A pandemia de covid-19 e a morbidade hospitalar por transtorno mental e comportamental no Brasil: uma análise de série temporal interrompida, janeiro de 2008 a julho de 2021

Carolina Novaes Carvalho Sandra Fortes André Peres Barbosa de Castro Juan Cortez-Escalante Thiago Augusto Hernandes Rocha Sobre os autores

Resumo

Objetivo:

analisar as internações por transtorno mental e comportamental, antes e após o início da pandemia de covid-19 no Brasil, de janeiro de 2008 a julho de 2021.

Métodos:

estudo ecológico descritivo de série temporal interrompida, com dados registrados no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS); realizada análise da série temporal das internações baseada em um modelo de regressão de Poisson, ponderado pela população; calculado o risco relativo (RR), com intervalo de confiança de 95% (IC95%).

Resultados:

foram identificadas 6.329.088 internações por transtornos mentais e comportamentais; as taxas de internação apresentaram um decréscimo de 8% (RR = 0,92; IC95% 0,91;0,92) após o início da pandemia, em relação ao período pré-pandemia.

Conclusão:

a pandemia modificou a tendência das internações por transtornos mentais e comportamentais no Brasil; a queda observada no período é evidência de que a pandemia afetou a cadeia de cuidado estruturada para saúde mental.

Palavras-chave:
Covid-19; Transtornos Mentais; Hospitalização; Sistemas de Informação Hospitalar; Saúde Mental; Série Temporal Interrompida

