A telessaúde como estratégia de resposta do Estado: revisão sistemática

Telehealth as state response strategy: systematic review

La telesalud como estrategia de respuesta del Estado: revisión sistemática

Rafaela Santana Celes Thaís Regis Aranha Rossi Sandra Garrido de Barros Carla Maria Lima Santos Carla Cardoso Sobre os autores

RESUMO

Objetivo.

Identificar ações de telessaúde descritas na literatura como estratégias de políticas nacionais de saúde.

Métodos.

Foi realizado um estudo de revisão sistemática da produção científica sobre utilização da telessaúde como estratégia de resposta do Estado a problemas ou necessidades de saúde da população, utilizando-se as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Google Acadêmico. Os termos utilizados na busca foram “telessaude politicas”, “implantacao telessaude”, “telehealth policy”, “telehealth America”, “telehealth Asia”, “telehealth Antartida”, “telehealth Europe”, “telehealth Africa”, “telehealth Oceania”. A coleta de dados foi feita no período de março de 2016 a fevereiro de 2017.

Resultados.

Foram analisados 21 artigos em português, espanhol e inglês sobre telessaúde em distintos países. Não houve concentração expressiva de artigos por local ou região. O maior número de publicações ocorreu de 2014 a 2017. A telessaúde tem sido implementada especialmente para diminuir custos na saúde, educação permanente de profissionais de saúde, interconsulta, fortalecimento da atenção primária à saúde e melhoria do acesso à saúde em áreas remotas.

Conclusões.

A telessaúde é utilizada como política pública na Europa, Américas, Ásia e África, existindo, no entanto, variações em relação ao estágio de implantação. As principais diferenças quanto à telessaúde nos distintos países foram de infraestrutura, financiamento, engajamento de pacientes e cuidadores e posicionamento do Estado frente ao papel da telessaúde.

Palavras-chave
Telemedicina; recursos em saúde; política de saúde

ABSTRACT

Objective.

To identify telehealth initiatives described in the literature as a strategy for national health policies.

Method.

A systematic review was performed to identify articles focusing on the use of telehealth as a state response strategy to health problems or needs. The Virtual Health Library, PubMed, and Google Scholar were searched using the following keywords: “telessaude politicas”, “implantacao telessaude”, “telehealth policy”, “telehealth America”, “telehealth Asia”, “telehealth Antartida”, “telehealth Europe”, “telehealth Africa”, “telehealth Oceania”. Data collection was performed from March 2016 to February 2017.

Results.

Twenty-one articles describing telehealth initiatives in various countries, published in Portuguese, Spanish, and English, were analyzed. Concentration of studies on specific areas or regions was not detected. Most articles were published from 2014 to 2017. Telehealth initiatives have been used mainly to decrease health costs, for continued education of health care professionals, consultations between health care professionals, to strengthen primary health care, and to improve the access to health care in remote areas.

Conclusions.

Telehealth is used as state policy across the five continents, with variations in the degree of implementation. The main differences in telehealth among countries refer to infrastructure, financing, engagement of patients and caretakers, and position of the state regarding the role of telehealth.

Keywords
Telemedicine; health resources; health policy

RESUMEN

Objetivo.

Determinar las acciones de telesalud descritas en las publicaciones pertinentes como estrategia en materia de políticas nacionales de salud.

Método.

Se realizó un estudio de revisión sistemática de la producción científica sobre la utilización de la telesalud como estrategia de respuesta del Estado a los problemas o a las necesidades de salud de la población, en el cual se emplearon las bases de datos de la Biblioteca Virtual de Salud (BVS), PubMed y Google Académico. Los términos utilizados en la búsqueda fueron “telesalud política”, “implantación telesalud”, “telehealth policy”, “telehealth America”, “telehealth Asia”, “telehealth Antarctica”, “telehealth Europe”, “telehealth Africa” y “telehealth Oceania”. Los datos se recopilaron entre marzo del 2016 y febrero del 2017.

Resultados.

Se analizaron 21 artículos en español, inglés y portugués sobre telesalud en distintos países. No hubo ninguna concentración importante de artículos por lugar ni región. El mayor número de publicaciones se registró entre el 2014 y el 2017. La estrategia de telesalud se ha puesto en práctica para reducir los costos de la atención de salud, fomentar la educación permanente de los profesionales de salud y facilitar las consultas entre ellos, fortalecer la atención primaria de salud y ampliar el acceso a los servicios de salud en las zonas remotas.

Conclusiones.

La estrategia de telesalud se utiliza como política pública en África, América, Asia y Europa, pero existen variaciones con respecto a la fase de implantación. Las principales diferencias en materia de telesalud observadas en los distintos países correspondieron a infraestructura, financiamiento, compromiso de los enfermos y prestadores de cuidado, y postura del Estado frente al papel de la telesalud.

