Participação em saúde nas Américas: mapeamento bibliométrico da produção, impacto, visibilidade e colaboração

Frederico Viana Machado Carla Michele Rech Rodrigo Silveira Pinto Wagner de Melo Romão Manuelle Maria Marques Matias Gabriele Carvalho de Freitas Fernando Antônio Gomes Leles Henrique Kujawa Sobre os autores

Resumo

A participação em saúde tem gerado um grande número de publicações em todo o mundo. Para conhecer as especificidades dessa produção nas Américas, foi realizada uma análise bibliométrica de artigos em inglês, espanhol e português. Foram realizadas buscas na BVS, PubMed, SCOPUS, WOS e SciELO, consolidando uma base de dados com 641 referências. Com auxílio do software VOSviewer, analisamos padrões de citação, coautoria e a distribuição cronológica por países e idiomas. Foi possível verificar o crescimento da produção, a relevância quantitativa e o impacto dos diferentes países. A análise indicou que os EUA concentram o maior número de citações, e o Brasil, apesar de ser o primeiro em número de publicações, é o terceiro em número de citações. O mesmo ocorre com os periódicos brasileiros que, com o maior número de artigos, caem no ranking dos mais citados. Nos dez artigos mais citados, descatam-se trabalhos desenvolvidos nos EUA e Canadá. A análise de coautoria indicou que a Universidade de Toronto, a Fiocruz e a Universidade de Harvard são as que mais têm colaborações formais com outras organizações. Concluímos que existem desigualdades de impacto, visibilidade e internacionalização neste campo, indicando obstáculos para o desenvolvimento científico e das políticas de saúde.

Palavras-chave:
Saúde pública; Engajamento comunitário; Participação social; Bibliometria

Introdução

Diversas organizações já apontaram a participação da comunidade como essencial para o aprimoramento dos Sistemas de Atenção à Saúde (SAS)1, 2. Essas práticas ganharam destaque após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo após a Conferência de Alma Ata, em 1978, mas podem ser identificadas experiências participativas desde a década de 192033 Chiang YC. Social engineering and the social sciences in China. Cambridge: Cambridge University Press; 2001.. Na década de 1960 já existiam experiências de participação comunitária em saúde em diversos países, todas as unidades federadas dos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, já tinham leis que previam participação44 Ramos GS. Participación social en el campo de la salud. Rev Cubana Salud Publica 2004; 30(3). [acesado 2021 ou 13]. Disponible en: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0864- 34662004000300005&lng=es.
http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=s...
. A reforma do sistema de saúde do Canadá44 Ramos GS. Participación social en el campo de la salud. Rev Cubana Salud Publica 2004; 30(3). [acesado 2021 ou 13]. Disponible en: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0864- 34662004000300005&lng=es.
http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=s...
, no início da década de 1970, e do Brasil, no final dos anos 1980, incluíram a participação como um elemento estrutural previsto em lei55 Carvalho G CM. O momento atual do SUS... a ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei. Saude Soc. 1993; 2(1):9-24.,66 O'Neill M. Community participation in Quebec's health system: a strategy to curtail community empowerment? Int J Health Serv 1992; 22(2):287-301.. Após Alma-Ata, cada país implantou modelos de atenção primária em saúde (APS), com níveis diferentes de participação da comunidade nos sistemas, mas seguindo uma crescente importância e interesse na gestão dos serviços de saúde77 Rifkin SB. Examining the links between community participation and health outcomes: a review of the literature. Health Policy Plan 2014; 29(Suppl. 2):ii98-ii106.. Na Declaração de Astana88 World Health Organization (WHO), United Nations Children's Fund (UNICEF). Declaration of Astana - Global Conference on Primary Health Care. 2018. [cited 2021 out 13]. Available from: https://www.who.int/docs/default-source/primary-health/declaration/gcphc-declaration.pdf
https://www.who.int/docs/default-source/...
, que reafirma e atualiza os princípios de Alma Ata para a realidade atual, a participação é um dos compromissos firmados99 Giovanella L, Mendonça MHM, Buss PM, Fleury S, Gadelha CAG, Galvão LAC, Santos RF. De Alma-Ata a Astana. Atenção primária à saúde e sistemas universais de saúde: compromisso indissociável e direito humano fundamental. Cad Saude Publica 2019; 35(3):e00012219.. Os princípios para fomentar a participação neste contexto estão em um documento específico1010 Rajan D, Rohrer K, Koch K, Soucat A. Voice, agency, empowerment: handbook on social participation for universal health coverage. Geneva: WHO; 2021..

A participação da comunidade é um tema recorrente de pesquisas e empreendimentos governamentais, produzindo um grande número de publicações em todo o mundo. Dezenas de trabalhos buscaram revisar a produção acadêmica sobre a participação em saúde, com diferentes recortes e objetivos, aportando sínteses relevantes para a compreensão do tema1111 Mira JJ, Carrillo I, Navarro IM, Guilabert M, Vitaller J, Pérez-Jover V, Aguado H. La participación ciudadana en salud. Revisión de revisiones. Anales Sis San Navarra 2018; 41(1): 91-106.. Isso evidencia a diversidade de abordagens e experiências que respondem aos contextos de cada país.

