Protocolo do estudo longitudinal de saúde infantil em Brumadinho (MG): Projeto Bruminha

Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus Aline de Souza Espindola Santos Renan Duarte dos Santos Saraiva Ana Paula Natividade de Oliveira Ivisson Carneiro Medeiros da Silva Maíra Lopes Mazoto Michele Alves Costa Volney de Magalhães Câmara Sobre os autores

RESUMO:

Objetivo:

Apresentar o protocolo da pesquisa e descrever os resultados preliminares da linha de base da população de estudo do Projeto Bruminha.

Métodos:

Este projeto é parte do conjunto de ações propostas no âmbito do Programa de Ações Saúde Brumadinho. Trata-se de um estudo de coorte prospectiva, com seguimento periódico por quatro anos, cuja população elegível foi constituída de todas as crianças de 0 a 6 anos de idade residentes em quatro localidades situadas na zona rural do município afetado, com coleta de dados sociodemográficos e de saúde e de amostras urinárias para avaliação da exposição a metais.

Resultados:

No primeiro ano de estudo foi avaliada 62% (217) da população elegível e se coletaram 172 (79%) amostras de urina válidas. Em todas as amostras analisadas foi detectado pelo menos um metal, e em 50,6% (n=87) concentrações urinárias acima do valor de referência. Em 38% (n=82) das crianças a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor foi considerada de risco. O relato de alergia respiratória foi quatro vezes (4,27) mais frequente e de bronquite 61% maior (1,62) nas crianças residentes nas localidades expostas à poeira de resíduos de minério, proporcionalmente àquelas residentes a mais de 10 km do local do desastre.

Conclusão:

O protocolo do estudo mostrou-se adequado para avaliação dos desfechos propostos. A estratégia de captação da população de estudo necessitou de reajustes quanto ao processo de sensibilização da comunidade a longo prazo com entrada de novos participantes nos próximos seguimentos (2022 e 2023).

Palavras-chave:
Desastres ambientais; Estudos de coortes; Metais; Saúde infantil

INTRODUÇÃO

O Estudo Longitudinal de Saúde Infantil em Brumadinho, o Projeto Bruminha, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), faz parte do Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Gabinete. Apresentação do “Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho” [Internet]. 2020 [cited on Apr 10, 2022]. Available from: http://www.minas.fiocruz.br/saudebrumadinho/assets/doc/carta_brumadinho_comunidade.pdf
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, proposto e financiado pelo Ministério da Saúde do Brasil e coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais. O Projeto Bruminha tem como objetivo investigar a exposição a resíduos de metais e seus impactos sobre a saúde e o desenvolvimento das crianças de 0 a 6 anos residentes nas localidades próximas à área afetada pelo desastre22 Peixoto SV, Asmus CIRF. O desastre de Brumadinho e os possíveis impactos na saúde. Cienc Cult 2020; 72(2): 43-6. http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602020000200012
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.

Este artigo apresenta o protocolo da pesquisa e o perfil sociodemográfico, de saúde e de exposição aos resíduos de metais da população de estudo do Projeto Bruminha.

MÉTODOS

Desenho e população do estudo

Trata-se de uma coorte prospectiva, com seguimentos anuais, cuja população elegível para este estudo foi constituída de todas as crianças de 0 a 6 anos de idade residentes nas localidades de interesse, situadas na zona rural do município de Brumadinho, no período de 2021 a 2025, cujos respectivos responsáveis consentiram com a participação.

Área do estudo

O Projeto Bruminha não abrange todos os bairros/localidades do município de Brumadinho33 Brasil. Instituto Brasileira de Geografia e Estatística. Cidades. Brumadinho [Internet]. 2022 [cited on May 14, 2022]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/brumadinho/panorama
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. Foram consideradas localidades de interesse para o desenvolvimento deste estudo: Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira, Tejuco e Aranha. O mapa das localidades de interesse está em Material Suplementar.

Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira são localidades diretamente afetadas pelo desastre de 2019 por terem residências localizadas em um raio de até 1,5 km de distância do trajeto percorrido pela lama e por serem onde os rejeitos estão depositados. As populações residentes nas referidas localidades estão expostas à poeira dos resíduos da lama desde a ocorrência do desastre, por causa das atividades de resgate e, a posteriori, de remediação, que persistem até o momento.