Palabras clave
Telemedicina; recursos en salud; política de salud

A telessaúde consiste na utilização de tecnologias de informação e comunicação (TIC) para prestar serviços de saúde a distância e para compartilhar informações e conhecimento. Na literatura, os termos telessaúde, telemedicina e eHealth são frequentemente utilizados; eles expressam estratégias de resposta para problemas de saúde socialmente construídos, como escassez de profissionais em áreas remotas e aumento da longevidade da população (11. Wen CL. Telemedicina e telessaúde: um panorama no Brasil. Informat Pub. 2008;10(2):7–15.33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5.).

No século XIX, o desenvolvimento dos serviços postais, o uso do telégrafo e, posteriormente, o uso do telefone facilitaram a troca de informações e a divulgação das práticas médicas. No século XX, o uso da televisão e da radiocomunicação permitiram maior troca de informações de saúde. Com o advento da Internet, a partir da década de 1990, cresceu a integração da telecomunicação às necessidades de saúde (44. Craig J, Patterson V. Introduction to the practice of telemedicine. J Telemed Telecare. 2005;11:3–9.). Atualmente, a telessaúde utiliza os mais diversos mecanismos, inclusive palestras por videoconferência para educação permanente e interconsultas, telefone, mensagens via celular, plataformas de mensagens via Internet, vídeos ou mensagens via satélite (11. Wen CL. Telemedicina e telessaúde: um panorama no Brasil. Informat Pub. 2008;10(2):7–15.1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.).

Diante desse histórico, tornou-se evidente a possibilidade de resultados nas ações de telessaúde para prevenção de doenças, promoção da saúde e tratamento de morbidades, justificando investimentos por parte dos governos. Levando em consideração esses aspectos, fizemos a seguinte pergunta de investigação: existem países com políticas públicas de telessaúde? Assim, este estudo teve como objetivo identificar na literatura artigos que descrevessem ações de telessaúde como parte de políticas públicas nacionais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um estudo de revisão sistemática da produção científica sobre políticas de telessaúde como estratégia de resposta do Estado a problemas ou necessidades de saúde da população. Neste estudo, adotou-se como conceito de política de saúde aquele descrito por Paim, que se refere à “resposta social (ação ou omissão) de uma organização (como o Estado) diante das condições de saúde dos indivíduos e das populações e seus determinantes, bem como em relação à produção, distribuição, gestão e regulação de bens e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente” (7, p. 588). O autor considera em seu conceito tanto as ações quanto as omissões do Estado perante problemas de saúde da população; neste artigo, entretanto, privilegiaram-se os trabalhos sobre ações, ou seja, as respostas do Estado, descritas em documentos publicados.

Foram pesquisadas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (http://brasil.bvs.br), PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed) e Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br). O período de coleta de dados foi de março 2016 a fevereiro de 2017, sendo selecionados 21 artigos publicados entre 2004 e 2017.

Seleção dos artigos

Foram utilizados como descritores: “telessaude politicas”, “implantacao telessaude”, “telehealth policy”, “telehealth America”, “telehealth Asia”, “telehealth Antartida”, “telehealth Europe”, “telehealth Africa”, “telehealth Oceania”. Não foram utilizadas acentuações ortográficas. Essa busca sem filtros identificou 12 097 documentos, em língua inglesa, portuguesa, espanhola e em outros idiomas (alemão, italiano, russo, sueco, chinês). Em seguida, foi realizada uma filtragem para trabalhos em inglês, espanhol e português e, posteriormente, nova filtragem dos artigos com texto completo disponível. Nessa etapa, foram excluídos 9 559 trabalhos (figura 1).

FIGURA 1
Esquema de seleção de artigos sobre ações de telessaúde vinculadas a políticas públicas

Os 2 538 trabalhos restantes foram inicialmente analisados pelo título. Foram excluídos trabalhos em duplicata, editoriais, dissertações, teses, artigos que versavam sobre outros temas ou sobre telessaúde como estratégia restrita e privada, excluindo-se 2 481 artigos. Foram lidos os resumos dos 57 artigos restantes. A partir dos mesmos critérios, foram selecionados 21 artigos para análise, sendo excluídos artigos que tratavam apenas de equipamentos tecnológicos utilizados na telessaúde. Não houve revisão manual das listas de referências.

Como procedimento de análise, os 21 artigos selecionados foram lidos na íntegra e classificados em uma planilha do Microsoft Excel 2010 com as variáveis ano, periódico, autor, objetivo, país, metodologia, local de publicação, continente, cidade/país, título, periódico, ano e principais achados dos artigos (tabela 1).

TABELA 1
Distribuição geográfica dos estudos e ações de telessaúde vinculadas a políticas públicas

Na etapa seguinte, os resultados foram organizados em planilha Excel 2010 de acordo com a sequência dos achados na matriz. Esse processo foi desenvolvido por uma das pesquisadoras (RSC) e confirmado por outra (TRAR). Os artigos selecionados foram lidos na íntegra pelas duas pesquisadoras. Inicialmente, procedeu-se a uma análise descritiva, com vistas à compreensão das publicações sobre o tema. Em seguida, buscou-se identificar como essas políticas vêm sendo formuladas e implementadas, organizadas por continentes, para que fosse possível apresentar um panorama mundial.

