40 anos de Alma-Ata: desafios da Atenção Primária à Saúde no Brasil e no mundo

Luiz Felipe Pinto Daniel Soranz David Ponka Luís Augusto Pisco Zulmira Maria Hartz Sobre os autores

A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela OMS em Alma-Ata, na República do Cazaquistão, acaba de ultrapassar 40 anos. Ela expressava, em setembro de 1978, a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalhavam nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial de promover a saúde de todos os povos do mundo”. A chamada “Declaração de Alma-Ata”11 Declaração de Alma Ata sobre Cuidados Primários. 1978. [acessado 2019 Dez 22]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_alma_ata.pdf
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enfatiza a Atenção Primária à Saúde (APS), salientando a necessidade de foco especial nos países em desenvolvimento, reafirmada na Conferência de Astana22 World Health Organization (WHO). Declaration on Primary Health Care, Astana 2018. [acessado 2019 Dez 26]. Disponível em: https://www.who.int/primary-health/conference-phc/declaration
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Os organizadores deste número temático se sentem muito felizes de saber que no ano em que comemora seu 25º aniversário, a Ciência & Saúde Coletiva consolida sua linha de discussão da Estratégia Saúde da Família (ESF) e amplia o espaço para debater a Medicina de Família e Comunidade (MFC), nesta que é a principal revista de Saúde Pública brasileira, segundo o índice do Google Metrics para periódicos em língua portuguesa. A pretensão, desde o início, foi trazer à baila e divulgar temas que se consideram fundamentais sobre a atenção primária, na região das Américas e Íbero-Americana.

Esta edição contém 23 artigos sobre o tema em pauta, escritos por cerca de 80 autores de nove países (Brasil, Uruguai, Peru, Jamaica, Haiti, Estados Unidos da América, Canadá, Portugal e Espanha). A maior parte dos textos foi escrita por médicos de família, profissionais da Estratégia Saúde da Família, professores e pesquisadores da área. Eles abordam o tema sob três eixos: (1) gestão, modelos de atenção, avaliação da organização da APS e processo de trabalho das equipes de APS; (2) formação profissional em APS e MFC (internato, programas de residência, mestrado); (3) aspectos epidemiológicos, sistemas de informação, prontuários eletrônicos e uso de tecnologias para ampliação do acesso (telessaúde/telemedicina para áreas remotas). Aliás, sobre essa última questão, o tema apresentado pelo artigo do grupo de pesquisadores da UFRGS foi um dos destaques do Prêmio “APS Forte para o SUS – Acesso Universal”, outorgado pela OPAS33 Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Prêmio APS Forte para o SUS - Acesso Universal. Finalistas do Prêmio APS Forte para o SUS. [acessado 2019 Out 29]. Disponível em: https://apsredes.org/opas-e-ministerio-da-saude-vao-premiar-tres-experiencias-em-atencao-primaria-a-saude/
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em outubro de 2019, representando a experiência brasileira mais virtuosa no âmbito do SUS para a ampliação de acesso e regulação dos serviços, com o uso de tecnologias de telemedicina padrão-ouro, que caracteriza a nova era da saúde digital nos cuidados personalizados44 Ribeiro JM. Saúde Digital, um sistema de saúde para o século XXI. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos; 2019. e a integração de necessidades complexas. Esperamos que os leitores apreciem tanto por essas lições inovadoras, como também para mais uma vez reconvocar a necessidade de ancorar os sistemas de saúde na atenção primária à saúde.

Referências

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Abr 2020
  • Data do Fascículo
    Mar 2020
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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