DEBATE DEBATE

 

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The author replys

 

 

Delma Pessanha Neves

 

 

Não só para quem se lança no estudo de uma nova temática, como é o caso da autora do artigo, como também para os que a ela se dedicam há longo tempo, a proposta de debate em torno do tema privilegiado no texto, lançada pelos editores da revista, é muito oportuna e frutífera. Há uma expressão de possibilidades de desdobramentos da temática, segundo os múltiplos olhares, perspectivas e fundamentações teóricas, que no debate se intercruzam. Os comentários ao artigo ainda trazem à tona a complexidade do investimento na tentativa de estabelecer definição para o alcoolismo. Este é um fenômeno recorrentemente colocado sob suspensão e os termos de sua designação, sob iminência de (re)significação no campo acadêmico. Deste questionamento, decorrem suas múltiplas e sucessivas formas de denominação.

O debate aqui registrado também permite o conhecimento e o reconhecimento da existência de vários institutos de pesquisa e de constituição de alternativas terapêuticas, afiliadas à oferta de uma generosa lista bibliográfica, nem sempre facilmente alcançada pelos que se iniciam neste universo de estudo.

Os comentários deixam então entrever um campo temático, cujos potenciais participantes ainda estão longe do diálogo e do debate entre si. Por tais motivos, alguns dos comentários demonstram as dificuldades de comunicação com base em pontos de vista disciplinares diferenciados, mormente os que se fundamentam e se alimentam da contraposição entre disciplinas sociológicas e biológicas, neurológicas ou psiquiátricas. Neste caso, a diversidade de unidades de análise em jogo, se não considerada, transforma o diálogo em desqualificações de procedimentos. Ora, no campo interdisciplinar, ela deve ser respeitada, sob pena de inviabilizá-lo.

O debate também apresenta a grande virtude de operar como espelho para todos os participantes, no sentido de iluminar as conseqüências da definição de objetos e reflexões, assumidas pela correspondente tomada de consciência dos desdobramentos decorrentes das necessárias escolhas. Da minha parte, esta é uma das grandes contribuições a ser incorporada por este engajamento acadêmico.

Da perspectiva da antropologia e, portanto, daquela por mim assumida no artigo, a questão que me coloquei, diante de tantas outras possíveis, inclusive algumas delas anunciadas pelos comentaristas, foi a conciliação entre a compreensão de pontos de vista. De um lado, o dos indivíduos ou grupos considerados para estudo, segundo a ênfase nas representações que constroem para seus modos e estilos de vida, de percepção e julgamento. De outro, a postura do antropólogo, que, neste caso preciso, estuda sistemas classificatórios, mas não opera diretamente no investimento constitutivo do fenômeno escolhido para reflexão. E, portanto, não investe numa definição própria para o alcoolismo, o alcoólico etc.

Não tive por intenção, com tal proposta, encantonar uma única possibilidade de estudo. Neste artigo, escolhi refletir sobre esta questão, porque tão cara aos antropólogos, diante da hegemônica perspectiva epistemológica adotada: o ponto de vista de quem vivencia o fenômeno como matéria a ser analisada. Tinha assim por objetivo, estabelecer uma provocação e um convite, também relativamente inaugurais no campo da interdisciplinaridade, estimulando o engajamento na pesquisa sobre o alcoolismo ou sobre os indivíduos portadores de dependência química.

Em outro texto 1, chamo a atenção para o tangenciamento e a secundarização do fenômeno, mesmo que ele salte aos olhos dos antropólogos por meio de entrevistas. Esta postura, no limite, leva a uma naturalização dos atos de beber qualificados como excessivos ou prejudiciais ao convívio social, especialmente entre grupos familiares e unidades de produção e trabalho.

Entretanto, destaquei que o alcoolismo (nos termos em que categorizam os entrevistados/ usuários) não pode ser considerado como fenômeno em si, porque ele está articulado a estilos de vida e se insere no quadro dos estudos sobre maneiras de beber, tão diversas quanto tem sido possível a variedade de manifestações culturais, tanto as que consagram os atos de beber, como as que os rejeitam e os proíbem (ver também os comentários de Marluce Miguel de Siqueira).

Reafirmo com as comentaristas vinculadas ao meu campo disciplinar ­ antropóloga e socióloga ­ as inúmeras perspectivas de construção de objetos de estudo. E agradeço a contribuição no sentido da reflexão sobre os modos de construção de diversas unidades de análise, que venho considerando no quadro do programa de pesquisa que coordeno, sob vínculo com o Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense e com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 2. Nesta temática, é fundamental assumir os limites derivados da adoção do ponto de vista exclusivo dos que se consideram alcoólatras, alcoólicos ativos ou passivos, dependentes químicos etc.