RESULTADOS

Foram analisados 21 artigos sobre a telessaúde em 40 países (tabela 1): três países do continente Africano (33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5., 1111. Njoroge M, Zurovac D, Ogara EA, Chuma J, Kirigiaet D. Assessing the feasibility of eHealth and mHealth: a systematic review and analysis of initiatives implemented in Kenya. BMC Res Notes. 2017;10:90.1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.), 13 das Américas (11. Wen CL. Telemedicina e telessaúde: um panorama no Brasil. Informat Pub. 2008;10(2):7–15., 22. Correia AD, Dobashi BF, Gonçalves CC, Monreal VR, Nunes EA, Haddad PO, et al. Teleodontologia no programa nacional telessaúde Brasil redes: relato da experiência em Mato Grosso Do Sul. Rev ABENO. 2014;14(1):17–29., 1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70., 1515. Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52.), 12 da Ásia (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S., 1616. Marcelo A, Mohan J, Ganesh J, Kadam DB, Ratta BS, Kulatunga G, et al. Governance and management of national telehealth programs in Asia. Global Telehealth. 2015;209:95–101.1919. Ohno G. Practical results of telemedicine system between Antarctic Station and Japan. Em: Graschew G, ed. Telemedicine techniques and applications. Rijeka/Shanghai: InTech; 2011. Pp. 439–53.), 11 da Europa (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35., 99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137., 2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.) e um da Oceania (2323. Meurk C, Leung J, Hall W, Head BW, Whiteford H. Establishing and governing e-mental health care in Australia: a systematic review of challenges and a call for policy-focussed research. J Med Internet Res. 2016;18(1):e10.). Não houve concentração expressiva de artigos por local ou região (tabela 1). Na África e nas Américas, os estudos indicam incipiência na utilização da telessaúde, muitos países estando em fase de implantação de serviços (Bolívia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Peru, Venezuela, África e África do Sul). Por outro lado, países como Brasil, Colômbia, Equador, México e Panamá já mantêm projetos de telessaúde. Na Ásia, também há diferentes estágios de implementação de projetos de telessaúde, mas já há evidências de melhoria da atenção à saúde, equidade e acesso à informação. Na Europa, pode-se verificar um estágio mais avançado de implantação dos projetos de telessaúde, inclusive com estudos sobre barreiras de utilização e fatores facilitadores de sucesso e fracasso. Na Austrália, um artigo avaliou a utilização de serviços de telessaúde em comparação aos serviços presenciais de saúde. Também foram encontrados artigos descrevendo a utilização da telessaúde no apoio a expedições japonesas e italianas à Antártica (tabela 1).

Nos artigos levantados neste estudo, a telessaúde foi utilizada especialmente para a educação permanente de profissionais de saúde (1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.), para redução de custos em saúde (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.) e ampliação de acesso em áreas remotas (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), cuidado hospitalar (1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.), atendimento a pacientes acamados e com restrição de locomoção (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43.), cuidados paliativos (2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.), serviços de educação permanente para estudantes, médicos, enfermeiras e parteiras, como pediatria, telerradiologia, telessonografia pré-natal, telepatologia, teleoftalmologia, dentre outros (1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.), teleodontologia (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), melhorias e fortalecimento da atenção primária à saúde (APS) (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), integração de redes de atenção à saúde (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), melhoria da interconsulta (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), colaborações entre universidades e serviços de saúde (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.) e melhoria dos registros nos sistemas de informação em saúde para subsidiar o planejamento de ações e serviços de saúde (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70., 1515. Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52.).

