise sistêmica das atividades no serviço de embarcações popularmente chamadas de ‘ambulanchas’ durante os picos da Covid-19 no estado do Amazonas, quando o sistema de saúde funcionou sob o estresse provocado pela pandemia. Os dados foram obtidos a partir de um desenho transversal exploratório, baseado em dados qualitativos coletados por meio de entrevistas e observação do funcionamento normal do sistema antes da pandemia. A partir daí modelos de dois cenários foram elaborados mostrando o funcionamento do serviço de ambulanchas ao lidar com a pandemia de Covid-19 e o impacto nas condições de trabalho das equipes de socorro interprofissionais de socorro. Entrevistas remotas com trabalhadores das ambulanchas após a pandemia indicaram que a prospecção das condições de trabalho a partir das instâncias dos modelos corresponderam ao funcionamento real do sistema durante a pandemia de Covid-19.

PALAVRAS-CHAVE
Políticas de eSaúde; Emergências; Condições de trabalho; Pandemia Covid-19; Saúde pública

ABSTRACT

This research aimed to prospect the working conditions of the rescue teams of the Mobile Emergency Care Service (SAMU-192) at the fluvial areas of the Alto Solimoes region, trough the systemic analysis of the activities of the water ambulances service popularly called ‘ambulanchas’ during the peaks of COVID-19 in the state of Amazonas, when the health system functioned under stress caused by the pandemic. Data were obtained from an exploratory cross-sectional design, based on qualitative data collected through interviews and observation of the normal functioning of the system before the pandemic. From there, models of two scenarios were developed showing the functioning of the water ambulances service when coping with the COVID-19 pandemic and the impact on the working conditions of the interprofessional rescue teams. Remote interviews with workers after the pandemic indicated that the prospection of working conditions from the instances of the models corresponded to the real functioning of the system during the COVID-19 pandemic.

KEYWORDS
eHealth policies; Emergencies; Working conditions; COVID-19 pandemic; Public health

Introdução

O estado do Amazonas (AM) foi palco de um dos momentos mais emblemáticos da segunda onda de Covid-19 no Brasil, quando, no primeiro trimestre de 2021, diversos pacientes perderam a vida por conta a falta de insumos básicos como oxigênio hospitalar11 Barreto ICHC, Costa Filho RV, Ramos RF, et al. Health collapse in Manaus: the burden of not adhering to non-pharmacological measures to reduce the transmission of Covid-19. Saúde debate. 2021; 45(131):1126-39.. A região, caracterizada pela grande presença de territórios vulneráveis e remotos, comunidades rurais, indígenas e quilombolas, sofre historicamente com dificuldades de cobertura de serviços de saúde. Ao rol de obstáculos a serem superados, especialmente em situações de aumento da demanda causadas pela Covid-19, soma-se o transporte de pacientes em regiões ribeirinhas e de difícil acesso, que além das consequências para os usuários, produz efeitos diretos nas condições de trabalho das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192), que operam o serviço de embarcações popularmente conhecidas como ‘ambulanchas’ na região.

Os protocolos e procedimentos de segurança do trabalho são normalmente elaborados com base nas descrições das tarefas de acordo com o ‘Trabalho como Imaginado’ (Work-as-Imagined, WAI - no original, em inglês)22 Hollnagel E. Prologue: Why do our expectations of how work should be done never correspond exactly to how work is done. In: Braithwaite J, Wears RL, Hollnagel E, editores. Resilient Health Care III: Reconciling Work-as-Imagined and Work-as-Done. 2016. p. 7-16. por gestores ou profissionais de segurança do trabalho. No entanto, devido às variabilidades da situação de trabalho, o ‘Trabalho-como-Realizado’ (Work-as-Done, WAD) pode ser bem diferente daquele descrito nas tarefas. Especialmente para as equipes interprofissionais das ambulanchas, que lidam com emergências em condições por vezes precárias33 Jatobá A, Bellas H, Arcuri R, et al. Water ambulances and the challenges of delivering mobile emergency healthcare to riverine and maritime communities. Am J Emerg Med. 2021; (47):258-66., diversas adaptações são realizadas para lidar com as variabilidades e manter a resolutividade, porém, por vezes, comprometendo a segurança do trabalhador e causando desgaste físico.