INTRODUÇÃO

A pandemia de covid-19 é uma emergência de saúde pública internacional, conforme o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), sendo o mais alto nível de alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).11. Organização Pan-Americana da Saúde. Folha informativa - COVID-19 [Internet]. Washington: Organização Pan-Americana da Saúde; 2021 [citado 2021 Jun 3]. Disponível em: Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19
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Até outubro de 2022, os casos confirmados no mundo ultrapassam 619 milhões, havendo cerca de 6,5 milhões de mortes registradas.22. World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) dashboard [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2021 [cited 2022 Out 3]. Available from: Available from: https://covid19.who.int/
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No Brasil, eram mais de 34 milhões de casos confirmados, e mais de 686 mil mortes causadas pela doença.22. World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) dashboard [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2021 [cited 2022 Out 3]. Available from: Available from: https://covid19.who.int/
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),(33. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coronavírus Brasil - Painel Coronavírus [Internet]. Covid 19 - Painel Coronavírus.Brasília: Ministério da Saúde; 2021 [citado 2021 Dez 6]. Disponível em: Disponível em: https://covid.saude.gov.br/
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Pelo potencial de contágio, por características da evolução e pela complexidade do manejo, a covid-19 tem representado desafios para os sistemas de saúde nos países onde se propaga.44. Portela MC, Grabois V, Travassos C. Matriz linha de cuidado Covid-19 na rede de atenção à saúde [Internet]. Rio de Janeiro:Observatório Covid-19 Fiocruz ; 2020 [citado 2021 Jun 3]. Disponível em: Disponível em: https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/matrizlinhacuidado.pdf
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A mortalidade por covid-19 tem se mostrado superior à observada nas gripes sazonais, e as complicações causadas pelo vírus conduzem a um aumento de demanda de atendimento, gerando sobrecarga para todos os níveis de atenção, especialmente o terciário (hospitalar, de medicina intensiva). Esse comportamento da covid-19 desencadeia crises na saúde pública, tanto de países em desenvolvimento quanto em países ricos de todos os continentes, situação sem precedentes ao longo das últimas décadas.55. Faro A, Bahiano MA, Nakano TC, Reis C, Silva BFP, Vitti LS. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estud Psicol. 2020;37:e200074. doi: 10.1590/1982-0275202037e200074
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O manejo de pessoas com uma doença altamente contagiosa, grave, com quadro clínico pouco conhecido, e sem tratamento disponível, repercutiu no processo regular de oferta de cuidado relacionado ao tratamento e prevenção de outras doenças não associadas à covid-19, bem como à saúde mental. (66. Travassos C. A investigação em serviços de saúde e a pandemia de COVID-19. Cad Saude Publica. 2020;36(9):e00243920. doi: 10.1590/0102-311X00243920
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),(77. Roy CM, Bollman EB, Carson LM, Northrop AJ, Jackson EF, Moresky RT. Assessing the indirect effects of COVID-19 on healthcare delivery, utilization and health outcomes: a scoping review. Eur J Public Health. 2021;31(3):634-40. doi: 10.1093/eurpub/ckab047
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Mundialmente, a pandemia de covid-19 gerou impactos na saúde mental e no bem-estar psicossocial da população. O sofrimento psicológico, que atingiu diferentes segmentos da população, foi consequência dos efeitos imediatos do vírus na saúde das pessoas e das medidas de contenção da transmissão, que incluíram o isolamento social, a suspensão dos serviços e a crise econômica resultante.88. Organización Panamericana de la Salud. Consideraciones psicosociales y de salud mental durante el brote de COVID-19 [Internet]. [Washington]: Organización Panamericana de la Salud; 2020 [update 2020 Mar 18; cited 2021 Jun 3]. Available from: Available from: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52571/OPSWNMHMHCovid-1920040_spa.pdf?sequence=3&isAllowed=y
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A OMS estima que de 30% a 50% das pessoas apresentaram algum sofrimento psíquico ou desenvolveram problema de saúde mental em razão da pandemia.99. Organização Pan-Americana da Saúde. Proteção de Saúde Mental em situações de epidemias [Internet]. Brasil: Organização Pan-Americana da Saúde; 2006 [citado 2021 Jun 3]. Disponível em: Disponível em: https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2009/Protecao-da-Saude-Mental-em-Situaciones-de-Epidemias--Portugues.pdf
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Medo, estresse, sentimentos de desamparo, solidão, insônia, raiva, depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, ideações, tentativas e/ou suicídio consumado, são alguns das manifestações relatadas na literatura.1010. Ornell F, Schuch JB, Sordi AO, Kessler FHP. “Pandemic fear” and COVID-19: mental health burden and strategies. Braz J Psychiatr. 2020;42(3):232-5. doi: 10.1590/1516-4446-2020-0008
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),(1111. Moreira WC, Sousa KHJF, Sousa AR, Santana TS, Zeitoune RCG, Nóbrega MPSS. Intervenções em saúde mental em tempos de COVID-19: scoping review. SciELO Preprints. 2020. doi: 10.1590/SciELOPreprints.1007
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Essas condições podem ser especialmente observadas em pessoas em isolamento, uma vez que acentuam o sofrimento psíquico.1111. Moreira WC, Sousa KHJF, Sousa AR, Santana TS, Zeitoune RCG, Nóbrega MPSS. Intervenções em saúde mental em tempos de COVID-19: scoping review. SciELO Preprints. 2020. doi: 10.1590/SciELOPreprints.1007
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Contudo, as pessoas que apresentavam transtornos mentais antes da pandemia estão entre os grupos com maior vulnerabilidade para o agravamento dos problemas de saúde mental.1212. Cruz NMLV, Souza EB, Sampaio CSF, Santos AJM, Chaves SV, Hora RN, et al. Apoio psicossocial em tempos de COVID-19: experiências de novas estratégias de gestão e ajuda mútua no sul da Bahia, Brasil. APS EM Rev. 2020;2(2):97-105. doi: 10.14295/aps.v2i2.94
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A atenção à saúde mental instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) visa assegurar, às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, o acesso a atendimento integral e humanizado.1515. Nóbrega MPSS, Silva GBF, Sena ACR. Funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial-­‐RAPS no município de São Paulo, Brasil: perspectivas para o cuidado em Saúde Mental. Investigação Qualitativa em Saude. 2016;2:41-9. Para tanto, foi estruturada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A RAPS agrega diferentes serviços em uma rede territorializada, e inclui desde o cuidado na atenção primária à saúde até a atenção hospitalar, reforçando sua articulação como forma de garantir a efetividade do cuidado.1616. Zanardo GLP, Silveira LHC, Rocha CMF, Rocha KB. Internações e reinternações psiquiátricas em um hospital geral de Porto Alegre: características sociodemográficas, clínicas e do uso da Rede de Atenção Psicossocial. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(3):460-74. doi: 10.1590/1980-5497201700030009
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Para a materialização do cuidado, a RAPS conta com o componente de Atenção Hospitalar. Por meio dele, a RAPS oferece suporte em hospital geral, de pediatria e maternidade, por meio de internações de curta duração, às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, em articulação e corresponsabilização dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e demais pontos de atenção da rede.1717. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental em Dados - 12 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2015 [citado 2021 Jun 3]. 48 p. Disponível em: Disponível em: https://www.mhinnovation.net/sites/default/files/downloads/innovation/reports/Report_12-edicao-do-Saude-Mental-em-Dados.pdf
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Estudos que avaliem os efeitos secundários da covid-19 sobre a saúde mental são escassos, apesar da importância no cenário atual. A população, em geral, quando exposta ao risco de contaminação e à possibilidade de adoecimento pela covid-19, pode experimentar situações de vulnerabilidade que potencializam o desenvolvimento de problemas de saúde mental.1414. Pavani FM, Silva AB, Olschowsky A, Wetzel C, Nunes CK, Souza LB. Covid-19 and repercussions in mental health: a narrative review of literature. Rev Gaucha Enferm. 2021;42(spe):e20200188. doi: 10.1590/1983-1447.2021.20200188
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É em tal contexto que este estudo se insere, objetivando analisar a tendência das internações por transtorno mental e comportamental antes e após o início da pandemia de covid-19 no Brasil.

