Baixo consumo de frutas, verduras e legumes: fatores associados em idosos em capital no Centro-Oeste do Brasil

Low consumption of fruit, vegetables and greens: associated factors among the elderly in a Midwest Brazilian city

Erika Aparecida Silveira Bruna Bittar Martins Laísa Ribeiro Silva de Abreu Camila Kellen de Souza Cardoso Sobre os autores

Resumo

O objetivo foi avaliar a prevalência do consumo diário de frutas, verduras e legumes (FVL) em idosos e sua associação com fatores sociodemográficos, estilo de vida, presença de morbidades e hospitalização. Esta pesquisa faz parte do Projeto Idosos Goiânia, estudo transversal com amostragem em múltiplos estágios. Foram entrevistados 416 idosos em seus domicílios. Realizou-se análise multivariada por Regressão de Poisson para investigar os fatores associados ao consumo de FVL ao nível de significância de 5%. A prevalência de consumo diário de FVL foi de 16,6%, sendo de frutas 44%, verduras 39,7% e legumes 32,5%. O consumo diário de FVL foi associado a: sexo feminino, idade entre 70 e 79 anos, maior escolaridade, classe social A/B e C, consumo de bebida alcoólica, uso de adoçantes, prática regular de atividade física no lazer, obesidade abdominal e hospitalização. É importante desenvolver estratégias de promoção da alimentação saudável com ênfase na ingestão adequada de FVL na população idosa, tendo em vista seu potencial na prevenção e controle de doenças.

Idoso; Consumo de alimentos; Doença crônica; Atividade física; Obesidade abdominal

Abstract

The scope of the study was to evaluate the prevalence of daily consumption of fruit, vegetables and greens by the elderly and its association with sociodemographic, lifestyle, morbidity and hospitalization variables. The study was part of the multiple-stage sampling cross-sectional research entitled the Goiânia Elderly Project (Projeto Idosos Goiânia). 416 elderly people were interviewed in their homes. Multivariate analysis was conducted using Poisson regression to analyze statistical associations. P values of <.05 were considered statistically significant. Daily consumption of fruit, vegetables and greens was 16.6%: fruit accounted for 44%, vegetables 39.7% and greens 32.5%. Factors statistically associated with daily consumption of fruits and vegetables were female sex, age between 70 and 79, higher education level, social class A/B and C, alcohol consumption, use of sweeteners, regular physical activity during leisure time, abdominal obesity and hospitalization. Public policies to promote health should develop strategies that encourage adequate intake of fruit, vegetables and greens among the elderly, since regular consumption of same can improve quality of life and prevent/control diseases.

Elderly; Food intake; Chronic disease; Physical activity; Abdominal obesity

Introdução

Observa-se um aumento da longevidade mundial nas últimas décadas. A população de pessoas com 65 anos ou mais no mundo dobrou de 7% para 14% no Reino Unido, nos Estados Unidos e na França11. Prince MJ, Wu F, Guo Y, Robledo LMG, O’Donnell M, Sullivan R, Yusuf S. The burden of disease in older people and implications for health policy and practice. Lancet 2015; 385(9967):549-562.. As estimativas apontam que nas próximas quatro décadas a população idosa atinja 22% da população mundial22. Bloom DE, Chatterji S, Kowal P, Lloyd-Sherlock P, McKee M, Rechel B, Rosenberg L, Smith JP. Macroeconomic implications of population ageing and selected policy responses. Lancet 2015; 385(9968):649-657.. No Brasil, o percentual de idosos passou de 9,1% em 1999 para 11,3% em 200933. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.. Desse modo, o envelhecimento populacional torna-se um desafio no campo da Saúde Pública, constituindo um cenário inédito no qual o número de pessoas desta faixa etária ultrapassará o de menores de cinco anos44. Suzman R, Beard JR, Boerma T, Chatterji S. Health in an ageing world - what do we know? Lancet 2015; 385(9967):484-486.. Assim manter a saúde nessa faixa etária é um aspecto importante para a qualidade de vida dos idosos, para os gestores dos serviços de saúde e para a sociedade.

A alimentação saudável tem um importante papel na manutenção da saúde, com destaque para o consumo de frutas, verduras e legumes (FVL) que trazem benefícios e seu consumo inadequado apresenta-se como um dos dez principais fatores de risco para a carga global de doenças11. Prince MJ, Wu F, Guo Y, Robledo LMG, O’Donnell M, Sullivan R, Yusuf S. The burden of disease in older people and implications for health policy and practice. Lancet 2015; 385(9967):549-562.,55. Nicklett EJ, Kadell AR. Fruit and vegetable intake among older adults: a scoping review. Maturitas 2013; 75(4):305-312.. A presença de FVL na dieta favorece o suprimento de micronutrientes, fibras e outros componentes com propriedades funcionais, protege o DNA contra danos e, juntamente com a atividade física regular, contribui para a regulação da gordura corporal nos idosos, sendo esses fatores determinantes do desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs)66. Rolls BJ, Ello-Martin JA, Tohill BC. What can intervention studies tell us about the relationship between fruit and vegetables consumption and weight management? Nutr Rev 2004; 62(1):1-17.

7. Vilaça KHC, Ferriolli E, Lima NKC, De Paula FJA, Marchini JS, Moriguti JC. Força muscular e densidade mineral óssea em idosos eutróficos e desnutridos. Rev Nutr 2011; 24(6):845-852.