A localidade de Tejuco foi incluída em função da sua posição geográfica, abaixo de uma área de mineração em atividade, com potencial exposição da população a poeiras originárias desse processo.

A localidade de Aranha encontra-se situada a cerca de 10 km da lama de rejeitos e a 11,6 km de Córrego do Feijão, 11,3 km de Parque da Cachoeira e 15,8 km de Tejuco. Em razão de ser mais distante do local de ocorrência do desastre, ela foi considerada uma localidade cuja população possivelmente não teria exposição à poeira dos rejeitos da lama sedimentada na área do desastre originária da mobilização dos resíduos durante as atividades de remediação do dano.

Estratégia de captação da população de estudo

O município de Brumadinho tem ampla cobertura da rede de atenção básica, com todas as famílias desse território cadastradas na Estratégia de Saúde da Família44 Brasil. e-Gestor. Atenção Básica. Informação e Gestão da Atenção Básica. Cobertura da atenção básica [Internet]. 2020 [cited on May 14, 2022]. Available from: https://egestorab.saude.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaAB.xhtml
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. A captação da população de estudo ocorreu em articulação com a Secretaria Municipal de Saúde e com as lideranças comunitárias.

Os agentes comunitários de saúde fizeram os agendamentos com as mães ou responsáveis pelas crianças nos dias determinados para a realização das entrevistas e demais avaliações previstas no projeto. As crianças eram trazidas pelos responsáveis aos postos de saúde ou aos centros comunitários das localidades estudadas, onde os questionários e testes eram aplicados pela equipe de pesquisa e coletas de amostras de urina realizadas pela equipe do laboratório contratado.

Coleta de dados

Dados sociodemográficos e de saúde

Foram aplicados, por meio de entrevista, dois questionários a todos os responsáveis pelas crianças participantes: questionário socioambiental e formulário clínico. Ambos os questionários foram adaptados dos questionários geral e de eventos respiratórios do Projeto PIPAUFRJ (https://pipaufrj.me.ufrj.br/). Foi realizado um pré-teste do questionário socioambiental em uma subamostra da população de estudo, e as falhas e imperfeições observadas foram corrigidas e incorporadas ao questionário final.

O questionário socioambiental compreende sete blocos de questões:

  • Bloco 1: Identificação e contatos;

  • Bloco 2: Características sociodemográficas, escolaridade (mãe) e renda da família;

  • Bloco 3: Características do domicílio e do ambiente do entorno;

  • Blocos 4 e 5: Identificação e escolaridade da criança;

  • Bloco 6: Hábitos e comportamento da criança;

  • Bloco 7: Padrão de alimentação55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2015 [Internet]. 2015 [cited on Jun 29, 2022]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf
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    .

O formulário clínico envolveu: condições de saúde pregressas da criança, incluindo internações e/ou doenças e uso de medicamentos; dados sobre o nascimento, extraídos da caderneta de saúde da criança (peso, comprimento, perímetro cefálico, Apgar, idade gestacional e tamanho para idade gestacional); percepção dos responsáveis em relação à saúde do/a filho/a; e recordatório de sinais e sintomas respiratórios antes e depois da ocorrência do desastre.

A avaliação antropométrica abrangeu: medidas de peso e comprimento/altura, com cálculo do índice de massa corporal (IMC), de acordo com os gráficos de padrão de desenvolvimento da Organização Mundial da Saúde66 World Health Organization. WHO child growth standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: methods and development. Geneva: World Health Organization; 2006.; e medida do perímetro cefálico em crianças de até dois anos.

O teste de triagem de desenvolvimento Denver II foi aplicado em todas as crianças participantes para avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor. É constituído de um conjunto de 125 itens representativos de habilidades em quatro áreas do desenvolvimento (pessoal-social, motora fino-adaptativa, linguagem e motora grossa). Aplica-se pela realização de tarefas pela criança e pelo relato dos seus cuidadores/pais, para verificação de suas habilidades em quatro domínios, assim definidos:

  • capacidade de socialização e autocuidados;

  • coordenação motora fina;

  • reconhecimento, compreensão e utilização da linguagem;

  • controle motor de grandes músculos, usados para sentar, andar, equilibrar-se, entre outras funções.

