Perfil de utilização de psicofármacos durante a pandemia de COVID-19 em Minas Gerais, Brasil

Juliana Cerqueira Barros Sarah Nascimento Silva Sobre os autores

RESUMO

Objetivo:

Descrever o perfil de dispensação de medicamentos da saúde mental analisando o uso antes e durante a pandemia de COVID-19 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Métodos:

Estudo farmacoepidemiológico a partir da análise retrospectiva dos registros de dispensação de psicofármacos na base de dados do SUS no estado de Minas Gerais (MG) nos períodos antes (2018–2019) e durante a pandemia de COVID-19 (2020–2021). Um banco de dados com os registros de dispensação dos municípios foi elaborado, sendo verificada a consistência de lançamento pelo teste de Análise de Variância (ANOVA). O consumo dos medicamentos foi mensurado em dose diária definida (DDD) por 1.000 habitantes/dia para o SUS, sendo a diferença entre os períodos avaliada pelo teste estatístico t de Student.

Resultados:

Durante a pandemia de COVID-19 houve aumento no consumo de psicofármacos no SUS-MG. Os medicamentos mais consumidos foram cloridrato fluoxetina, diazepam e fenobarbital sódico (DDD=5,89; 3,42; 2,49) no componente básico (CBAF), e olanzapina, risperidona e hemifumarato de quetiapina (DDD=0,80; 0,47; 0,38) no componente especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). Os maiores aumentos percentuais no consumo foram atribuídos ao clonazepam (75,37%) e carbonato de lítio (35,35%) no CBAF e levetiracetam (3.000,00%) e cloridrato de memantina (340,00%) no CEAF.

Conclusão:

A alteração do perfil de dispensação de psicotrópicos durante a pandemia de COVID-19 alerta quanto à necessidade de produção de mais estudos a fim de completar, confirmar ou afastar este perfil e monitorar o uso de psicofármacos pela população no contexto pós-pandêmico.

Palavras-chave:
Psicotrópicos; Saúde mental; COVID-19; Farmacoepidemiologia; Assistência farmacêutica; Base de dados

INTRODUÇÃO

A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis permite análises objetivas da situação sanitária de uma localidade, sendo fonte de informação para a tomada de decisões e a programação de ações estratégicas11 Organização Pan-Americana da Saúde. Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações 2ᵃ ed. [Internet]. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2008 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf
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. Neste contexto, muitas bases de dados podem constituir uma importante ferramenta para o levantamento de indicadores de saúde. O acesso a medicamentos essenciais e o perfil de utilização pela população constituem importantes indicadores da Assistência Farmacêutica, mensurados e monitorados em diversos países, que podem expressar o acesso, a qualidade e a organização, em termos de estrutura e processos, dos serviços prestados à população22 World Health Organization. Manual for core indicators on country pharmaceutical situations. Geneva: WHO; 2003..

Em 2022, cerca de um bilhão de pessoas eram acometidas por algum transtorno mental diagnosticável em 2022, no entanto apenas uma pequena fração dispunha de cuidados eficazes, acessíveis e de qualidade33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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. A partir de 2020, com a pandemia de COVID-19, muitos estudos começaram a relatar um aumento substancial dos transtornos depressivos (28%) e de ansiedade (26%) em relação ao ano anterior33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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,44 COVID-19 Mental Disorders Collaborators. Global prevalence and burden of depressive and anxiety disorders in 204 countries and territories in 2020 due to the COVID-19 pandemic. Lancet 2021; 398(10312): 1700-12. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02143-7
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. Muitos desses transtornos foram atribuídos a vários estressores de curto ou longo prazo que levaram ao desenvolvimento ou agravamento dos transtornos no campo da saúde mental33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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,55 United Nations. Policy brief: COVID-19 and the need for action on mental health [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/un_policy_brief-covid_and_mental_health_final.pdf
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, tais como as ações de contingência e isolamento social33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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,66 Piquero AR, Jennings WG, Jemison E, Kaukinen C, Knaul FM. Domestic violence during the COVID-19 pandemic—evidence from a systematic review and meta-analysis. J Crim Justice 2021; 74: 101806. https://doi.org/10.1016/j.jcrimjus.2021.101806
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, incertezas a respeito do vírus e o excesso de informações33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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,77 World Health Organization. Managing the COVID-19 infodemic: promoting healthy behaviours and mitigating the harm from misinformation and disinformation. Joint statement by WHO, UN, UNICEF, UNDP. UNESCO, UNAIDS, ITU, UN Glob. Pulse, IFRC [Internet]. 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.who.int/news/item/23-09-2020-managing-the-covid-19-infodemic-promoting-healthy-behaviours-and-mitigating-the-harm-from-misinformation-and-disinformation
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, além do estresse, do desemprego e da insegurança financeira88 Lakner C, Yonzan N, Mahler DG, Aguilar RAC, Wu H. Updated estimates of the impact of COVID-19 on global poverty: turning the corner on the pandemic in 2021 [Internet]. World Bank Data Blog 2021 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://blogs.worldbank.org/opendata/updated-estimates-impact-covid-19-global-poverty-looking-back-2020-and-outlook-2021
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. Diante disso, a garantia do acesso adequado ao tratamento, do uso racional dos medicamentos e do seu controle especial conforme as normas sanitárias vigentes, compreendem tarefas extremamente relevantes para a gestão da Assistência Farmacêutica.