Yuan et al.1212 Yuan M, Lin H, Wu H, Yu M, Tu J, Lü Y. Community engagement in public health: a bibliometric mapping of global research. Arch Public Health 2021; 79(1):6, em uma revisão bibliométrica, mapearam a produção acadêmica sobre engajamento comunitário em saúde pública, discutindo a evolução e as tendências na literatura mundial. Porém, os autores consideraram apenas publicações em língua inglesa, o que impõe limites para analisarmos a produção acadêmica do continente americano, com forte presença do espanhol e do português. Além disso, ignoram as especificidades de cada continente e, ao limitarem seu levantamento ao indexador Web of Science, privilegiam estudos das áreas biomédicas em detrimento das ciências sociais1313 Brasil Jr A, Carvalho L. Por dentro das ciências humanas: um mapeamento semântico da área via base SciELO-Brasil (2002-2019). Rev Humanidades Digit 2020; 5:149-183.. Os SAS do continente americano respondem aos respectivos contextos sociais, políticos e econômicos, que apresentam diferentes direcionamentos a respeito participação da comunidade na saúde. Dessa forma, tem-se uma diversidade de desenhos de estudos voltados para análises das ciências sociais e da saúde. Podemos encontrar revisões da literatura que discutem a compreensão da participação como uma ferramenta para alcance dos resultados dos programas de saúde1414 Merzel C, D'Afflitti J. Reconsidering community-based health promotion: promise, performance, and potential. Am J Public Health 2003 93(4):557-574.,1515 Pennel CL, Burdine JN, Prochaska JD, Mcleroy KR. Common and critical components among community health assessment and community health improvement planning models. J Public Health Manag Pract 2017; 23(Suppl. 4):S14-S21., e em outra perspectiva, apresentam a visão da participação sobre o ponto de vista do fortalecimento da democracia e como um direito, abordagens características das ciências sociais1616 Silva BT, Lima, IM. Conselhos e conferências de saúde no Brasil: uma revisão integrativa. Cien Saude Colet 2021; 26(1):319-328.,1717 Pereira IP, Chai CG, Loyola CMD, Felipe IMA, Pacheco MAB, Dias RDS. O Ministério Público e o controle social no Sistema Único de Saúde: uma revisão sistemática. Cien Saude Colet 2019; 24(5):1767-1776..

Buscando conhecer as especificidades desse campo de pesquisa nas Américas e responder às lacunas da literatura destacadas acima, realizamos um estudo da produção acadêmica sobre participação e controle social em saúde, por meio de análises bibliométricas e cientométricas de artigos em inglês, espanhol e português escritos por pesquisadores/as que se debruçaram sobre o fenômeno neste continente. Neste trabalho, enfocaremos a análise de citação e coautoria, com o objetivo de conhecer os autores, os periódicos e as instituições mais relevantes, bem como o impacto e os padrões de colaboração, interação e hierarquização.

O campo acadêmico estabelecido em torno do tema envolve periódicos, instituições e pesquisadores que se localizam na interface entre as ciências da saúde e as ciências sociais, produzindo padrões de interação complexos. Essas dificuldades se relacionam sobretudo com as diferenças e desigualdades de impacto e visibilidade que separam as áreas de pesquisa, os países, os periódicos, as instituições e os idiomas. Desse modo, nossa intenção é situar os atores espacial e geograficamente, aportando uma compreensão dos esforços de pesquisa sobre participação em saúde nas Américas que seja referência para pesquisas futuras.

Método

No âmbito do projeto “Formação para o controle social”, do Conselho Nacional de Saúde, financiado pela Organização Pan-Americana da Saúde e executado pelo Centro de Educação e Assessoramento Popular, foi realizado um estudo de análise bibliométrica e cientométrica compreendendo artigos científicos em língua inglesa, espanhola e portuguesa que abordam a participação e o controle social no continente americano publicados até 12 de agosto de 2021. Os estudos métricos sobre publicações científicas permitem compreender o conteúdo analisado e sua estrutura, identificando escolas de pensamento e sua evolução1818 Grácio MCC. Análises relacionais de citação para a identificação de domínios científicos: uma aplicação no campo dos Estudos Métricos da Informação no Brasil. Marília: Oficina Universitária; 2020.. Esta análise contribui para compreender a produção e a interação dos pesquisadores em determinado campo científico, uma vez que considera as instituições a que esses estão vinculados, as revistas que publicam seus trabalhos e seus países de origem.

A bibliometria e a cientometria avaliam e mensuram as características e o desenvolvimento de temas e campos de conhecimento, por meio de métodos estatísticos e matemáticos que identificam padrões, estruturas e relações apresentadas em determinada amostra da literatura. Além disso, identificam os pesquisadores e as instituições mais atuantes, facilitando a articulação de redes colaborativas. Frente ao crescente volume de informações registradas atualmente, esse método é especialmente útil, pois permite quantificar e organizar grandes amostras de publicações1818 Grácio MCC. Análises relacionais de citação para a identificação de domínios científicos: uma aplicação no campo dos Estudos Métricos da Informação no Brasil. Marília: Oficina Universitária; 2020.,1919 Sangalli AF, Kauchakje S. Uma introdução à bibliometria e cientometria: o caso do presidencialismo latino-americano. Rev Politica Hoje (UFPE) 2021; 30(1):87-160.. A bibliometria quantifica, por meio de metadados, a produção, a disseminação e o uso de informação. A análise cientométrica relaciona esses aspectos quantitativos a contextos sociais para discutir o desenvolvimento científico em determinado campo de conhecimento. O uso da bibliometria para fundamentar as decisões estratégicas sobre políticas em ciência e tecnologia é comum em vários países, nos quais tem se tornando prática institucionalizada2020 Vanz SA de S, Santin DM, Pavão CMG. A bibliometria e as novas atribuições profissionais nas bibliotecas universitárias. InCID Rev Cienc Informação Doc 2018; 9(1):4-24.,2121 Barbedo SADD. Análise bibliométrica da produção científica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1972-2020): um estudo de evolução. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; 2020.. Optamos pelo uso do software VOSviewer, utilizado para processar e visualizar informações bibliométricas e construir mapas com redes de proximidades, comportando um grande volume de dados1919 Sangalli AF, Kauchakje S. Uma introdução à bibliometria e cientometria: o caso do presidencialismo latino-americano. Rev Politica Hoje (UFPE) 2021; 30(1):87-160.,2121 Barbedo SADD. Análise bibliométrica da produção científica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1972-2020): um estudo de evolução. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; 2020..

