A revista Ciência & Saúde Coletiva tornou-se realidade. Com certeza, se constituirá, gradativamente, em referência privilegiada para discutir o Estado da Arte do conjunto de temas de interesse ao avanço do conhecimento no campo da saúde em nosso País. Como anunciamos no primeiro número, lançado no final de 1996, inicialmente a revista será semestral. A de número 1 teve excelente aceitação na Comunidade Científica das Ciências da Saúde, e o retorno recebido pela ABRASCO nos indica que estamos no caminho e no momento certo com essa iniciativa.

O presente volume apresenta os resultados de um grande esforço da ABRASCO para produzir uma avaliação da Pós-Graduação, começando pelos cursos de Mestrado e Doutorado. O objetivo é adequá-los, de um lado, às mudanças aceleradas do campo da ciência e tecnologia. E de outro, às exigências de qualidade concernentes ao setor saúde e aos padrões estabelecidos pelos órgãos de fomento e avaliação das atividades acadêmicas do País. A opção, como o leitor poderá constatar, foi feita, num primeiro momento, pelos cursos de pós-graduação stricto sensu. A escolha teve dois motivos relevantes. O primeiro, estabelecer parâmetros para o grande número de cursos novos que estão surgindo. O segundo, a urgente necessidade de dar aos representantes da nossa área, nos órgãos de fomento e avaliação, referenciais de atuação consensualizados entre nós. Há um pressuposto fundamentando nosso trabalho: o conhecimento em saúde coletiva se pauta na normatividade universal da ciência, mas tem uma especificidade de seu próprio campo. Ou seja, existe uma peculiaridade que os cursos da área da saúde devem contemplar, como o fato da saúde coletiva não se constituir em objeto de formação profissional, de ser uma área interdisciplinar, de estar intimamente articulada à política social em sentido amplo e restrito, assim como à prática dos serviços.

Apesar de não termos realizado um processo investigativo sobre os cursos lato sensu, este número da revista traz um artigo que, de forma ainda descritiva e exploratória, apresenta questões fundamentais para sua discussão e articulação no sistema de ensino pós-graduado. Da mesma forma, noutro artigo, inicia-se uma problematização sobre o ensino e as relações da pós-graduação com os diversos cursos de graduação em ciências da saúde.

Alguém poderia questionar a oportunidade de divulgar, para o conjunto de profissionais da nossa área, uma revista temática de Avaliação da Pós-Graduação, contendo assunto aparentemente restrito às coordenações de cursos e aos investigadores do tema C&T. Entendemos que, pelo contrário, todos nós que atuamos no campo, seja enquanto professores e investigadores, seja enquanto profissionais de serviço, podemos e devemos opinar sobre questões tão fundamentais como a formação dos quadros altamente qualificados de nosso setor. Esperamos portanto, com esta publicação, provocar um debate necessário e fundamental.

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