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9. Santos RD, Gagliardi ACM, Xavier HT, Magnoni CD, Cassani R, Lottenberg AMP, Casella Filho A, Araújo DB, Cesena FY, Alves RJ, Fenelon G, Nishioka SAD, Faludi AA, Geloneze B, Scherr C, Kovacs C, Tomazzela C, Carla C, Barrera-Arellano D, Cintra D, Quintão E, Nakandakare ER, Fonseca FAH, Pimentel I, Santos JE, Bertolami MC, Rogero M, Izar MC, Nakasato M, Damasceno NRT, Maranhão R, Cassani RSL, Perim R, Ramos S. I Diretriz sobre consumo de gorduras e doenças cardiovasculares. Arq Bras Cardiol 2013; 100(1 Supl 3):1-40.
-1010. Sardinha AN, Canella DS, Martins APB, Claro RM, Levy RB. Dietary sources of fiber intake in Brazil. Appetite 2014; 79:134-138.. Investigações prospectivas em países europeus verificaram que o alto consumo de FVL reduz em 11% o risco de morte quando comparado com o baixo1111. Leenders M, Sluijs I, Ros MM, Boshuizen HC, Siersema PD, Ferrari P, Weikert C, Tjønneland A, Olsen A, Boutron-Ruault MC, Clavel-Chapelon F, Nailler L, Teucher B, Li K, Boeing H, Bergmann MM, Trichopoulou A, Lagiou P, Trichopoulos D, Palli D, Pala V, Panico S, Tumino R, Sacerdote C, Peeters PH, van Gils CH, Lund E, Engeset D, Redondo ML, Agudo A, Sánchez MJ, Navarro C, Ardanaz E, Sonestedt E, Ericson U, Nilsson LM, Khaw KT, Wareham NJ, Key TJ, Crowe FL, Romieu I, Gunter MJ, Gallo V, Overvad K, Riboli E, Bueno-de-Mesquita HB. Fruit and vegetable consumption and mortality: European prospective investigation into cancer e nutrition. Am J Epidemiol 2013; 178(4):590-602..

Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram associação do consumo adequado de FVL ou de dieta rica em fibras, incluindo FVL, com menor incidência de doenças cardíacas em idosos1212. Hartley L, Igbinedion E, Holmes J, Flowers N, Thorogood M, Clarke A, Stranges S, Hooper L, Rees K. Increased consumption of fruit and vegetables for the primary prevention of cardiovascular diseases. Cochrane Database Syst Rev 2013; 6:1-39.,1313. Wang X, Ouyang Y, Liu J, Zhu M, Zhao G, Bao W, Hu FB. Fruit and vegetable consumption and mortality from all causes, cardiovascular disease and cancer: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. BMJ 2014; 349:1-14., bem como câncer1414. Boffeta P, Couto E, Wichmann J, Ferrari P, Trichopoulos D, Bueno-de-Mesquita A HB, van Duijnhoven FJ, Büchner FL, Key T, Boeing H, Nöthlings U, Linseisen J, Gonzalez CA, Overvad K, Nielsen MR, Tjønneland A, Olsen A, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Morois S, Lagiou P, Naska A, Benetou V, Kaaks R, Rohrmann S, Panico S, Sieri S, Vineis P, Palli D, van Gils CH, Peeters PH, Lund E, Brustad M, Engeset D, Huerta JM, Rodríguez L, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Barricarte A, Hallmans G, Johansson I, Manjer J, Sonestedt E, Allen NE, Bingham S, Khaw KT, Slimani N, Jenab M, Mouw T, Norat T, Riboli E, Trichopoulou A. Fruit and vegetable intake and overall cancer risk in the European prospective investigations into cancer e nutrition (EPIC). J Natl Cancer Inst 2010; 102(8):529-537., diabetes tipo 21515. Cooper AJ, Forouhi NG, Ye Z, Buijsse B, Arriola L, Balkau, Barricarte A, Beulens JW, Boeing H, Büchner FL, Dahm CC, de Lauzon-Guillain B, Fagherazzi G, Franks PW, Gonzalez C, Grioni S, Kaaks R, Key TJ, Masala G, Navarro C, Nilsson P, Overvad K, Panico S, Ramón Quirós J, Rolandsson O, Roswall N, Sacerdote C, Sánchez MJ, Slimani N, Sluijs I, Spijkerman AM, Teucher B, Tjonneland A, Tumino R, Sharp SJ, Langenberg C, Feskens EJ, Riboli E, Wareham NJ; InterAct Consortium. Fruit and vegetable intake and type 2 diabetes: EPIC-InterAct prospective study and meta-analysis. Eur J Clin Nutr 2012; 66(10):1082-1092., doenças periodontais1616. Nishida M, Grossi SG, Dunford RG, Ho AW, Trevisan M, Genco RJ. Dietary vitamin C and the risk for periodontal disease. J Periodontol 2000; 71(8):1215-1223.

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Conforme evidências, o consumo adequado de frutas, verduras e legumes durante a vida adulta é associado a menor probabilidade de doenças crônicas55. Nicklett EJ, Kadell AR. Fruit and vegetable intake among older adults: a scoping review. Maturitas 2013; 75(4):305-312.. Contudo, é importante investigar a associação entre a presença de doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial e obesidade e o consumo diário de FVL em idosos. Essa é uma das abordagens a que este estudo se propõe, tendo em vista sua relevância para o controle das doenças crônicas em idosos e, ainda, considerando que as poucas pesquisas com estes, que avaliaram o consumo de FVL, verificaram a associação apenas com aspectos sociodemográficos2121. Jaime PC, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad Saude Publica 2005; 21(Supl.):S19-S24.

22. Viebig RF, Pastor-Valero M, Scazufca M, Menezes PR. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2009; 43(5):806-813.
-2323. Riediger ND, Moghadasian MH. Patterns of fruit and vegetable consumption and the influence of sex, age and sociodemographic factors among the Canadian elderly. J Am Coll Nutr 2007; 27(2):306-313..

