Fatores associados ao câncer de boca: um estudo de caso-controle em uma população do Nordeste do Brasil

Jarielle Oliveira Mascarenhas Andrade Carlos Antonio de Souza Teles Santos Márcio Campos Oliveira Sobre os autores

RESUMO:

Objetivo:

Esta pesquisa objetivou conhecer a associação entre fatores como: idade, sexo, cor da pele, ocupação, nível de escolaridade, situação conjugal, local de residência, tabagismo, etilismo e o câncer de boca em indivíduos de uma cidade do Nordeste do Brasil entre 2002 e 2012.

Métodos:

Este estudo é do tipo caso-controle. O grupo caso foi formado por 127 pessoas atendidas no Centro de Referência de Lesões Bucais com diagnóstico histopatológico de carcinoma de células escamosas (CCE) de boca. O grupo controle foi composto por 254 indivíduos desse mesmo centro. Consideraram-se dois controles para cada caso. Casos e controles foram ajustados por sexo e idade. Foram realizadas as análises univariada e bivariada (teste do χ2 de Pearson) para verificar a associação entre a variável dependente (câncer de boca) e as variáveis independentes; foram calculados a odds ratio (OR) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%). Por fim, na análise multivariada, foi utilizado o modelo hierarquizado com regressão logística para avaliar as inter-relações entre as variáveis independentes e o câncer de boca.

Resultados:

O consumo de mais de 20 cigarros por dia [OR = 6,64; IC95% 2,07 - 21,32; p ≤ 0,001], a alta ingestão de bebida alcoólica [OR = 3,25; IC95% 1,03 - 10,22; p ≤ 0,044] e o consumo sinérgico de tabaco e álcool [OR = 9,65; IC95% 1,57 - 59,08; p ≤ 0,014] são os fatores de risco mais importantes para o câncer bucal.

Conclusão:

Concluiu-se que tabagismo e etilismo são os fatores mais importantes para o desenvolvimento do câncer bucal. Fatores sociodemográficos não apresentaram associação com essa neoplasia após ajuste para tabagismo e etilismo.

Palavras-chave:
Neoplasias bucais; Carcinoma de células escamosas; Epidemiologia; Fatores de risco; Estudos de casos e controles; Razão de chances.

INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, 300.000 casos de câncer de boca ocorrem anualmente, sendo responsável por quase 130.000 mortes todos os anos, configurando-se em um problema de saúde pública global11. Petti S, Scully C. Determinants of oral cancer at the national level: just a question of smoking and alcohol drinking prevalence? Odontology 2010; 98(2): 144-52.. No Brasil, a incidência do câncer bucal é considerada uma das mais altas do mundo22. Warnakulasuriya S. Global epidemiology of oral and oropharyngeal cancer.Oral Oncology 2009; 45: 309-16.. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, em 2014, no Brasil, ocorreram 15.290 novos casos da doença; na Região Nordeste, o número estimado é de 3.020 novos casos33. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa (Acessado em 21 de janeiro de 2014).
http://www.inca.gov.br/estimativa...
.

O câncer de boca é uma neoplasia maligna que pode afetar a cavidade bucal. As localizações anatômicas mais afetadas são língua, assoalho de boca e lábio inferior44. Abdo EM, Garrocho AA, Aguiar MCF. Perfil do paciente portador de carcinoma epidermóide da cavidade bucal, em tratamento no Hospital Mário Penna em Belo Horizonte. Rev Bras Cancerol 2002; 48(3): 357-62. 55. Dantas DDL. Clinical-Pathological Parameters in Squamous Cell Carcinoma of the Tongue. Braz Dent J 2003; 14(1): 22-5. 66. Carli ML, Santos SL, Pereira AAC, Hanemann JAC. Características clínicas, epidemiológicas e microscópicas do câncer bucal diagnosticado na Universidade Federal de Alfenas. Rev Bras Cancerol 2009; 55(3): 205-11.. O tipo histológico mais frequente é o carcinoma de células escamosas (CCE), que corresponde à faixa de 90 a 95% de todas as malignidades orais55. Dantas DDL. Clinical-Pathological Parameters in Squamous Cell Carcinoma of the Tongue. Braz Dent J 2003; 14(1): 22-5. 77. Dedivitis RA, França CM, Mafra ACB, Guimarães FT, Guimarães AV. Características clínico-epidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. Rev Bras Otorrinolaringol 2004; 70(1): 35-40. 88. Leite ICG. Mortalidade por câncer de boca e faringe em cidade de médio porte na Região Sudeste do Brasil, 1980-2005. Rev Bras Cancerol 2010; 56(1): 17-23.. Esse tumor predomina no sexo masculino, sendo que a grande maioria dos casos ocorre entre 50 e 70 anos de idade, havendo uma prevalência maior em indivíduos leucodermas99. Fardin M, Freitas SM, Dedivitis RA, Rapoport A, Denardin OVP, A-Sobrinho J. Fatores de risco no prognóstico do câncer da boca: estudo de 1440 casos. Rev Bras Cirurgia Cabeça Pescoço 2004; 33(1): 27-33. 1010. Perez RS, et al. Estudo Epidemiológico do Carcinoma Espinocelular da Boca e Orofaringe Arq. Int. Otorrinolaringol 2007; 11(3): 271-7. 1111. Silva PSL, Leão VML, Scarpel RD. Caracterização da população portadora de câncer de boca e orofaringe atendida no setor de cabeça e pescoço em hospital de referência na cidade de Salvador - BA. Rev CEFAC 2009; 11(3): 441-7..