MÉTODOS

Desenho do estudo

Trata-se de um estudo ecológico descritivo de série temporal interrompida, utilizando-se dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Foram analisadas as internações por transtornos mentais e comportamentais no período de janeiro de 2008 a julho de 2021.

Contexto

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, a população do Brasil era de 190.755.799 habitantes,1818. Ministério da Saúde (BR). Datasus: população residente Brasil - 2010 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [citado 2022 Nov 12]. Disponível em: Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popuf.def
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distribuída em cinco regiões geopolíticas - Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul - com diferentes características demográficas, econômicas e sociais.

Até dezembro de 2020, o Brasil possuía 1.927 leitos em Serviços Hospitalares de Referência (SRH) em Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. Em 2012, esses serviços foram regulados e destinados à atenção às comorbidades clínicas decorrentes do uso de substâncias psicoativas, especialmente abstinências e intoxicações graves, bem como ao manejo das situações de crise em saúde mental, em articulação com os CAPS e demais pontos de atenção da RAPS. No que se refere a leitos em hospitais psiquiátricos, de 2002 a 2020, foram reduzidos 37.464 leitos SUS em psiquiatria no país, conforme preconiza a Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei no 10.216/2001), para a reorientação do modelo de atenção à saúde mental no Brasil.1919. Desinstitute. Painel saúde mental: 20 anos da Lei 10.216/01. Brasília: Desinstitute; 2021.

Foram considerados os registros das internações com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 10ª Revisão (CID-10) associadas a transtornos mentais e comportamentais. Realizou-se uma análise de forma comparativa, com dois momentos no tempo: um período pré-pandemia e outro pós-início da pandemia.

Considerou-se janeiro de 2008 a fevereiro de 2020 como período pré-pandemia de covid-19, e abril de 2020 a julho de 2021 como período pós-início. A medida de intervenção considerada foi a declaração de pandemia de covid-19, em março de 2020, pela OMS.

Participantes e variáveis

Para fins do estudo, foram adotados como transtorno mental e comportamental os registros de internações de residentes no Brasil, no período de janeiro de 2008 a julho de 2021, com diagnóstico principal assim classificado: transtornos mentais e comportamentais (F00-F99), sintomas e sinais relativos ao estado emocional (R45) e causas externas de morbidade e mortalidade (X60-X84), referentes aos capítulos V, XVIII e XX da CID-10, respectivamente. Tendo em vista que os dados estavam disponíveis até julho de 2021, a série temporal foi estruturada mês a mês, para permitir comparações, considerando-se a incompletude do ano de 2021.