Os determinantes de consumo de FVL em idosos são bastante complexos e envolvem muito além das questões socioeconômicas e demográficas55. Nicklett EJ, Kadell AR. Fruit and vegetable intake among older adults: a scoping review. Maturitas 2013; 75(4):305-312.. Sendo assim, é importante aprofundar o conhecimento sobre esses aspectos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência do consumo diário de frutas, legumes e verduras e sua associação com fatores sociodemograficos, estilo de vida, presença de morbidades e hospitalização em idosos não institucionalizados.

Métodos

O presente estudo faz parte de um estudo maior intitulado “Situação de saúde e indicadores antropométricos para avaliação do estado nutricional de idosos usuários do Sistema Único de Saúde de Goiânia-GO”, mais conhecido como “Projeto Idosos Goiânia”. Os dados apresentados no presente estudo compõem uma amostra de idosos ≥ 60 anos de idade, usuários das unidades básicas de saúde/SUS e residentes em Goiânia-GO. Empregou-se os seguintes critérios de exclusão: idosos incapazes de deambular, com deficiência mental ou dificuldade cognitiva e/ou auditiva para responder as questões no momento da entrevista.

A amostragem foi realizada em múltiplos estágios, primeiramente por sorteio aleatório a partir do arquivo ativo das unidades saúde dentre aqueles que procuraram atendimento nos doze meses anteriores a pesquisa. O município era dividido em nove distritos sanitários (DS) e o endereço dos idosos foi localizado na base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Maiores detalhes sobre todas as etapas dos procedimentos de amostra e amostragem podem ser consultados em outras publicações do Projeto Idosos2424. Pagotto V, Silveira EA, Velasco WD. Perfil das hospitalizações e fatores associados em idosos usuários do SUS. Cien Saude Colet2013; 18(10):3061-3070.

25. Silveira EA, Pagotto V, Nakatani AYK. Fatores associados à autovaliação de saúde ruim em idosos usuários do Sitema Único de Saúde.Cad Saude Publica 2011; 27(8):1593-1602.
-2626. Silveira EA, Dalastra L, Pagotto V. Polifarmácia, doenças crônicas e marcadores nutricionais em idosos. Rev Bras Epidemiol 2014; 17(4):818-829.. A coleta de dados foi realizada por duplas compostas por um entrevistador e um antropometrista, que efetuaram visita domiciliar aos idosos entre os meses de maio de 2008 e fevereiro de 2009.

Quanto à avaliação antropométrica, as duplas foram previamente capacitadas e padronizadas para realizá-la, conforme protocolo de Habicht2727. Habicht JP. Estandarizacion de metodos epidemiologicos cuantitativos sobre el terreno. Bol Oficina Sanit Panam 1974; 76(5):375-384.. Foi coletado o peso, a altura e a circunferência da cintura. Destaca-se que, as medidas foram realizadas conforme as técnicas propostas por Lohman et al.2828. Lohman TG, Roche AF, Martorel R. Anthropometric standardization reference manual. Illinois: Human Kinetics Books; 1988..

A aferição do peso foi procedida com balança eletrônica da marca Tanita (UM080W), tipo digital portátil e com capacidade para 200 kg e precisão de 100g. A altura foi obtida utilizando fita métrica com precisão de 0,1 cm, fixada em parede sem rodapé, com auxílio de fio de prumo e esquadro de madeira. A partir dessas medidas chegou-se ao Índice de Massa Corporal (IMC). O estado nutricional foi categorizado de acordo com Lipschtz2929. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly.Prim Care 1994; 21(1):55-67., considerando sobrepeso/obesidade aqueles com IMC > 27kg/m22. Bloom DE, Chatterji S, Kowal P, Lloyd-Sherlock P, McKee M, Rechel B, Rosenberg L, Smith JP. Macroeconomic implications of population ageing and selected policy responses. Lancet 2015; 385(9968):649-657., os quais são discutidos por Silveira et al.3030. Silveira EA, Gilberto KAC, Barbosa LS. Prevalência e fatores associados à obesidade em idosos residentes em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: classificação da obesidade segundo dois pontos de corte do índice de massa corporal. Cad Saude Publica 2009; 25(7):1569-1577. para uso em idosos brasileiros.

A circunferência da cintura foi determinada com uma fita métrica colocada no ponto médio entre a porção inferior da última costela e a crista ilíaca, do lado direito do corpo, de modo a não pressionar. Utilizou a classificação segundo risco de complicações metabólicas associadas à obesidade abdominal, proposta pela OMS3131. World Health Organization (WHO). Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Geneva: Report of a WHO Consultation on Obesity; 1997., sendo o ponto de corte de 88 cm para mulheres e 102 cm para homens.

Foram coletados dados socioeconômicos e demográficos, como idade, estado civil, escolaridade em anos de estudos e classe social (A, B, C e E), sendo esta determinada segundo os critérios da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas3232. Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas (Abep).Critério de Classificação Econômica do Brasil. São Paulo: Abep; 2008., além de números de pessoas que vivem no domicílio e situação de trabalho. Quanto às informações sobre estilo de vida, coletou-se dados de tabagismo, consumo de bebida alcoólica, uso diário de adoçantes e prática de atividade no lazer segundo oInternational Physical Activity Questionnaire (IPAQ)3333. Benedetti TR, Bertoldo PCA, Ciro RRA, Giovana ZM, Édio LP. Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) em homens idosos. Rev Bras Med Esporte 2007; 13(1):11-16.. As variáveis sobre as condições de saúde foram: hospitalização no último ano, obesidade, obesidade abdominal, hipertensão arterial e diabetes mellitus. Essas últimas por meio da pergunta: “Quais doenças o médico já disse que o Sr(a) têm?”. Era marcado o que o idoso referia sem ler nenhuma opção de resposta3434. Malta DC, Iser BPM, Claro RM, Moura L, Bernal RTI, Nascimento AF, Silva Júnior JB, Monteiro CA. Prevalência de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em adultos: estudo transversal, Brasil, 2011. Epidemiol Serv Saúde 2013; 22(3):423-434..

