TESES

 

 

MENEZES, R. M. T., 1997. Composição e Atividade de Mosquitos (Diptera, Culicidae) da Área de Influência Indireta das Hidrelétricas de Canoas I e II. Bacia do Rio Paranapanema-P11, de 1993 a 1995 (Delsio Natal, orientador). Dissertação de Mestrado, São Paulo; Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 131 pp.

 

Desenvolveu-se estudo na área de influência indireta das hidrelétricas de Canoas I e II, na bacia do Rio Paranapanema em duas localidades: Fazenda Santa Terezinha, Município de Andirá, e Fazenda São José, Município de Itambaracá, no Estado do Paraná, de março de 1993 a março de 1995, objetivando descrever a composição e atividade de mosquitos culicídeos mais abundantes. As coletas foram realizadas mensalmente durante o crepúsculo vespertino e intervalos pericrepusculares, na fase de construção das hidrelétricas. Utilizaram-se armadilhas CDC/CO2, nos níveis da copa e do solo, nos hábitats de mata e margem de mata, em área aberta, no intradomicílio e peridornicílio. Isca humana e armadilha de Sbannon foram utilizadas no hábitat aberto. Aedes scapularis, espécie mais abundante, foi mais ativa no verão e no inverno, durante e nos momentos que antecediam e sucediam o crepúsculo vespertino, no hábitat aberto das duas localidades. O máximo de atividade foi observado durante o período seco na margem da mata-solo da Fazenda Santa Terezinha. Picos de atividade foram observados para Anopheles albitarsis s.l durante o período seco em coletas com armadilha de Shannon no hábitat aberto de ambas localidades, enquanto Anopheles argyritarsis foi mais ativo durante o verão. Em coletas com isca humana, registraram-se picos de atividade para An. albitarsis s.l durante o final do verão e inverno das duas localidades. An. argyritarsis e An. albitarsis s.l compareceram com altos percentuais de atividade nos intervalos pós-crepusculares. Culex dolosus e Culex(Cux.)sp. do grupo coronator apresentaram o mesmo ritmo de atividade, com picos durante o período seco e primavera, início da estação chuvosa nos hábitats de mata e margem de mata-solo. Coquillettidia venezuelensis e Coquillettidia juxtamansonia foram mais ativas durante os intervalos pós-crepusculares no verão, outono e primavera. Os picos mais altos foram registrados durante a última estação. A atividade sazonal e crepuscular dos mosquitos Culicidae mais abundantes foi condicionada pelos períodos de chuva e de seca, pela disponibilidade de criadouro e de recurso alimentar, e pela seletividade das técnicas utilizadas nos diferentes hábitats.

 

 

GALVANESE, G. C. S., 1997. Mortalidade por Causas Externas nos Municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema (São Paulo), de 1970 a 1992 (Chester Luis Galvão Cesar, orientador). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 186 pp.

 

