Adaptação transcultural para o Brasil do instrumento PRISMA-7: avaliação das equivalências conceitual, de item e semântica

Cross-cultural adaptation of the PRISMA-7 instrument for use in Brazil: evaluation of conceptual, item, and semantic equivalences

Adaptación transcultural para Brasil del instrumento PRISMA-7: evaluación de las equivalencias conceptuales, de ítems y semánticas

Ana Luiza Flores Saenger Celia Pereira Caldas Luciana Branco Motta Sobre os autores

Resumo:

O rastreamento é uma maneira eficaz de captar idosos em risco de declínio funcional. Para tanto, é necessário um instrumento simplificado, capaz de identificar esses indivíduos para uma avaliação posterior mais abrangente. Entretanto, a utilização de um instrumento de medida em um contexto sociocultural diferente daquele para o qual foi desenvolvido, requer adaptação prévia. Este artigo tem por objetivo descrever as primeiras etapas do processo de adaptação transcultural do PRISMA-7, questionário desenvolvido para identificar idosos que vivem na comunidade e se encontram em risco de perda funcional. As avaliações das equivalências, conceitual e de itens mostraram pertinência no contexto brasileiro. A equivalência semântica contemplou a correspondência do significado referencial (denotativo) e do significado conotativo. O pré-teste demonstrou que a versão-síntese do instrumento tem boa aceitabilidade. Os resultados apoiam a utilização, no contexto brasileiro, do questionário PRISMA-7 como um instrumento de triagem para identificar risco de declínio funcional no idoso.

Palavras-chave:
Programas de Rastreamento; Comparação Transcultural; Questionários; Idoso

Abstract:

Screening with a simplified instrument is effective for identifying elderly at risk of functional decline, for more comprehensive subsequent evaluation. However, use of a measurement tool in a different sociocultural context from the original requires prior adaptation. The current article aims to describe the initial stages of a cross-cultural adaptation of PRISMA-7, a questionnaire developed to identify community-dwelling elderly at risk of functional decline. Evaluation of conceptual and item equivalences showed pertinence to the Brazilian context. Semantic equivalence covered the correspondence in referential (denotative) and connotative meaning. The pretest showed that the instrument's synthesis version has good acceptability. The results suggest the use of PRISMA-7 in the Brazilian context as a screening tool for identifying risk of functional decline in the elderly.

Keywords:
Mass Screening; Cross-Cultural Comparison; Questionnaires; Aged

Resumen:

El rastreo es una manera eficaz de localizar ancianos en riesgo de declive funcional. Con este fin, es necesario un instrumento simplificado, capaz de identificar a estos individuos para una evaluación posterior más amplia. No obstante, la utilización de un instrumento de medida en un contexto sociocultural diferente de aquel para el que fue desarrollado, requiere una adaptación previa. Este artículo tiene por objetivo describir las primeras etapas del proceso de adaptación transcultural del PRISMA-7, cuestionario desarrollado para identificar ancianos que viven en la comunidad y se encuentran en riesgo de pérdida funcional. Las evaluaciones de las equivalencias, conceptuales y de ítems mostraron pertinencia en el contexto brasileño. La equivalencia semántica contempló la correspondencia del significado referencial (denotativo) y del significado connotativo. El pre-test demostró que la versión-síntesis del instrumento tiene una buena aceptabilidad. Los resultados apoyan la utilización, en el contexto brasileño, del cuestionario PRISMA-7 con un instrumento de cribado para identificar riesgo de declive funcional en el anciano.

Palabras-clave:
Tamizaje Masivo; Comparación Transcultural; Cuestionarios; Anciano

Introdução

Manter a capacidade funcional é basilar para preservação da saúde no idoso 11. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Diário Oficial da União 2006; 20 out.. Em um contexto de envelhecimento populacional sustentado, modificar a curva de declínio funcional 22. Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2005; 8:187-93., pela prevenção, assume considerável relevância. Entretanto, estudos mostram que avaliar a população idosa de forma sistemática e integralmente, utilizando escalas abrangentes, não apresenta resultados positivos e significativos. Isso decorre das inúmeras avaliações desnecessárias, realizadas em indivíduos saudáveis 33. Ebrahim S. Disability in older people: a mass problem requiring mass solutions. Lancet 1999; 353:1990-2.), (44. Barber JH, Wallis JB. The effects of a system of geriatric screening and assessment on general practice workload. Health Bull (Edinb) 1982; 40:125-32.. Selecionar indivíduos em risco de perda funcional para avaliação completa constitui uma estratégia mais eficaz e menos onerosa, compatível com o modelo de atenção primária à saúde 33. Ebrahim S. Disability in older people: a mass problem requiring mass solutions. Lancet 1999; 353:1990-2.), (44. Barber JH, Wallis JB. The effects of a system of geriatric screening and assessment on general practice workload. Health Bull (Edinb) 1982; 40:125-32.), (55. Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18.), (66. Hébert R, Tourigny A, Gagnon M. Integrated service delivery ensure persons functional autonomy. Quebec: Edisem Inc.; 2005..