Quanto aos serviços de saúde, destaca-se que os sistemas de saúde dos países da América Latina, principalmente os da tríplice fronteira, apresentam um panorama de iniquidade de acesso. Embora os marcos regulatórios incluam os grupos populacionais mais vulneráveis, a questão do acesso aos serviços de média e alta complexidade é o grande entrave do processo saúde-doença. Nessas áreas, a assistência à saúde é sempre complexa, pois mesmo quando a capacidade instalada permite o acolhimento das demandas a efetividade das ações pode ser comprometida pelo fluxo dos usuários que buscam superar, individualmente, as carências do seu país de origem. Há alguns importantes fatores que devem ser avaliados, pois a região apresenta: elevada mobilidade populacional (incluindo a migração pendular dos moradores dos países vizinhos em busca pela assistência à saúde), atividades com elevado impacto ambiental, ocupação desordenada da região, falta de acesso aos serviços de saúde básicos e condição de vida precária em grupos populacionais de maior vulnerabilidade, tendo como consequência a intensificação das relações transfronteiriças44 Levino A, Carvalho EF. Análise comparativa dos sistemas de saúde da tríplice fronteira: Brasil/Colômbia/Peru. Rev Panam Salud Pública. 2011; 30(5):490-500..

A Engenharia de Resiliência55 Hollnagel E, Paries J, Woods DD, et al., editores. Resilience engineering in practice: a guidebook. Burlington: Ashgate; 2011. 322 p.,66 Fairbanks RJ, Wears RL, Woods DD, et al. Resilience and Resilience Engineering in Health Care. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2014; 40(8):376-83. vem fornecendo novas ferramentas para análise das condições de atuação em situações de grande variabilidade e complexidade, que envolvem muitos componentes interligados, como aquelas a que os trabalhadores da saúde no Brasil foram submetidos durante a pandemia de Covid-19. Uma dessas ferramentas é o Método de Análise da Ressonância Funcional, ou Fram (sigla em inglês para Functional Resonance Analysis Method)77 Hollnagel E. FRAM: The Functional Resonance Analysis Method: Modelling Complex Socio-technical Systems. Londres: CRC Press; 2017. [acesso em 2019 abr 9]. Disponível em: https://www.taylorfrancis.com/books/9781351935968.
https://www.taylorfrancis.com/books/9781...
, que tem sido amplamente utilizado para a análise de situações de crise em diversos setores88 Birnbaum ML, Daily EK, O’Rourke AP. Research and evaluations of the health aspects of disasters, Part IX: risk-reduction framework. Prehosp. disaster med. 2016 [acesso em 2019 abr 9]; 31(1):309-25. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1049023X16000352.
https://doi.org/10.1017/S1049023X1600035...

9 Jatobá A, Bellas HC, Koster I, et al. Patient visits in poorly developed territories: a case study with community health workers. Cogn Technol Work. 2018; 20(1):125-52.

10 Carrington MA, Ranse J, Hammad K. The impact of disasters on emergency department resources: review against the Sendai framework for disaster risk reduction 2015-2030. Australas Emerg Care. 2020 [acesso em 2019 abr 9]; 24(1):55-60. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2588994X20300968.
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
-1111 Carvalho PVR. The use of Functional Resonance Analysis Method (FRAM) in a mid-air collision to understand some characteristics of the air traffic management system resilience. Reliab Eng Syst Saf. 2011; 96(11):1482-98.
.