Para avaliação do consumo de frutas, verduras e legumes (FVL) foram realizadas as seguintes perguntas: 1) em geral, com que frequência o Sr.(a) come fruta?; 2) em geral, com que frequência o Sr.(a) bebe suco de fruta fresca?; 3) em geral, com que frequência o Sr.(a) come verduras (vegetais folhosos)? e 4) em geral, com que frequência o Sr.(a) come legumes (cenoura, vagem, abobrinha) frescos/cozidos?. Antes de iniciar essa serie de perguntas o idoso era instruído para pensar no seu hábito alimentar costumeiro nos últimos doze meses. Em seguida à pergunta, lia-se as opções de resposta: a) nunca; b) menos que uma vez por mês; c) uma vez ao mês; d) 2 a 3 vezes por mês; e) 1 a 2 vezes por semana; f) 3 a 4 vezes por semana; g) 5 ou 6 vezes por semana; h) uma vez ao dia3535. Gibson RS. Measuring food consumption of individuals. In: Gibson RS. Principles of nutritional assessment. New York: Oxford University Press; 2005.. No manual de instruções dos entrevistadores possuía exemplos de verduras (alface, rúcula, agrião, couve) e legumes (cenoura, beterraba, chuchu, abóbora, vagem, couve-flor) e os mesmos foram treinados para a aplicação do questionário de forma a padronizar a coleta dessas informações.

O desfecho (sim/não) foi o consumo diário de frutas e/ou suco de frutas mais verduras e legumes. Assim, o idoso deveria comer esses três tipos de alimentos diariamente. O consumo diário mínimo de FVL foi baseado na recomendação da World Health Organization (WHO) de 400 gramas/dia3636. World Health Organization (WHO). Fruit and vegetable promotion initiative – report of the meeting. Geneva: WHO; 2003., porém aplicou-se como variável desfecho o consumo desses três alimentos pelo menos uma vez ao dia.

O banco de dados foi construído no software Epi Data 3.1 em dupla entrada para posterior análise de consistência interna da digitação. Para a análise estatística foi utilizado o software estatístico STATA 12.0.

Os resultados foram expressos em frequências absoluta e relativa. Calculou-se a prevalência do consumo diário de FVL para as variáveis estudadas. A associação do consumo diário de FVL com as demais variáveis foi estimada por meio da Regressão de Poisson simples, utilizando-se como medida de efeito a Razão de Prevalência (RP) com intervalos de confiança de 95% (IC95%).

Posteriormente, as variáveis que apresentaram na análise bivariada valor p < 0,20 foram incluídas no modelo de análise multivariada hierarquizada por Regressão de Poisson. Para tanto, as variáveis foram ordenadas em 1º nível: sociodemográficas, 2º nível: estilo de vida; 3º nível: condições de saúde. Permaneceram no modelo final somente as variáveis com significância de 5%.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás e a entrevista com o idoso foi autorizada mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Essa pesquisa adotou os princípios estabelecidos na Declaração de Helsinque da Associação Médica Mundial.

Resultados

Foram investigados 416 idosos e a prevalência de consumo diário de frutas e verduras foi de 16,6%. Avaliando somente o consumo de frutas a prevalência foi de 44%. O consumo de frutas mais verduras e verduras mais legumes foi de 24% e o consumo desses dois tipos de alimentos esteve significativamente associado (p = 0,000) (Figura 1 e Tabela 1).

Figura 1
Prevalência do consumo diário de frutas, suco de frutas, verduras e legumes em idosos. Projeto Idosos/Goiânia (n=416).

Tabela 1
Prevalência do consumo diário de dois tipos de frutas, suco de frutas, verduras e legumes e teste de associação. Projeto Idosos/Goiânia, (n = 416).

As características da amostra de idosos estudada podem ser observadas na Tabela 2, em que se destaca que 65,9% eram do sexo feminino, 48,5% entre 60 e 69 anos, 50,2% da classe social C e 33,6% realizavam atividade física no lazer. As variáveis sociodemográficas e estilo de vida foram significativamente associadas ao consumo de FVL: sexo, idade, classe social, anos de estudo, tabagismo, atividade física no lazer e uso de adoçante (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição da amostra, prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) do consumo diário de frutas, verduras e legumes de acordo com variáveis sociodemográficas e estilo de vida de idosos. Goiânia-GO, (n = 416).

Com relação às condições de saúde, 27,2% eram obesos, 51,7% hipertensos, 76,4% com obesidade abdominal e 24,5% foram hospitalizados. Entre as variáveis sobre as condições de saúde, foram associados ao consumo de FVL: obesidade, obesidade abdominal e hipertensão arterial. A hospitalização ficou no limiar da significância com valor = p = 0,053 (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição da amostra, prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) do consumo diário de frutas, verduras e legumes de acordo com variáveis sobre condição de saúde de idosos. Goiânia, Goiás, (n = 416).

Após a análise bivariada foram incluídos na análise multivariada por regressão de Poisson as seguintes variáveis: sexo, idade, classe social, anos de estudo, numero de pessoas no domicilio, trabalho, tabagismo, bebida alcoólica, atividade física no lazer, uso de adoçante, obesidade, obesidade abdominal, hipertensão arterial e hospitalização. Mantiveram-se associadas significativamente ao consumo diário de FVL após analise multivariada: sexo feminino, idade entre 70-79, ≥ 9 anos de estudo, classe social A/B e C, realizar atividade física no lazer, consumir bebida alcóolica, usar adoçante, ter obesidade abdominal e ter sido hospitalizado (Tabela 4).