Em 2020, diversos países envidaram esforços para desenvolver ou adaptar intervenções psicológicas em seus planos nacionais para tratar ou prevenir condições de saúde mental em resposta à COVID-1999 World Health Organization. The impact of COVID-19 on mental, neurological and substance use services: results of a rapid assessment [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/978924012455
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. No Brasil, a ampliação da assistência aos profissionais de saúde e alguns repasses financeiros para municípios foram identificados no primeiro ano da pandemia1010 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 2.516 de 21 de setembro de 2020. Dispõe sobre a transferência de recursos financeiros de custeio para a aquisição de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica utilizados no âmbito da saúde mental em virtude dos impactos sociais ocasionados pela pandemia da COVID-19 [Internet]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 de setembro de 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt2516_22_09_2020.html
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. No âmbito da Assistência Farmacêutica, diversas ações gerais foram propostas para reorientar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de suprir o abastecimento de tecnologias de saúde com sustentabilidade e promover o uso racional desses recursos na assistência à saúde1111 Lula-Barros DS, Damascena HL. Assistência farmacêutica na pandemia da Covid-19: uma pesquisa documental. Trab Educ Saúde 2021; 19: e00323155. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00323
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. Alterações temporárias na legislação que rege a dispensação de medicamentos ampliaram os prazos de validade das prescrições e dos períodos para retorno às farmácias, elevando o quantitativo de medicamentos dispensados a cada período, dado que pode ser verificado nos registros das bases de dados administrativas1212 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n° 357, de 24 de março de 2020. Estende, temporariamente, as quantidades máximas de medicamentos sujeitos a controle especial permitidas em Notificações de Receita e Receitas de Controle Especial e permite, temporariamente, a entrega remota definida por programa público específico e a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, em virtude da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) relacionada ao novo Coronavírus (SARS-CoV-2) [Internet]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de março de 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-357-de-24-de-marco-de-2020-249501721
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Os psicofármacos são medicamentos de controle especial, capazes de causar dependência física e psíquica com importantes eventos adversos33 Freeman M. The World Mental Health Report: transforming mental health for all. World Psychiatry 2022; 21(3): 391-2. https://doi.org/10.1002/wps.21018
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. O uso de antipsicóticos é crescente no Brasil; uma pesquisa nacional indicou que 8,7% dos adultos no país usam pelo menos um medicamento psicotrópico1313 Rodrigues PS, Francisco PMSB, Fontanella AT, Borges RB, Costa KS. Uso e fontes de obtenção de psicotrópicos em adultos e idosos brasileiros. Ciênc Saúde Colet 2020; 25(11): 4601-14. https://doi.org/10.1590/1413-812320202511.35962018
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, e vários estudos apresentam prevalência importante no uso de psicotrópicos em diferentes localidades brasileiras1414 Quintana MI, Andreoli SB, Peluffo MP, Ribeiro WS, Feijo MM, Bressan RA, et al. Psychotropic drug use in São Paulo, Brazil--an epidemiological survey. PLoS One. 2015; 10(8): e0135059. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0135059
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,1515 Quintana MI, Andreoli SB, Moreira FG, Ribeiro WS, Feijo MM, Bressan RA, et al. Epidemiology of psychotropic drug use in Rio de Janeiro, Brazil: gaps in mental illness treatments. PLoS One 2013; 8(5): e62270. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0062270
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. O crescimento na venda de psicotrópicos no Brasil durante a pandemia de COVID-191616 Sá Del Fiol F, Bergamaschi CC, Lopes LC, Silva MT, Barberato-Filho S. Sales trends of psychotropic drugs in the COVID-19 pandemic: a national database study in Brazil. Front Pharmacol 2023; 14: 1131357. https://doi.org/10.3389/fphar.2023.1131357
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, a alteração temporária das regras de dispensação destes medicamentos1212 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n° 357, de 24 de março de 2020. Estende, temporariamente, as quantidades máximas de medicamentos sujeitos a controle especial permitidas em Notificações de Receita e Receitas de Controle Especial e permite, temporariamente, a entrega remota definida por programa público específico e a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, em virtude da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) relacionada ao novo Coronavírus (SARS-CoV-2) [Internet]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de março de 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-357-de-24-de-marco-de-2020-249501721
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e o crescimento do fenômeno da medicalização da saúde1717 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assitência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Uso de medicamentos e medicalização da vida: recomendações e estratégias. Brasília: Ministério da Saúde; 2018. são situações que podem contribuir para o uso inadequado ou irracional de medicamentos, requerendo investigação para compreender e direcionar a atenção aos indivíduos com transtornos mentais. Estudos sobre o acesso e a utilização dos medicamentos durante a pandemia de COVID-19 usando as bases de dados administrativos do SUS podem ser uma fonte importante de informações para observar novas tendências e o impacto das ações e medidas emergenciais neste período. Este trabalho visa descrever o perfil de dispensação de psicofármacos analisando o uso antes e durante a pandemia de COVID-19 no âmbito do SUS.