Foram consideradas as seguintes variáveis:

  1. - identificação: data de nascimento, raça/cor da pele (branca, preta, parda, amarela, indígena, ignorada e não informada), sexo (masculino, feminino), região de residência (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste, Sul e não informado);

  2. - CID-10 principal (F00-F99, R45 e X60-X84);

  3. - caráter de internação (eletivo, urgência, acidente no local de trabalho ou a serviço da empresa, acidente no trajeto para o trabalho, outros tipos de acidente de trânsito, outros tipos de lesões e envenenamentos por agentes químicos ou físicos);

  4. - data da internação;

  5. - dias de permanência;

  6. - quantidade de diárias;

  7. - valor total da internação (em R$);

  8. - motivo de cobrança (agrupado nas categorias alta, permanência, transferência, óbito, encerramento administrativo e não informado); e

  9. - ocorrência de óbito no período (não, sim).

Fontes de dados/mensuração

Foram utilizados como fontes de informação os bancos de dados anonimizados do SIH/SUS. A escolha pelo SIH/SUS se deveu à disponibilização pública dos dados relativos às internações pagas pelo SUS. A população usuária do SUS corresponde a 75% da população brasileira e, por sua abrangência, o SIH/SUS permite análises de mudanças de tendências vinculadas às internações de saúde mental. Os dados foram extraídos em outubro de 2021, do sítio eletrônico do Departamento de Informática do SUS (Datasus), e as internações foram agregadas por região de residência das pessoas com sofrimento ou transtorno mental e ano de internação.

O terceiro dígito da CID-10 do campo diagnóstico principal foi excluído, e consideradas todas as subdivisões dos grupos F00-F99, R45 e X60-X84. As idades de pessoas com transtorno mental e comportamental foram calculadas pela diferença entre a data de admissão hospitalar e a data de nascimento.

Foram adotados dados populacionais do Censo Demográfico de 2010 e as projeções populacionais intercensitárias, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para estimação das taxas de internação por população residente2020. Ministério da Saúde (BR). Datasus: morbidade hospitalar do SUS (SIH/SUS) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021 [citado 2021 Jul 22]. Disponível em: Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/morbidade-hospitalar-do-sus-sih-sus/
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multiplicada por 10 mil habitantes, para o Brasil como um todo.

Análise estatística

Para a análise descritiva das variáveis contínuas, foram utilizadas a média e o desvio- -padrão (DP); e a frequência e a porcentagem, para a descrição das variáveis categóricas.

A fim de se identificarem mudanças no nível e inclinação nas tendências das taxas de internações para os períodos pré- e pós-início da pandemia, optou-se pela análise de séries temporais interrompidas.

A análise da série temporal de internações por transtorno mental e comportamental foi baseada em um modelo de regressão de Poisson, ponderado pela população. Para controle de sazonalidade, foi adicionado componente harmônico, incluindo dois pares de seno e cosseno para o período de 12 meses. A medida de desfecho foram as internações por transtorno mental e comportamental por ano, e analisadas a variação da taxa de internações em função do tempo e da pandemia. A variável pandemia foi adicionada ao modelo como dummy. Foi calculado o risco relativo (RR), adotado um intervalo de confiança de 95% (IC95%) e considerados estatisticamente significativos os modelos com p-valor < 0,05.

Quantidade de internações ~ log (população) + pandemia + tempo + ponderado harmônico

A seleção desse modelo se deu em função da estimação de dados de contagem - no caso, o número de internações. Assim, o dado de contagem foi modelado de forma direta, usando-se a população (log transformado) como uma variável de compensação. Os parâmetros de autocorrelação de resíduos foram utilizados para validação dos resultados. A escolha metodológica acima se deu com base nas recomendações de Bernal et al. (2017). 2121. Bernal JL, Cummins S, Gasparrini A. Interrupted time series regression for the evaluation of public health interventions: a tutorial. Int J Epidemiol. 2017;46(1):348-55. doi: 10.1093/ije/dyw098
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As análises foram realizadas por meio da linguagem estatística R, tanto para análise dos dados quanto para produção dos gráficos, com apoio dos pacotes lmtest, EPI e tsModel.

