NOTA

 

Atividade de detergentes e desinfetantes sobre a evolução dos ovos de Ascaris lumbricoides

 

Effects of detergents and disinfectants on the development of Ascaris lumbricoides eggs

 

 

Cristiano Lara MassaraI, 1; Rafaela Salgado FerreiraI, 1, II, 2; Luiz Dias de AndradeIII, 3; Henrique Leonardo GuerraIV, 4; Omar dos Santos CarvalhoI, 1

ILaboratório de Helmintoses Intestinais, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz.Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
IIPrograma de Vocação Científica, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
IIILaboratório de Pesquisas Clínicas, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
IVLaboratório de Epidemiologia e Antropologia Médica, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A infecção por Ascaris lumbricoides decorre da ingestão de ovos embrionados deste parasita, o que justifica a pesquisa de substâncias que tenham efeito deletério sobre estes ovos. Nosso objetivo foi estudar a ação de 16 produtos detergentes e desinfetantes, de uso doméstico e laboratorial, sobre a embriogênese deste helminto. Crianças portadoras desta infecção foram tratadas com levamisol e os vermes fêmeas expelidos foram recolhidos e dissecados, para obtenção dos ovos intra-uterinos. Os ovos foram postos em contato com os produtos em diversas diluições e tempos, lavados e incubados a 28ºC, por 20 dias, para teste da viabilidade e determinação da porcentagem de embrionamento. Apenas um produto inibiu completamente o embrionamento dos ovos, em todos os tempos e diluições testados. Cinco produtos inibiram o embrionamento dos ovos em mais de 50%, seis inibiram o embrionamento em menos de 50% e três não tiveram efeito sobre o embrionamento dos ovos. Por outro lado, com um produto observou-se aumento da porcentagem de embrionamento dos ovos em relação aos controles.

Palavras-chave: Ascaris lumbricoides; Desinfetantes; Detergentes


ABSTRACT

Ascaris lumbricoides infection is acquired via ingestion of embryonated eggs of the parasite, thus justifying the search for ovicidal compounds. We studied the effect of 16 household and laboratory detergents and disinfectants on the embryogenesis of this helminth. Children carrying this infection were treated with levamisole. Eliminated female worms were collected and dissected to obtain eggs from the uteri. The eggs were placed in contact with various products at different dilutions and for various periods of time. After washing, eggs were incubated at 28ºC for 20 days, for viability tests and to determine the embryonation rate. Only one product completely inhibited the embryonation of eggs at every dilution and for every time period tested. Five products inhibited more than 50% of embryonation, while six inhibited less than 50%. Three products showed no effect on embryonation, while for one the percentage of embryonated eggs was higher than in the control tubes.

Key words: Ascaris lumbricoides; Disinfectants; Detergents


 

 

Introdução

A infecção do homem pelo Ascaris lumbricoides ocorre em mais de 150 países (Crompton, 1989), com uma estimativa mundial de 1,5 bilhão de casos (Chan et al., 1994), podendo ser responsável por diferentes graus de desnutrição, deficiência cognitiva, complicações e, ocasionalmente, morte em crianças acometidas em muitos países.

Cada fêmea adulta do verme produz cerca de 200 mil ovos por dia, que são expelidos com as fezes na forma não embrionada, não infectante, podendo sobreviver no solo por mais de um ano, em condições adequadas. O embrionamento dos ovos ocorre após um período de, pelo menos, vinte dias (Massara et al., 2001) e a infecção do homem se dá pela ingestão destes ovos, quando levados à boca por mãos sujas ou alimentos contaminados.

Ovos de Ascaris são resistentes a diversos fatores: terapêuticos (Massara, 1988; Massara et al., 1991), químicos (Pessoa & Martins, 1982) e ambientais (Goulart et al., 1985). Eles têm sido encontrados em resíduos de esgotos, mesmo após o tratamento (Amaral & Leal, 1940; Goulart et al., 1984) e em sanitários de escolas públicas (Coelho et al., 1999). Esses dados mostram a amplitude do problema da contaminação ambiental por ovos de Ascaris.

Ovos de Ascaris possuem grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão do parasita. Uma vez presente no ambiente e em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens. Com isso, a avaliação de substâncias quanto à sua aplicação segura em ambientes, alimentos e sua capacidade de impedir o desenvolvimento destes ovos é de grande importância para o controle da transmissão.