MÉTODOS

Tipo de estudo e local

Trata-se de um estudo farmacoepidemiológico, desenvolvido a partir de uma análise retrospectiva, descritiva e quantitativa de dados secundários dos registros de dispensação de medicamentos do SUS no estado de Minas Gerais, o Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica (SIGAF). O SIGAF é uma base administrativa do governo para registro e escrituração das dispensações de medicamentos em todos os 853 municípios do estado, representando um sistema fundamental para a integração do SUS estadual, visto que apoia e subsidia o desempenho das atividades e processos desenvolvidos nas farmácias de cada município, o que aumenta a efetividade e a gestão nos processos logísticos1818 Minas Gerais. Secretaria de Saúde do Estado de Saúde. Resolução SES n° 3.855, de 12 de agosto de 2013. Estabelece normas para a utilização do SIGAF para gerenciamento de Produtos Controlados pela Portaria SVS/MS n° 344/1998 e antimicrobianos em estabelecimentos públicos que utilizam SIGAF [Internet]. 2013 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://saude.mg.gov.br/index.php?option=com_gmg&controller=document&id=13645-resolucao-ses-n-3855-de-12-de-agosto-de-2013
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.

Participantes

A população do estudo compreende todos os usuários registrados no sistema SIGAF que obtiveram algum medicamento psicofármaco entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021. Este período foi escolhido por contemplar dois momentos distintos: “antes da pandemia de COVID-19” (janeiro de 2018 a dezembro de 2019) e “durante a pandemia de COVID-19” (janeiro de 2020 a dezembro de 2021). Os dados foram obtidos a partir dos relatórios de dispensação dos medicamentos registrados no SIGAF, atribuídos às 20 Superintendências Regionais de Saúde e oito Gerências Regionais de Saúde, disponibilizados de forma anonimizada por meio de uma solicitação realizada no Portal da Transparência do governo do Estado de Minas Gerais (Protocolo: 01320000052202240). Os registros de dispensação dos medicamentos presentes nos relatórios estão diretamente relacionados aos pacientes nas unidades de dispensação e não incluem aqueles usados em serviços de saúde como hospitais, atendimento de urgência, emergência e uso ambulatorial. Os registros de atendimento permitem o lançamento de mais de um atendimento mensal por paciente, cujo controle é regido pela prescrição médica. Não houve cruzamento de dados para identificação de pacientes, dada a limitação de anonimização dos dados disponibilizados para a análise.

Fontes de dados e análise

Um banco de dados com os registros de dispensação dos psicofármacos foi elaborado. Os medicamentos selecionados para compor o banco de dados são aqueles presentes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) de 2022 com indicação para o tratamento da saúde mental. Essa indicação foi verificada no Formulário Terapêutico Nacional (FTN) para os medicamentos alocados no Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF) ou nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) (Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo; Doença de Alzheimer; Epilepsia; Esquizofrenia; Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno Esquizoafetivo) para os medicamentos alocados no Componente Especializado (CEAF). Para cada componente foi elaborada uma lista dos psicofármacos selecionados para a análise, sendo agrupados por registros anuais e posteriormente por princípio ativo, identificando os quantitativos dispensados. Os dados foram tabulados utilizando o Microsoft Excel de forma a agrupar os registros por municípios. Uma análise da frequência de lançamento de registros mensais de dispensação pelos municípios que alimentam a base de dados SIGAF foi realizada a fim identificar fontes de viés advindas da irregularidade de registro de dados, utilizando a estatística descritiva e o teste de Análise de Variância (ANOVA). Essa análise contemplou apenas os registros dos medicamentos do CBAF, visto que as dispensações do CEAF são centralizadas em unidades cujo uso do sistema SIGAF é obrigatório. A descrição dos medicamentos e princípios ativos foi padronizada manualmente a fim de minimizar a duplicidade de itens com a mesma descrição.