Utilizaram-se dados secundários de bases públicas anonimizadas, sendo o estudo isento de submissão a Comitês de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS

Foram analisados 6.329.088 registros de internações por transtornos mentais e comportamentais. A região do país com maior número de internações foi o Sudeste (3.130.919; 49,0%), e o Norte, a região com menor número (113.254; 1,8%) (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das internações por transtorno mental e comportamental segundo ano e região geográfica, Brasil, janeiro de 2008 a julho de 2021

O sexo masculino representou 64,0% das internações; 30,6% eram da raça/cor da pele branca, e 20,3%, parda. A média de idade foi de 42 anos (DP = 15). As internações, em sua maioria, ocorreram em caráter de urgência (53,6%) e duraram, em média, 20 dias (DP = 12), correspondendo a 19 diárias - tempo de permanência hospitalar utilizado para o cálculo do valor a ser pago pelo SUS. A média anual dos valores de internação foi de R$ 927 milhões (DP = 614). Do total de registros, 48,2% dos indivíduos receberam alta, 47,5% permaneceram internados e 2,6% foram transferidos para outro estabelecimento. O óbito foi verificado em 0,3% das internações. As internações, segundo diagnóstico principal, indicam que esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes foram responsáveis por 43,0% das internações, seguidos pelos transtornos de humor afetivos e transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool (14,0% cada). Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outras substâncias psicoativas corresponderam a 13,0% das internações (Tabela 2).

Tabela 2
Caracterização das internações por transtorno mental e comportamental, Brasil, janeiro de 2008 a julho de 2021

A Figura 1A exibe a tendência das taxas de internação por transtorno mental e comportamental por 10 mil habitantes. A tendência decomposta da série temporal apresentou queda, conforme mostrado na decomposição da série temporal (Figura 1B). Assim, observou-se tendência de queda das internações por transtornos mentais e comportamentais a partir de 2008 e em todo o período pré-pandemia, variando de 27,3 a 12,8, com certa estabilidade entre os anos de 2017 e 2020.

Figura 1
Taxa de internações por transtorno mental e comportamental (A) e decomposição da série temporal das taxas de internações por transtorno mental e comportamental (B), pré e pós-início da pandemia de covid-19, Brasil, janeiro de 2008 a julho de 2021

A Tabela 3 apresenta a síntese das análises das internações pré- e pós-início da pandemia de covid-19 no Brasil, no período de janeiro de 2008 a julho de 2021. Foram considerados, no período antes da pandemia e de intervenção, 148 meses, e 16 meses no período após o início da pandemia.

Tabela 3
Caracterização das internações pré- e pós-início da pandemia de covid-19, Brasil, janeiro de 2008 a julho de 2021

A análise das médias e do DP dos períodos mostrou que houve diminuição nas internações. No período pré-pandemia, a média de internações foi de 39.487,6 (DP = 8.364,2), enquanto após o início da pandemia a média de internações passou para 24.059,2 (DP = 1,500,2). O intervalo interquartis revelou uma dispersão menor dos dados no período pós-início de pandemia.

A análise de regressão de Poisson mostrou uma redução estatisticamente significativa das taxas de internação no período após o início da pandemia, RR = 0,92 (IC95% 0,91;0,92), ou seja, decréscimo de 8% nas internações por transtorno mental e comportamental associado ao período pandêmico, em relação ao período pré-pandemia (Tabela 4). Esse resultado foi estatisticamente significativo (p-valor < 0,001), mesmo quando controlado para efeitos de sazonalidade e estacionariedade.

Tabela 4
Risco relativo (RR) e respectivos intervalos de confiança (IC95%) de internações por transtorno mental e comportamental no período pós-início da pandemia, Brasil, janeiro de 2008 a julho de 2021

DISCUSSÃO

Os resultados apresentados demonstram um decréscimo nas taxas de internações por transtornos mentais e comportamentais no Brasil com a pandemia de covid-19, e indicam que esta variação foi exacerbada com a pandemia. Essa tendência de queda já vinha sendo observada, de forma mais acentuada, desde 2014, o que pode estar relacionada à implantação da RAPS em anos anteriores.2222. Brasil. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília (DF), 2011 Dez 26 [citado AAAA Mmm DD], Seção 1:230. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=26/12/2011&jornal=1&pagina=230&totalArquivos=320
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A inclusão do Hospital Psiquiátrico Especializado na RAPS, com reajuste da Autorização de Internação Hospitalar (AIH), e a incorporação de Unidade de Referência Especializada em Hospital Geral, devendo obrigatoriamente estar com 80,0% desses leitos ocupados, podem ser considerados elementos que levaram à estabilidade da queda das internações no período de 2017 a 2020, pré-pandemia. Isso pode implicar a mudança na lógica de internação por problemas de saúde mental, revertendo esforços de mais de dez anos para desinstitucionalização de usuários com transtorno mental e comportamental.