Por ser uma ferramenta de triagem, o teste de Denver II fornece informações que sinalizam se o desenvolvimento atual da criança está de acordo com o esperado para a sua faixa etária, alertando para a presença de possíveis limitações no desenvolvimento infantil que impliquem a necessidade de investigação e/ou acompanhamento especializado, não tendo como propósito a elaboração de diagnósticos77 Frankenburg WK, Dodds JB, Archer P, Bresnick B, Maschka P, Edelman N, et al. Manual Técnico DENVER II. Teste de triagem do desenvolvimento. São Paulo: Hogrefe; 2018..

O teste Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), por sua vez, foi aplicado nas crianças maiores de dois anos como uma ferramenta de triagem de sinais de risco para o transtorno do espectro autista88 Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento. Triagem precoce para autismo. Transtorno do espectro autista [Internet]. 2017 [cited on Jun 20, 2022]. Available from: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/04/19464b-DocCient-Autismo.pdf.
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Já o teste Escala Swanson, Nolan e Pelham-IV (SNAP-IV) se aplicou nas crianças com idade igual ou maior que cinco anos como ferramenta auxiliar diagnóstica para o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade99 Costa DS, Paula JJ, Malloy-Diniz LF, Romano-Silva MA, Miranda DM. Parent SNAP-IV rating of attention-deficit/hyperactivity disorder: accuracy in a clinical sample of ADHD, validity, and reliability in a Brazilian sample. J Pediatr 2019; 95(6): 736-43. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.06.014
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,1010 Mattos P, Serra-Pinheiro MA, Rohde LA, Pinto D. Apresentação de uma versão em português para uso no Brasil do instrumento MTA-SNAP-IV de avaliação de sintomas de transtorno do déficit de atenção/hiperatividade e sintomas de transtorno desafiador e de oposição. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul 2006; 28(3): 290-7. https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000300008
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A Escala de Ashworth Modificada (EAM) foi aplicada em todas as crianças para a avaliação de tônus muscular1111 Bastos ACFH, Silva LP. Tônus e equilíbrio: os distúrbios psicomotores na visão da fisioterapia [monografia]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2007.1414 Villela LD, Hurigil MGC, Cunha PVS. Avaliação clínica e prevenção de alterações do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida [Internet]. 2017 [cited on Jun 30, 2022]. Available from: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/09/Avalia%C3%A7%C3%A3o-cl%C3%ADnica-e-preven%C3%A7%C3%A3o-de-altera%C3%A7%C3%B5es-do-desenvolvimento-neuropsicomotor-no-primeiro-ano-de-vida.pdf
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Amostras biológicas

Coleta e transporte

As amostras de urina das crianças foram coletadas em recipientes livres de metais para dosagem das concentrações de arsênio total (As), cádmio (Cd), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e manganês (Mn) e foram mantidas refrigeradas e transportadas em caixa térmica com controle de temperatura sob responsabilidade do laboratório até o local de análise. Orientaram-se os responsáveis sobre a proibição do uso de pomadas ou talco na região genital na véspera da coleta e sobre as medidas de higiene íntima antes da coleta. Coletores foram fornecidos aos pais, e, nas crianças menores de dois anos, foram colocados sacos coletores pela equipe do laboratório.

Metodologia para análise de metais

As análises de metais foram realizadas pelo método de espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), marca Agilent, modelo ICPMS7850. As amostras foram preparadas por diluição ácida e adição de padrão interno. Os padrões utilizados foram o multi-element calibration standard 2A — Agilent (8500-6940 e 8500-6940 HG) — e o padrão internal standard Mix — Agilent (5183-4681). Os limites de detecção e quantificação para As, Cd, Pb, Hg e Mn foram 0,1 μg l−1. O Laboratório Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa foi responsável pela análise e possui nível 3 de acreditação da Organização Nacional de Acreditação e certificação pela International Society for Quality in Health Care.

Análise de qualidade

As corridas analíticas para dosagem de metais tiveram sua performance monitorada pelo uso de cinco níveis de controle de qualidade interno, sendo três controles preparados pelo próprio laboratório, em níveis de concentração preestabelecidos, e dois controles comerciais da marca ClinCheck ou do Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ). A variação máxima permitida para cada controle foi de 15%, segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 27/2012. O coeficiente de variação (CV%) mensal médio obtido para cada analito foi de 5,3 a 7,1%.