As buscas bibliográficas foram realizadas no Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), por mrio do PubMed, SCOPUS, Web of Science (WOS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). A escolha das bases para a realização das buscas se deu tanto pela relevância como pela possibilidade de extração dos dados necessários para a realização das análises disponíveis no VOSviewer. Optamos por BVS e PubMed por reunirem publicações relevantes das ciências naturais e biomédicas, assim como a Scopus e a WOS, sendo esta última considerada atualmente a base de dados mais comumente utilizada para análise bibliométrica, dada sua acessibilidade aos dados de bibliografia e citação dos 12 mil periódicos mais influentes em todo o mundo2222 Liu Z, Yin Y, Liu W, Dunford M. Visualizing the intellectual structure and evolution of innovation systems research: a bibliometric analysis. Scientometrics 2015; 103(1):135-158.. No entanto, essas bases possuem uma cobertura proporcionalmente baixa da produção científica nas ciências sociais e humanas1313 Brasil Jr A, Carvalho L. Por dentro das ciências humanas: um mapeamento semântico da área via base SciELO-Brasil (2002-2019). Rev Humanidades Digit 2020; 5:149-183.. Tendo em vista essa limitação, foi incluída a base SciELO, também com abrangência internacional, incluindo países da América Latina e do Caribe, e que abriga periódicos científicos em todas as áreas do conhecimento, com destaque para as áreas da saúde e das ciências sociais e humanas1313 Brasil Jr A, Carvalho L. Por dentro das ciências humanas: um mapeamento semântico da área via base SciELO-Brasil (2002-2019). Rev Humanidades Digit 2020; 5:149-183.. No entanto, cabe registrar que um limite apresentado pelas bases SciELO, BVS e PubMed é disporem apenas de dados de autoria, ano, título e resumo, não permitindo processar todas as análises disponibilizadas pelo VOSviewer. Como alternativa para realizar as análises de forma mais completa, o banco de dados final foi tratado, inserindo-se manualmente informações sobre o resumo e as palavras-chave, quando encontradas, e sobre o país do autor, quando não havia dados sobre a instituição dos mesmos.

Dada a diversidade de expressões que definem “participação social”77 Rifkin SB. Examining the links between community participation and health outcomes: a review of the literature. Health Policy Plan 2014; 29(Suppl. 2):ii98-ii106.,2323 Ahumada L R, Fernandez LAL. Participación e intervención comunitárias. In: Zurro AM, Pérez JFC, Badia JG, organizadores. Atención primaria. Principios, organización y métodos en medicina de família. Barcelona: Editora El Sevier; 2014. e “controle social”2424 Silva FR, Cançado AC, Santos JC. Compreensões acerca do conceito de controle social. Desenvolv Quest 2017; 15(41):24-58., o primeiro desafio foi a construção de uma estratégia de busca que se aproximasse da literatura sobre o tema nas ciências naturais e biomédicas e nas ciências sociais e humanas. Utilizou-se a seguinte estratégia de busca nos três idiomas (português, inglês e espanhol): “Controle Social” OR “Participação Social” OR “Participação da Comunidade” OR “Participação Cidadã” OR “Participação Comunitária” OR “Participação Pública” OR “Participação Política” OR “Gestão Participativa” OR “Democracia Participativa” OR “Democracia Deliberativa” OR “Controle Social Formal” AND “Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde” OR “Saúde” OR “Política de Saúde” OR “Políticas Públicas de Saúde” OR “Políticas Públicas em Saúde” OR “Políticas Sanitárias” OR “Política de Assistência à Saúde” OR “Conselhos de Saúde” OR “Conferências de Saúde”, sem limite de data.

Após a exclusão de duplicados, a triagem, a elegibilidade e a seleção final foram feitas por meio de planilhas, por duplas de pesquisadores independentes, utilizando-se os seguintes critérios de elegibilidade: publicações em periódicos científicos na forma de artigos, publicados por pesquisadores vinculados a instituições de pesquisa em países da América ou que tratam de experiências diretamente relacionadas à participação e ao controle social em saúde desenvolvidas neste continente.

Das 9.487 referências encontradas nas buscas, foram excluídas 5.640 referências duplicadas, restando para a triagem inicial 3.847 referências. A triagem foi feita por meio da leitura de títulos e resumos. Foram incluídos artigos publicados em inglês, espanhol ou português, em qualquer ano, até a data da coleta realizada em 12 de agosto de 2021, resultando em uma amostra final de 641 referências. O passo seguinte foi a montagem e complementação do banco de dados contendo apenas as referências selecionadas para rodagem no VOSViewer.

Foram aplicados dois métodos bibliométricos de análise: citação e coautoria. A análise das citações constitui um indicador importante nos estudos bibliométricos, por meio da qual é possível estimar a influência de determinados documentos, fontes, autores, organizações e países e medir sua relevância, tendo por base o número de citações em um dado corpus de análise. A análise da coautoria é considerada uma medida formal de colaboração, cuja relação entre autores ou suas instituições é estabelecida quando esses publicam um documento científico juntos. Essas análises permitem identificar a internacionalização da agenda de estudos, as referências científicas mais influentes e as frentes de pesquisa1818 Grácio MCC. Análises relacionais de citação para a identificação de domínios científicos: uma aplicação no campo dos Estudos Métricos da Informação no Brasil. Marília: Oficina Universitária; 2020.,1919 Sangalli AF, Kauchakje S. Uma introdução à bibliometria e cientometria: o caso do presidencialismo latino-americano. Rev Politica Hoje (UFPE) 2021; 30(1):87-160..

Quando o software é acionado para fazer alguma análise, o primeiro arquivo gerado é uma tabela que apresenta os dados que serão demonstrados de maneira visual. Essa tabela apresenta a disposição dos dados por unidade de análise (países, instituições, autores, documentos e fontes onde os documentos foram publicados), juntamente com os dados quantitativos (número de publicações e citações) e a “força da ligação” que aquela unidade de análise possui. Entende-se como “força da ligação” o número de associações que aquela unidade de análise realiza com as demais. As conexões são feitas pelo número de links ou citações mútuas, que são representados por arestas, em que a espessura delas reflete a força de relação entre dois itens. Quanto menor a distância entre os itens plotados no espaço bidimensional, maior a relação entre eles. De acordo com a intensidade dessas ligações é que ocorre a conformação de clusters, isto é, grupos de itens com aspectos comuns que são representados por uma mesma coloração.

Resultados

Tendência cronológica, idioma e origem dos/as autores/as

O artigo mais antigo selecionado sobre o tema data de 1956 e as publicações mostraram uma tendência de alta, semelhante à verificada mundialmente1212 Yuan M, Lin H, Wu H, Yu M, Tu J, Lü Y. Community engagement in public health: a bibliometric mapping of global research. Arch Public Health 2021; 79(1):6. O engajamento da comunidade em saúde pública atraiu o interesse de pesquisadores em todo o mundo, com um crescimento exponencial praticamente contínuo nas últimas duas décadas1212 Yuan M, Lin H, Wu H, Yu M, Tu J, Lü Y. Community engagement in public health: a bibliometric mapping of global research. Arch Public Health 2021; 79(1):6. Ao recortarmos os países da América, essa tendência se repete. O Gráfico 1 apresenta a distribuição cronológica das publicações selecionadas na amostra, agrupada da seguinte forma: produção estritamente brasileira, produção estritamente estadunidense, produção de demais autores das Américas, produção de autores de outras regiões (Europa, Reino Unido, Austrália etc.) e produção em coautoria, reunindo todos os artigos publicados em coautoria por pesquisadores de diferentes países.