Nesse sentido, este estudo apresenta uma análise da resiliência do serviço de ambulanchas do Samu-192 na região da Tríplice Fronteira Brasil-Colômbia-Peru, durante a pandemia de Covid-19. A partir dessa análise, este artigo discute as possibilidades de prospecção das condições de trabalho das equipes do Samu-192 em condições de estresse, tanto crônico quanto em futuras crises sanitárias.

Material e métodos

Desenho do estudo

Trata-se de um estudo transversal, exploratório, sustentado na Teoria Fundamentada1212 Strauss AL, Corbin J. Pesquisa qualitativa técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre: Artmed; 2008., a partir de dados de natureza qualitativa. Os principais procedimentos de coleta tiveram como fontes de informação a observação em campo e entrevistas semiestruturadas.

A coleta de dados teve início no segundo semestre 2019, antes da pandemia, até a primeira quinzena de março de 2020. O esforço de pesquisa compreendeu mais de 140 horas de trabalho de campo, nas quais 47 profissionais foram entrevistados em um período de 12 dias.

Participantes

Os participantes incluíram gestores das Secretarias Municipais de Saúde, Samu-192 e demais unidades de saúde locais, e profissionais das equipes do Samu-192, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores das ambulanchas.

As entrevistas se concentraram em identificar as dificuldades que os participantes enfrentam no desempenho de suas atividades, bem como os principais problemas nas condições de trabalho nas ambulanchas. Também incluíram a descrição de como a variabilidade se manifesta tipicamente durante a operação do serviço e narrativas de casos desafiadores na prestação de cuidados e na solução de incidentes durante o atendimento a pacientes nas comunidades ribeirinhas.

Análise de dados: método Fram

O Fram possui quatro etapas: (1) identificar e descrever as funções; (2) determinar a variabilidade; (3) agregar a variabilidade; (4) gerenciar a variabilidade. O Fram Model Visualizer (FMV) foi o software utilizado para auxiliar na análise.

Na primeira etapa, as funções do sistema são identificadas a partir das atividades do dia a dia de trabalho. Uma função, que pode se referir a uma atividade ou a um conjunto de atividades, é caracterizada de acordo com seis aspectos que podem ser interligados graficamente por meio de hexágonos. Estes aspectos são: Entrada (I), Saída (O), Pré-condição (P), Recurso (R), Tempo (T) e Controle (C). Após identificadas, as funções são conectadas a partir de situações reais observadas formando um fluxo lógico ou um processo relacionado a um determinado cenário.

Na segunda etapa, a variabilidade potencial de cada função é determinada. É importante notar que as funções podem ser executadas de forma diferente devido a variabilidade da própria função (endógena), ou de variabilidades externas (exógena) oriundas de outras funções.

Na terceira etapa, as conexões (acoplamentos) possíveis entre as funções num determinado cenário são examinadas, de modo a avaliar eventuais ressonâncias que levem ao controle (amortecimento da variabilidade) ou colapso (descontrole da variabilidade) do sistema. Na quarta etapa, possíveis formas de gerenciar e monitorar variabilidades são propostas.

ELABORAçãO DOS MODELOS PROSPECTIVOS

Os modelos prospectivos foram elaborados a partir de ajustes no modelo Fram obtido na situação normal antes da pandemia1313 Arcuri R, Bellas HC, Ferreira DS, et al. On the brink of disruption: Applying Resilience Engineering to anticipate system performance under crisis. Appl Ergon. 2022; (99):103632.. Cada função do sistema modelado anteriormente foi revista e, com base no conhecimento obtido, possíveis mudanças em sua dinâmica de variabilidade devido à pandemia foram elaboradas, tendo como fonte de informação os relatórios publicados sobre os impactos gerais da pandemia Covid-19 nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) na região estudada, especialmente as diretrizes técnicas sobre o manejo da Covid-19 e os boletins epidemiológicos semanais especiais publicados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas.