Quanto aos tipos de estudo, grande parte tratava-se de relatos de experiência (11. Wen CL. Telemedicina e telessaúde: um panorama no Brasil. Informat Pub. 2008;10(2):7–15., 22. Correia AD, Dobashi BF, Gonçalves CC, Monreal VR, Nunes EA, Haddad PO, et al. Teleodontologia no programa nacional telessaúde Brasil redes: relato da experiência em Mato Grosso Do Sul. Rev ABENO. 2014;14(1):17–29., 88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35., 1212. Mars M. Telerehabilitation In South Africa – is there a way forward?. Int J Telerehabil. 2011;3(1):11–8., 1515. Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52., 1919. Ohno G. Practical results of telemedicine system between Antarctic Station and Japan. Em: Graschew G, ed. Telemedicine techniques and applications. Rijeka/Shanghai: InTech; 2011. Pp. 439–53., 2121. Lettieri E, Fumagalli L, Radaelli G, Bertele P, Vogt J, Hammerschmidt R, et al. Empowering patients through ehealth: a case report of a pan-European project. BMC Health Serv Res. 2015;15:309., 2424. Pillon S, Todini AR. eHealth in Antarctica: a model ready to be transferred to every-day life. Int J Circumpolar Health. 2004;63(4):436–42.) revisões de literatura (44. Craig J, Patterson V. Introduction to the practice of telemedicine. J Telemed Telecare. 2005;11:3–9., 1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173., 1616. Marcelo A, Mohan J, Ganesh J, Kadam DB, Ratta BS, Kulatunga G, et al. Governance and management of national telehealth programs in Asia. Global Telehealth. 2015;209:95–101.), revisões documentais (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.) e sistemáticas (33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5., 55. Ekeland A, Bowes A, Flottorp S. Effectiveness of telemedicine: A systematic review of reviews. Int J Med Inform. 2010;79(11):736–71., 1111. Njoroge M, Zurovac D, Ogara EA, Chuma J, Kirigiaet D. Assessing the feasibility of eHealth and mHealth: a systematic review and analysis of initiatives implemented in Kenya. BMC Res Notes. 2017;10:90., 1717. Duranni H, Khoja S. A systematic review of the use of telehealth in Asian countries. J Telemed Telecare. 2009;15:175–81., 2323. Meurk C, Leung J, Hall W, Head BW, Whiteford H. Establishing and governing e-mental health care in Australia: a systematic review of challenges and a call for policy-focussed research. J Med Internet Res. 2016;18(1):e10.), estudos de avaliação (99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137., 1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70., 2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42., 2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.), análise de política (1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.) e estudo de caso (1818. Ahmed T, Lucas H, Khan AS, Islam R, Bhuiya A, Iqbal M. eHealth and mHealth initiatives in Bangladesh: A scoping study. BMC Health Serv Res. 2014;14:260.) (tabela 2). Um maior número de publicações foi observado de 2014 a 2017.

TABELA 2
Distribuição dos estudos segundo classificação de tipo de estudo e período de publicação

DISCUSSÃO

Os artigos identificados nesta revisão mostraram que pesquisadores de distintas localidades têm compartilhado com a comunidade científica experiências em telessaúde, revelando entraves e fatores positivos das ações implementadas. Essa colaboração auxilia gestores, formuladores de políticas e profissionais a compreenderem como têm se dado a implementação e a utilização da telessaúde em diferentes localidades e contextos. Entretanto, o fato de alguns autores não detalharem mais especificamente as diferentes estratégias usadas para implementação das ações consiste numa lacuna.

A ocorrência de um número maior de publicações nos anos de 2014 a 2017 evidenciou interesse crescente dos pesquisadores pelo assunto. Tal fato pode estar associado a fatores como larga utilização da Internet no século XXI (44. Craig J, Patterson V. Introduction to the practice of telemedicine. J Telemed Telecare. 2005;11:3–9.), maior utilização e aproximação entre setores da comunicação, informação e saúde em vários países (22. Correia AD, Dobashi BF, Gonçalves CC, Monreal VR, Nunes EA, Haddad PO, et al. Teleodontologia no programa nacional telessaúde Brasil redes: relato da experiência em Mato Grosso Do Sul. Rev ABENO. 2014;14(1):17–29., 1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.), necessidade de diminuir gastos com tratamentos em saúde (99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137.), aumento da expectativa de vida da população e necessidade de expansão dos serviços para áreas periféricas (44. Craig J, Patterson V. Introduction to the practice of telemedicine. J Telemed Telecare. 2005;11:3–9., 66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1111. Njoroge M, Zurovac D, Ogara EA, Chuma J, Kirigiaet D. Assessing the feasibility of eHealth and mHealth: a systematic review and analysis of initiatives implemented in Kenya. BMC Res Notes. 2017;10:90.).

Os artigos apontaram que a telessaúde pode ser uma estratégia para melhorar a atenção em saúde na África (1111. Njoroge M, Zurovac D, Ogara EA, Chuma J, Kirigiaet D. Assessing the feasibility of eHealth and mHealth: a systematic review and analysis of initiatives implemented in Kenya. BMC Res Notes. 2017;10:90.1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.). O propósito inicial da telessaúde nesse continente era atuar na APS e no combate a Aids, ainda um grande problema de saúde pública na região (1717. Duranni H, Khoja S. A systematic review of the use of telehealth in Asian countries. J Telemed Telecare. 2009;15:175–81.). Dos projetos implementados, poucos estavam localizados em áreas marginalizadas, menos urbanizadas e com necessidades maiores de cuidado em saúde (1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.), onde os médicos eram escassos, a infraestrutura de saúde inadequada e as estratégias de tecnologia da informação e comunicação incipientes (33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5.); de modo que deveria haver maior ênfase na implantação dessas estratégias nessas localidades.

Na África do Sul, as estratégias de telessaúde estavam concentradas no cuidado hospitalar (1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.). A primeira fase do projeto foi lançada em 1998 em 28 hospitais públicos, com serviços de telerradiologia, telessonografia pré-natal, telepatologia e teleoftalmologia, entre outros. O projeto fracassou por questões relacionadas a orçamento limitado, falta de gerenciamento e Internet limitada (1212. Mars M. Telerehabilitation In South Africa – is there a way forward?. Int J Telerehabil. 2011;3(1):11–8., 1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.). Apesar disso, alguns médicos, em parceria com universidades, lançaram projetos em províncias, com utilização de teleortopedia, telepsiquiatria e telerradiologia (1212. Mars M. Telerehabilitation In South Africa – is there a way forward?. Int J Telerehabil. 2011;3(1):11–8., 1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.).