O questionário PRISMA-7 55. Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18. foi desenvolvido no Canadá, em 2008, como parte do Modelo Assistencial PRISMA 66. Hébert R, Tourigny A, Gagnon M. Integrated service delivery ensure persons functional autonomy. Quebec: Edisem Inc.; 2005.. Trata-se de um instrumento simplificado, composto de sete itens dicótomos, destinado ao rastreamento de idosos residentes na comunidade, cujo ponto de corte de três ou mais respostas positivas identificam idosos em risco de declínio funcional.

O instrumento vem sendo utilizado pelo Royal College of General Practitioners e pela British Geriatrics Society para o rastreamento do risco de perda funcional e fragilidade 77. Turner G, Clegg A. Best practice guidelines for the management of frailty: a British Geriatrics Society, Age UK and Royal College of General Practitioners report. Age Ageing 2014; 43:744-7., amparados por estudos que mostram o bom desempenho do PRISMA-7 comparado a outros instrumentos de mesma finalidade 88. Hébert R, Raîche M, Dubois M, Gueye NR, Dubuc N, Tousignant M, et al. Impact of PRISMA, a coordination-type integrated service delivery system for frail older people in Quebec (Canada): quasi-experimental study. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2010; 65B:107-18.), (99. Hoogendijk EO, van der Horst HE, Deeg DJH, Frijters DH, Prins BA, Jansen AP, et al. The identification of frail older adults in primary care: comparing the accuracy of five simple instruments. Age Ageing 2013; 42:262-5..

O objetivo deste trabalho foi descrever as três primeiras etapas da adaptação transcultural do PRISMA-7 para o contexto brasileiro.

Métodos

O processo de adaptação transcultural do PRISMA-7 alicerçou-se no modelo universalista, sugerido por Herdman et al. 1010. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. Model of equivalence in the cultural adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life Res 1998; 7:323-35. (Figura 1).

Figura 1:
Etapas e procedimento da adaptação transcultural do instrumento PRISMA-7.

O constructo de interesse, relacionado aos fatores de risco para declínio funcional, foi explorado à luz da revisão da literatura, por um grupo multidisciplinar especializado em epidemiologia e envelhecimento, que utilizou como referência a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) 22. Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2005; 8:187-93., para significação dos termos autonomia; declínio funcional; mobilidade; dependência; atividade de vida diária (AVD); atividade instrumental de vida diária (AIVD) 1111. Lino VTS, Pereira SRM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública 2008; 24:103-12. e suporte social 1212. Gonçalves TR. Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: aspectos conceituais e instrumentos. Ciênc Saúde Coletiva 2011; 16:1755-69..

Para a equivalência semântica 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.), (1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91., foram realizadas duas traduções (T1/T2) do francês para o português do questionário original, de modo independente e paralelo. Essas versões foram retraduzidas para o francês, da mesma forma. A primeira tradução (T1) foi feita por uma médica fluente no idioma francês, cuja língua materna é o português e ciente dos conceitos examinados pelo questionário. A segunda tradução (T2) foi realizada por um doutor em linguística, brasileiro, sem informação sobre os conceitos e objetivos do questionário 1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91., fluente na língua francesa. O objetivo da T1 foi obter uma tradução voltada à perspectiva clínica, oferecendo maior subsídio à ótica das dimensões mensuradas. Para a T2, a intenção foi refletir a utilização popular da língua fonte, captando possíveis significados ambíguos do questionário original 1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91.. As retraduções foram feitas por dois tradutores juramentados, fluentes em português, cuja língua materna é francesa, sem acesso ao instrumento original 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.), (1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91.. Uma psicóloga com formação em saúde pública e em gerontologia, natural da França, radicada no Brasil e fluente nos dois idiomas, comparou o instrumento original com as traduções e retraduções, de forma mascarada, apreciando tanto o significado geral (conotativo) quanto o referencial, observando os diferentes impactos que os termos possam ter nas duas culturas 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.. Tal aspecto tem especial relevância em se tratando de funcionalidade. Algumas vezes a incapacidade para determinada tarefa é determinada mais pelas características culturais e sociais do que pela capacidade funcional em si 22. Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2005; 8:187-93.), (1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91.. Na última etapa, os itens foram sistematicamente revisados pela equipe multidisciplinar, comparando o original, as traduções e retraduções, estabelecendo a versão síntese para o pré-teste 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.. A apreciação do significado geral foi realizada utilizando escala com quatro categorias 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.: inalterado (IN); pouco alterado (PA); muito alterado (MA); completamente alterado (CA).