Tabela 4
Regressão de Poisson múltipla por níveis hierárquicos para variáveis associadas ao consumo diário de frutas, verduras e legumes em idosos. Goiânia, Goiás, (n = 416).

Discussão

Trata-se de um dos primeiros estudos a avaliar o consumo de frutas, verduras e legumes em idosos fora da região sudeste do Brasil2222. Viebig RF, Pastor-Valero M, Scazufca M, Menezes PR. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2009; 43(5):806-813., assim apresenta um panorama de outra região do país e com cenário socioeconômico diferente. Outro aspecto que vale enfatizar como contribuição da presente pesquisa é a investigação sobre a presença de algumas doenças crônicas, hospitalização e atividade física, pois não foram localizados estudos que avaliaram essas associações com o consumo de FVL.

No presente estudo, menos de um quinto (16,7%) da população idosa consumia diariamente FVL. Embora exista grande oferta e diversidade de frutas e hortaliças no Brasil3737. Levy RB, Claro RM, Mondini L, Sichieri R, Monteiro CA. Distribuição regional e socioeconômica da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil em 2008-2009. Rev Saude Publica 2012; 46(1):6-15., nota-se uma baixa ingestão desses alimentos, muito aquém das recomendações da OMS3636. World Health Organization (WHO). Fruit and vegetable promotion initiative – report of the meeting. Geneva: WHO; 2003.. Viebig et al.2222. Viebig RF, Pastor-Valero M, Scazufca M, Menezes PR. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2009; 43(5):806-813., observaram cerca de 35,0% dos idosos de baixa renda em São Paulo sem consumo diário de nenhum tipo de fruta ou hortaliça. Pesquisa realizada no Irã, encontrou um panorama melhor, visto que a prevalência do consumo diário de cinco ou mais porções de frutas e hortaliças foi de 37,9% entre idosos3838. Sabzghabaee AM, Mirmoghtadaee P, Mohammadi M. Fruit and vegetable consumption among community dwelling elderly in an iranian population.Int J Prev Med 2010; 1(2):98-102..

Já pesquisa em adultos, entre 20 e 65 anos, em uma cidade do sul do Brasil, somente 20,9% dos entrevistados relatou consumo regular de frutas, legumes e verduras3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374.. Em geral, estudos demonstraram que menos de 10% da população brasileira atinge as recomendações de consumo de FVL33. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.,2121. Jaime PC, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad Saude Publica 2005; 21(Supl.):S19-S24.,4040. Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Barros MBA. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2014; 30(8):1680-1694.. Logo, observa-se que a ingestão ainda está muito abaixo do priorizado, seja no consumo isolado ou associado de FVL, inclusive entre os idosos.

No presente estudo, encontrou-se uma prevalência de consumo diário de frutas (44%), suco de frutas (14,2%), verduras (39,7%) e legumes (32,5%), ou seja, todos inferiores a 50%4141. Park Y, Subar AF, Kipinis V, Thompson FE, Mouw T, Hollenbeck A, Leitzmann MF, Schatzkin A. Fruit and vegetable intakes and risk of colorectal cancer in the NIH–AARP diet and health study. Am J of Epidemiol2007; 166(2):170-180.. Neutzling et al.3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374. evidenciaram também que menos da metade dos adultos consumiam regularmente frutas (43,5%), legumes (36,4%) e verduras (41,5%). Essa condição se mostra preocupante, pois, sabe-se que o risco de desenvolvimento de câncer colorretal em pessoas entre 50 e 71 anos de idade é reduzido em 20 a 30% quando o consumo de FVL é diário4242. Park SY, Ollberding NJ, Woolcott CG, Wilkens LR, Henderson BE, Kolonel LN. Fruit and vegetable intakes are associated with lower risk of bladder cancer among women in the multiethnic Cohort Study. J Nutr 2013; 143(8)1283-1292.. Estudo de coorte verificou que a adesão às recomendações da OMS3636. World Health Organization (WHO). Fruit and vegetable promotion initiative – report of the meeting. Geneva: WHO; 2003., para ingestão de FVL, possui efeito real na proteção contra o câncer de bexiga, pois as mulheres que consumiam diariamente FVL apresentaram 65% menos risco de ter essa neoplasia, quando comparadas com aquelas que não alcançavam a recomendação4242. Park SY, Ollberding NJ, Woolcott CG, Wilkens LR, Henderson BE, Kolonel LN. Fruit and vegetable intakes are associated with lower risk of bladder cancer among women in the multiethnic Cohort Study. J Nutr 2013; 143(8)1283-1292.. Os Estados Unidos desenvolvem esforços para aumentar esse consumo por meio de políticas públicas, como o Programa Alimentar Five a day e as novas recomendações daMyPyramid. O primeiro passo foi aumentar a recomendação diária de ingestão de FVL devido aos altos índices de obesidade e incidência de DCNTs naquele país4343. United States of America (US). Centers for Disease Control and Prevention. 5 A Day Works! Atlanta: US Department of Health and Human Services; 2005.

44. United States of America (US). Department of Agriculture and Department of Health and Human Services. Dietary guidelines for americans. 7th ed. Washington: US Government Printing Office; 2010.
-4545. Ungar N, Sieverding M, Stadnitski T. Increasing fruit and vegetable intake: ‘‘Five a day’’ versus ‘‘just one more’’. Appetite 2013; 65:200-204..