As variáveis de interesse compreendem os quantitativos dispensados, expressos em unidades farmacêuticas (comprimidos, cápsulas ou ampolas), em números cardinais, e em dose diária definida por 1.000 habitantes/dia (DDD) estabelecida pela OMS, sendo corrigida para tamanho da população que utiliza o SUS, ou seja, 75% da população do estado de Minas Gerais. Além disso, foi descrito o número de atendimentos realizados a partir dos relatórios mensais do SIGAF, sendo identificadas séries temporais para cada um dos medicamentos, reunidos por princípio ativo e componente da Assistência Farmacêutica. A análise temporal contemplou, além dos dados anuais, os períodos “antes da pandemia de COVID-19” e “durante a pandemia de COVID-19”, definindo dois conjuntos de dados para a comparação. A análise dos registros de dispensação foi realizada por estatística descritiva expressando medidas de tendência central (média e mediana) e medidas de variação para os registros. A diferença entre as dispensações, assumida como o consumo calculado em DDD, durante os dois períodos de análise foi avaliada pelo teste estatístico t de Student considerando a métrica de consumo como variável dependente e o nível de confiança de 95%. O relato deste estudo adotou o checklist Reporting of studies Conducted using Observational Routinely collected health Data (RECORD)1919 Benchimol EI, Smeeth L, Guttmann A, Harron K, Moher D, Petersen I, et al. The REporting of studies Conducted using Observational Routinely-collected health Data (RECORD) statement. PLoS Med. 2015; 12(10): e1001885. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1001885
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.

Este estudo compreende uma pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação individual, sendo dispensada de submissão ao Comitê de Ética, conforme disposto na resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde Brasileiro.

RESULTADOS

Os relatórios extraídos do SIGAF apresentam 13,9 bilhões de registros de dispensação para o atendimento de 94,9 milhões de pacientes entre 2018 e 2021. As dispensações referentes aos medicamentos da saúde mental correspondem a 15,7% de todos os registros da base de dados do SIGAF, atendendo 10,7% dos pacientes. Observou-se uma tendência crescente do número de unidades farmacêuticas dispensadas anualmente, tanto para os medicamentos do CBAF quanto do CEAF (Figura 1).

Figura 1
Unidades farmacêuticas de psicofármacos dispensadas no Sistema Único de Saúde de Minas Gerais em 2018–2021.

Os registros de dispensação analisados compreendem o lançamento de dados de 834 municípios registrados no SIGAF, localizados em 28 regionais de saúde do estado de Minas Gerais, o que representa 99,7% dos 853 municípios presentes em MG. A frequência de lançamentos de dados na base do SIGAF pelos municípios do estado difere para cada ano (p<0,001), no entanto essa variação apresenta baixa amplitude (1,80–5,16%), indicando que houve a alimentação contínua dos dados na base SIGAF pelos municípios cadastrados no período analisado.

Foram identificados 46 medicamentos utilizados nos tratamentos da saúde mental no âmbito do CBAF. A análise dos registros de dispensação dos medicamentos na base do SIGAF identificou a série de dados de 38 medicamentos no período de 2018 a 2021, representando 16 princípios ativos. O medicamento flumazenil não teve o consumo calculado em função da ausência de classificação DDD/ATC. Foram identificados 40 medicamentos utilizados nos tratamentos da saúde mental no âmbito do CEAF e todos possuíam registros de dispensação na base do SIGAF, representando 17 princípios ativos.

A análise dos registros referentes ao CBAF aponta que, durante a pandemia (2020-2021), o cloridrato de fluoxetina foi o medicamento mais dispensado (DDD média=5,89), seguido do Diazepam (DDD média=3,42), fenobarbital sódico (DDD média=2,49) e haloperidol (DDD média=1,76) (Figura 2).

Figura 2
Consumo em Dose Diária Definida/1000 habitantes/dia de psicofármacos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde de Minas Gerais, 2019-2021.