Para verificar a aceitabilidade, cinco entrevistadores, sem conhecimento prévio do instrumento e com orientações simples e rápidas, aplicaram o questionário a 50 idosos, selecionados em um ambulatório de geriatria, com idade média de 72,95 (±1,45), 60% do sexo feminino e predomínio de baixa escolaridade (0 a 4 anos).

Para cada item, era solicitado que o entrevistado parafraseasse o que havia sido perguntado, para avaliar a compreensão das palavras isoladamente e o sentido geral da questão 1313. Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.), (1414. Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91.. Na impossibilidade do entrevistado escolher entre "sim" ou "não", hesitando entre "talvez", "às vezes" ou equivalente, o entrevistador deveria optar pelo "sim" como resposta 55. Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18..

Resultados

As discussões com as equipes multidisciplinares, no Brasil e no Canadá, sugeriram que os conceitos contidos no PRISMA-7 original, relacionados ao risco de declínio funcional 1515. World Health Organization. International classification of functioning, disability and health: ICF. Geneva: World Health Organization; 2001., são pertinentes ao contexto cultural da população idosa brasileira, e seus itens apreendem as diferentes dimensões contempladas no instrumento original.

A Tabela 1 evidencia a excelente equivalência semântica entre o original e as retraduções, apresentando 71,4% dos itens com concordância integral e 28,6% entre 80% e 100%. As discussões recaíram sobre os itens quatro e sete que apresentaram discrepância entre o significado do termo "frequentemente" e "regularmente". De acordo com o Dicionário Houaiss1616. Instituto Antônio Houaiss. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva; 2001., na língua portuguesa, "frequentemente" pode ser utilizado no sentido de "assiduamente", isto é, de forma habitual, mas com intervalo irregular; e "regularmente" tem o sentido de "sistematicamente", com intervalo de tempo estabelecido. Na língua francesa, "régulièrement" tem como sinônimos "assidûment" e "constamment" com o sentido de assiduidade, que mais se relaciona com a base conceitual do PRISMA-7. Para a versão-síntese, a escolha recaiu sobre a expressão "regularmente", que denota a necessidade sistemática de auxílio, tanto para a questão quatro como para a sete 55. Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18..

Optou-se pela alternativa "o senhor/senhora" ao pronome "você", visto que, frequentemente, haverá diferença etária entre o entrevistador e a população-alvo.

Tabela 1:
Comparação entre o original em francês e as traduções e retraduções do instrumento PRISMA-7.

O pré-teste mostrou que o instrumento teve boa aceitação e foi de fácil aplicação. Todas as entrevistas foram levadas a termo em um tempo médio de três minutos com um índice de compreensão acima de 90%.

Os termos "limite" e "regularmente" geraram dúvidas frequentes. Como a palavra "limite" é menos utilizada no vocabulário brasileiro, a palavra "diminua" foi agregada à questão três. Quanto ao termo "regularmente", decidiu-se por manter a mesma redação e esclarecer, quando necessário, que pode significar "diariamente" ou "todas as semanas".

Após esses ajustes, a versão final apresentada na Tabela 2 se mostrou adequada para posterior avaliação da equivalência de mensuração.

Tabela 2:
Versão final do questionário PRISMA-7.

Discussão

A base conceitual do PRISMA-7 está ancorada na CIF 22. Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2005; 8:187-93., referência para conceitos relacionados à funcionalidade, amplamente adotada tanto no Brasil quanto no Canadá.

As dimensões abordadas, que avaliam os riscos de perda funcional 1717. Robichaud L, Hébert R, Roy C. A preventive program for community-dwelling elderly at risk of functional decline: a pilot study. Arch Gerontol Geriatr 2000; 30:73-84., no instrumento original estão em consonância com os utilizados em nosso meio. A despeito disso, o grupo de especialistas ponderou que o instrumento não abrange conceitos importantes e não estabelece o grau de limitação física, funcional, de mobilidade ou locomoção.