Gráfico 1
Distribuição temporal da publicação de artigos sobre participação e controle social em saúde nas Américas.

De acordo com o número de publicações, a pesquisa sobre participação e controle social em saúde pode ser dividida em três estágios consecutivos. O período inicial, de 1956 a 2002, foi relativamente estável, com leve crescimento e com baixo número de publicações sobre o tema no recorte desta pesquisa. A partir do ano de 2005, verifica-se um aumento gradativo das publicações e, no último período, a partir de 2008, vemos um aumento no número de publicações, atingindo o pico de 53 artigos em 2020. Cabe destacar que essa tendência de crescimento acompanha o quadro geral de aumento das publicações científicas no mesmo período, conforme pode ser observado no portal Scimago Journal & Country Rank (https://www.scimagojr.com), que reúne dados dos periódicos indexados à base Scopus e métricas de desempenho de 239 países.

A produção estritamente estadunidense se destaca até 1990, quando começa a ganhar força a produção dos demais autores das Américas. Já a partir de 2002, a produção estritamente brasileira começa a crescer e se destacar. No Brasil, os investimentos públicos crescentes em pesquisa científica no período de 2005 a 2015 repercutiram no aumento expressivo das publicações sobre diferentes temas2525 Oliveira EF. Estudos métricos da informação no Brasil: indicadores de produção, colaboração, impacto e visibilidade. Marília: Oficina Universitária; 2018., incluindo o aumento da produção sobre participação e controle social em saúde, ao menos nos periódicos melhor avaliados, característicos do recorte aqui utilizado. Entretanto, sendo responsável por mais de 1/3 da amostra, ao contrário da tendência da média geral, vemos que as publicações brasileiras tiveram um aumento abrupto em 2009, mas permaneceram relativamente estáveis até o período atual, com um pico em 2012. Tendo em vista o crescimento exponencial das publicações brasileiras no período2525 Oliveira EF. Estudos métricos da informação no Brasil: indicadores de produção, colaboração, impacto e visibilidade. Marília: Oficina Universitária; 2018., proporcionalmente, o tema diminui sua frequência na última década neste país.

Ao analisarmos a distribuição por idioma, dos 641 artigos incluídos no banco dados, temos 350 (54%) em inglês, 178 (27,77%) em português, 85 (13,26%) em espanhol, 21 (3,28%) em inglês e português, seis (0,93%) em inglês e espanhol e um (0,23%) nos três idiomas.

Os artigos analisados têm contribuições de autores dos cinco continentes do planeta. Considerando o perfil das produções segundo o país dos autores, encontramos o seguinte resultado: Brasil, em primeiro lugar, com 257 autorias e 582 citações; EUA em segundo, com 226 autorias e 2.057 citações; em terceiro o Canadá, com 66 autorias e 713 citações; Colômbia em quarto, com 28 autorias e 178 citações; e em quinto lugar, México, com 26 autorias e 43 citações. Chile (21 autorias e 123 citações) e Cuba (10 autorias e 132 citações) aportam contribuições expressivas sobre o tema, em sétimo e décimo lugares, respectivamente. Destaca-se ainda a presença de autores ingleses, (6ª posição, 22 autorias e 404 citações), espanhóis (8ª posição, 14 autorias e 29 citações) e portugueses (9ª posição, 11 autorias e 16 citações) estudando o tema na América. Esses resultados se assemelham aos resultados de Ming Yuan et al.1212 Yuan M, Lin H, Wu H, Yu M, Tu J, Lü Y. Community engagement in public health: a bibliometric mapping of global research. Arch Public Health 2021; 79(1):6, que argumentam serem os EUA a região-chave das pesquisas a respeito do engajamento da comunidade em saúde pública, e países em desenvolvimento como o Brasil também contribuíram muito com esse campo, cujos avanços são marcados por eventos historicamente importantes de saúde pública e evoluíram de estratégias macrorregionais para ações mesorregionais e microrregionais1212 Yuan M, Lin H, Wu H, Yu M, Tu J, Lü Y. Community engagement in public health: a bibliometric mapping of global research. Arch Public Health 2021; 79(1):6.

Análise de citações: a relevância dos periódicos e publicações

Foram contemplados 299 periódicos distintos na amostra. Ordenou-se na Tabela 1 um comparativo entre número de publicações e de citações entre os principais periódicos. Após cada título, incluímos o número de documentos publicados, seguido da quantidade de citações e da média de citações por artigo.

Tabela 1
Artigos e citações por periódico sobre participação e controle social em saúde nas Américas.

Observa-se a desigualdade de impacto e visibilidade entre os periódicos, comparando o número de artigos publicados e a média de citações. Ao comparar o número de artigos publicados e os mais citados, usando o caso das revistas brasileiras, vê-se que estas ocupam os quatro primeiros lugares no ranking de revistas com maior número de documentos publicados, mas no ranking das revistas mais citadas, não mantêm essa performance. A Revista Brasileira de Enfermagem, quarta em número de publicações, desapareceu no ranking das 20 revistas mais citadas. Na outra extremidade, vemos o periódico The Lancet, com apenas três artigos selecionados, acumular 343 citações. Essa desigualdade afeta também os periódicos dos demais países latino-americanos, que sequer aparecem entre os 20 com mais citações. Se tomarmos o Scimago Journal & Country Rank, vemos que os periódicos latino-americanos não aparecem entre os 2.000 primeiros colocados do mundo.