As regionais que mais dispensaram medicamentos do elenco da saúde mental do CBAF foram, respectivamente, Divinópolis (12,24%), Belo Horizonte (7,49%), Sete Lagoas (5,38%), Ponte Nova (4,93%) e Patos de Minas (4,90%). O número de registros de dispensação do ano de 2018 apresentou um valor discrepante, bem inferior aos anos de 2019, 2020 e 2021. Assim, na análise comparativa de série histórica, optou-se por considerar os dados a partir do ano de 2019. A análise comparativa entre os períodos, antes e durante a pandemia de COVID-19, apontou diferença estatística significante entre cada período (p=0,009), com o aumento do consumo de todos os medicamentos psicotrópicos do CBAF durante a pandemia, exceto para a amitriptilina, que apresentou a redução de consumo (-7,92%). Clonazepam e carbonato de lítio apresentaram o maior aumento percentual de consumo durante a pandemia, respectivamente 75,37 e 35,35% (Tabela 1).

Tabela 1
Comparação do consumo de medicamentos psicofármacos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica em Minas Gerais, 2018–2021.

A análise dos registros de dispensação do CEAF apontou o medicamento olanzapina como o mais dispensado no período de 2020-2021 (DDD média=0,80), seguido da risperidona (DDD média=0,47) e do hemifumarato de quetiapina (DDD média=0,38) (Figura 3). A análise da série histórica apontou diferença estatística significativa entre os dois períodos avaliados (p=0,019), com o aumento do consumo dos psicotrópicos dispensados no CEAF. O aumento do consumo apresentou altos percentuais para o levetiracetam (3000%) e cloridrato de memantina (340%), sendo também observada a redução no consumo para os princípios ativos donepezila (-18,31%), ziprazidona (-3,71%) e olanzapina (-2,68%) (Tabela 2).

Figura 3
Consumo em Dose Diária Definida/1000 habitantes/dia de psicofármacos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica em Minas Gerais, 2018–2021.
Tabela 2
Comparação do consumo de medicamentos psicofármacos no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica em Minas Gerais, 2018–2021.

DISCUSSÃO

Este estudo apontou um crescimento no consumo de psicofármacos dispensados tanto no âmbito do CBAF quanto do CEAF no SUS-MG entre 2018 e 2021. A análise por períodos aponta que houve um crescimento significativo do consumo de psicofármacos durante a pandemia (2020-2021) para a maioria dos princípios ativos analisados. O cloridrato de fluoxetina e o diazepam foram os psicotrópicos mais consumidos no SUS de Minas Gerais durante a pandemia de COVID-19, perfil similar a outras localidades, cujos medicamentos mais consumidos são os antidepressivos e ansiolíticos1313 Rodrigues PS, Francisco PMSB, Fontanella AT, Borges RB, Costa KS. Uso e fontes de obtenção de psicotrópicos em adultos e idosos brasileiros. Ciênc Saúde Colet 2020; 25(11): 4601-14. https://doi.org/10.1590/1413-812320202511.35962018
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,2020 Dantas FP, Santos FMP, Dallaqua B. Consumo de psicotrópicos em meio a pandemia do Sars-CoV-2. Rev PubSaúde 2021; 7(1): 1-7. https://dx.doi.org/10.31533/pubsaude7.a187
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,2121 Silva MO, Dias DO, Ferraz HR, Braga Júnior ACR, Amorim AT. Perfil de utilização de medicamentos psicotrópicos dispensados por farmácias públicas durante a pandemia da COVID-19. Res Soc Dev 2022; 11(7): e45911730269. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i7.30269
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. Quando o consumo é avaliado, antes e durante a pandemia de COVID-19, os maiores valores percentuais foram observados para os princípios ativos clonazepam e haloperidol (CBAF) e levetiracetam e cloridrato de memantina (CEAF). No contexto internacional, os achados deste estudo são compatíveis com algumas localidades que registraram aumento do consumo de psicofármacos no primeiro ano da pandemia2222 Zaki N, Brakoulias V. The impact of COVID-19 on benzodiazepine usage in psychiatric inpatient units. Australas Psychiatry 2022; 30(3): 334-7. https://doi.org/10.1177/10398562211059090
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,2323 Patel R, Irving J, Brinn A, Broadbent M, Shetty H, Pritchard M, et al. Impact of the COVID-19 pandemic on remote mental healthcare and prescribing in psychiatry: an electronic health record study. BMJ Open 2021; 11(3): e046365. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2020-046365
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, embora haja estudos divergentes, que não apontaram mudanças no perfil das prescrições psiquiátricas nos serviços2424 Estrela M, Silva TM, Gomes ER, Piñeiro M, Figueiras A, Roque F, et al. Prescription of anxiolytics, sedatives, hypnotics and antidepressants in outpatient, universal care during the COVID-19 pandemic in Portugal: a nationwide, interrupted time-series approach. J Epidemiol Community Health 2022;76(4):335-40. https://doi.org/10.1136/jech-2021-216732
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.