A partir desta análise, foram identificados os impactos diretos nas funções e estimativas sobre a influência que a pandemia teria sobre eles. Os impactos podem ser resumidos como o aumento na probabilidade (↑L) ou gravidade (↑S) de algumas perturbações endógenas, até o surgimento de novas perturbações endógenas (N) e a diminuição na capacidade de ação (ou manobras) de alguns mecanismos de amortecimento de variabilidades (↓M), conforme indicado nos quadros 1 e 2.

Quadro 1
Análise prospectiva - Cenário 2 - Detalhamento das mudanças na dinâmica da variabilidade para funções diretamente impactadas. Código dos impactos da pandemia sobre as perturbações, mecanismos de amortecimento e variabilidade de saída: (↑L) = aumento da probabilidade; (↑S) = aumento da gravidade; (N) = novo; (↓M) = diminuição da manobrabilidade
Quadro 2
Análise prospectiva - Cenário 3 - Detalhamento das mudanças na dinâmica da variabilidade para funções diretamente impactadas. Código dos impactos da pandemia sobre as perturbações, mecanismos de amortecimento e variabilidade de saída: (↑L) = aumento da probabilidade; (↑S) = aumento da gravidade; (N) = novo; (↓M) = diminuição da manobrabilidade

Questões éticas

O presente estudo foi conduzido de acordo com os preceitos éticos referentes a pesquisa científica com seres humanos descritos nas Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sob o CAAE nº 20238619.2.0000.5248 e com aprovação declarada no parecer de nº 3.775.237.

Resultados

Exposição à infecção e redução das equipes de intervenção disponíveis

A partir do conhecimento que obtivemos da operação do sistema antes da pandemia, tornou-se evidente que quando a pandemia atingisse as equipes locais das ambulanchas, seus membros e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) estariam bastante expostos à Covid-19. O fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) às equipes das ambulanchas é de responsabilidade das Secretarias de Saúde locais onde estão localizadas as bases descentralizadas. No contexto da pandemia, o caráter ultra periférico desses municípios e a esperada falta de EPIs às equipes locais - e aos ACS - aumentariam os riscos, reduziriam a disponibilidade de profissionais de atendimento de emergência. As próprias equipes poderiam, sem saber, transportar o vírus para comunidades mais isoladas contribuindo para a disseminação do vírus. O modelo preditivo Fram para este cenário é mostrado na figura 1 e detalhado no quadro 1. As funções e acoplamentos destacados inserem no sistema um risco adicional de contaminação entre pessoas, roupas, objetos e superfícies. Acoplamentos não destacados ainda desempenham um papel de transmissão do risco de infecção.

Figura 1
Análise prospectiva - Cenário II - Modelo gráfico. Funções diretamente impactadas pelas mudanças na dinâmica da variabilidade, bem como respectivos acoplamentos a partir de suas saídas, são destacados

Conforme a figura 1, a partir do momento em que a equipe da ambulancha encontra uma vítima infectada com Covid-19 e realiza as primeiras medidas de estabilização e inspeção, inicia-se um período prolongado de exposição para os trabalhadores. Esse período pode durar horas e compreende o transporte do paciente, procedimentos de atendimento, transferência para a equipe de ambulância terrestre, cessando apenas com a chegada do paciente ao hospital. Há maior contato direto com o paciente durante as funções ‘realizar manobras iniciais de reanimação ou avaliação’, ‘retirar paciente da cena do evento para ambulancha’, ‘transferir paciente para ambulância’, ‘realizar procedimentos de atendimento durante o transporte do paciente’ e ‘realizar manobras de estabilização’. EPIs como protetores faciais, máscaras, luvas e macacões são essenciais para minimizar a exposição ao vírus, mas dificilmente são fornecidos.

Durante as funções ‘navegar de volta ao ponto de desembarque’ e ‘navegar até Tabatinga’, não há contato físico entre tripulação e paciente. No entanto, devido ao pequeno espaço dentro da ambulancha, a proximidade com o paciente por horas representa o risco de infecção. Isso é agravado pelo fato de que, como a demanda por atendimento de emergência aumentou, a tripulação pode precisar transportar mais de um paciente simultaneamente. Para as funções de navegação, os mecanismos de amortecimento seriam os já recomendados pelas autoridades de saúde: manter a maior distância possível do paciente, higienizar as mãos regularmente, evitar tocar no rosto e, ao final do atendimento, higienizar o local de trabalho e os equipamentos.