Traçando a análise de citação por periódicos, apresentada na Figura 1, as conexões entre países mostram forte correlação com o idioma, como podemos ver pela proximidade e conexões entre os periódicos brasileiros e aqueles com título em espanhol (mais presentes no cluster azul). Além disso, é possível verificar no cluster vermelho que os periódicos brasileiros estão mais conectados entre si e salientes, o que indica a existência de um campo com características próprias e consolidado sobre o tema no Brasil. Esse argumento se fundamenta pela regulação do grafo pela força das conexões de citação que diminui a visibilidade de periódicos que têm muitas citações, como The Lancet e Social Science & Medicine, por exemplo, mas que apresentam conexões mais fracas, pois tendem a citar mais artigos que não estão incluídos na amostra. A força da conexão entre os autores brasileiros, indicada na Figura 2, também agrega força a esse argumento, como veremos no próximo tópico.

Figura 1
Citação entre os periódicos que publicam sobre participação e controle social em saúde nas Américas.

Os dez artigos mais citados2626 Rosato M, Laverack G, Grabman LH, Tripathy P, Nair N, Mwansambo C, Azad K, Morrison J, Bhutta Z, Perry H, Rifkin S, Costello A. Community participation: lessons for maternal, newborn, and child health. Lancet 2008; 372(9642):962-971.

27 Abelson J, Giacomini M, Lehoux P, Gauvin FP. Bringing 'the public' into health technology assessment and coverage policy decisions: From principles to practice. Health Policy 2007; 82(1):37-50.

28 Greiner KA, Li C, Kawachi I, Hunt DC, Ahluwalia JS. The relationships of social participation and community ratings to health and health behaviors in areas with high and low population density. Soc Sci Med 2004; 59(11):2303-2312.

29 Michener L, Cook J, Ahmed SM, Yonas MA, Coyne-Beasley T, Aguilar-Gaxiola S. Aligning the goals of community-engaged research: why and how academic health centers can successfully engage with communities to improve health. Acad Med 2012; 87(3):285-291.

30 Andrade LO, Pellegrini Filho A, Solar O, Rígoli F, Salazar LM, Serrate PC, Ribeiro KG, Koller TS, Cruz FN, Atun R. Social determinants of health, universal health coverage, and sustainable development: case studies from Latin American countries. Lancet 2015; 385(9975):1343-1351.

31 Johnston AC, Worrell JL, Di Gangi PM, Wasko M. Online health communities: An assessment of the influence of participation on patient empowerment outcomes. Inf Technol People 2013; 26(2):213-235.

32 Gazzinelli A, Correa-Oliveira R, Yang GJ, Boatin BA, Kloos H. A research agenda for helminth diseases of humans: social ecology, environmental determinants, and health systems. PLoS Negl Trop Dis 2012; 6(4):e1603.

33 Schoch-Spana M, Franco C, Nuzzo JB, Usenza C. Community engagement: leadership tool for catastrophic health events. Biosecurity Bioterrorism Biodefense Strategy Pract Sci 2007; 5(1):8-25.

34 Woelk GB. Cultural and structural influences in creation of and participation in the community health programmes. Soc Sci Med 1992; 35(4):419-424.
-3535 Thurston WE, MacKean G, Vollman A, et al. Public participation in regional health policy: a theoretical framework. Health Policy 2005; 73(3):237-252. podem ser categorizados em três tipos: estudos sobre participação social/engajamento comunitário e saúde (12626 Rosato M, Laverack G, Grabman LH, Tripathy P, Nair N, Mwansambo C, Azad K, Morrison J, Bhutta Z, Perry H, Rifkin S, Costello A. Community participation: lessons for maternal, newborn, and child health. Lancet 2008; 372(9642):962-971., 32828 Greiner KA, Li C, Kawachi I, Hunt DC, Ahluwalia JS. The relationships of social participation and community ratings to health and health behaviors in areas with high and low population density. Soc Sci Med 2004; 59(11):2303-2312., 53030 Andrade LO, Pellegrini Filho A, Solar O, Rígoli F, Salazar LM, Serrate PC, Ribeiro KG, Koller TS, Cruz FN, Atun R. Social determinants of health, universal health coverage, and sustainable development: case studies from Latin American countries. Lancet 2015; 385(9975):1343-1351. e 73232 Gazzinelli A, Correa-Oliveira R, Yang GJ, Boatin BA, Kloos H. A research agenda for helminth diseases of humans: social ecology, environmental determinants, and health systems. PLoS Negl Trop Dis 2012; 6(4):e1603.); estudos propositivos de modelos de gestão pública (22727 Abelson J, Giacomini M, Lehoux P, Gauvin FP. Bringing 'the public' into health technology assessment and coverage policy decisions: From principles to practice. Health Policy 2007; 82(1):37-50., 63131 Johnston AC, Worrell JL, Di Gangi PM, Wasko M. Online health communities: An assessment of the influence of participation on patient empowerment outcomes. Inf Technol People 2013; 26(2):213-235. e 83333 Schoch-Spana M, Franco C, Nuzzo JB, Usenza C. Community engagement: leadership tool for catastrophic health events. Biosecurity Bioterrorism Biodefense Strategy Pract Sci 2007; 5(1):8-25.) ou de ensino/pesquisa em saúde, com foco na participação social (42929 Michener L, Cook J, Ahmed SM, Yonas MA, Coyne-Beasley T, Aguilar-Gaxiola S. Aligning the goals of community-engaged research: why and how academic health centers can successfully engage with communities to improve health. Acad Med 2012; 87(3):285-291. e 103535 Thurston WE, MacKean G, Vollman A, et al. Public participation in regional health policy: a theoretical framework. Health Policy 2005; 73(3):237-252.), e estudos que relacionam contextos políticos, fatores culturais e estruturais à participação social (93434 Woelk GB. Cultural and structural influences in creation of and participation in the community health programmes. Soc Sci Med 1992; 35(4):419-424.).