No início da pandemia de COVID-19, em 2020, foi observado um aumento na prevalência de transtornos depressivos e de transtornos de ansiedade, associados ao aumento das taxas de infecção por SARS-Cov-2 e várias medidas de enfrentamento à pandemia, que diminuíram as interações sociais44 COVID-19 Mental Disorders Collaborators. Global prevalence and burden of depressive and anxiety disorders in 204 countries and territories in 2020 due to the COVID-19 pandemic. Lancet 2021; 398(10312): 1700-12. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02143-7
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,2525 World Health Organization. Mental Health and Covid-19: early evidence of the pandemic's impact: scientific brief, 2 March 2022 [Internet]. 2022 [accessed on Mar. 1, 2023]. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-Sci_Brief-Mental_health-2022.1
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. Além do medo de contrair a doença, a pandemia de COVID-19 provocou em diversas pessoas um sentimento de insegurança em relação à saúde, à esfera social e econômica2626 Oliveira JRF, Varallo FR, Jirón M, Ferreira IML, Siani-Morello MR, Lopes VD, et al. Descrição do consumo de psicofármacos na atenção primária à saúde de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2021; 37(1): e00060520. https://doi.org/10.1590/0102-311X00060520
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. Os sentimentos de ansiedade, tristeza ou dificuldade para dormir são respostas compreensíveis às mudanças sociais advindas com a pandemia, devendo ser entendidas como uma forma de sofrimento social e não como sintomas de doenças mentais2727 Holmes EA, O'Connor RC, Hugh Perry V, Tracey I, Wessely S, Arseneault L, et al. Multidisciplinary research priorities for the COVID-19 pandemic: a call for action for mental health science. Lancet Psychiatry 2020; 7(6): 547-60. https://doi.org/10.1016/S2215-0366(20)30168-1
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. Dessa forma, foi essencial que os profissionais da saúde envolvidos neste processo soubessem diferenciar sintomas comuns inerentes a este período, dos sintomas de uma patologia iniciada. Apesar de um aumento agudo dos sintomas de saúde mental, houve uma diminuição nos meses subsequentes, tornando-se indistinguíveis dos perfis de sintomas pré-pandêmicos na maioria dos subgrupos populacionais em meados de 20202828 Robinson E, Sutin AR, Daly M, Jones A. A systematic review and meta-analysis of longitudinal cohort studies comparing mental health before versus during the COVID-19 pandemic in 2020. J Affect Disord 2022; 296: 567-76. https://doi.org/10.1016/j.jad.2021.09.098
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. Assim, a discussão de mudanças no perfil de consumo de psicofármacos deve também englobar outros fatores e mudanças realizadas nos serviços de saúde neste período1111 Lula-Barros DS, Damascena HL. Assistência farmacêutica na pandemia da Covid-19: uma pesquisa documental. Trab Educ Saúde 2021; 19: e00323155. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00323
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, que podem ter relação com a alteração deste perfil, bem como ações futuras para a continuidade do cuidado aos usuários.

Neste estudo, embora o crescimento no consumo de ansiolíticos e antidepressivos possa ser associado ao contexto de incertezas e preocupações gerados pela pandemia2525 World Health Organization. Mental Health and Covid-19: early evidence of the pandemic's impact: scientific brief, 2 March 2022 [Internet]. 2022 [accessed on Mar. 1, 2023]. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-Sci_Brief-Mental_health-2022.1
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, há outras questões a serem discutidas referente ao aumento do consumo de uso de medicamentos crônicos na saúde mental. Durante a pandemia de COVID-19, duas alterações importantes que afetaram as políticas de saúde podem ajudar a discutir o aumento no número de dispensações durante este período, principalmente para transtornos mentais crônicos. Primeiramente, a alteração da legislação que regula a dispensação de medicamentos psicotrópicos por meio da resolução RDC n° 357, de 24 de março de 2020, prorrogada até setembro de 20231212 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n° 357, de 24 de março de 2020. Estende, temporariamente, as quantidades máximas de medicamentos sujeitos a controle especial permitidas em Notificações de Receita e Receitas de Controle Especial e permite, temporariamente, a entrega remota definida por programa público específico e a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, em virtude da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) relacionada ao novo Coronavírus (SARS-CoV-2) [Internet]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de março de 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-357-de-24-de-marco-de-2020-249501721
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resol...
, que ampliou temporariamente as quantidades máximas de medicamentos permitidas nas notificações e receitas de controle especial e permitiu a entrega remota, definida por programa público específico, e a entrega em domicílio desses medicamentos. Observa-se que essa resolução triplicou a quantidade de medicamentos dispensados em uma única receita e permitiu que a entrega remota, antes proibida no país, facilitasse o acesso em um momento de fragilidade social e econômica de grande parcela da população.