Infelizmente, nem a disponibilidade nem a estrutura de ambulanchas na região estão preparadas para suportar esses mecanismos de amortecimento. Isso vale durante a operação do serviço (espaço pequeno, falta de banheiro, pia e EPIs) e para ações de higiene entre ocorrências (projeto inadequado da cabine e falta de tempo disponível devido à demanda crescente pelo serviço durante a pandemia). Portanto, o risco de infecção aumenta à medida que o processo de atendimento se desenrola, devido à ressonância funcional. As equipes terrestres também enfrentam problemas semelhantes com seus veículos.

Em relação aos ACS, eles estão significativamente expostos durante a execução das funções ‘levar o paciente à beira do rio’ e ‘realizar os primeiros socorros ao paciente’, dada a falta de EPIs e treinamento para lidar com os sintomas graves da Covid-19 com segurança. Não existe um mecanismo de amortecimento eficaz que os ACS possam ativar nesses casos.

Resgate das equipes da ambulanchas

Outra maneira pela qual a pandemia de Covid-19, ao ampliar o descasamento entre a demanda e capacidade de atendimento móvel de emergência, afeta as condições de saúde e segurança dos trabalhadores, aparece sempre que a própria equipe da ambulancha precisa ser resgatada durante a operação. Embora já seja uma situação crítica em condições típicas, vários fatores tornam os resgates sob o cenário de pandemia ainda mais desafiadores. O modelo preditivo Fram para este cenário é mostrado na figura 2 e detalhado no quadro 2. Para este cenário, o impacto da crise facilitou as condições para o surgimento de incidentes e, por outro lado, adicionou obstáculos às funções de resgate.

Figura 2
Análise prospectiva - Cenário III - Modelo gráfico. Funções diretamente impactadas pelas mudanças na dinâmica da variabilidade, bem como respectivos acoplamentos a partir de suas saídas, são destacados

Ativada a função ‘solicitar resgate’, a pandemia a afetou diretamente em duas frentes:

  • Os barcos da Secretaria de Saúde local - enviados para o resgate sempre que a equipe da ambulancha em apuros consegue ligar para sua base descentralizada - ficaram menos disponíveis durante a pandemia, devido à pressão no sistema de saúde;

  • Barqueiros locais conhecidos da tripulação, bem como barcos à vista nas proximidades, podem ter medo de arriscar um resgate no qual precisem transportar um (ou vários) paciente(s) com Covid-19 por longos períodos, em um espaço ainda menor do que o dos barcos do Samu.

Como resultado, a função ‘aguardar resgate’ pode demorar demais para ser concluída. Isso coloca o paciente em risco (devido ao agravamento de seu estado) e aumenta o risco de contaminação para a equipe de intervenção (devido à maior exposição se o paciente transportado estiver infectado com Covid-19).

Validação

Após o pico da primeira onda da pandemia na região, ocorrida no segundo trimestre de 2020, os dois cenários descritos foram validados por meio de entrevistas complementares.

As entrevistas cobriram três tópicos:

  1. validação das mudanças estimadas na dinâmica da variabilidade para funções diretamente impactadas;

  2. validação de grandes interrupções no funcionamento do sistema de acordo com os cenários propostos;

  3. investigação sobre mudanças adicionais no funcionamento do sistema depois que a pandemia atingiu a região.