O fator cultural e educacional da população é importante na utilização da telessaúde. Enquanto em países da África o misticismo e a religião interferem na aceitação de novas tecnologias e no cuidado em saúde (33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5.), em países como Austrália (2323. Meurk C, Leung J, Hall W, Head BW, Whiteford H. Establishing and governing e-mental health care in Australia: a systematic review of challenges and a call for policy-focussed research. J Med Internet Res. 2016;18(1):e10.), Escócia (2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.), Reino Unido (99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137.) e outras regiões europeias (2121. Lettieri E, Fumagalli L, Radaelli G, Bertele P, Vogt J, Hammerschmidt R, et al. Empowering patients through ehealth: a case report of a pan-European project. BMC Health Serv Res. 2015;15:309.), por questões culturais, os usuários e profissionais de saúde aceitam com maior facilidade a utilização da telessaúde. Nesse contexto, é importante o diálogo com os pacientes acerca dessa tecnologia a fim de mostrar os benefícios que ela pode trazer ao tratamento (33. Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5., 66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 1212. Mars M. Telerehabilitation In South Africa – is there a way forward?. Int J Telerehabil. 2011;3(1):11–8., 1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173., 2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61., 2424. Pillon S, Todini AR. eHealth in Antarctica: a model ready to be transferred to every-day life. Int J Circumpolar Health. 2004;63(4):436–42.).

Enquanto o uso da telessaúde como alternativa assistencial é restrito na África, a utilização da tele-educação é significativa, com iniciativas para educação permanente de trabalhadores de saúde e formação de estudantes (1313. Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.). Além disso, seria interessante promover a integração dos setores saúde e educação, com vistas ao desenvolvimento de ações de educação em saúde voltada para a população.

Na América Latina, há diversas iniciativas (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.) com objetivos distintos. No México, o principal intuito do projeto nacional de telessaúde, criado em 1995, foi contribuir para a universalidade no cuidado à saúde. Na Costa Rica, Peru e Venezuela, os projetos visavam a reduzir distâncias, favorecendo o acesso à saúde em áreas mais remotas (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.), assim como ocorreu também na Coreia (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43.). No Equador e no Brasil, a ênfase estava na melhoria e fortalecimento da APS, assim como no continente africano (1717. Duranni H, Khoja S. A systematic review of the use of telehealth in Asian countries. J Telemed Telecare. 2009;15:175–81.). Outra iniciativa nacional no Brasil consiste numa teleconsultoria gratuita para médicos de todo país para discussão de casos clínicos, com ações de telediagnóstico e tele-educação (2525. Gonçalves MR, Umpierre RN, D’Avila OP, Katz N, Mengue SS, Siqueira ACS, et al. Expanding primary care access: a telehealth success story. Ann Fam Med 2017;15:383.). Destacam-se também as ações desenvolvidas no estado do Rio Grande do Sul, que vem servindo de referência para outras ações nacionais, como a realização de consultas clínicas com vistas a melhorar a qualidade do atendimento e agilizar o fluxo de usuários entre os níveis de atenção (2525. Gonçalves MR, Umpierre RN, D’Avila OP, Katz N, Mengue SS, Siqueira ACS, et al. Expanding primary care access: a telehealth success story. Ann Fam Med 2017;15:383., 2626. Harzheim E, Gonçalves MR, Umpierre RN, Siqueira ACS, Katz N, Agostinho MR, et al. Telehealth in Rio Grande do Sul, Brazil: bridging the gaps. Telemed J E Health. 2016;22(11):938–44. Epub 2016 Apr 20.). Outro projeto pioneiro em telessaúde ocorreu em Belo Horizonte, a partir de 2004, com a realização de teleconsultas (2727. Melo MCB, Nunes MV, Resende RF, Figueiredo RR, Ruas SSM, Santos AF, et al. Telemed J E Health. 2017. doi: 10.1089/tmj.2017.0165. [Epub ahead of print].
https://doi.org/10.1089/tmj.2017.0165...
). A teleodontologia também vem avançando como ferramenta de apoio técnico assistencial, contribuindo para redução do número de encaminhamentos, ampliando o acesso dos profissionais à educação permanente, evitando deslocamentos de pacientes no sistema público de saúde (22. Correia AD, Dobashi BF, Gonçalves CC, Monreal VR, Nunes EA, Haddad PO, et al. Teleodontologia no programa nacional telessaúde Brasil redes: relato da experiência em Mato Grosso Do Sul. Rev ABENO. 2014;14(1):17–29., 1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.).