A redução das taxas de internações, observadas no estudo para o período pandêmico, está em consonância com recente relatório publicado pela OMS que destacou que os serviços essenciais de saúde mental foram interrompidos em 93,0% dos países, durante o período de isolamento social,2323. World Health Organization. The impact of COVID-19 on mental, neuro- logical and substance use services: results of a rapid assessment [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2020 [cited 2021 Dez 15]. 36 p. Available from: Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/335838/9789240012455-eng.pdf
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o que pode ter levado a um decréscimo expressivo das internações. Por outro lado, no Brasil, estudos apontam que, devido à alta demanda de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pessoas com diagnóstico de covid-19, alguns leitos destinados aos usuários com transtornos mentais, e até mesmo hospitais psiquiátricos, foram transformados em enfermarias e leitos de terapia intensiva.2424. Ruppelt BC, Flores AND, Souto VT, Schimith MD, Marques SS, Freitas EO, et al. Internações em unidade de atenção psicossocial: análise antes e durante a pandemia por COVID-19. REAS. 2021;13(8):e8340. doi: 10.25248/reas.e8340.2021
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A abrupta queda observada no período é evidência de que a pandemia afetou a cadeia de cuidado estruturada para saúde mental. Os achados do estudo apontam para uma redução significativa do volume de internações.

Acompanhando os resultados mais frequentes de estudos realizados no Brasil,1616. Zanardo GLP, Silveira LHC, Rocha CMF, Rocha KB. Internações e reinternações psiquiátricas em um hospital geral de Porto Alegre: características sociodemográficas, clínicas e do uso da Rede de Atenção Psicossocial. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(3):460-74. doi: 10.1590/1980-5497201700030009
https://doi.org/10.1590/1980-54972017000...
), (2525. Duarte MQ, Santo MAS, Lima CP, Giordani JP, Trentini CM. COVID-19 e os impactos na saúde mental: uma amostra do Rio Grande do Sul, Brasil. Cien Saude Colet. 2020;25(9):3401-11. doi: 10.1590/1413-81232020259.16472020
https://doi.org/10.1590/1413-81232020259...
)-(2626. Coelho RCB, Parente AS. Perfil de internações por transtornos mentais e comportamentais no Estado de Pernambuco. ID on Line Rev Mult Psic. 2019;13(46):24-32. doi: 10.14295/idonline.v13i46.1803
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as internações de homens se mostraram mais frequentes do que de mulheres no período de análise. O perfil de internações psiquiátricas em homens está mais relacionado ao uso de substâncias psicoativas, enquanto as mulheres são internadas por conta de transtornos relacionados ao comportamento.2727. Bragé ÉG, Ribeiro LS, Rocha DG, Ramos DB, Vrech LR, Lacchini AJB. Perfil de internações psiquiátricas femininas: uma análise crítica. J Bras Psiquiatr. 2020;69(3):165-70. doi: 10.1590/0047-2085000000275
https://doi.org/10.1590/0047-20850000002...
),(2828. Silva TL, Maftum MA, Kalinke LP, Mantovani MF, Mathias TAF, Capistrano FC. Perfil de internações hospitalares em unidade psiquiátrica de um hospital geral. REME. 2014;18(3):652-9. doi: 10.5935/1415-2762.20140047
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Uma análise mais específica desta variável pode apontar mais evidências em relação à manutenção ou mudança deste padrão no contexto da pandemia.