Em segundo lugar, observou-se a ampliação de transferência de recursos financeiros aos municípios, pela Portaria n° 2.516 do Ministério da Saúde, para a aquisição de medicamentos do CBAF, tendo como justificativa os impactos sociais ocasionados pela pandemia da COVID-191010 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 2.516 de 21 de setembro de 2020. Dispõe sobre a transferência de recursos financeiros de custeio para a aquisição de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica utilizados no âmbito da saúde mental em virtude dos impactos sociais ocasionados pela pandemia da COVID-19 [Internet]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 de setembro de 2020 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt2516_22_09_2020.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegi...
. Esse repasse financeiro ocorreu apenas em 2020, mas dados os prazos para aquisição de medicamentos, foi observada sua execução também em 2021, permitindo a ampliação da oferta dos medicamentos à população pelo SUS. Destaca-se que, em meio a essas alterações, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) já enfrentava mudanças significativas nos últimos anos, iniciadas pela publicação de portarias e resoluções que alteraram a estrutura da rede de serviços. Tais alterações influenciaram o acesso e a assistência prestada aos usuários, ações caracterizadas por alguns autores como um desmonte da RAPS, dada a retirada de recursos e o retrocesso na disposição da rede2929 Cruz NFO, Gonçalves RW, Delgado PGG. Retrocesso da reforma psiquiátrica: o desmonte da política nacional de saúde mental brasileira de 2016 a 2019. Trab Educ Saúde 2020; 18.(3): e00285117. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00285
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. Além disso, diversos serviços de saúde adotaram medidas de fechamento ou a modificação da rotina de serviços, e até mesmo a suspensão ou reorganização de atividades durante a pandemia, situação que pode ter impactado ainda mais no acesso à assistência adequada.

A observação destes fatores revela, além de um panorama multicausal para analisar o aumento das dispensações de psicofármacos durante a pandemia, um contexto muito preocupante no âmbito da política de saúde mental. Em um momento de alta vulnerabilidade da população, observa-se o acesso e a oferta facilitada a esses medicamentos, ao mesmo tempo em que a assistência estava comprometida, seja pela fragilidade da RAPS ou pela sobrecarga geral dos serviços e profissionais nos primeiros anos da pandemia. Diante do alto potencial de dependência e abuso dos psicofármacos observado nos últimos anos, essas mudanças, ainda que transitórias, podem ser responsáveis por alterar comportamentos que certamente vão exigir um trabalho contínuo da Assistência Farmacêutica com foco no uso racional dos medicamentos e, em casos mais complexos, o trabalho multidisciplinar nas práticas de desmedicalização1717 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assitência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Uso de medicamentos e medicalização da vida: recomendações e estratégias. Brasília: Ministério da Saúde; 2018..

O aumento da dispensação de medicamentos pode estar relacionado também ao acesso a novas tecnologias no SUS. No âmbito do componente especializado, observou-se o crescimento da dispensação do medicamento levetiracetam, que possivelmente não está ligado a uma questão epidemiológica, mas de acesso a novas tecnologias para o tratamento. Em 2017, o levetiracetam foi incorporado no SUS para o tratamento da epilepsia refratária e para pacientes com microcefalia3030 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Recomendações da Conitec [Internet]. 2022 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/avaliacao-de-tecnologias-em-saude/recomendacoes-da-conitec
https://www.gov.br/conitec/pt-br/assunto...
, assim, o crescimento expressivo na dispensação nos anos subsequentes reflete, entre outros aspectos, a difusão do medicamento no SUS. Este é um dado importante extraído das bases de dados para compreender o tempo que uma tecnologia é de fato implementada na prática clínica, processo que ainda apresenta muitas barreiras e desafios, visto que o tempo relatado em alguns estudos para a disponibilização da tecnologia nos serviços é muito superior aos 180 dias recomendados na legislação vigente3131 Capucho HC, Brito A, Maiolino A, Kaliks RA, Pinto RP. Incorporação de medicamentos no SUS: comparação entre oncologia e componente especializado da assistência farmacêutica. Ciênc Saúde Colet 2022; 27(6): 2471-9. https://doi.org/10.1590/1413-81232022276.16282021
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.