Trabalhos realizados com adultos em cidades de outras regiões do Brasil assemelham-se aos achados deste estudo, apresentando consumo de frutas, verduras e legumes substancialmente superior entre as mulheres e os mais velhos2121. Jaime PC, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad Saude Publica 2005; 21(Supl.):S19-S24.,3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374.,4040. Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Barros MBA. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2014; 30(8):1680-1694.,4646. Campos VC, Bastos JL, Gauche H, Boing AF, Assis MAA. Fatores associados ao consumo adequado de frutas, legumes e verduras em adultos de Florianópolis. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(2):352-362.,4747. Figueiredo ICR, Jaime FPC, Monteiro CA. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos da cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2008; 42(5):777-785.. Outros países também têm evidenciado essa mesma tendência de maior consumo de vegetais no sexo feminino, como comprovado nos estudos com a população adulta da Finlândia, Estônia, Lituânia e Látvia, República Checa, Hungria, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suazilândia, Ucrânia, Uruguai e Vietnã4848. Prättälä R, Paalanen L, Grinberga D, Helasoja V, Kasmel A, Petkeviciene J. Gender differences in the consumption of meat, fruit and vegetable are similar in Finland and the Baltic countries. Eur J Public Health 2006; 17(5):520-525.,4949. Hall JN, Moore S, Harper SB, Lynch JW. Global variability in fruit and vegetable consumption. Am J Prev Med 2009; 36(5):402-409.. Provavelmente, esses achados estão implicados na maior preocupação por parte das mulheres e das pessoas mais velhas com uma alimentação mais saudável. Alguns estudos relatam que crenças e motivação para controle de peso poderiam explicar as diferenças no comportamento alimentar entre os sexos, sendo importante para as mulheres na escolha do alimento questões relacionadas à saúde, prazer, conveniência e preço5050. Westenhoefer J. Age and gender dependente profile of food choice.Forum Nutr 2005; (57):44-51.,5151. Konttinen H, Sarlio-Lähteenkorva S, Silventoinen K, Männistö S, Haukkala A. Socio-economic disparities in the consumption of vegetables, fruit and energy-dense foods: the role of motive priorities. Public Health Nutr 2013; 16(5):873-882..

O aumento da escolaridade foi associado significativamente com o consumo de FVL, resultados semelhantes a outros estudos4747. Figueiredo ICR, Jaime FPC, Monteiro CA. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos da cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2008; 42(5):777-785.,5252. Jaime PC, Figueiredo ICR, Moura EC, Malta DC. Fatores associados ao consumo de frutas e hortaliças no Brasil, 2006. Rev Saude Publica 2009; 43(S2):57-64.. O baixo consumo de frutas, verduras e legumes foi estatisticamente associado a pouca escolaridade, a baixa renda familiar e a não inserção no mercado de trabalho em outras pesquisas5353. Moghadasian MH. Patterns of fruit and vegetable consumption and the influence of sex, age and sociodemographic factors among the Canadian elderly.J Am Coll Nutr 2007; 27(2):306-313.,5454. Jorge MIE, Martins IS, Araújo EAC. Diferenciais socioeconômicos e comportamentais no consumo de hortaliças e frutas em mulheres residentes em município da região metropolitana de São Paulo. Rev Nutr 2008; 21(6):695-703.. Em adultos de Portugal, o consumo de frutas e vegetais aumentava significativamente com os anos de estudo, em ambos os sexos5555. Moreira PA, Padrão PD. Educational and economic determinants of food intake in Portuguese adults: a cross-sectional survey. BMC Public Health 2004; 4(58):1-11.. Estudo com adultos de 23 centros europeus constatou maior consumo de frutas e vegetais associados ao sexo feminino e a maior formação educacional1414. Boffeta P, Couto E, Wichmann J, Ferrari P, Trichopoulos D, Bueno-de-Mesquita A HB, van Duijnhoven FJ, Büchner FL, Key T, Boeing H, Nöthlings U, Linseisen J, Gonzalez CA, Overvad K, Nielsen MR, Tjønneland A, Olsen A, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Morois S, Lagiou P, Naska A, Benetou V, Kaaks R, Rohrmann S, Panico S, Sieri S, Vineis P, Palli D, van Gils CH, Peeters PH, Lund E, Brustad M, Engeset D, Huerta JM, Rodríguez L, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Barricarte A, Hallmans G, Johansson I, Manjer J, Sonestedt E, Allen NE, Bingham S, Khaw KT, Slimani N, Jenab M, Mouw T, Norat T, Riboli E, Trichopoulou A. Fruit and vegetable intake and overall cancer risk in the European prospective investigations into cancer e nutrition (EPIC). J Natl Cancer Inst 2010; 102(8):529-537..

Destaca-se também na presente pesquisa, a associação de classe social com o consumo de frutas, verduras e legumes, com aumento do consumo nas classes mais altas. Este resultado corrobora ao estudo de Neutzling et al.3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374., em adultos no sul do Brasil. Bowman5656. Bowman S. Low economic status is associated with suboptimal intakes of nutritious foods by adults in the National Health and Nutrition Examination Survey 1999-2002. Nutr Res 2007; 27(9):515-523. afirma que idosos com menor renda consomem em menor frequência e quantidade FVL em comparação aqueles com maior poder aquisitivo. No estudo World Health Survey (WHS), conduzido pela World Health Organization em outros 33 países, verificou-se que consumo de frutas e vegetais era diretamente proporcional à renda4949. Hall JN, Moore S, Harper SB, Lynch JW. Global variability in fruit and vegetable consumption. Am J Prev Med 2009; 36(5):402-409.. Assim, pode-se ressaltar que o maior nível de informação, ou seja, maior escolaridade e o melhor poder de aquisitivo são relevantes para a determinação do consumo de FVL.