Dosagem de creatinina

A dosagem de creatinina urinária ocorreu em analisadores bioquímicos Atellica® CH Analyzer da Siemens, por meio de reação de ácido pícrico com creatinina em meio alcalino (procedimento de Jaffe). A sensibilidade analítica do teste foi determinada pelo valor de 3 mg/dL, que corresponde ao limite de quantificação para urina. O intervalo de referência utilizado foi de 0,3 a 3 g/L.

Valores de referência adotados para metais selecionados

Os valores de referência (VR) adotados para as concentrações urinárias de As (10 μg/gr de creatinina), Cd (2 μg/gr de creatinina) e Hg (5 μg/gr de creatinina) foram os estabelecidos pela Norma Regulamentadora (NR) 7 (1994), em vigor no período da realização do estudo (julho de 2021)1515 Brasil. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora No. 7 (NR-7) [Internet]. 2020 [cited on Jun 15, 2022]. Available from: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-7-nr-7
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. Para as concentrações urinárias de Mn, o VR adotado foi baseado na recomendação da Agency for Toxic Substances and Disease Registry (1 a 8 μg/L)1616 Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Relevance to public health. In: Toxicological profile for manganese. Atlanta: Agency for Toxic Substances and Disease Registry; 2012. p. 11-38 [Internet] 2012 [cited on Jun 29, 2022]. Available from: https://www.atsdr.cdc.gov/ToxProfiles/tp151-c2.pdf
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. O VR adotado para as concentrações urinárias de Pb foi baseado no estudo realizado por Saravanabhavan et al.(1,7 μg/L)1717 Saravanabhavan G, Werry K, Walker M, Haines D, Malowany M, Khoury C. Human biomonitoring reference values for metals and trace elements in blood and urine derived from the Canadian Health Measures Survey 2007–2013. Int J Hyg Environ Health 2017; 220(2 Pt A): 189-200. https://doi.org/10.1016/j.ijheh.2016.10.006
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. As concentrações urinárias de metais foram ajustadas pelos níveis de creatinina (0,3 a 3 g/L).

Análise dos dados

Os dados foram analisados por meio de proporções, frequências, médias aritméticas, máximo-mínimo, desvio padrão e intervalos de confiança (IC95%). Para as variáveis idade, escolaridade e renda per capita das mães ou responsáveis, foi aplicado filtro no banco de dados para conter as duplicidades, tendo em vista que uma mãe pode ter mais de um filho. Foi realizado o cálculo da razão de proporção para a ocorrência de queixas respiratórias e de resultados anormais (falhas) no teste de Denver, tendo como grupo de referência as crianças residentes na localidade de Aranha.

Considerações éticas

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ, sob parecer n° 3.897.305, em 6 de dezembro de 2019. Os pais deram consentimento informado por escrito para a participação das crianças, assim como autorização para comunicação por meio do aplicativo WhatsApp.

Todos os participantes que realizaram exames de urina receberam os laudos impressos em suas residências. A equipe de pesquisa preparou informes individuais com uma descrição dos resultados da avaliação antropométrica e do desenvolvimento neuromotor, assim como uma breve explicação sobre o resultado das análises urinárias dos metais e, quando indicado, orientação para buscar a unidade básica de saúde para avaliação e acompanhamento de saúde. Esses informes foram enviados para todos os participantes através por mensagem pelo WhatsApp.

RESULTADOS

Primeira avaliação: 19 a 30 de julho de 2021.

A Secretaria Muncipal de Saúde de Brumadinho disponibilizou uma lista de crianças residentes nas localidades estudadas, na faixa etária abrangida. Do total de 348 crianças, foram captadas 217 (62%), com distribuição percentual entre as localidades, conforme observado na Figura 1.

Figura 1
Fluxograma de captação da população de estudo na primeira onda da coorte, segundo localidade de residência, Brumadinho (MG), Brasil, 2021.

A idade média da população de estudo foi 43 meses (3,5 anos). Quarenta e três por cento (93) das crianças tinham 4 anos ou mais, representando 45% das avaliadas em Aranha e 49% em Tejuco. O tempo médio de moradia das crianças nas localidades avaliadas foi de três anos. A frequência de crianças do sexo masculino foi maior na população geral, 52% (114), e nas localidades, exceto em Tejuco (sexo feminino=55%). A maioria das mães ou dos responsáveis declarou as crianças como não brancas, 61% (123). Na localidade de Aranha, observou-se o maior número de crianças declaradas de cor branca, 48% (44).