Em meio a esse contexto, é necessário destacar também as iniciativas para incentivar o uso das bases de dados nos registros da dispensação da Assistência Farmacêutica. A Base Nacional de Dados e Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde (BNAFAR) reúne dados epidemiológicos e da assistência farmacêutica em todo o país, possibilitando uma visão integrada das informações1313 Rodrigues PS, Francisco PMSB, Fontanella AT, Borges RB, Costa KS. Uso e fontes de obtenção de psicotrópicos em adultos e idosos brasileiros. Ciênc Saúde Colet 2020; 25(11): 4601-14. https://doi.org/10.1590/1413-812320202511.35962018
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. Os incentivos para o uso da BNAFAR foram intensificados, com a ampliação dos instrumentos legais para normatizar o uso e compartilhamento dos dados entre os três entes federados, estabelecendo a obrigatoriedade do envio dos dados pelos gestores a partir de 20163232 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 957, de 10 de maio de 2016. Estabelece o conjunto de dados e eventos referentes aos medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e do Programa Farmácia Popular do Brasil para composição da Base Nacional de Dados de Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) [Internet]. 2016 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0957_10_05_2016.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegi...
e a disponibilização do portal homologado para os gestores em 20183333 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Bnafar Base Nacional de Dados de Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde : manual do usuário [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021 [accessed on Jan.8, 2023]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/base_dados_assistencia_farmaceutica_manual.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
.

Em Minas Gerais, o SIGAF é um sistema centralizado e oficial para gerenciar a escrituração dos produtos controlados e antimicrobianos nos serviços públicos, sendo uma importante base para a alimentação da BNAFAR. O aumento dos registros de dispensação a partir de 2018 pode estar associado à implementação do portal BNAFAR3333 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Bnafar Base Nacional de Dados de Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde : manual do usuário [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021 [accessed on Jan.8, 2023]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/base_dados_assistencia_farmaceutica_manual.pdf
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e a ações de incentivo do uso dessa base3434 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação n° 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde [Internet]. 2017 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sctie/farmacia-popular%20old/legislacao/prc-5-portaria-de-consolida-o-n-5-de-28-de-setembro-de-2017.pdf/view
https://www.gov.br/saude/pt-br/composica...
. Nos últimos editais do Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde (QUALIFAR-SUS)3535 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação n° 5/GM/MS, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde [Internet]. 2017 [accessed on Jan. 8, 2023]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sctie/farmacia-popular%20old/legislacao/prc-5-portaria-de-consolida-o-n-5-de-28-de-setembro-de-2017.pdf/view
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, os repasses priorizaram os municípios já credenciados no programa, ou seja, aqueles que cumprem alguns requisitos, como a regularidade do envio de dados de dispensação para a BNAFAR, por exemplo.

Este estudo realizou a análise de uma base de dados secundária, utilizada principalmente no âmbito administrativo, sujeita a diversas fontes de erros e limitações. Além das fontes de erro inerentes ao lançamento e cadastro de dados, como erros de digitação, os relatórios analisados não permitiram o cruzamento de alguns registros, impossibilitando a checagem ou conferência de algumas informações. Destaca-se também diversas fontes de viés, inerente a classificações inseridas pelos gestores e fatores de confusão não mensurados, ou mesmo aos diversos ambientes e múltiplos usuários do sistema. Embora a legislação estabeleça a obrigatoriedade da escrituração dos psicofármacos e o SIGAF seja a base de dados oficial para esse lançamento em Minas Gerais, alguns municípios não atualizam o sistema frequentemente ou optam por utilizar outra base para o controle da movimentação dos medicamentos da atenção primária; assim, esta base de dados está sujeita a subnotificações dos registros de dispensação, principalmente para o elenco de medicamentos do CBAF. Ainda assim, destaca-se que os dados extraídos compreendem uma oportunidade de utilizar dados administrativos para indicar tendências no consumo de medicamentos, uma vez que não existem registros clínicos sistematicamente organizados que possam compilar esse dado no âmbito da atenção primária e ambulatorial.

A alteração do perfil de dispensação de psicotrópicos durante a pandemia de COVID-19 fornece dados para o gerenciamento dos serviços. Dessa forma, estudos futuros são importantes para complementar, confirmar ou afastar este perfil identificado e estabelecer novas comparações e tendências assumidas no contexto pós-pandêmico. A análise do perfil de consumo de medicamentos psicotrópicos torna-se essencial para monitoramento e aprimoramento das políticas de acesso e o cuidado aos usuários, contribuindo para a melhoria das condições de saúde mental da população brasileira e o uso racional dos medicamentos.

  • FONTE DE FINANCIAMENTO: nenhuma.

AGRADECIMENTOS:

À Fundação Oswaldo Cruz, Instituto René Rachou pelo suporte para o desenvolvimento da pesquisa e à Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais pelo fornecimento dos dados.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    15 Jun 2023
  • Revisado
    09 Out 2023
  • Aceito
    11 Out 2023
  • Corrigido
    07 Mar 2024
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