Do primeiro tipo, temos o artigo mais citado2626 Rosato M, Laverack G, Grabman LH, Tripathy P, Nair N, Mwansambo C, Azad K, Morrison J, Bhutta Z, Perry H, Rifkin S, Costello A. Community participation: lessons for maternal, newborn, and child health. Lancet 2008; 372(9642):962-971., resultado da investigação sobre as estratégias para melhorar a saúde materno-infantil, cujas conclusões demonstram que, apesar de a mobilização comunitária não ser uma característica da maioria dos programas de atenção primária à saúde em larga escala, há evidências de que esse é um método efetivo para promover a participação e capacitar as comunidades, além de outros benefícios; o terceiro artigo mais citado2828 Greiner KA, Li C, Kawachi I, Hunt DC, Ahluwalia JS. The relationships of social participation and community ratings to health and health behaviors in areas with high and low population density. Soc Sci Med 2004; 59(11):2303-2312., resultado de uma pesquisa de vigilância em saúde pública realizada no Kansas/EUA, na qual conclui-se que indivíduos de áreas rurais apresentaram o maior envolvimento comunitário, mas níveis relativamente baixos de classificações comunitárias, e em áreas rurais densamente assentadas, podem enfrentar riscos aumentados de saúde precária; o quinto artigo mais citado3030 Andrade LO, Pellegrini Filho A, Solar O, Rígoli F, Salazar LM, Serrate PC, Ribeiro KG, Koller TS, Cruz FN, Atun R. Social determinants of health, universal health coverage, and sustainable development: case studies from Latin American countries. Lancet 2015; 385(9975):1343-1351. apresenta estudos de caso de quatro países latino-americanos cujos resultados evidenciam que o investimento em capacidade gerencial e política, forte compromisso político e gerencial e programas estatais, não apenas ações governamentais limitadas, têm sido cruciais para sustentar o sucesso dessas políticas; e o sétimo artigo mais citado3232 Gazzinelli A, Correa-Oliveira R, Yang GJ, Boatin BA, Kloos H. A research agenda for helminth diseases of humans: social ecology, environmental determinants, and health systems. PLoS Negl Trop Dis 2012; 6(4):e1603., reportando os resultados das investigações sobre interações entre determinantes sociais, doenças helmínticas e intervenções de promoção da saúde no que diz respeito a participação comunitária, colaboração intersetorial, gênero e possibilidades de escalonar programas de controle e eliminação de doenças helmínticas no contexto de abordagens integradas e interdisciplinares. As autoras desse artigo concluem que, apesar da crença de que a participação da comunidade ativa e baseada em programas de controle pode levar ao empoderamento dos indivíduos em comunidades endêmicas, muitas dessas comunidades carecem de sistemas e estruturas institucionais para incentivar as pessoas a participarem de estratégias de controle onde estão presentes podem não funcionar adequadamente.

Do segundo tipo, temos o segundo artigo mais citado2727 Abelson J, Giacomini M, Lehoux P, Gauvin FP. Bringing 'the public' into health technology assessment and coverage policy decisions: From principles to practice. Health Policy 2007; 82(1):37-50., no qual as autoras oferecem um quadro para promover o envolvimento público na avaliação das tecnologias e políticas de saúde, tanto para formuladores de políticas de saúde no Canadá como no exterior preocupados em tornar a saúde mais pública; o sexto artigo mais citado3131 Johnston AC, Worrell JL, Di Gangi PM, Wasko M. Online health communities: An assessment of the influence of participation on patient empowerment outcomes. Inf Technol People 2013; 26(2):213-235. procurara entender como a participação em uma comunidade de saúde online proporciona benefícios diretos no uso da informação e do apoio social e a influência indireta sobre as percepções de empoderamento do usuário, recomendando essa abordagem. O oitavo artigo mais citado3333 Schoch-Spana M, Franco C, Nuzzo JB, Usenza C. Community engagement: leadership tool for catastrophic health events. Biosecurity Bioterrorism Biodefense Strategy Pract Sci 2007; 5(1):8-25. destaca a contribuição do engajamento da comunidade para a formulação de políticas para desastres e emergências em saúde em massa e afirmam que os líderes dos EUA em todos os níveis podem melhorar sua capacidade de governar em uma crise e mitigar as perdas em toda a comunidade ao adotar essa abordagem. O quarto artigo mais citado2929 Michener L, Cook J, Ahmed SM, Yonas MA, Coyne-Beasley T, Aguilar-Gaxiola S. Aligning the goals of community-engaged research: why and how academic health centers can successfully engage with communities to improve health. Acad Med 2012; 87(3):285-291. busca auxiliar os centros acadêmicos de saúde dos EUA na aprendizagem de como melhorar o envolvimento com suas comunidades e construir uma agenda de pesquisa engajada. No décimo artigo mais citado3535 Thurston WE, MacKean G, Vollman A, et al. Public participation in regional health policy: a theoretical framework. Health Policy 2005; 73(3):237-252., os autores desenvolvem um quadro teórico para a compreensão da participação pública no contexto da governança regionalizada da saúde, a partir de experiências canadenses.

Do terceiro tipo, temos o nono artigo mais citado3434 Woelk GB. Cultural and structural influences in creation of and participation in the community health programmes. Soc Sci Med 1992; 35(4):419-424., que aborda como as influências culturais e estruturais são discutidas em relação à participação da comunidade, concluindo que situações de crise financeira e econômica, de reestruturação econômica e de valores de competição e individualização afetam a geração e a sustentabilidade da participação, sendo citado e influenciando estudos que tratam dessa temática.

