CARTAS LETTERS

 

Saúde reprodutiva e população
Reproductive health and population

 

José Barzelatto  

Center for Health and Social Policy. 2586 Sykes Creek Drive, Merritt Island, FL 32953, USA

 

Mudanças sociais e culturais são necessárias para melhorar a saúde sexual e reprodutiva, definida como um estado abrangente de bem-estar físico, mental e social em relação à sexualidade e reprodução.

Para mulheres e homens ao redor do mundo desfrutarem de uma saúde sexual e reprodutiva plena, muitos processos culturais, sociais, econômicos e políticos precisam ser redefinidos. Tais mudanças requerem a longo prazo um amplo consenso cultural, baseado em princípios democráticos que sejam transformados em textos legais, programas, políticas e serviços. Esses princípios incluem eqüidade, direitos humanos, aceitação da diversidade e participação do cidadão. Fundamental entre as mudanças necessárias está a promoção de práticas e valores de saúde sexual mais positivos, e de papéis de gênero mais equitativos e justos, incluindo intensificação da educação e de opções de sustento para as mulheres.

Para alcançar tais objetivos, três áreas de atividades são mais importantes:

a) promoção de pesquisa em ciências sociais em diferentes lugares, para documentar realidades ignoradas, para monitorar mudanças sociais, para avaliar programas e serviços e para influenciar políticas;

b) fortalecimento das organizações da sociedade civil (ONGs) para fazer com que as vozes de mulheres e homens sub-representados sejam ouvidas na definição de suas necessidades e na melhoria de políticas de educação e serviços;

c) promoção de discussões informadas sobre valores e éticas relacionadas à sexualidade e à reprodução em todos os níveis da sociedade. Em particular, tabus culturais e religiosos em torno da sexualidade têm colocado sérios obstáculos para sua definição e sua inclusão como um objeto de pesquisa e como uma parte integral da educação e dos serviços.

Esse novo paradigma emergente de saúde sexual e reprodutiva tem muitas ligações recíprocas com outras abordagens correntes para ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas desfavorecidas ao redor do mundo. Focalizar simplesmente o decréscimo no número de pessoas sem atenção para as suas necessidades básicas é antiético. Além disso, a simples redução do número de pessoas não resolve os problemas de pobreza, baixo consumo ou esvaziamento dos recursos. Intensificar a saúde sexual e reprodutiva da população é uma parte necessária da promoção do empoderamento das mulheres e melhoria sustentável dos meios de vida e desenvolvimento das comunidades. Quando as necessidades básicas de homens e mulheres são atendidas e eles têm opções tanto produtivas quanto reprodutivas, acabaram por desejar menos filhos e usam contraceptivos mais eficientemente.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br