As mudanças na dinâmica da variabilidade previstas na análise prospectiva para as funções ativadas ao longo dos cenários foram confirmadas. Em função da ressonância funcional essas mudanças levaram as seguintes fragilidades no sistema:

  1. atrasos no atendimento de emergência e dificuldade no atendimento à demanda (por exemplo, devido a acoplamentos entre as funções ‘levar o paciente para a margem do rio’ e ‘remover o paciente das ocorrências de cena para ambulancha’);

  2. surto de Covid-19 em grande parte dos socorristas do Samu-192 (por exemplo, devido a acoplamentos entre navegação e funções de desempenho de cuidados);

  3. dificuldade de atendimento (por exemplo, devido a acoplamentos entre funções ‘navegar até Tabatinga’ e ‘solicitar socorro’).

Assim, a modelagem Fram do sistema de atendimento de emergência durante o funcionamento regular pré-pandemia permitiu a análise de risco do seu funcionamento durante uma crise, nomeadamente a pandemia de Covid-19.

No entanto, foi relatada uma mudança adicional (não prevista na modelagem Fram) no funcionamento do sistema durante a pandemia que amorteceu variabilidades importantes. Isso dizia respeito à operação das equipes de emergência em coordenação com a estratégia de atenção primária. Na região do Alto Solimões, cada município possui uma unidade de atenção primária ribeirinha móvel (embarcação) que viaja continuamente pelas comunidades ribeirinhas locais para fornecer serviços de atenção primária. Durante o primeiro pico da pandemia, as equipes de atenção primária identificaram nas comunidades casos graves de Covid-19 que exigiam remoção para unidades de saúde especializadas.

Assim, equipes de ambulanchas passaram a monitorar o posto de saúde móvel e seu itinerário, para agilizar o atendimento, e até escoltar postos de ribeirinhos móveis de atenção primária, para agilizar o atendimento. Isso mostra a importância da coordenação entre as operações locais de saúde em diferentes níveis no aumento de demandas. As equipes das ambulanchas tornaram-se, temporariamente, extensões e suporte da atenção primária, além de mitigar casos de urgência em populações ribeirinhas. A capacidade para o desempenho resiliente significa não apenas ser capaz de se adaptar (capacidade latente), mas também de mudar a estrutura e o comportamento organizacional para se concentrar na adaptação (comportamento manifesto), quando necessário.

Discussão

As modificações repentinas na dinâmica dos processos e condições de trabalho observadas neste estudo, destacam a exigência de agilidade e técnicas aperfeiçoadas que as equipes de ambulanchas do Samu-192 na região do Alto Solimões precisam desenvolver para lidar com situações de crise. O atendimento de emergência a populações ribeirinhas e indígenas requer, além de todas as dificuldades observadas, a utilização, como suporte no atendimento, dos aparelhos necessários para a manutenção da vida e estabilização do paciente, adicionamento de elementos à carga de trabalho dos profissionais de saúde, que podem levar a estresse laboral crônico. O estudo mostrou que estes fatores que foram agravados pela pandemia de Covid-19, que mudou a dinâmica do sistema, aumentando o volume de atendimentos e acrescentando novos fatores de risco e medo ao cotidiano de trabalho1414 Salomé GM, Cavali A, Espósito VHC. Sala de emergência: o cotidiano das vivências com a morte e o morrer pelos profissionais de saúde. Rev Bras Enferm. 2009; 62(5):6816-6..

Em ocorrências extremas, como a pandemia de Covid-19, as equipes de saúde encontram demandas maiores do que o normal para manter à qualidade do cuidado e ainda assim manter os aspectos relacionados à sua segurança1515 Doyle JJ, Graves JA, Gruber J. Uncovering waste in US healthcare. J Health Econ. 2017; 54:25-39.

16 Sjölin H, Lindström V, Hult H, et al. What an ambulance nurse needs to know: A content analysis of curricula in the specialist nursing programme in prehospital emergency care. Int Emerg Nurs. 2015; 23(2):127-32.