Nesta pesquisa, a análise entre atividade física no lazer, uso de adoçantes dietéticos e o consumo de FVL revelou associação significativa, sendo que os indivíduos ativos e usuários de edulcorantes consomem mais FVL. Trata-se de achado relevante, ainda mais considerando que não foram encontrados estudos que analisaram essas associações em idosos. Estudo em cidade no Sul do Brasil encontrou associação do consumo de FVL com atividade física no lazer em população adulta3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374.. Estudo sobre qualidade da dieta em adultos americanos encontrou associação entre melhor qualidade da dieta e uso frequente de adoçantes5757. Drewnowski A, Rehm CD. Consumption of low-calorie sweeteners among US adults is associated with higher healthy eating index (HEI 2005) scores and more physical activity. Nutrients 2014; 6(10):4389-4403.. Acredita-se que esses indivíduos possuam uma maior preocupação com a saúde e controle de peso, logo apresentam hábitos mais saudáveis, como o regular consumo de FVL, redução de açúcar pelo uso de adoçantes e pratica de atividade física.

Outra contribuição da presente pesquisa foi a observação da associação entre o consumo diário de FVL e o uso de bebidas alcoólicas, pois não foram localizados outros estudos que realizaram essa investigação em idosos. Estudo de coorte em dez países da Europa, o EPIC – European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition, analisando o risco de câncer e o consumo de frutas e vegetais, verificou associação entre o alto consumo e ingestão leve de bebida alcoólica (menos de 5g/d). O EPIC encontrou ainda que o alto consumo de frutas e vegetais protege (0.90 IC95% 0.96 – 0.94) de câncer especificamente relacionados ao consumo de bebida alcoólica (trato digestivo alto, mama, fígado e colorectum) em análise de bebedores pesados, ou seja, acima de 60g/d em homens e 30g/d em mulheres1414. Boffeta P, Couto E, Wichmann J, Ferrari P, Trichopoulos D, Bueno-de-Mesquita A HB, van Duijnhoven FJ, Büchner FL, Key T, Boeing H, Nöthlings U, Linseisen J, Gonzalez CA, Overvad K, Nielsen MR, Tjønneland A, Olsen A, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Morois S, Lagiou P, Naska A, Benetou V, Kaaks R, Rohrmann S, Panico S, Sieri S, Vineis P, Palli D, van Gils CH, Peeters PH, Lund E, Brustad M, Engeset D, Huerta JM, Rodríguez L, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Barricarte A, Hallmans G, Johansson I, Manjer J, Sonestedt E, Allen NE, Bingham S, Khaw KT, Slimani N, Jenab M, Mouw T, Norat T, Riboli E, Trichopoulou A. Fruit and vegetable intake and overall cancer risk in the European prospective investigations into cancer e nutrition (EPIC). J Natl Cancer Inst 2010; 102(8):529-537.. Em adultos americanos foi observada associação inversa entre consumo elevado de bebida alcoólica e ingestão de frutas e vegetais entre aqueles de menor renda, porém sem associação entre os de maiores níveis de rendimentos5858. Shimotsu ST, Jones-Webb RJ, Lytle LA, MacLehose RF, Nelson TF, Forster JL. The relationships among socioeconomic status, fruit and vegetable intake, and alcohol consumption. Am J Health Promot 2012; 27(1):21-28.. O presente estudo, não avaliou a quantidade de bebidas alcoólicas em gramas/dia para verificar se o consumo era leve, moderado ou pesado.

Não foram localizados estudos que avaliaram a associação com estado nutricional, obesidade abdominal, diabetes e hipertensão arterial em idosos para traçar um panorama com a presente pesquisa. Entre as morbidades estudas a obesidade abdominal manteve-se associada ao consumo diário de FVL, com risco de 1,6 vezes (razão de prevalência ajustada). Em adultos maiores de 35 anos, houve associação entre obesidade abdominal e consumo adequado de FVL, porém com efeito protetor (Odds Ratio = 0.77)5959. Castanho GKF, Marsola F, Mclellan KCP, Nicola M, Moreto F, Burini RC. Consumo de frutas, verduras e legumes associado à síndrome metabólica e seus componentes em amostra populacional adulta. Cien Saude Colet2013; 18(2):385-392.. Esse mesmo estudo não observou associação entre pressão arterial e glicemia de jejum5959. Castanho GKF, Marsola F, Mclellan KCP, Nicola M, Moreto F, Burini RC. Consumo de frutas, verduras e legumes associado à síndrome metabólica e seus componentes em amostra populacional adulta. Cien Saude Colet2013; 18(2):385-392., sendo similar à presente pesquisa. Estudo com adultos verificou que não houve associação entre estado nutricional e consumo de FVL, também análogo aos achados desta pesquisa3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374.. O EPIC avaliou os quartis de consumo de frutas e vegetais conforme o IMC e não observou diferença entre os estratos1111. Leenders M, Sluijs I, Ros MM, Boshuizen HC, Siersema PD, Ferrari P, Weikert C, Tjønneland A, Olsen A, Boutron-Ruault MC, Clavel-Chapelon F, Nailler L, Teucher B, Li K, Boeing H, Bergmann MM, Trichopoulou A, Lagiou P, Trichopoulos D, Palli D, Pala V, Panico S, Tumino R, Sacerdote C, Peeters PH, van Gils CH, Lund E, Engeset D, Redondo ML, Agudo A, Sánchez MJ, Navarro C, Ardanaz E, Sonestedt E, Ericson U, Nilsson LM, Khaw KT, Wareham NJ, Key TJ, Crowe FL, Romieu I, Gunter MJ, Gallo V, Overvad K, Riboli E, Bueno-de-Mesquita HB. Fruit and vegetable consumption and mortality: European prospective investigation into cancer e nutrition. Am J Epidemiol 2013; 178(4):590-602.,6060. Alonso A, de la Fuente C, Martín-Arnau Am, de Irala J, Martínez JA, Martínez-González MA. Fruit and vegetable consumption is inversely associated with blood pressure in a Mediterranean population with a high vegetable-fat intake: the Seguimiento Universidad de Navarra (SUN) Study. Br J Nutr 2004; 92(2):311-319..