Denise Fagundes Jardim, reafirmando o caráter social dos diversos atos de beber, subsumidos a "tramas muito específicas e peculiares aos contextos", sugere um campo de estudo que amplia as possibilidades do olhar antropológico, cuja importância se destaca porque também é relativamente pouco considerado por antropólogos: os modos de expressão e definição do sofrimento que acompanha tanto o que se assumiu alcoólico, como o que resiste a aceitar esta qualificação, como os que participam da condenação, como os que são atingidos pelas conseqüências dos usos excessivos da bebida alcoólica. E, ao apontar outras possíveis questões para análise, sugere a relativização da profissão de fé do antropólogo, "principal virtude da etnografia" de colocar em relevo o "ponto de vista do nativo". Acrescentaria, então, a relevância de se considerar a diversidade desses nativos, isto é, de pontos de vista e modos de percepção e classificação do ato de beber, seja ele considerado excessivo ou não, e dos diversos agentes sociais em jogo.

Estou de pleno acordo quanto à necessária amplitude da construção de objetos de estudo, como também Margarita Antonia Villar Luis, Eurípedes Costa do Nascimento e Elizabeth S. Palatnik colocam em relevo, inclusive pela importância da valorização das especificidades da construção social de gênero. Mesmo no quadro do programa de pesquisa que coordeno, outros integrantes já se dedicaram ao entendimento do ponto de vista e das formas de intervenção das mães e esposas que reconhecem em seus filhos ou esposos, a adoção de usos inadequados da bebida alcoólica 3,4,5,6,7. Outros pesquisadores se dedicaram ao estudo dos modos de controle adotados por agentes administrativos e da gestão disciplinar sobre trabalhadores em empresas públicas e privadas. Revelaram formas de vigilância que reafirmam a suspeição, que condenam indistintamente bebedores, neste caso, nem sempre percebidos como excessivos. Contudo, mesmo assim, são qualificados por uma suposta potencialidade à criação de problemas disciplinares e à inadequação produtiva. São então lançados ao desemprego e à exclusão das redes de sociabilidade e camaradagem que asseguram o acesso aos postos de trabalho 6,8,9,10,11,12,13. Também houve investimento no estudo das formas de socialização, sociabilidade e controle dos abusos entre bebedores no ambiente dos bares e botequins 14; dos modos de intervenção social dos donos de bares 15,16, além do estudo de grupos de apoio e terapia 17,18,19,20. Por todos os constrangimentos que, sob essa forma de consumo, mais fortemente sobre as mulheres incidem, elas estão presentes nesses grupos, porque se vêem ou se viam como bebedoras excessivas. Também pelos mesmos motivos, nem sempre tão participativas vis-à-vis os homens que com elas compartilham a reciprocidade da auto-ajuda 20.

Essas unidades de análise revelaram aspectos importantes para o entendimento das formas de definição do uso de bebidas alcoólicas em nossa sociedade, considerada em sua segmentação ou diferenciação sócio-econômica, tais como foram ressaltados por Cecília Loreto Mariz, mas também Maria Odete Simão e Elizabeth S. Palatnik. E entre estes temas, acentuaria também a importância do investimento que Cecília Loreto Mariz vem realizando no estudo dos espaços de convivência entre fiéis de sistemas de crenças socialmente reconhecidos como evangélicos 21,22. Importantes desdobramentos em termos da concepção moral da pessoa, do indivíduo e de modos específicos de definição do alcoolismo têm sido por ela postos em relevo.

Da perspectiva de um diálogo interdisciplinar, quero chamar a atenção para a relevância da contribuição de comentaristas que incorporam o caráter social dos atos de beber. Cláudio Luiz Lottenberg, Anita Taub & Sergio Nicastri, por um lado, Florence Kerr-Corrêa e Marluce Miguel de Siqueira, por outro, ampliam o espectro de questões sociológicas e destacam a importância do controle, especialmente o informal, que acompanha a inclusão social do uso de bebidas alcoólicas e a definição social do mais ou do menos, sempre relativa e imprecisa. Esta ambigüidade propicia a construção de formas acusatórias que incidem sobre o controle dos comportamentos, tradicionalmente objeto específico de estudo das ciências sociais. Assumindo esta premissa, os comentaristas imediatamente referidos relevam então alguns dos problemas inerentes aos modos de convívio de usuários excessivos, inclusive pela importância de sua definição como doença. E, portanto, classificada segundo modos de constituição de diagnóstico, alternativa que cria a possibilidade do apoio e do enfrentamento. Portanto, também modos socialmente construídos de controle e gestão do uso considerado abusivo e prejudicial ao usuário e àqueles que estão sob sua rede de relações.