Essas restrições se devem ao tamanho do questionário, adequado a seus objetivos. Alongar o instrumento objetivando ampliar as dimensões nele contidas levaria à perda em critérios para rastreamento 1818. Gray JA. New concepts in screening. Br J Gen Pract 2004; 54:292-8.. Não identificar a intensidade do declínio se deve à finalidade do instrumento de apenas captar o risco, ficando o diagnóstico e quantificação das limitações para uma etapa posterior 55. Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18.), (66. Hébert R, Tourigny A, Gagnon M. Integrated service delivery ensure persons functional autonomy. Quebec: Edisem Inc.; 2005.. Mesmo sendo consoante ao risco funcional, o item seis merece melhor avaliação na forma do questionamento. Seu comportamento ambíguo pode ser atribuído, ao menos parcialmente, às diferenças culturais entre Canadá e Brasil. No Brasil, pelas dificuldades socioeconômicas, a percepção objetiva de um suporte social pode ser considerada como positiva 1212. Gonçalves TR. Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: aspectos conceituais e instrumentos. Ciênc Saúde Coletiva 2011; 16:1755-69..

A amostra selecionada para o pré-teste foi diversificada, permitindo observar que as diferenças socioculturais, de gênero, idade e escolaridade não influenciaram na compreensão das questões.

O PRISMA-7 é um instrumento baseado na percepção pessoal, relacionada à funcionalidade, que pode variar, na dependência do contexto pessoal e ambiental, que influencia, em última instância, a avaliação da própria condição de saúde. Isso pode trazer discrepâncias que não interferem na capacidade de rastreamento.

Utilizando a estratégia de Herdman et al. 1010. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. Model of equivalence in the cultural adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life Res 1998; 7:323-35., foi possível obter uma versão em português para o PRISMA-7 com uma boa equivalência conceitual, de itens e semântica. Todavia, para estabelecer um ponto de corte apropriado para o rastreamento do risco de perda funcional do idoso que vive na comunidade, no Brasil, é necessário proceder à apreciação rigorosa das propriedades psicométricas desta versão, que será objeto de próximos estudos.

Agradecimentos

Os autores agradecem a colaboração dos alunos e auxiliares de enfermagem do ambulatório de geriatria da Universidade do Grande Rio e aos idosos que se dispuseram a participar da pesquisa, colaborando para a realização deste trabalho. À equipe do Centre d'Expertise en Santé de Sherbrooke, Quebec, Canadá, pela participação nas discussões multidisciplinares, em especial à Dra. Johanne Guilbeault por todas as orientações referentes ao instrumento.

Referências

  • 1
    Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Diário Oficial da União 2006; 20 out.
  • 2
    Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2005; 8:187-93.
  • 3
    Ebrahim S. Disability in older people: a mass problem requiring mass solutions. Lancet 1999; 353:1990-2.
  • 4
    Barber JH, Wallis JB. The effects of a system of geriatric screening and assessment on general practice workload. Health Bull (Edinb) 1982; 40:125-32.
  • 5
    Raîche M, Hébert R, Dubois M. PRISMA-7: a case-finding tool to identify older adults with moderate to severe disabilities. Arch Gerontol Geriatr 2008; 47:9-18.
  • 6
    Hébert R, Tourigny A, Gagnon M. Integrated service delivery ensure persons functional autonomy. Quebec: Edisem Inc.; 2005.
  • 7
    Turner G, Clegg A. Best practice guidelines for the management of frailty: a British Geriatrics Society, Age UK and Royal College of General Practitioners report. Age Ageing 2014; 43:744-7.
  • 8
    Hébert R, Raîche M, Dubois M, Gueye NR, Dubuc N, Tousignant M, et al. Impact of PRISMA, a coordination-type integrated service delivery system for frail older people in Quebec (Canada): quasi-experimental study. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2010; 65B:107-18.
  • 9
    Hoogendijk EO, van der Horst HE, Deeg DJH, Frijters DH, Prins BA, Jansen AP, et al. The identification of frail older adults in primary care: comparing the accuracy of five simple instruments. Age Ageing 2013; 42:262-5.
  • 10
    Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. Model of equivalence in the cultural adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life Res 1998; 7:323-35.
  • 11
    Lino VTS, Pereira SRM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública 2008; 24:103-12.
  • 12
    Gonçalves TR. Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: aspectos conceituais e instrumentos. Ciênc Saúde Coletiva 2011; 16:1755-69.
  • 13
    Reichenheim M, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saúde Pública 2007; 41:665-73.
  • 14
    Beaton DC, Bombardier C, Guillemin F, Feraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976) 2000; 25:3186-91.
  • 15
    World Health Organization. International classification of functioning, disability and health: ICF. Geneva: World Health Organization; 2001.
  • 16
    Instituto Antônio Houaiss. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva; 2001.
  • 17
    Robichaud L, Hébert R, Roy C. A preventive program for community-dwelling elderly at risk of functional decline: a pilot study. Arch Gerontol Geriatr 2000; 30:73-84.
  • 18
    Gray JA. New concepts in screening. Br J Gen Pract 2004; 54:292-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Out 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2015
  • Revisado
    22 Jan 2016
  • Aceito
    23 Fev 2016
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br