Este estudo teve como objetivo descrever as mortes por causas externas (violentas), segundo local de residência, nos Municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema (região do ABCD paulista), no período de 1970 a 1992. Utilizamos como fonte de dados as informações constantes nas declarações de óbito obtidas da Fundação Seade para os períodos de 1970­1973 e de 1977­1992. Como esses dados não se encontravam disponíveis para os anos de 1974 a 1976, nossa análise para esse período limitou-se às planilhas de mortalidade pelas cinqüenta causas resumidas da Classificação Internacional das Doenças, fornecidas pelo Centro de Informações em Saúde (CIS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e pela Fundação Seade. As variáveis definidas foram sexo, idade, estado civil, grau de instrução, ocupação, local de ocorrência e causa básica dos óbitos. As causas básicas foram, primeiramente, enfocadas na sua totalidade e, a seguir, agrupadas em acidentes de trânsito (ESIO-E819), homicídios (E960-E969), demais acidentes (E800-E807 e E820-E848), suicídios (E9SO-E959) e demais causas em que se ignora se as lesões que as provocaram foram acidental ou intencionalmente infligidas (E980- E989). Os resultados mostram aumento das taxas de mortalidade por causas externas, exceto em São Bernardo do Campo. De 1970 a 1992, as taxas foram de 50,88 para 74,94 em Santo André, de 100,69 para 128,98 em Diadema e, em São Caetano do Sul, praticamente não houve variação, indo de 56,06 para 56,44, todos óbitos por cem mil habitantes. Em São Bernardo Campo, nesses mesmos anos, o coeficiente foi de 116,96 para 91,58 óbitos por cem mil habitantes. Houve aumento da mortalidade proporcional (%) em Santo André (de 6,78 para 12,33), São Bernardo do Campo (de 12,44 para 17,32) e Diadema (de 10,89 para 23,26), enquanto em São Caetano do Sul foi observada discreta queda (de 7,39 para 6,39). As mortes não atingiram de forma idêntica os diferentes segmentos da população, concentrando-se nos indivíduos jovens e do sexo masculino. Para as mulheres, tiveram muito menos importância como causa de morte, mantendo-se, em geral, em patamares estáveis. Os maiores coeficientes foram encontrados nas faixas etárias de 15 a 39 anos, e, proporcionalmente, o maior aumento deu-se na de 15 a 19 anos. O grande destaque no cenário das mortes violentas foi o expressivo crescimento dos homicídios como causa de morte, principalmente a partir da década de 80 e, em especial, nos Municípios de Diadema e São Bernardo do Campo. Entre 1970 e 1992, a variação de seus coeficientes (por cem mil habitantes) demonstrou com clareza a importância cada vez maior que foi assumindo: em Santo André, foi de 6,24 para 25,63 (+310,7%); em São Bernardo do Campo, de 7,03 para 39,72 (+465,0%); em São Caetano do Sul, de 8,01 para 19,04 (+137,7%) e, em Diadema, de 14,20 para 72,77 (+412,5%). Os acidentes de trânsito constituíram-se na principal causa de morte violenta nos quatro municípios na primeira década do estudo, a partir de quando foram sendo substituídos, em grau de importância, pelos homicídios. Entre os demais acidentes, destacaram-se os afogamentos (principalmente em São Bernardo do Campo e Diadema) e as quedas; os suicídios ocuparam posição discreta como causa de morte. Os municípios de piores índices sócio-econômicos e de qualidade de vida foram os que apresentaram maiores taxas de crescimento dos coeficientes de morte por causas violentas. Por causa da complexidade do tema e do grande número de variáveis, tornou-se inviável a descrição de todas as particularidades observadas ao longo dos 23 anos, o que nos levou a registrar somente aquelas que nos pareceram mais significativas enquanto sinalizadoras de aspectos que mereçam aprofundamento em investigações futuras.

 

 

MINARI, F. C., 1997. Morbidade: Um Estudo Conceitual e Empírico (Nilza Nunes da Silva, orientadora). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 60 pp.

 

No convívio com trabalhos científicos ao longo do tempo, nota-se a dificuldade de compreensão das idéias contidas em textos onde a palavra morbidade aparece. Este trabalho teve por objetivo estudar os conceitos de morbidade indicados na literatura e sua aplicação em artigos científicos nacionais, bem como os delineamentos de pesquisa e as formas de mensuração utilizadas nos estudos de morbidade, buscando relações entre conceitos, delineamentos e medidas. O estudo do conceito, na literatura nacional e estrangeira, possibilitou a identificação de três noções de morbidade e das formas mais freqüentemente preconizadas para sua mensuração, constituindo-se no referencial teórico para o estudo empírico que investigou estes mesmos aspectos em artigos científicos nacionais. Ocorrência, freqüência e desvio de bem-estar são os conceitos registrados para o termo morbidade, representando diferentes perspectivas da abordagem no que se refere ao estudo de doenças em populações humanas. Em outras palavras, esses conceitos representam aspectos complementares do processo de observação de um mesmo objeto de estudo: a doença. Os resultados do estudo empírico correspondem ao quadro diagnosticado no estudo conceitual, a despeito de a maioria dos artigos estudados não apresentarem a explicitação do conceito de morbidade adotado.

 

 

RODRIGUES, F. O., 1997. Derramamentos de Óleo no Ecossistema Manguezal. Limpeza do Ambiente, Efeitos e Metodologia de Estudo (Aristides Almeida Rocha, orientador). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiental, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 138 pp.