Dessa forma, contribuem para a constituição e reconhecimento do campo temático pela exegese de termos classificatórios, pelo incessante debate no sentido de fixar provisoriamente acordos de compreensão institucionalizada. Todas as definições acentuam as conseqüências físicas do consumo intenso e prolongado de álcool e os direcionamentos das alternativas de controle: do bebedor pensado pelo seu livre arbítrio, equivalente a uma sociedade que consagra o individualismo e, assim, reconhece o alcoolismo; ou como portador de constrangimentos genéticos que tornam inviáveis esta opção e adesão a formas de consumo generalizadas na sociedade. Neste caso, o termo alcoolismo é deslocado para o senso comum. A categoria classificatória síndrome de dependência do álcool é então reveladora de modos de compreensão especializada, pautados em saberes de aquisição restrita e seletiva de experts.

Para Florence Kerr-Corrêa, ainda estamos longe de compreender os inúmeros aspectos sociológicos do fenômeno, cabendo o reconhecimento de formas diversas de interferência e controle, como expressam termos como doença, vício, xingo, carma, todos interlocutores investindo na fixação de normas para o beber a ser expurgado ou a ser socialmente aceito.

Assumindo as vantagens e necessidades dos encontros de perspectivas, esses comentaristas sugerem então aos cientistas sociais novas questões que, incorporadas à pesquisa, podem fazer avançar a compreensão do ato de beber como social e culturalmente definido. E facilitar o diálogo da perspectiva da interdisciplinaridade. Relativizam assim as atribuídas certezas advogadas por olhares unilateralmente disciplinares, tal como também se apresenta a contribuição dos comentários apresentados por Beatriz Carlini Marlatt.

Esta postura é contrastada por comentaristas que advogam um sentido único para definição do uso inadequado do álcool, isto é, por decorrência de específica constituição orgânica ou genética. Este ponto de vista irreconhece a especificidade das unidades de análise das disciplinas vinculadas às ciências sociais. Por isso, social e anti-social representam categorias de controle moral e expressão de adequações ou inadequações a uma desejada boa sociedade.

Mesmo demonstrando assumidamente dificuldades de entendimento do ponto de vista e da retórica de outras disciplinas, José A. Chaieb empresta importante contribuição, pois que demonstra as lutas concorrenciais na definição de categorias classificatórias; os embates que subjazem ao entendimento dos atos abusivos da ingestão do álcool.

A concorrência pela fixação do significado mais preciso e adequado dos termos classificatórios já deixa entrever o campo de alternativas para compreensão do fenômeno. E também a pressuposição de iniciativas para hierarquização de saberes. Assim sendo, os comentaristas prestam enorme colaboração ao revelarem as inúmeras possibilidades classificatórias, inclusive a socialização de significados precisos, advindos de conhecimentos bem delimitados ou pautados sob premissas nesse plano inquestionáveis.

Em se constituindo textos a serem publicados, as contribuições ultrapassam o meu próprio proveito ou benefício epistemológico, para ampliar e precisar o conhecimento dos diversos leitores (ver especialmente o comentário de Gilberto J. Paz Filho) e mapear alternativas terapêuticas pouco conhecidas pela maior parte da população brasileira, que geralmente reconhece apenas os Alcoólicos Anônimos. E, na discordância, os que deles se evadem abrem mão das possibilidades de ajuda e de terapia diante dos sofrimentos advindos do reconhecido uso abusivo ou pesado (termo privilegiado por alguns dos comentaristas).

Enfim, gostaria de destacar que não adoto no meu texto os termos clasificatórios dos saberes constituídos no campo da medicina, pois não é esta minha unidade de análise, como destacaram alguns dos comentaristas, entre eles Maria Odete Simão e Cecília Loreto Mariz. Valorizando o ponto de vista de quem se pensa e se autodesigna alcoólico, alcoólatra, invisto no reconhecimento dos significados desses termos dos saberes populares, nessas categorias de auto e hetero percepção dos usuários. Por esta opção, considero o papel ativo dos autodesignados e dos designantes como parte constitutiva do fenômeno. E, portanto, parte do que deve ser reconhecido para que este mesmo fenômeno possa ser entendido por algumas de suas múltiplas nuances.