A etiologia do câncer de boca é multifatorial, sendo o tabaco e o álcool os fatores de risco mais importantes1212. Oliveira LR, Ribeiro-Silva A, Zucoloto S. Perfil da incidência e da sobrevida de pacientes com carcinoma epidermóide oral em uma população brasileira. J Bras Patol Med Lab 2006; 42(5): 385-92. 1313. Batista AB, Ferreira FM, Ignácio SA, Machado MAN, Lima AAS. Efeito do tabagismo na mucosa bucal de indivíduos jovens: análise citomorfométrica. Rev Bras Cancerol 2008; 54(1): 5-10. 1414. Figuero-Ruiz E, Peláez MAC, Cerero-Lapiedra R, Esparza-Gómez G, López LAM. Effects of the consumption of alcohol in the oral cavity: relationship with oral cancer. Med Oral 2004; 9(1): 14-23.. Além destes, a exposição solar excessiva sem a devida proteção ao longo dos anos constitui-se em um considerável fator de risco para o câncer de boca, especialmente o de lábio1515. Rezende CP, Dias MO, Denardin OVP, Rapoport A, Carvalho Neto PB, Beserra Júnior, et al. Mudança do paradigma da saúde bucal em pacientes com câncer de boca e orofaringe. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço 2007; 36(1): 19-22. 1616. Daher GSA, Pereira GA, Oliveira ACD. Características epidemiológicas de casos de câncer de boca registrados em hospital de Uberaba no período 1999-2003: um alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 584-96.. Outros fatores, como papilomavírus humano (HPV), dieta e ocupação, vêm sendo estudados com o intuito de investigar sua implicação na carcinogênese bucal. Os resultados apontam para uma associação entre tais fatores e o câncer de boca1717. Oliveira MC, Soares RC, Pinto LP, Souza LB, Medeiros SR, Costa A de L. High-risk human papillomavirus (HPV) is not associated with p53 and bcl-2 expression in oral squamous cell carcinomas. Auris Nasus Larynx 2009; 36(4): 450-6. 1818. Toporcov TN, Antunes JLF, Tavares MR. Fat food habitual intake and risk of oral cancer. Oral Oncology 2004; 40(9): 925-31. 1919. Andreotti M, Rodrigues NA, Cardoso LMN, Figueiredo RAO, Eluf-Neto J, Wünsch Filho V. Ocupação e câncer da cavidade oral e orofaringe. Cad Saúde Pública 2006; 22(3): 543-52..

Em relação às condições sociais, nota-se que estas são muitas vezes ignoradas na complexa cadeia causal do câncer de boca; contudo, tais condições devem ser incluídas como determinantes distais no processo saúde-doença, enquanto variáveis comportamentais como proximais, sendo essa configuração uma forma mais coerente de avaliar a implicação de diferentes variáveis dentro de um modelo de cadeia causal para o câncer de boca2020. Wünsch-Filho V, Antunes JLF, Boing AF, Lorenzi RL. Perspectivas da investigação sobre determinantes sociais em câncer. Physis 2008; 18(3): 427-50.. Logo, torna-se necessário um olhar ampliado sobre a doença em questão, no sentido de verificar não apenas fatores como fumo e álcool, mas também a carga que as questões sociais exercem sobre o câncer de boca.