17 Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Ciênc. saúde coletiva. 2020; 25(9):3465-74.
-1818 Costa NR, Silva PRF, Lago MJ, et al. The institutional capacity of the Health Sector and the response to COVID-19 in a global perspective. Ciênc. saúde coletiva. 2021; 26(10):4645-54.
. Um exemplo é o papel essencial dos ACS no atendimento a emergências, concentrando-se em fornecer as medidas iniciais de suporte aos pacientes. Pela sua experiência e natureza do perfil epidemiológico das ocorrências, os ACS geralmente estão aptos a prestar os primeiros socorros1919 Simas PRP, Pinto ICM. Health work: portrait of community workers in the Northeast region of Brazil. Ciênc. saúde coletiva. 2017; 22(6):1865-76.. No entanto, as condições de aumento de carga de trabalho e sofrimento psicológico em face do vínculo que estes profissionais estabelecem com as populações vulneráveis do Alto Solimões dificultam sobremaneira o trabalho destes agentes, o que pode contribuir para o relaxamento de sua própria segurança. Os achados do presente estudo, então, fornecem uma perspectiva aprofundada para as evidências apresentadas em literatura recente relacionada ao tema, destacando que o recrudescimento das condições de trabalho face a pandemia dos ACS e equipes de emergência da região Norte foram submetidos durante a pandemia, influenciaram sua segurança e bem-estar2020 Costa N, Bellas H, Silva PRF, et al. Community health workers’ attitudes, practices and perceptions towards the COVID-19 pandemic in brazilian low-income communities. Work. 2021; 68(1):3-11.,2121 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Recomendações para adequação das ações dos Agentes Comunitários de Saúde frente à atual situação epidemiológica do Coronavírus - COVID-19 na Atenção Primária à Saúde - Versão 2. Brasília, DF: MS; 2020. [acesso em 2023 jan 25]. Disponível em: https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2020/04/20200403_recomendacoes_ACS_COVID19_ver002_final_b.pdf.
https://www.conasems.org.br/wp-content/u...
.

Na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, embora se esteja tratando de Estados nacionais diferentes, os modelos de financiamento de saúde são similares. Em suma, os governos garantem assistência integral sem custo para pessoas inseridas na linha de pobreza ou vulneráveis, com a diferença que, no Brasil, o acesso é universal2222 Souza AJA, Simonian LTL. The challenges of the health public policies in the Triple Border of Brasil, Colombia and Peru. Amazon Invest. 2019; 8(24):541-51.. Corroborando com os achados deste estudo, os autores também descrevem que, apesar de deficiente, como o sistema de saúde brasileiro é gratuito e universal é, frequentemente, utilizado por moradores dos demais países, principalmente para o atendimento de urgência, de gestantes e crianças. Sendo assim, esta migração inter-regional (pendular) faz com que seja complicada a projeção precisa do custo dos serviços de saúde oferecidos, bem como o planejamento, tendo em vista que não há o repasse financeiro dos respectivos países que fazem fronteira com o Brasil. Desta forma, é comum uma sobrecarga no atendimento dos estabelecimentos de saúde do lado brasileiro, sem a contrapartida financeira, dificultando desta forma a organização dos serviços de saúde.

Outro ponto a ser destacado ainda segundo Neves et al.2323 Neves M, Tobias R, Kadri M, et al. A saúde na fronteira amazônica: estudo de caso do programa mais médicos na tríplice fronteira Brasil, Colômbia, Peru em relação ao fluxo e registro de estrangeiros na atenção básica. In: 13º Congresso Internacional Rede Unida; 2017 maio 30-Jun 2; Manaus. Manaus: UFAM; 2017. [acesso em 2023 maio 23]. Disponível em: http://conferencia2018.redeunida.org.br/ocs2/index.php/13CRU/13CRU/paper/view/1047.
http://conferencia2018.redeunida.org.br/...
nesse sentido o Sistema único de Saúde (SUS em pesquisa realizada na cidade de Tabatinga, com base no discurso dos profissionais entrevistados mostra que o fluxo de estrangeiros que acessam os serviços de saúde no Brasil pela ESF é muito intenso, principalmente, porque na Colômbia, o serviço de saúde somente é possível ser utilizado