Devido à grande resistência dos ovos de Ascaris a vários agentes químicos e à extensa utilização de produtos detergentes e desinfetantes comerciais para a descontaminação de pias e utensílios domésticos, de bancadas e materiais de laboratório, de frutas e verduras, decidimos, no presente estudo, avaliar a atividade destes produtos sobre a capacidade embrionária dos ovos de A. lumbricoides.

 

Métodos

Coleta dos parasitas e ovos

Escolares (7-14 anos) foram submetidos ao exame parasitológico de fezes pelo método Kato-Katz (Katz et al., 1972) e aqueles com ovos de A. lumbricoides viáveis nas fezes foram selecionados para o trabalho. As crianças foram tratadas com a droga não-ovicida levamisol (Massara et al., 1991) em dose única de 150mg de sal-base independentemente do peso corporal. O volume total das fezes foi coletado separadamente, durante 24 horas, e recolhido em recipientes plásticos até 72 horas após o tratamento. Os vermes adultos fêmeas, obtidos por intermédio da coleta de fezes, foram separados e dissecados para obtenção dos ovos diretamente dos úteros, formando vários pools de ovos.

Produtos testados

Foram utilizados produtos detergentes e desinfetantes de utilização comum em domicílios e laboratórios, sendo identificados por meio de códigos para preservar a marca comercial de cada produto testado. A Tabela 1 descreve os componentes ativos, diluições e tempos de exposição sugeridos pelos fabricantes e atividades indicadas nos rótulos de cada um dos produtos analisados. A maioria dos produtos foi adquirida no comércio da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, com exceção do produto Ds13, que foi adquirido no México. Todos os produtos foram testados dentro dos prazos de validade indicados pelos fabricantes.

Tratamento dos ovos

Os testes foram preparados em tubos de centrifugação de poliestireno de 15ml (Falcon‚), contendo, em cada um, cerca de 20 mil ovos. Estes ovos foram postos em contato com 5ml dos produtos nas diluições de 1:10, 1:4, 1:2 e com o produto puro, na forma comercial, por períodos de tempo de 5, 10, 20 e 30 minutos. Para cada produto testado foi feita uma série de tubos-testes, em duplicata, relativos às diferentes concentrações e tempos, e dois tubos-controles, contendo ovos que não foram expostos aos produtos.

Incubação e contagem dos ovos

À medida que os tempos de contato dos ovos com os produtos eram alcançados, os ovos eram lavados com água destilada, centrifugados a 2.000rpm, por três vezes, para eliminação do produto. Após a última lavagem, 5ml de ácido sulfúrico a 0,1N foram adicionados a cada tubo (Fairbairn, 1961), os quais foram mantidos fechados em estufa a 28ºC, em agitação permanente, por vinte dias.

Ao fim deste período, uma amostra homogênea de ovos de cada tubo foi colocada entre lâmina e lamínula, examinando-se cem ovos, em duplicata, em microscópio óptico, no aumento de 100X. Para efeito de determinação da percentagem de embrionamento, apenas os ovos que continham larvas completamente formadas foram considerados como ovos embrionados.

Os procedimentos de exame e tratamento das crianças foram autorizados pelos pais ou responsáveis pelas mesmas.

 

Resultados 

Analisando a evolução, após vinte dias, do embrionamento dos ovos de A. lumbricoides expostos previamente aos diversos produtos, podemos observar que apenas um dos produtos testados (Ds5) inibiu completamente o embrionamento, em todos os tempos de exposição e diluições utilizados (Tabela 2). Em relação aos demais produtos, tempos e diluições testados, os resultados dos embrionamentos mostraram surpreendente variação percentual, sem, entretanto, haver inibição total. A análise dos resultados concentrou-se, portanto, nos grupos-testes expostos aos produtos puros, pelo tempo máximo de trinta minutos (Figura 1), condição em que se poderia esperar, teoricamente, maiores percentagens de inibição do embrionamento.

Analisando-se, ainda, os efeitos dos produtos quanto à inibição relativa do embrionamento nos grupos-testes, utilizando-se como valores de referência as percentagens de embrionamento dos controles (Figura 2), verificou-se que cinco produtos (Ds4, Dt6, Dt7, Dt8 e Dt15) causaram reduções de embrionamento maiores do que 50,0%, quando comparados com os respectivos controles. Seis produtos reduziram o embrionamento em menos do que 50,0% (Ds1, Ds2, Ds11, Dt12, Ds13 e Ds14); três produtos praticamente não causaram qualquer efeito sobre o embrionamento dos ovos (Ds3, Ds10, Ds16), enquanto em um produto (Ds9) o resultado revelou percentual de embrionamento superior ao do controle.