Na Espanha, estudo transversal com 4.393 pessoas com padrão de dieta do mediterrâneo, com alto consumo de gorduras, encontrou que a associação entre elevado consumo de frutas e vegetais foi inversamente associado aos níveis de pressão arterial6161. Ford ES, Mokdad AH. Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus incidence among US adults. Prev Med 2001; 32(1):33-39., porém não há como realizar um paralelo com a presente pesquisa devido ao diferente padrão alimentar e a faixa etária.

Ainda sobre a presença de morbidades, não foi observada associação com diabetes e o consumo de FLV, diferente do observado em coorte de adultos americanos entre 25 e 74 anos, no entanto não foram encontradas analises somente com indivíduos idosos6161. Ford ES, Mokdad AH. Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus incidence among US adults. Prev Med 2001; 32(1):33-39..

Da mesma forma que a presença de doenças crônicas, a associação com hospitalização encontrada na presente pesquisa, não foi avaliada em outras sobre consumo de FVL1111. Leenders M, Sluijs I, Ros MM, Boshuizen HC, Siersema PD, Ferrari P, Weikert C, Tjønneland A, Olsen A, Boutron-Ruault MC, Clavel-Chapelon F, Nailler L, Teucher B, Li K, Boeing H, Bergmann MM, Trichopoulou A, Lagiou P, Trichopoulos D, Palli D, Pala V, Panico S, Tumino R, Sacerdote C, Peeters PH, van Gils CH, Lund E, Engeset D, Redondo ML, Agudo A, Sánchez MJ, Navarro C, Ardanaz E, Sonestedt E, Ericson U, Nilsson LM, Khaw KT, Wareham NJ, Key TJ, Crowe FL, Romieu I, Gunter MJ, Gallo V, Overvad K, Riboli E, Bueno-de-Mesquita HB. Fruit and vegetable consumption and mortality: European prospective investigation into cancer e nutrition. Am J Epidemiol 2013; 178(4):590-602.,1414. Boffeta P, Couto E, Wichmann J, Ferrari P, Trichopoulos D, Bueno-de-Mesquita A HB, van Duijnhoven FJ, Büchner FL, Key T, Boeing H, Nöthlings U, Linseisen J, Gonzalez CA, Overvad K, Nielsen MR, Tjønneland A, Olsen A, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Morois S, Lagiou P, Naska A, Benetou V, Kaaks R, Rohrmann S, Panico S, Sieri S, Vineis P, Palli D, van Gils CH, Peeters PH, Lund E, Brustad M, Engeset D, Huerta JM, Rodríguez L, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Barricarte A, Hallmans G, Johansson I, Manjer J, Sonestedt E, Allen NE, Bingham S, Khaw KT, Slimani N, Jenab M, Mouw T, Norat T, Riboli E, Trichopoulou A. Fruit and vegetable intake and overall cancer risk in the European prospective investigations into cancer e nutrition (EPIC). J Natl Cancer Inst 2010; 102(8):529-537.,2222. Viebig RF, Pastor-Valero M, Scazufca M, Menezes PR. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo.Rev Saude Publica 2009; 43(5):806-813.,3939. Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2009; 25(11):2365-2374.,4040. Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Barros MBA. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2014; 30(8):1680-1694.,5959. Castanho GKF, Marsola F, Mclellan KCP, Nicola M, Moreto F, Burini RC. Consumo de frutas, verduras e legumes associado à síndrome metabólica e seus componentes em amostra populacional adulta. Cien Saude Colet2013; 18(2):385-392.. Essa associação com hospitalizações pode ser um exemplo de causalidade reversa, sendo que após a hospitalização os idosos foram recomendados por profissionais de saúde para melhorar a alimentação com a inclusão de FLV.

Apesar das limitações de um estudo transversal e as peculiaridades de se estudar consumo alimentar, os dados demonstraram validade externa, considerando a concordância com estudos realizados no Brasil e em diversos países.

Sabe-se que, a ingestão desses alimentos é recomendada por instituições internacionais e integra políticas de saúde pública relevantes3636. World Health Organization (WHO). Fruit and vegetable promotion initiative – report of the meeting. Geneva: WHO; 2003.. A meta-análise reforça ainda mais a importância do consumo diário desses alimentos, mostrando diminuição da taxa de mortalidade por todas as causas, especialmente de mortes por doenças de alta prevalência em idosos, como as de origem cardiovascular e o câncer1313. Wang X, Ouyang Y, Liu J, Zhu M, Zhao G, Bao W, Hu FB. Fruit and vegetable consumption and mortality from all causes, cardiovascular disease and cancer: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. BMJ 2014; 349:1-14..

Portanto, conclui-se que o consumo de frutas, verduras e legumes na população idosa estudada foi baixa e corrobora com outras pesquisas nacionais e internacionais. Os achados do presente estudo apontam que o consumo diário de frutas, verduras e legumes foi muito baixo e que os fatores associados foram: sexo feminino, idade entre 70 e 79 anos, maior escolaridade e classe social A, B e C, consumo de bebida alcoólica, uso de adoçantes dietéticos, prática regular de atividade física no lazer, obesidade abdominal e hospitalização. Essas informações colaboram para aumentar o conhecimento sobre o tema e ampliar a discussão para investigações de outros fatores associados ao consumo de FVL, até então não analisados. Considerando que o consumo regular desses alimentos é capaz de auxiliar na prevenção de diversas doenças crônicas, reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos idosos, recomenda-se o desenvolvimento de políticas públicas e programas de promoção da saúde com estratégias que estimulem a ingestão adequada de FVL, especialmente entre os idosos com menor consumo, ou seja, os homens, sedentários, de menor renda e menor escolaridade.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2015

Histórico

  • Recebido
    04 Mar 2015
  • Revisado
    07 Jul 2015
  • Aceito
    09 Jul 2015
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