No presente estudo investiga-se a associação entre fatores sociodemográficos e comportamentais e o câncer de boca nos indivíduos de uma cidade do Nordeste do Brasil, entre os anos de 2002 e 2012.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo do tipo caso-controle em que a amostra foi constituída por 381 pacientes atendidos no Centro de Referência de Lesões Bucais, que pertence à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Para esse centro são encaminhados os casos suspeitos de câncer de boca que ocorrem no interior do Estado da Bahia. O período pesquisado foi entre os anos de 2002 e 2012. Formaram o grupo caso todos os pacientes com diagnóstico histopatológico de CCE de boca atendidos nos referidos local e período, total de 127 pessoas. Os controles foram selecionados entre pacientes do mesmo centro de referência, a fim de se conseguir maior similaridade entre casos e controles, exceto pela presença de CCE de boca; foram considerados dois controles para cada caso. Os critérios de exclusão foram: possuir diagnóstico de lesões potencialmente malignas, como líquen plano bucal, queilite actínica, eritroplasia, leucoplasia e eritroleucoplasia; possuir diagnóstico histopatológico de displasia e malignidades bucais, como carcinoma in situ , carcinoma verrucoso, adenocarcinoma, osteossarcoma, etc.; e possuir história pregressa de câncer.

O estudo foi realizado por intermédio da coleta de dados nos prontuários dos pacientes, por um único coletador, previamente treinado. Foram levantados dados relacionados aos perfis sociodemográfico e comportamental dos participantes. Em relação ao perfil sociodemográfico, foram consideradas as seguintes variáveis independentes: idade, sexo, cor da pele, situação conjugal, ocupação, nível de escolaridade e local de residência. No que diz respeito ao perfil comportamental, foram consideradas as seguintes variáveis independentes: consumo de tabaco e/ou bebidas alcoólicas, quantidade, tipo e tempo do hábito, abandono do tabagismo e/ou etilismo. Ainda se avaliou a variável localização anatômica do tumor. A variável dependente foi verificada por meio da presença de CCE de boca, confirmada por laudo histopatológico, de acordo com os critérios diagnósticos da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005)2121. Barnes L, Eveson JW, Reichart P, Sidransky D. World Health Organization. Classification of tumours. Pathology & genetics of head and neck tumours. IARC Press: Lyon; 2005.. Os dados foram armazenados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0.

Na análise univariada foram calculados: as medidas descritivas, as frequências absolutas e os percentuais. Em seguida, procedeu-se à análise bivariada (teste do χ2 de Pearson) para verificar a associação entre a variável dependente e as variáveis independentes, considerando-se, nesse momento, p ≤ 0,20. Foram calculados a odds ratio (OR) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%).

Na análise multivariada foi utilizado o modelo hierarquizado com regressão logística para avaliar as inter-relações entre as variáveis independentes e o câncer de boca. A inclusão das variáveis seguiu a hierarquia do modelo conceitual, selecionando-se, inicialmente, as variáveis do bloco distal que alcançaram valor p ≤ 0,20 na análise bivariada. Mantiveram-se no modelo multivariado apenas as variáveis que tiveram valor p ≤ 0,05. Em seguida, foram acrescentadas as variáveis do bloco proximal (tabagismo e etilismo) que alcançaram valor p ≤ 0,20 na análise bivariada. Idade e sexo permaneceram em todas as etapas da regressão logística, sendo, portanto, variáveis de ajuste.

Os dados perdidos foram imputados na categoria modal de cada variável. As análises bivariada e multivariada foram realizadas, respectivamente, nos programas estatísticos SPSS versão 17.0 e STATA versão 12.0. As informações dos participantes foram mantidas em sigilo, atendendo ao disposto na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde2222. Brasil. Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde; 2012., que está em consonância com a Declaração de Helsinki. O presente estudo teve seu projeto de pes­quisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS.