A renda familiar de 60% (91) da população foi de um a três salários mínimos. A renda per capita média foi de R$ 625,80. A localidade de Aranha apresentou a maior renda per capita (R$ 660,37), e a de Córrego do Feijão, a menor (R$ 483,50).

O uso de fossa/rede foi apontado por mais de 90% (183) da população, exceto em Tejuco, onde 31% (13) indicaram ausência de qualquer tipo de esgotamento sanitário (“a céu aberto”). Água mineral foi referida como fonte para consumo por 60% (125) da população, no entanto em Aranha 75% (71) utilizam outras fontes de água para consumo (Tabela 1).

Tabela 1
Perfil sociodemográfico por localidade. Brumadinho (MG), Brasil, 2021.

Em Parque da Cachoeira, 95% (38) dos domicílios estão situados em ruas de terra. Após o desastre, 87% (180) da população relatou aumento no tráfego de veículos, 89% (182) mudança na quantidade de poeira e 82% (167) maior frequência de faxinas na residência. Aranha e Tejuco foram as localidades estudadas que apresentaram maior percentual da população que não observou mudança na quantidade de poeira e/ou na frequência de faxinas após o desastre.

Quase metade dos responsáveis (49%) observou alterações de saúde nas crianças após a ocorrência do desastre. Os relatos essas alterações foram maiores nas crianças residentes nas três comunidades localizadas próximas à área do desastre, sendo, proporcionalmente, 60% maiores em Parque da Cacheira em relação a Aranha, mais distante do local.

Os principais problemas de saúde relatados pelos responsáveis, nos últimos 12 meses, foram no sistema respiratório (rinite/sinusite — 21%; bronquite — 15%; alergia respiratória — 15%) e na pele (alergia — 29%). O relato de alergia respiratória foi quatro vezes mais frequente, e de bronquite 62%, maior nas crianças residentes em Parque da Cachoeira, proporcionalmente àquelas residentes em Aranha. O relato de ocorrência de infecção da pele/impetigo nas crianças foi três vezes mais frequente em Parque da Cachoeira e em Tejuco proporcionalmente aos relatos nas crianças de Aranha (Tabela 2).

Tabela 2
Problemas de saúde relatados pelos responsáveis nos últimos 12 meses na população de estudo. Brumadinho (MG), Brasil, 2021.

A avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor obteve resultados conclusivos em 193 crianças, sendo em 57% (111) normal, ou seja, as crianças alcançaram as habilidades esperadas para a sua idade. Em 43% (82) delas o resultado do teste foi considerado de risco. Isto é, no momento da avaliação essas crianças ainda não haviam desenvolvido a(s) habilidade(s) esperada(s) para sua faixa etária, em um ou mais domínios avaliados pelo teste. A proporção de Denver-Risco foi 51,5% maior no Tejuco, 55% maior em Parque da Cachoeira e 73% maior em Córrego do Feijão, em comparação a Aranha (Tabela 3).

Tabela 3
Resultados do teste de Denver II por localidade estudada.

A avaliação antropométrica foi realizada em 215 (99%) crianças. Em 79% (171) delas, o IMC foi normal, 10% (22) apresentaram obesidade (IMC>30) e 5% (11) sobrepeso (IMC>25).

Foram coletadas 197 (90,7%) amostras de urina do total de 217 crianças captadas. Foram excluídas da análise 25 amostras com valores de creatinina urinária fora do padrão. A análise da exposição a metais foi realizada em 172 crianças (79% do total de crianças captadas). Em todas as crianças avaliadas (100%) foi detectado pelo menos um dos cinco metais analisados na urina. Concentração urinária de um ou mais metais acima do VR foi observada em 51% (87) das amostras analisadas. Em 12 (7%) amostras foram encontradas concentrações urinárias de dois metais acima do VR. Em 56% (44) das crianças residentes em Aranha e em 55% (22) das crianças residentes em Tejuco, foram detectadas concentrações de metais acima do VR.