Há um destaque para as publicações de EUA e Canadá, tendo como ambiente empírico contextos desses países. Resultados de pesquisas desenvolvidas em outros contextos, como o brasileiro, por exemplo, acabam não se destacando no topo da amostra pela falta de citações, apesar do grande número de produções sobre o tema. Verificou-se que a maioria foi publicada nos periódicos com maior número de citações (Tabela 1), com destaque para o primeiro2222 Liu Z, Yin Y, Liu W, Dunford M. Visualizing the intellectual structure and evolution of innovation systems research: a bibliometric analysis. Scientometrics 2015; 103(1):135-158. e o quinto2626 Rosato M, Laverack G, Grabman LH, Tripathy P, Nair N, Mwansambo C, Azad K, Morrison J, Bhutta Z, Perry H, Rifkin S, Costello A. Community participation: lessons for maternal, newborn, and child health. Lancet 2008; 372(9642):962-971., publicados na revista The Lancet, que ocupa o primeiro lugar2626 Rosato M, Laverack G, Grabman LH, Tripathy P, Nair N, Mwansambo C, Azad K, Morrison J, Bhutta Z, Perry H, Rifkin S, Costello A. Community participation: lessons for maternal, newborn, and child health. Lancet 2008; 372(9642):962-971.; do terceiro2828 Greiner KA, Li C, Kawachi I, Hunt DC, Ahluwalia JS. The relationships of social participation and community ratings to health and health behaviors in areas with high and low population density. Soc Sci Med 2004; 59(11):2303-2312. e do nono3434 Woelk GB. Cultural and structural influences in creation of and participation in the community health programmes. Soc Sci Med 1992; 35(4):419-424., publicados na revista Social Science & Medicine, que ocupa o segundo lugar, e para o segundo2323 Ahumada L R, Fernandez LAL. Participación e intervención comunitárias. In: Zurro AM, Pérez JFC, Badia JG, organizadores. Atención primaria. Principios, organización y métodos en medicina de família. Barcelona: Editora El Sevier; 2014. e o décimo3131 Johnston AC, Worrell JL, Di Gangi PM, Wasko M. Online health communities: An assessment of the influence of participation on patient empowerment outcomes. Inf Technol People 2013; 26(2):213-235., os dois publicados na revista Health Policy, que ficou em terceiro lugar2828 Greiner KA, Li C, Kawachi I, Hunt DC, Ahluwalia JS. The relationships of social participation and community ratings to health and health behaviors in areas with high and low population density. Soc Sci Med 2004; 59(11):2303-2312..

Análise de citações: a relevância das instituições e autoras/es

Buscando mapear as instituições mais produtivas, seus índices de citação e suas conexões, analisou-se a vinculação institucional dos autores dos manuscritos. As dez instituições com maior produção sobre o tema, sinalizado entre parênteses o número de artigos e o número de citações de cada uma, foram: Fundação Oswaldo Cruz (29 artigos - 249 citações), Universidade da Califórnia (23 - 414), Universidade de São Paulo (17 - 53), Universidade de Toronto (14 - 121), Universidade de Brasília (10 - 117), Universidade Federal da Bahia (10 - 64), Universidade de Harvard (9 - 284), Universidade da Carolina do Norte (9 - 179), Universidade McMaster (8 - 175) e a Universidade de Duke (7 - 149). As instituições estadunidenses e brasileiras se destacam nessa lista. Entretanto, a proporção entre artigos publicados e citações confirma o maior impacto da produção das instituições estadunidenses e canadenses, em comparação com as latino-americanas. Outra informação interessante é o fato de serem em sua grande maioria instituições públicas, pois apenas Harvard e Duke são privadas.

Conforme apresentado na Figura 2, a análise de citações por autores gerou 11 clusters distintos que demarcam relações entre eles, destacando-se a proximidade temática, mas também dos países e idiomas de origem. Notam-se conexões fortes entre os autores brasileiros e entre os demais autores latino-americanos. Os autores mais citados da amostra coincidem com os que assinam os artigos mais citados, tratados no tópico anterior, mas cabe destacar os autores mais conectados. Veremos que, embora os autores mais citados sejam em sua maioria dos EUA e do Canadá, quando observamos os autores mais conectados, os brasileiros se destacam.

Figura 2
Análise de citações entre autores que publicam sobre participação e controle social em saúde nas Américas.

O primeiro da lista dos mais conectados, José Patrício Bispo Júnior, da Universidade Federal da Bahia, com quatro artigos, estuda os conselhos de saúde no Brasil e a efetividade da participação; Pedro da Costa, Fernando de Paiva e Cornelis Van Stralen, vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais, ocupam respectivamente as próximas colocações, em virtude de uma revisão sistemática sobre participação em saúde no Brasil. Em seguida temos Poliana Cardoso Martins, Rosângela Minardi Mitre Cotta, Fábio Farias Mendes, Sylvia do Carmo Castro Franceschini, Silvia Eloiza Priore, Glauce Dias e Rodrigo Siqueira-Batista, vinculados à Universidade Federal de Viçosa, e também estudam a experiência dos conselhos de saúde.

Na sequência, temos Eugenia Delgado-Gallego e Maria Luisa Vazquez, com dois artigos na amostra, da Universidad del Valle, que estudam mecanismos de participação social na Colômbia. Mauro Serapioni, com três artigos, vinculado à Universidade de Coimbra, mas com vínculos com pesquisadores brasileiros, estuda desde temas gerais sobre participação em saúde até questões específicas sobre os conselhos locais de saúde no Brasil. Jennifer Cook, da Universidade da Carolina do Norte, com três artigos selecionados, estuda a colaboração da comunidade para melhorar a qualidade dos serviços e reduzir as disparidades em saúde. Helena Eri Shimizu, da Universidade de Brasília, com dois artigos selecionados, pesquisa os avanços e entraves da participação social institucionalizada e os mecanismos de participação social em saúde no Brasil. A análise dos autores mais conectados reforça a percepção de um campo consolidado e com características próprias sobre o tema no Brasil.

Colaborações formais: coautoria entre autores, organizações e países

A análise da coautoria é considerada uma medida de colaboração formal3636 Zupic I, Cater T. Bibliometric methods in management and organization. Org Res Methods 2014; 18(3):429.472., cuja relação entre autores ou suas instituições é estabelecida quando estes publicam um documento científico juntos. Essa análise mostra as colaborações formais e a conexão ocorre por meio das coautorias dos artigos selecionados, podendo ser agrupadas em organizações e países. É possível ainda verificar o tipo de relação de coautoria, a partir da força de ligação entre autores ou suas instituições. A vantagem dessa análise é que nos permite identificar as colaborações acadêmicas e a estrutura social do campo, a partir da observação das parcerias estabelecidas entre autores, organizações ou países aos quais os autores estão vinculados.

Considerando a força de ligação entre os autores, a análise de coautoria encontrou, no conjunto de autores que compõem o banco de dados, 250 clusters com 3.379 conexões entre eles. Isso demonstra a diversidade de ligações existentes nesse campo, em grande medida pela fragmentação temática e pelos diferentes usos e sentidos que a participação social adquire para as diferentes frentes de pesquisa. Desse universo de autores que trabalham de forma conjunta, é possível verificar que alguns estão mais conectados, destacando-se em termos de colaboração formal, segundo a força de ligação que apresentam: em 1° lugar, Mélanie Levasseur; em 2°, Sergio Aguilar-Gaxiola, seguido por Yves Couturier, em 3°; em 4° lugar, Doriane Miller, e em 5°, Luiz Odorico Monteiro de Andrade. Analisando os 40 autores mais relevantes sobre o tema, formam-se apenas quatro clusters, nos quais se destacam outros autores, conforme pode ser observado na Figura 3.