Na Colômbia, o objetivo era melhorar as condições de saúde nos casos de vulnerabilidade; em El Salvador, integrar as redes de saúde; e na Guatemala, melhorar a interconsulta e desenvolver uma aplicação da telessaúde para o processo de interconsulta articulado com o registro básico de informações do paciente (1414. Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.).

Ainda na Colômbia, vale citar a experiência com o Sistema Nacional de Informação do Câncer (SICAN), tendo em vista que seus autores compreendem a telessaúde como utilização das TIC nos serviços de saúde e com função relacionada a vigilância em saúde (1515. Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52.). O programa foi implementado em 2012 com a finalidade de organizar os dados dos pacientes para identificar informações necessárias para o planejamento dos serviços de saúde, para a investigação das causas e compreensão dos determinantes do câncer (1515. Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52.).

No continente asiático, foram identificados sete países com programas nacionais de telessaúde: Bangladesh, Índia, Indonésia, Malásia, Maldivas, Filipinas e Sri Lanka, com variações no estágio de desenvolvimento das políticas em cada país. A telessaúde vem sendo praticada, desde a década de 1990, pela Coreia, Japão, Estados Unidos e União Europeia (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43.). Na Coreia, a Lei Médica, de 2002, ampliou a área de atuação da telemedicina para tratamento de pacientes crônicos, idosos e portadores de deficiência e cidadãos que vivem em ilhas e áreas remotas.

No Japão, as bases iniciais foram lançadas, em 1997, pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos. As estratégias de telemedicina eram divididas em duas categorias: médico-médico e médico-paciente. Concentravam-se em pacientes que estavam em casa, faziam uso de oxigênio, doenças crônicas ou incuráveis, hipertensão, diabetes, dermatite atópica ou escaras.

Foi verificada a utilização da telemedicina também em expedições japonesas e italianas na Antártida (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.). No contexto da ausência de profissionais de saúde na Antártida, os médicos lá localizados mantinham contato com médicos no Japão, que orientavam tratamento de fraturas, dermatites, doenças respiratórias por vídeos e mensagens via satélite (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43., 77. Paim J. Políticas de saúde no Brasil. Em: Rouquairol MZ, Almeida-Filho N, eds. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi; 2003. Pp. 587–603.). Assim, a telessaúde contribuiu para superar as restrições espaciais e temporais. O empoderamento dos pacientes para autogestão e tomada de decisão compartilhada também foi importante na utilização da telessaúde em nove regiões europeias (2121. Lettieri E, Fumagalli L, Radaelli G, Bertele P, Vogt J, Hammerschmidt R, et al. Empowering patients through ehealth: a case report of a pan-European project. BMC Health Serv Res. 2015;15:309.).

Um estudo apontou que, na Malásia, o Ministério da Saúde incorporou a telessaúde como política nacional desde 1990, com o objetivo de reduzir os altos custos envolvendo saúde e melhorar a custo-efetividade da utilização da comunicação e informação na saúde. Dessa forma, o uso da telessaúde teve como resultado o aumento da qualidade da educação em saúde e do tratamento a distância naquele país (1010. Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.). Da mesma forma, na União Europeia, com o aumento das doenças crônicas, despesas médicas e envelhecimento da população, a telessaúde tem sido utilizada com a intenção de diminuir os custos e lidar com número limitado de médicos (66. Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43.). O estudo de Lennon et al. (2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.) apontou uma boa regulamentação acerca da confidencialidade de informações de pacientes no Reino Unido, onde as estratégias de telessaúde têm sido utilizadas no cuidado de idosos e tratamento de doenças crônicas (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35., 99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137.).

Alguns autores (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35., 99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137., 2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.) dialogam no sentido de elencar fatores que promovem ou impedem a utilização da telessaúde na Europa, que poderiam ser estendidos para outros países. O estudo de Lennon et al. (2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.) identificou três níveis principais de questões que influenciam a saúde digital: macro (mercado, infraestrutura, política), meso (organizacional) e micro (profissional ou público). Os principais fatores que impediram a implementação foram: falta de tecnologia, incerteza acerca da governança da informação e falta de incentivos para priorizar a interoperabilidade (2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.). Fatores facilitadores para a implementação da telessaúde foram citados por Lennon et al. (2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.) e Villalba et al. (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35.): o corpo clínico, os defensores da saúde digital e a disposição pública e profissional (2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.), reorganização dos serviços, foco no paciente, mecanismos de governança, sistemas de informação interoperáveis, compromisso político, profissionais engajados e investimentos nacionais (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35.).

Um estudo com usuários e não usuários de telessaúde em Cambridgeshire, Reino Unido, especificou as principais barreiras para a utilização da telessaúde: falta de informações sobre o serviço e equipamentos disponíveis, falta de experiência e confiança para usar o sistema, estigma do uso (99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137.). Como facilitadores, foram relacionadas a utilização e a confiabilidade da telessaúde (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35., 99. Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137., 2020. Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.).

Na Escócia, o uso da telessaúde teve como objetivo os cuidados paliativos. As iniciativas foram bem aceitas por pacientes e cuidadores. Destaca-se que essas práticas são complementares à prática clínica, não alternativas a esta (2222. Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.).