A Tabela 4 apresenta as análises das concentrações urinárias de cada metal, por localidade estudada, tendo como ponto de corte o VR utilizado. Não houve diferenças significativas nas frequências dos metais urinários analisados acima e abaixo do VR entre as localidades estudadas: As (p=0,063), Pb (p=0,138), Hg (p=0,883) e Mn (p=0,721). Concentrações urinárias de As estavam acima do VR em 42% (72), e de Pb, em 13% (23) das amostras analisadas. Concentrações urinárias de Mn e de Hg foram mensuradas acima dos respectivos VR em duas crianças cada uma. Nenhuma criança apresentou concentrações urinárias de Cd acima do VR. Aranha foi a localidade com o maior número de crianças com concentrações urinárias de As acima do VR (50%), e Tejuco, a localidade com o maior número de crianças com concentrações urinárias de Pb acima do VR (25%).

Tabela 4
Concentrações urinárias de metais na população estudada por localidade em relação ao valor de referência.

DISCUSSÃO

É notório que uma situação de desequilíbrio ambiental como a que ocorreu com o rompimento da Barragem do Fundão pode determinar alterações nas condições de vida e saúde das populações afetadas em curto, médio e longo prazos22 Peixoto SV, Asmus CIRF. O desastre de Brumadinho e os possíveis impactos na saúde. Cienc Cult 2020; 72(2): 43-6. http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602020000200012
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. Soma-se a isso o fato de que as doenças e os agravos não se distribuem de forma homogênea no território, tornando os fatores socioambientais importantes condicionantes e determinantes para a ocorrência de novos problemas sobre a saúde infantil.

As populações estudadas apontaram renda per capita média abaixo do salário mínimo atualmente vigente, e cerca de um terço das mães de todas as localidades, exceto de Córrego do Feijão, tem até o ensino fundamental. O alto percentual de consumo de água mineral (60%) é em razão do fornecimento desta pela mineradora responsável pelo desastre, destacando-se que em Aranha, onde não há fornecimento de água pela empresa, 75% da população cita outras fontes, como poço, nascente ou cisterna. Esses dados indicam uma população em um cenário de maior precariedade econômica e social, ao qual se somou o impacto direto e indireto do desastre ambiental de 2019.

Nesse cenário de vulnerabilidade socioambiental1818 Freitas CM, Carvalho ML, Ximenes EF, Arraes EF, Gomes JO. Vulnerabilidade socioambiental, redução de riscos de desastres e construção da resiliência: lições do terremoto no Haiti e das chuvas fortes na Região Serrana, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2012; 17(6): 1577-86. https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000600021
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,1919 Silva MA, Freitas CM, Xavier DR, Romão AR. Sobreposição de riscos e impactos no desastre da Vale em Brumadinho. Cienc Cult 2020; 72(2): 21-8. http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602020000200008
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, quase metade dos responsáveis contou ter observado alterações nas condições de saúde das crianças após a ocorrência do desastre. Os maiores percentuais de problemas de saúde relatados como diagnósticos médicos nos últimos 12 meses se referem principalmente a afecções respiratórias e na pele, com destaque para os quadros alérgicos. Essa informação coaduna-se com a maior exposição a poeiras decorrente das atividades de remediação do desastre, relatadas pelos moradores, de maneira particular em Parque da Cachoeira, onde a proporção de relatos de alergias respiratórias e a de infecções na pele são, respectivamente, quatro e três vezes mais frequente do que em Aranha. Adicionalmente, Aranha e Tejuco foram as localidades em que a percepção de aumento de poeira após o desastre foi menor quando comparada à das localidades de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira. Essas diferenças podem estar relacionadas ao fato de que essas áreas não foram diretamente impactadas pela poeira da lama de rejeitos. É importante observar que a população de Tejuco também apresenta relatos de infecções cutâneas três vezes mais frequentes do que a população de Aranha, o que também pode estar ligado à ausência de saneamento básico, referido por 31% da população.

Os resultados observados em relação aos padrões de neurodesenvolvimento na população estudada precisam ser analisados à luz das condições sanitárias vigentes nos dois últimos anos. Os anos de 2020 e 2021 foram marcados no Brasil e no mundo por medidas restritivas que visavam conter a transmissão da COVID-19. Com o distanciamento social, as crianças foram privadas do ambiente escolar e de atividades de lazer, ou seja, do processo de socialização com seus pares, essencial para o desenvolvimento de habilidades como a cooperação, negociação de conflitos, convivência com as diferenças. Além disso, a ausência do processo de aprendizagem formal promovido no ambiente escolar pode ter gerado impactos negativos no seu processo de crescimento e desenvolvimento. Estudos têm mostrado os efeitos negativos do sedentarismo provocado pela pandemia na saúde das crianças, especialmente no ganho de peso2020 Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol (Campinas) 2020; 37: e200089. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200089
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.