RESULTADOS

De acordo com os critérios de elegibilidade, 127 indivíduos formaram o grupo caso, e 254 indivíduos, o grupo controle. Dessa forma, a amostra final consistiu de 381 pessoas com idade mínima de 23 anos e máxima de 96 anos, média de 60,66 anos e desvio padrão de 13,51 anos. Os sítios anatômicos mais acometidos pelo CCE de boca foram: língua (40,5%); assoalho de boca (20,6%); lábio inferior (11,9%); rebordo alveolar (10,3%); região retromolar (7,2%); mucosa jugal (7,1%); palato duro (2,4%).

A Tabela 1 mostra a distribuição das variáveis sociodemográficas e a análise bivariada com OR bruta. Homens tiveram quase 3 vezes mais câncer de boca do que as mulheres, proporção de 2,62:1. Indivíduos com idade superior a 50 anos predominaram nos grupos caso (74%) e controle (74,8%). A cor da pele parda/preta foi a mais referida nos grupos caso e controle (78,7 e 83,1%, respectivamente); todavia, não houve diferenças estatisticamente significativas.

Tabela 1:
Características sociodemográficas de indivíduos dos grupos caso e controle. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2002-2012 (n = 381).

A situação conjugal foi categorizada em sem companheiro (solteiros, divorciados, viúvos) e com companheiro (casados e em união estável). Indivíduos sem companheiro associaram-se com o câncer de boca (OR = 1,75; IC95% 1,14 - 2,69). A escolaridade foi categorizada em baixa escolaridade (indivíduos que eram analfabetos ou que possuíam o ensino fundamental) e alta escolaridade (aqueles possuíam nível médio ou superior). Baixa escolaridade também esteve associada com o câncer de boca (OR = 2,72; IC95% 1,36 - 5,41) na análise bivariada.

Na Tabela 2 estão descritas as variáveis relacionadas ao tabagismo. A investigação sobre o hábito de fumar revelou que o tempo de consumo do tabaco mostrou forte associação com o câncer de boca. Indivíduos que fumaram mais de 20 anos têm um risco maior de desenvolver câncer de boca (OR = 7,24; IC95% 4,40 - 11,91). O efeito dose-resposta foi visto na quantidade diária de cigarros fumados. Os indivíduos que fumaram mais de 20 cigarros por dia têm um risco maior de desenvolver CCE de boca (OR = 5,59; IC95% 3,16 - 9,88), quando comparados com aqueles que fumaram de 1 a 20 cigarros (OR = 1,74; IC95% 1,13 - 2,68). Indivíduos que fumaram cigarros sem filtro (cigarro de palha, charuto, cachimbo) tiveram mais chances (OR = 5,06; IC95% 3,20 - 8,00) de desenvolver câncer de boca, enquanto aqueles que fumaram cigarros com filtro (cigarro industrializado) não apresentaram associação significativa com tal doença.

Tabela 2:
Consumo de tabaco em indivíduos dos grupos caso e controle. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2002-2012 (n = 381).

A Tabela 3 mostra o consumo de álcool entre indivíduos dos grupos caso e controle. Os resultados da análise bivariada mostraram que o tempo do consumo de bebida alcoólica se apresentou como fator associado ao câncer de boca. Indivíduos que beberam por mais de 20 anos apresentaram um risco 3 vezes maior de desenvolver essa doença (OR = 3,53; IC95% 2,25 - 5,55). Em relação à frequência do etilismo, observou-se que indivíduos que ingeriam bebida alcoólica com alta frequência (beber mais de duas vezes por semana e em alta quantidade) possuíam um risco 5 vezes maior de desenvolver CCE de boca (OR = 5,54; IC95% 2,82 - 10,86). Ingerir bebidas destiladas (cachaça, vodka, whisky, conhaque) aumenta em quase 6 vezes o risco de desenvolver essa neoplasia (OR = 5,87; IC95% 3,65 - 9,44).

Tabela 3:
Consumo de álcool entre indivíduos dos grupos caso e controle. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2002-2012 (n = 381).

A Tabela 4 mostra o consumo sinérgico de tabaco e álcool nos grupos caso e controle. Mais da metade dos indivíduos (58,3%) com câncer de boca consumiam simultaneamente tabaco e álcool, enquanto apenas 18,9% dos indivíduos do grupo controle faziam consumo sinérgico dessas substâncias.

Tabela 4:
Consumo sinérgico de tabaco e álcool entre indivíduos dos grupos caso e controle. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2002-2012 (n = 381).