 

As regiões costeiras são constantemente atingidas por derrames de petróleo, como conseqüência de acidentes envolvendo a exploração, o transporte e a transferência de óleos crus ou seus derivados. No Brasil, são poucos os trabalhos que descrevem os efeitos agudos e crônicos do óleo nos ecossistemas costeiros. Além disso, existe muita dificuldade em se definir os procedimentos mais adequados à limpeza do ambiente e aos estudos dos efeitos do poluente no ambiente. O manguezal, entre os ambientes costeiros, é o que possui a maior vulnerabilidade a derrames de óleo. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi analisar os procedimentos de limpeza de áreas de manguezal atingidas por petróleo, salientando os aspectos positivos e negativos de cada um; descrever os efeitos do óleo na vegetação dessas áreas, considerando os aspectos estruturais e funcionais e, finalmente, realizar uma síntese e análise dos métodos destinados ao levantamento de campo para o estudo de impacto do óleo nos manguezais. Em caso de derrame de óleo no mar, devem-se utilizar todos os recursos para impedir que o óleo atinja o manguezal. O uso de barreiras poderia ajudar na contenção do poluente; skimmers, absorventes e, principalmente, bombeamento a vácuo e esteiras recolhedoras de óleo poderiam ser usados nas águas adjacentes ao manguezal para recolher o produto. Se, apesar do esforço, o óleo atingir o manguezal, o método, atualmente mais apropriado, é a limpeza natural. O impacto do óleo nessa área está relacionado com o tipo e volume do poluente, o padrão de deposição do poluente, além de sua persistência e das características ambientais locais. O óleo pode causar alterações nas raízes, folhas e propágulos de mangue, acarretando prejuízo ao indivíduo, ou até mesmo sua morte. O petróleo causa uma série de alterações nos bosques de mangue, as quais foram comuns aos vários derrames estudados, mostrando que, aparentemente, existe um padrão de comportamento da vegetação, como resposta ao estresse, tanto para o indivíduo, como para a estrutura e função do bosque. Além disso, em vários casos constatou-se que a recuperação do manguezal é lenta, podendo levar décadas. Para efetuar a avaliação de impacto do óleo sobre a região afetada deve-se realizar um estudo de monitoramento a longo prazo dos efeitos do óleo no ecossistema. Tal estudo deve ser cuidadosamente planejado, conforme as condições ambientais existentes e os recursos disponíveis. A padronização da metodologia é importante para que se possa, de forma comparativa, avaliar a intensidade do impacto.

 

 

GADELHA, A. M., 1997. Casos Notificados de Aids no Município do Rio de Janeiro, 1983­1993: Análise de Sobrevida (Euclides Ayres de Castilho, orientador). Tese de Doutorado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 153 pp.

 

O objetivo desta tese foi analisar a sobrevida dos pacientes notificados com Aids no Município do Rio de Janeiro, de 1983 a 1993, enfocando, especialmente, os modelos de Kaplan-Meier e de riscos proporcionais de Cox. Utilizamos o banco de dados (Aidscon) da Vigilância Epidemiológica do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, no qual corrigimos as informações até 1987, considerando as variáveis sexo, escolaridade, ano do diagnóstico, categoria de exposição e doença de apresentação. Até esta data, a duração da sobrevida mediana de 124 dias e 62 dias para indivíduos com idades respectivamente até 35 e 36 anos ou mais, cuja razão da função de riscos (HR) correspondeu a 1,41 (95% de IC = 1,20 ­ 1,66), com valor de p<0,001. Quanto à doença de apresentação, indivíduos que tiveram tuberculose apresentaram uma sobrevida mediana de 197 dias. A razão de riscos quando comparados com as demais doenças de apresentação foi de 0,70, com valor de p = 0,007. Verificamos, também, a existência da associação entre o sarcoma de Kaposi com ou sem candidíase oral como doença de apresentação e a prática homo/bissexual (OR = 3,78). O pior desempenho na duração da sobrevida mediana (49 dias) foi verificado para os pacientes diagnosticados com criptoporidíase com candidíase oral, cuja HR foi 1,45 e valor de p = 0,016. Analisamos conjuntamente os efeitos da idade e da doença de apresentação, observando que estes efeitos eram independentes. As demais variáveis não mostraram diferenças significativas na sobrevida. No período de 1987­1993, detectamos uma piora no registro de informação da maioria das variáveis, particularmente na data do óbito, intensificada a partir de 1988, o que inviabilizou a extensão da análise de sobrevida até 1993. A análise comparativa com o Sinan (atual banco de dados utilizado pelo Programa DST-Aids) apontou redirecionamentos em sua estrutura. Foram feitas sugestões para o funcionamento da vigilância epidemiológica, entre elas, a necessidade de ênfase no treinamento dos recursos humanos e a incorporação e melhoria na utilização de outras fontes de dados como o Sistema de Mortalidade e de Registro de Internações Hospitalares.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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