Figura 3
Análise de coautoria entre autores mais relevantes que publicam sobre participação e controle social em saúde nas Américas.

Nesses quatro clusters, observa-se que há um predomínio de pesquisadores das áreas biomédicas, com grande parte das pesquisas voltadas para o desenvolvimento de estratégias de intervenção em saúde por meio do engajamento comunitário, especialmente de minorias sociais e étnicas, com o objetivo de reduzir a iniquidade e compreender melhor a distribuição de morbidades entre grupos populacionais, em particular nos grupos em vulnerabilidade social. O cluster 1, em azul, reúne pesquisadores cujo foco é a pesquisa participativa baseada na comunidade e no empoderamento comunitário em saúde. Já o cluster 2, em vermelho, reúne pesquisadores dedicados a pesquisa e desenvolvimento de intervenções em saúde voltadas para doentes crônicos. Em verde, o cluster 3 agrupa pesquisadores com foco em intervenções em saúde voltadas para minorias étnicas e sociais, e o cluster 4, em amarelo, reúne pesquisadores dedicados a pesquisas voltadas para estratégias de intervenção inovadoras em saúde.

Ao analisar as 736 organizações presentes no banco de dados, foram encontradas 418 que publicaram ao menos um documento como coautoras, formando 88 clusters com 994 conexões entre elas. A Universidade de Toronto, a Fiocruz e a Universidade de Harvard são as três organizações que mais têm colaborações formais com outras organizações, segundo força de ligação, número de documentos e citações. Segue no ranking a Universidade de Columbia, a Universidade da Califórnia e a Universidade de Sherbrooke. Destaca-se ainda, entre as mais conectadas com outras organizações, as universidades do Norte da Carolina, de Montreal, a Johns Hopkins e a de São Paulo. Cabe ressaltar que as 288 organizações mais relevantes formam 13 clusters de coautoria, com 916 conexões entre elas, nos quais aparecem junto às instituições já citadas outras universidades das Américas e também da África, Europa, Ásia e Oceania, mas com preponderância das organizações brasileiras e estadunidenses. As organizações que mantêm colaboração formal, em sua maioria, as têm com outras localizadas no mesmo país.

Por fim, identificamos também a colaboração formal entre os países. Verificamos que, da amostra total, os 42 países mais relevantes formaram três clusters com 141 conexões entre eles. Esses resultados demonstram que, diferentemente do ranking das organizações que mais possuem colaborações formais com outras instituições, em que a Universidade de Toronto e a Fiocruz ocupam os primeiros lugares, em termos de colaboração formal entre países, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, seguidos do Canadá e do Brasil. É importante observar a variação em termos de coautoria conforme o país. No caso brasileiro, por exemplo, a grande maioria dos artigos é fruto de colaborações formais entre pesquisadores de organizações do mesmo país, havendo uma maior articulação interna entre os pesquisadores do que externa. Enquanto isso, nos Estados Unidos e no Canadá, há tanto uma articulação interna como externa e uma maior diversidade de colaborações com outros países, demonstrando maior internacionalização. Analisando os resultados, é possível afirmar que o idioma, em grande medida, influencia nas colaborações, como no caso da colaboração entre Brasil e Portugal e dos demais países latino-americanos.

Considerações finais

Foi possível verificar não só o crescimento das publicações e sua frequência relativa nos países das Américas, mas a relevância quantitativa e de impacto dos diferentes países. Além disso, a análise de coautoria indicou os grupos de autores que colaboram formalmente entre si e o grau de internacionalização dessas colaborações. No entanto, mesmo com a inclusão de indexadores que buscaram ampliar o alcance para as publicações da região e das ciências sociais, países da América do Norte apresentaram mais visibilidade e impacto na amostra levantada. Desse modo, novos esforços para mapear e jogar luz em contextos que ficaram de fora do escopo deste trabalho devem ser incentivados. Consideramos relevante que pesquisas futuras possam revisar livros e a literatura cinzenta, incluindo publicações de agências e órgãos governamentais e não-governamentais, que trazem muitas produções que são igualmente relevantes para compreender esse campo de produção de conhecimento, mesmo que à margem dos grandes periódicos.

Ao olharmos para o conjunto das Américas, em uma análise ampliada, as desigualdades em termos de visibilidade e impacto desse campo científico ensejam discussões para a superação dos obstáculos para o desenvolvimento científico, tecnológico e, consequentemente, das políticas públicas e do cuidado em saúde. Para identificarmos essa desigualdade, seguimos a recomendação de Foratini3737 Forattini OP. A língua franca da ciência. Rev Saude Publica. 1997; 31(1):3-8. de considerar as três línguas francas, o inglês, o português e o espanhol. A valorização dos idiomas locais e menos internacionalizados no campo científico está relacionada à formação de “massa crítica” e ao reconhecimento das conquistas culturais de cada território. Esta pesquisa identificou diversas experiências de mecanismos, estratégias e discussões teóricas sobre participação social que trazem contribuições importantes para o tema e que, por conta dessas desigualdades, têm seu potencial reduzido. A não inclusão do idioma francês é uma das limitações deste estudo, pois pode ter excluído artigos com metadados apenas nesse idioma.

Conforme apresentamos ao longo do texto, a amostra selecionada demonstra grande discrepância entre as produções nacionais, seja numérica, como nos casos dos EUA e do Brasil, seja por relevância na força das conexões e citações, como EUA, Canadá e produções estrangeiras a respeito dos contextos locais. Por essa razão, consideramos importante novas análises amplas, com metodologias que permitam adentrar nas especificidades da diversidade dos países das Américas e traçar comparações entre eles. O acúmulo nessas comparações nos parece uma condição necessária para fazer o debate avançar no continente, colocando em diálogo as tradições e saberes locais e os avanços globais.

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  • Financiamento

    Organização Pan-Americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    Fev 2023

Histórico

  • Recebido
    21 Fev 2022
  • Aceito
    12 Ago 2022
  • Publicado
    14 Ago 2022
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