Valorizando uma das possibilidades dentre os pontos de vista adotados pelos antropólogos, precisando uma questão, pude facilitar para mim, inclusive por meio deste debate, a compreensão dos limites epistemológicos e metodológicos, pois uma escolha de perspectiva é sempre um ato arriscado de exclusões, nem sempre as mais adequadas. Contudo, o caráter contrastivo do uso de unidades de análise é fundamental à amplitude da compreensão. Destacaria então a instigante provocação e sugestão de pesquisa apresentadas por Marcos Baptista, cuja perspectiva é também bastante cara aos cientistas sociais, como demonstram as referências bibliográficas por ele sugeridas.

Quero me desculpar diante de cada comentarista pela impossibilidade de assumir, neste contexto, um diálogo mais direto, respeitoso da riqueza das críticas e das sugestões. Muitos deles impingem um repensar sobre as perspectivas até agora por mim adotadas. Suscitam uma retomada de temas, questões e situações empíricas de pesquisa. Ultrapassam assim a objetivação possível neste momento.

Suponho que a gratidão pelo interesse suscitado pelo artigo e pela divulgação das contribuições, inclusive pela iniciativa dos editores, pode ser expandida para todos os interessados neste tema e neste diálogo, que, apenas começando, espero possa ser desdobrado e aprofundado.

 

Referências

1. Neves DP. O consumo de bebidas alcoólicas: prescrições sociais. BIB ­ Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais 2003; 55:73-97.

2. Neves DP. Projeto de pesquisa e planos de trabalho: o alcoolismo e a exclusão social. Niterói: Universidade Federal Fluminense/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 1999.

3. Condé LR. O alcoolismo como acusação. Niterói: Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política, Universidade Federal Fluminense; 2001.

4. Neves DP. O lar e o bar. Incongruências da família conjugal em camadas populares. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2001. (Relatório de Pesquisa).

5. Santos AI. A vida familiar pelo avesso: as mulheres e a alcoolização dos homens. Semana de Ciências Sociais. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 2002.

6. Santos AI. O trabalho, o lar e o bar. 12o Seminário de Iniciação Científica. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 2002.

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9. Felix GA. A empresa e o bar: sociabilidade dos trabalhadores. 13o Seminário de Iniciação Científica. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 2003.

10. Neves DP. Trabalho, alcoolismo e previdência social. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2002. (Relatório de Pesquisa).

11. Neves DP. Alcoolização e produtividade econômica. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2003. (Relatório de Pesquisa).

12. Tornentino AB. Trabalho e sobriedade. Semana de Ciências Sociais. Brasília; 2002.

13. Tornentino AB. A empresa e o bar: sociabilidade dos trabalhadores. 13o Seminário de Iniciação Cientifica. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 2003.

14. Garcia AM. Os bares no contexto de um bairro popular. Niterói: Universidade Federal Fluminense/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2000.

15. Peçanha MRS. Os bares como patrimônio familiar: o bar de S. Joaquim e o bar do S. Jorge. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2000. (Relatório de Pesquisa).

16. Silva PF. O dono do bar e os bebedores exemplares. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2000. (Relatório de Pesquisa).

17. Garcia AM. A noção do "fundo do poço" e a viabilidade dos Alcoólicos Anônimos. Niterói: Universidade Federal Fluminense/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 2001.

18. Garcia AM. Alcoólicos Anônimos: conversão e abstinência terapêutica. IV Reunião de Antropologia do Mercosul. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2001.

19. Garcia AM. A lógica da organização familiar no processo terapêutico dos Alcoólicos Anônimos. 23a Reunião Brasileira de Antropologia. Gramado; 2002.

20. Garcia AM."E o verbo (re)fez o homem": estudo do processo de conversão do alcoólico ativo em alcoólico passivo [Dissertação de Mestrado]. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 2003.

21. Mariz CL. Libertação e ética: uma análise do discurso de pentecostais que se recuperaram do alcoolismo. In: Antoniazzi A, organizador. Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas e pentecostalismo. Petrópolis: Editora Vozes; 1994. p. 204-24.

22. Mariz CL. Alcoolismo, gênero e pentecostalismo. Religião e sociedade 1994; 16:81-93.

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