Toda a população estudada apresenta concentrações de arsênio detectáveis nas amostras de urina analisadas. Como não foi realizada a especiação da substância, as concentrações quantificadas na urina podem ser das formas orgânicas, cujas principais fontes de exposição estão relacionadas à dieta, e das formas inorgânicas, cujas fontes podem ser provenientes da atividade de mineração ou de origem geológica natural com contaminação de compartimentos ambientais2121 Chung JY, Yu SD, Hong YS. Environmental source of arsenic exposure. J Prev Med Public Health 2014; 47(5): 253-7. https://doi.org/10.3961/jpmph.14.036
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. A principal forma de exposição ao arsênico inorgânico é pela ingestão de água. Pelo menos metade das crianças com exposição excessiva a esse metal é residente de Aranha, localidade com alto consumo de outras fontes de água. Embora cerca de 10% da população tenha apresentado concentrações urinárias de chumbo acima do VR, para o estabelecimento da exposição excessiva a esse metal é necessária a mensuração de suas concentrações em sangue venoso2222 Centers for Disease Control and Prevention. National report on human exposure to environmental chemicals [Internet]. 2022 [cited on Aug 9, 2022]. Available from: https://www.cdc.gov/exposurereport/index.html
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.

Os exames realizados identificaram uma situação de exposição, e não de intoxicação, aos metais analisados. O diagnóstico de intoxicação exige uma avaliação clínica de saúde completa, além dos exames laboratoriais e complementares necessários, no entanto chumbo e arsênio são metais tóxicos à saúde e ao desenvolvimento infantil. A exposição ao chumbo durante a gestação e nos primeiros dois anos de vida é amplamente associada com alterações nos desenvolvimentos neuromotor, social e cognitivo das crianças2323 Centers for Disease Control and Prevention. Childhood lead poisoning prevention [Internet]. 2022 [cited on Jul 11, 2022]. Available from: https://www.cdc.gov/nceh/lead/default.htm
https://www.cdc.gov/nceh/lead/default.ht...
2626 Liu J, Chen Y, Gao D, Jing J, Hu Q. Prenatal and postnatal lead exposure and cognitive development of infants followed over the first three years of life: a prospective birth study in the Pearl River Delta region, China. Neurotoxicology 2014; 44: 326-34. https://doi.org/10.1016/j.neuro.2014.07.001
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. A exposição ao arsênio vem sendo investigada no tocante sua potencial ação tóxica sobre as vias metabólicas, assim como sobre o sistema nervoso2727 Tolins M, Ruchirawat M, Landrigan P. The developmental neurotoxicity of arsenic: cognitive and behavioral consequences of early life exposure. Ann Glob Health 2014; 80(4): 303-14. https://doi.org/10.1016/j.aogh.2014.09.005
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.

Até o presente momento, não se conhecem os efeitos na saúde infantil dos impactos diretos e indiretos dos desastres ambientais no Brasil. Com o Projeto Bruminha, pretende-se contribuir para a produção de evidências quanto aos efeitos da exposição aos resíduos de minério dispersos no ambiente sobre a saúde e o desenvolvimento das crianças afetadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Em virtude de ser uma iniciativa de grande relevância para a saúde pública no contexto de um desastre ambiental de grandes proporções, o desenho de estudo caminha para uma coorte aberta, com inserção de novos participantes nas próximas avaliações (2022 e 2023).

  • Fonte de financiamento: O Projeto Bruminha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conta com financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde (MS) (Processo 25000.127551/2019-69).

AGRADECIMENTOS:

À população do município de Brumadinho, especialmente aos pais e responsáveis pelas crianças participantes do Projeto Bruminha, a confiança depositada na equipe de pesquisa. Nossos agradecimentos à Fundação Oswaldo Cruz, na pessoa do pesquisador Sergio Vianna Peixoto, a parceria no desenvolvimento deste estudo. Aos pesquisadores consultores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Estadual de Campinas e à Secretaria Municipal de Saúde de Brumadinho.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    13 Jul 2022
  • Revisado
    23 Ago 2022
  • Aceito
    29 Ago 2022
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
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