Na Austrália, esses serviços são mais utilizados por mulheres e por aqueles de boa condição socioeconômica e maior nível educacional. Entre os usuários, existia uma preferência por tratamentos presenciais em relação à telessaúde. Segundo o estudo, poucas pesquisas se concentraram no desenvolvimento de políticas e planejamento de implementação (2323. Meurk C, Leung J, Hall W, Head BW, Whiteford H. Establishing and governing e-mental health care in Australia: a systematic review of challenges and a call for policy-focussed research. J Med Internet Res. 2016;18(1):e10.).

O presente estudo apresenta limitações que devem ser mencionadas. Apenas estudos publicados em português, inglês ou espanhol foram incluídos, o que possivelmente resultou na exclusão de relatos sobre o assunto. Além disso, não foram pesquisados documentos oficiais de políticas públicas de telessaúde, sendo que a publicação de artigos sobre tais políticas depende de interesses acadêmicos que por vezes não acompanham as políticas governamentais. Assim, os resultados não apresentam um retrato fidedigno da políticas nacionais de telessaúde. Entretanto, foi possível identificar iniciativas em diferentes continentes e mostrar um panorama global, ainda que superficial, das políticas de telessaúde.

Em conclusão, os artigos analisados permitiram identificar a existência de políticas nacionais de telessaúde na Europa, Américas, Ásia e África, em países como México, Costa Rica, Equador, Peru, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Venezuela, Brasil, Bangladesh, Índia, Indonésia, Malásia, Maldivas, Filipinas, Sri Lanka, Reino Unido, Dinamarca, Estônia, França, Alemanha, Estados Unidos, Japão, África do Sul e Quênia. Os estágios de desenvolvimento dessas políticas variam de acordo com fatores políticos, econômicos, estruturais e culturais. Os estudos apontaram que essas políticas surgiram em resposta aos problemas de saúde da população, mas também como uma alternativa ao alto custo dos tratamentos, aumento das doenças crônicas, longevidade da população, falta de profissionais nas áreas remotas e periféricas. Foi possível observar que a telessaúde vem crescendo como resposta do Estado à construção de resposta aos problemas sociais.

Em relação aos projetos nacionais, o planejamento e a operacionalização desses projetos são importantes para que haja legislação específica e recursos financeiros e humanos destinados à implementação da telessaúde nos países. A integração dos serviços de saúde com o aparato tecnológico mostrou-se um agente facilitador no processo de utilização da telessaúde (88. Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35.).

É consenso nos estudos que as áreas remotas, rurais e distantes dos centros urbanos são as que mais necessitam de investimentos. Por esse motivo, é necessária uma maior atenção da gestão em saúde para essas áreas a fim de implementar projetos de telessaúde, contribuindo para um maior acesso a serviços de saúde nessas áreas.

Tendo em vista os estudos analisados, compreende-se que a telessaúde, enquanto estratégia, tem um significativo potencial para a ampliar e qualificar o acesso à atenção à saúde, à educação permanente e na promoção da qualidade de vida da população nas diferentes localidades. A implementação de políticas nacionais e legislações específicas foram importantes para o progresso das iniciativas de telessaúde nos diferentes países.

  • Como citar Celes RS, Rossi TRA, Barros SG, Santos CML, Cardoso C. A telessaúde como estratégia de resposta do Estado: revisão sistemática. Rev Panam Salud Publica. 2018;42:e84. https://doi.org/10.26633/RPSP.2018.84
  • Declaração. As opiniões expressas no manuscrito são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem necessariamente a opinião ou políticas da RPSP/PAJPH ou da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Agradecimentos.