por meio de aquisição de ‘seguros de saúde’ não gratuitos; e, no Peru, há uma grande distância para a cidade que teria condições de dar suporte para os usuários, na localidade de Iquitos (cerca de 18 horas de barco segundo alguns entrevistados). Os moradores da Comunidade de Santa Rosa, no Peru, acessam os serviços do SUS com maior regularidade porque não tem serviços de saúde à disposição, quando buscam os serviços no Brasil, segundo os profissionais, estão com algumas patologias em estágios avançados.

Os profissionais relataram ainda durante as entrevistas que a maior procura é pela atenção à saúde das gestantes que tem o objetivo de ter seus filhos nascidos no Brasil, por oferecer o serviço gratuitamente e também para obterem, assim, os direitos de cidadão brasileiro.

O transporte de pacientes de Covid-19 nas regiões ribeirinhas se mostrou um desafio bastante particular para todos os tipos de trabalhadores envolvidos no serviço das ambulanchas, dos condutores aos enfermeiros. Na medida em que aumenta lacuna entre a demanda e a capacidade de se chegar aos pacientes e de levá-los com segurança - para pacientes e trabalhadores - a resolutividade do serviço é seriamente comprometida, pois o risco de infecção dos profissionais aumenta, causando um aumento da prevalência de afastamentos, não só pela própria Covid-19, mas também por doenças psicológicas como ansiedade e burnout2424 Therense M, Perdomo SB, Fernandes ACS. Nós da linha de frente: diálogos sobre o ser da saúde no contexto da pandemia. Cad Psicol Soc Trab. 2021; 24(2):265-78.,2525 Faria MV, Rodrigues CI, Nelson SFJ, et al. Impact of COVID-19 on Healthcare Workers in Brazil between August and November 2020: A Cross-Sectional Survey. Int J Environ Res Public Health. 2021; 18(12):6511..

Conclusões

O socorro e transporte de pacientes das comunidades ribeirinhas da região do Alto Solimões são possíveis não só porque os profissionais do Samu-192 adotam protocolos estabelecidos, mas também porque desenvolveram a capacidade de se adaptar as necessidades de atendimento, mesmo sem os recursos apropriados disponíveis, fatores esses que impactam sobre o funcionamento e resiliência dos serviços, além de produzir efeitos maléficos para a saúde física e mental dos trabalhadores.

Diante desses achados, o presente estudo destacou que elementos extraorganizacionais relacionados a participação comunitária na produção do cuidado tais como auxílio nos primeiros socorros, na localização e transportes de pacientes, reorganização de bases e unidades de saúde, resgates de ambulanchas podem agir como impulsionadores do desempenho resiliente.

O estudo mostrou ainda que em situações que impactam num aumento desordenado, como na pandemia de Covid-19, de demanda no atendimento do Samu-192, acabam tendo influência diretamente proporcional sobre a carga de trabalho impactando a saúde física e mental desses trabalhadores, na qualidade do atendimento prestado, bem como sobre o sofrimento psíquico e a qualidade de vida dos profissionais do Samu-192.

O uso do Fram para modelar a operação regular com base em dados aprofundados da atividade de trabalho permitiu uma análise de cenário prospectivo que previu dificuldades nas condições de atuação do serviço de ambulanchas do Samu-192 durante condições de estresse. Em termos do domínio de aplicação, essa abordagem foi capaz de prever como o aumento da degradação das situações de trabalho afetaria a prestação de atendimento de emergência à população ribeirinha quando a pandemia de Covid-19 atingisse o pico, o que se confirmou através dos relatos obtidos com os informantes chaves durante o avanço no número de casos naquela região.

  • Suporte financeiro: não houve

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2023

Histórico

  • Recebido
    19 Out 2022
  • Aceito
    15 Ago 2023
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde RJ - Brazil
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