No que se refere ao tempo de permanência de internação, a média foi de 20 dias, com DP de 12 dias, acompanhando outros achados no país.2828. Silva TL, Maftum MA, Kalinke LP, Mantovani MF, Mathias TAF, Capistrano FC. Perfil de internações hospitalares em unidade psiquiátrica de um hospital geral. REME. 2014;18(3):652-9. doi: 10.5935/1415-2762.20140047
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A média de internação de 20 dias pode ser interpretada positivamente, podendo estar associada à priorização do modelo de atenção comunitária em detrimento do modelo hospitalocêntrico, numa perspectiva positiva em relação ao preconizado pela Reforma Psiquiátrica.

Em relação às internações por subgrupo da CID-10, observou-se que a maior frequência de internações ocorreu em decorrência de transtornos esquizotípicos e delirantes, seguidos pelos transtornos de humor afetivos e transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool, e pelos transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outras substâncias psicoativas, corroborando achados de estudos realizados em estados brasileiros.2525. Duarte MQ, Santo MAS, Lima CP, Giordani JP, Trentini CM. COVID-19 e os impactos na saúde mental: uma amostra do Rio Grande do Sul, Brasil. Cien Saude Colet. 2020;25(9):3401-11. doi: 10.1590/1413-81232020259.16472020
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Relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), sobre a carga dos transtornos mentais na região das Américas, apresenta o Brasil com o maior percentual de incapacidade por transtornos mentais (36,5%). Transtornos depressivos e transtornos de ansiedade representaram 9,3% e 7,5%, respectivamente. A esquizofrenia, considerada um transtorno mental grave, apresentou um percentual de 1,6% em relação aos demais países.2929. Pan American Health Organization. The Burden of Mental Disorders in the Region of the Americas, 2018 [Internet]. Washington: Pan American Health Organization; 2018 [cited 2021 Dez 15]. 35 p. Available from: Available from: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/49578/9789275120286_eng.pdf?sequence=10&isAllowed=y
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Estudos apontam que a pandemia de covid-19 provocou mudanças significativas nas internações por diversas causas, e este é um dos estudos pioneiros que analisaram dados do Brasil, utilizando métodos quase-experimentais. Embora o acesso à saúde tenha sido afetado em diversas especialidades médicas, é importante considerar que a saúde mental é uma área historicamente negligenciada e que o número de serviços de saúde é insuficiente. Evidências mostram que há um atraso entre o aparecimento dos primeiros sintomas de transtorno mental e a busca por atendimento especializado, o que significa que provavelmente veremos as consequências para a saúde mental nos próximos anos.1010. Ornell F, Schuch JB, Sordi AO, Kessler FHP. “Pandemic fear” and COVID-19: mental health burden and strategies. Braz J Psychiatr. 2020;42(3):232-5. doi: 10.1590/1516-4446-2020-0008
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Os achados apontam que a pandemia reduziu, de modo significativo, as internações de saúde mental, e são necessários estudos adicionais para melhor compreensão das consequências desse achado. Adicionalmente, sabe-se que a pandemia não afetou uniformemente os diferentes estados, assim, estudos complementares são essenciais para se compreenderem as especificidades locais.

Entre as limitações do estudo, destaca-se a mudança na Política Nacional de Saúde Mental no período de análise, o que pode levar a uma interpretação equivocada de que a pandemia modificou o padrão de internações, diminuindo-o, quando esse efeito pode ter resultado da mudança na lógica da assistência em saúde mental a favor da desinstitucionalização (desospitalização), evitando-se internações desnecessárias ou inadequadas, com enfoque em tratamentos com base comunitária. No entanto, os achados aqui apontados são iniciais, e estudos futuros devem ser desenvolvidos para melhor compreensão do fenômeno. Além disso, uma análise por região e/ou estado, para se avaliar se essas tendências são gerais ou diferentes nos estados, pode ser importante contribuição ao tema.

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  • TRABALHO ACADÊMICO ASSOCIADO

    Artigo derivado de monografia de conclusão de curso intitulada A pandemia da covid-19 e a morbidade hospitalar por transtorno mental e comportamental no Brasil: uma análise de série temporal interrompida, defendida por Carolina Novaes Carvalho no Programa de Pós-graduação do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), em 2022.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    01 Ago 2022
  • Aceito
    30 Jan 2023
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente - Ministério da Saúde do Brasil Brasília - Distrito Federal - Brazil
E-mail: ress.svs@gmail.com