RSC foi aluna do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde na Universidade do Estado da Bahia, com bolsa de estudo concedida pelo Ministério da Saúde durante o período da pesquisa.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Wen CL. Telemedicina e telessaúde: um panorama no Brasil. Informat Pub. 2008;10(2):7–15.
  • 2
    Correia AD, Dobashi BF, Gonçalves CC, Monreal VR, Nunes EA, Haddad PO, et al. Teleodontologia no programa nacional telessaúde Brasil redes: relato da experiência em Mato Grosso Do Sul. Rev ABENO. 2014;14(1):17–29.
  • 3
    Okoroafor IJ, Chukwuneke FN, Ifebunandu N, Onyeka TC, Ekwueme CO, Agwuna KK. Telemedicine and biomedical care in Africa: prospects and challenges. Niger J Clin Pract. 2017;20(1):1–5.
  • 4
    Craig J, Patterson V. Introduction to the practice of telemedicine. J Telemed Telecare. 2005;11:3–9.
  • 5
    Ekeland A, Bowes A, Flottorp S. Effectiveness of telemedicine: A systematic review of reviews. Int J Med Inform. 2010;79(11):736–71.
  • 6
    Oh JY, Park YT, Jo EC, Kim SM. Current status and progress of telemedicine in Korea and other countries. Health Inform Res. 2015;21(4):239–43.
  • 7
    Paim J. Políticas de saúde no Brasil. Em: Rouquairol MZ, Almeida-Filho N, eds. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi; 2003. Pp. 587–603.
  • 8
    Villalba E, Casas I, Abadie F, Lluch M. Integrated personal health and care services deployment: experiences in eight European countries. Int J Med Inform. 2013;82(7):626–35.
  • 9
    Cook E, Randhaw, G, Sharp C, Ali N, Guppy A, Barton G, et al. Exploring the factors that influence the decision to adopt and engage with an integrated assistive telehealth and telecare service in Cambridgeshire, UK: a nested qualitative study of patient ‘users’ and ‘non-users’. BMC Health Serv Res. 2016;16:137.
  • 10
    Marzuki N, Ismail S, Al-Sadat N, Ehsan FZ, Chan CK, Ng CW. Integrating information and communication technology for health information system strengthening: a policy analysis. Asia Pac J Public Health. 2015;27(8 Suppl):86S-93S.
  • 11
    Njoroge M, Zurovac D, Ogara EA, Chuma J, Kirigiaet D. Assessing the feasibility of eHealth and mHealth: a systematic review and analysis of initiatives implemented in Kenya. BMC Res Notes. 2017;10:90.
  • 12
    Mars M. Telerehabilitation In South Africa – is there a way forward?. Int J Telerehabil. 2011;3(1):11–8.
  • 13
    Mars M. Tele-education in South Africa. Front Public Health. 2014;2:173.
  • 14
    Santos A, D´Agostino M, Brouskela M, Fernandéz A, Messina LA, Alves HJ. Uma visão panorâmica das ações de telessaúde na América Latina. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):465–70.
  • 15
    Rivillas JC, Quintero JA, Caicedo J, Martínez M. Progresos en salud en Colombia: adopción del Sistema de Información Nacional en Cáncer. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(5/6):446–52.
  • 16
    Marcelo A, Mohan J, Ganesh J, Kadam DB, Ratta BS, Kulatunga G, et al. Governance and management of national telehealth programs in Asia. Global Telehealth. 2015;209:95–101.
  • 17
    Duranni H, Khoja S. A systematic review of the use of telehealth in Asian countries. J Telemed Telecare. 2009;15:175–81.
  • 18
    Ahmed T, Lucas H, Khan AS, Islam R, Bhuiya A, Iqbal M. eHealth and mHealth initiatives in Bangladesh: A scoping study. BMC Health Serv Res. 2014;14:260.
  • 19
    Ohno G. Practical results of telemedicine system between Antarctic Station and Japan. Em: Graschew G, ed. Telemedicine techniques and applications. Rijeka/Shanghai: InTech; 2011. Pp. 439–53.
  • 20
    Lennon MR, Bouamrane MM, Devlin AM, O’Connor S, O’Donnell C, Chetty U, et al. Readiness for delivering digital health at scale: lessons from a longitudinal qualitative evaluation of a national digital health innovation program in the United Kingdom. J Med Internet Res. 2017;19(2):e42.
  • 21
    Lettieri E, Fumagalli L, Radaelli G, Bertele P, Vogt J, Hammerschmidt R, et al. Empowering patients through ehealth: a case report of a pan-European project. BMC Health Serv Res. 2015;15:309.
  • 22
    Johnston B, Kidd L, Wengstrom Y, Kearney N. An evaluation of the use of Telehealth within palliative care settings across Scotland. J Palliat Med. 2012;26(2):152–61.
  • 23
    Meurk C, Leung J, Hall W, Head BW, Whiteford H. Establishing and governing e-mental health care in Australia: a systematic review of challenges and a call for policy-focussed research. J Med Internet Res. 2016;18(1):e10.
  • 24
    Pillon S, Todini AR. eHealth in Antarctica: a model ready to be transferred to every-day life. Int J Circumpolar Health. 2004;63(4):436–42.
  • 25
    Gonçalves MR, Umpierre RN, D’Avila OP, Katz N, Mengue SS, Siqueira ACS, et al. Expanding primary care access: a telehealth success story. Ann Fam Med 2017;15:383.
  • 26
    Harzheim E, Gonçalves MR, Umpierre RN, Siqueira ACS, Katz N, Agostinho MR, et al. Telehealth in Rio Grande do Sul, Brazil: bridging the gaps. Telemed J E Health. 2016;22(11):938–44. Epub 2016 Apr 20.
  • 27
    Melo MCB, Nunes MV, Resende RF, Figueiredo RR, Ruas SSM, Santos AF, et al. Telemed J E Health. 2017. doi: 10.1089/tmj.2017.0165. [Epub ahead of print].
    » https://doi.org/10.1089/tmj.2017.0165

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Ago 2018

Histórico

  • Recebido
    10 Nov 2017
  • Aceito
    07 Abr 2018
Organización Panamericana de la Salud Washington - Washington - United States
E-mail: contacto_rpsp@paho.org