As diferenças entre as taxas de embrionamentos dos controles foram devidas à utilização de diferentes pools de ovos na preparação dos tubos-controles de cada produto.

 

Discussão e conclusões

Embora os produtos desinfetantes testados, em geral, não tragam a indicação de atividade ovicida para helmintos, podemos entender que esta propriedade esteja incluída no termo "germicida", referido em muitas embalagens.

Por outro lado, ainda que os produtos detergentes não tragam indicações de atividade germicida ou desinfetante, eles foram testados com base na observação de Freitas (1957), sobre a possível atividade ovicida dos detergentes.

Com exceção do produto Ds5, que produziu um efeito deletério absoluto sobre os ovos de A. lumbricoides em todas as diluições e tempos testados, os demais produtos não produziram o desejado efeito ovicida total. Fazendo-se uma análise comparativa dos produtos, com base nas suas composições químicas (Tabela 1), notou-se que o fator diferencial entre o Ds5 e os demais produtos é a existência, em sua composição, da substância ativa orto-benzil para-clorofenol, fato que sugere ser esta a responsável pelo ótimo resultado obtido. Outros testes utilizando esta substância ativa isoladamente deverão ser realizados para que se possa esclarecer os resultados alcançados com este produto.

Os resultados dos produtos Ds4, Dt6, Dt7, Dt8 e Dt15 sugerem um certo grau de atividade inibidora do embrionamento dos ovos de A. lumbricoides, especialmente quando utilizados os produtos puros por tempo mais prolongado. No entanto, ensaios posteriores serão necessários para determinar se estes produtos serão capazes de inibir completamente o embrionamento dos ovos, aumentando-se o tempo de exposição. Deve-se destacar que o produto Dt15 não foi testado de acordo com o tempo de exposição indicado pelo fabricante (2 a 24 horas), devido a limitações metodológicas. Porém, na indicação do produto é recomendado o uso de uma solução de 2% a 5% e os testes foram realizados com soluções mais concentradas, até mesmo com o produto puro, pelo tempo de até trinta minutos.

Assim como os resultados de Morera (1986) e Zanini & Graeff-Teixeira (1995) com larvas de A. costaricensis, nossos resultados também mostraram que um meio acético não interfere na evolução dos ovos de A. lumbricoides; porém, diferentemente do que encontraram aqueles autores, a utilização do hipoclorito de sódio, no nosso trabalho, não interferiu no desenvolvimento embrionário dos ovos.

Outro fato importante a ser ressaltado, dentre os produtos que não mostraram atividade ovicida, é o resultado obtido com o Ds9, sugerindo uma atividade estimuladora do embrionamento do ovos.

Considerando-se a importância de medidas preventivas das helmintoses intestinais em populações de regiões tropicais e subtropicais, sobretudo nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde tais medidas constituem um dos mais sérios problemas de saúde pública, os resultados do presente estudo permitem questionar as prescrições encontradas em muitos produtos desinfetantes comercializados no mercado nacional.

Estes resultados mostram, também, a necessidade de se reavaliarem os procedimentos de descontaminação de ambientes, utensílios e alimentos, quando se tem por objetivo prevenir a infecção por A. lumbricoides.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem a José Geraldo Amorin da Silva pela ajuda técnica.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Cristiano Lara Massara
massara@cpqrr.fiocruz.br

Omar dos Santos Carvalho
omar@cpqrr.fiocruz.br

Luiz Dias de Andrade
dias@cpqrr.fiocruz.br

Henrique Leonardo Guerra
guerrahl@cpqrr.fiocruz.br

Recebido em 22 de fevereiro de 2002
Versão final reapresentada em 22 de maio de 2002
Aprovado em 11 de setembro de 2002

 

 

1 Laboratório de Helmintoses Intestinais, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz.Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
2 Programa de Vocação Científica, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
3 Laboratório de Pesquisas Clínicas, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil
4 Laboratório de Epidemiologia e Antropologia Médica, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Augusto de Lima 1715, Belo Horizonte, MG, 30190-002, Brasil

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