Para a análise multivariada, é válido destacar que foram inicialmente selecionadas as variáveis do bloco distal que se associaram com o câncer de boca na análise bivariada - aquelas com p ≤ 0,20. Logo, tais variáveis foram: situação conjugal, escolaridade e local de residência. Nesse nível, percebe-se que apenas as variáveis situação conjugal e escolaridade permaneceram associadas com o câncer de boca (Tabela 5).

Tabela 5:
Odds ratio ajustada para câncer de boca, resultados da análise multivariada.

Mantidas tais variáveis, foram acrescentadas as do bloco proximal, tabagismo e etilismo. Foram eleitas as variáveis cigarros/dia, frequência da ingestão de álcool e consumo sinérgico de tabaco e álcool para compor o último nível da análise multivariada, visto que a inclusão simultânea todas as variáveis do tabagismo e do etilismo ocasionava colinearidade no modelo multivariado.

Os resultados da análise multivariada mostraram que fumar mais de 20 cigarros por dia aumenta 6 vezes o risco de ocorrer CCE de boca (OR = 6,64; IC95% 2,07 - 21,32), consumir bebida alcoólica em alta frequência eleva 3 vezes o risco de desenvolver esse carcinoma (OR = 3,25; IC95% 1,03 - 10,22) e consumir sinergicamente tabaco e álcool aumenta quase 10 vezes o risco de desenvolvimento dessa doença (OR = 9,65; IC95% 1,57 - 59,08). As variáveis situação conjugal e escolaridade, significativamente associadas ao desfecho (CCE de boca) no primeiro nível da análise multivariada, perderam a significância após ajuste para tabagismo e etilismo.

DISCUSSÃO

A relação entre o hábito de fumar e o CCE de boca é bem estabelecida na literatura2323. Wünsch Filho V, Mirra AP, López RVM, Antunes LF. Tabagismo e câncer no Brasil: evidências e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(2): 175-87. 2424. Natarajan E, Eisenberg E. Contemporary concepts in the diagnosis of oral cancer and precancerDent Clin N Am 2011; 55: 63-88. 2525. Radoï L, Luce D. A review of risk factors for oral cavity cancer: the importance of a standardized case definition. Community Dent Oral Epidemiol 2013; 41(2): 97-109, e78-91.. Nossos resultados mostraram que indivíduos tabagistas possuem um risco 4 vezes maior de desenvolver CCE de boca (OR = 4,45; IC95% 2,79 - 7,07). Achado similar2626. De Stefani E, Boffetta P, Deneo-Pellegrinia H, Ronco AL, Acosta G, Ferro G, et al. The effect of smoking and drinking in oral and pharyngeal cancers: A case-control study in Uruguay. Cancer Letters 2007; 246(1-2) 282-9. verificou que fumantes possuem um risco 11 vezes maior para essa neoplasia (OR = 11,0; IC95% 6,0 - 25,9). Verificamos também que indivíduos que fumaram diariamente mais de 20 cigarros têm risco 6 vezes maior (OR ajustada = 6,64; IC95% 2,07 - 21,32) de desenvolver CCE de boca. Semelhante resultado foi encontrado2727. Moreno-López LA, Esparza-Gómez GC, González-Navarro A, Cerero-Lapiedra R, González-Hernández MJ, Domínguez-Rojas V. Risk of oral cancer associated with tobacco smoking, alcohol consumption and oral hygiene: a case-control study in Madrid, Spain. Oral Oncol 2000; 36(2): 170-4. em estudo que constatou um risco 8 vezes maior (OR = 8,3; IC95% 3,41 - 20,36).

Em relação à frequência da ingestão de bebida alcoólica, nossa pesquisa mostrou que aqueles que bebem com alta frequência possuem um risco elevado de desenvolver câncer de boca (OR ajustada = 3,25; IC95% 1,03 - 10,22). Semelhante achado foi encontrado2727. Moreno-López LA, Esparza-Gómez GC, González-Navarro A, Cerero-Lapiedra R, González-Hernández MJ, Domínguez-Rojas V. Risk of oral cancer associated with tobacco smoking, alcohol consumption and oral hygiene: a case-control study in Madrid, Spain. Oral Oncol 2000; 36(2): 170-4. por autores que observaram um risco aumentado para CCE de boca em grandes consumidores de álcool (OR = 5,04; IC95% 1,84 - 13,85). Em nosso estudo, notamos que o consumo de bebidas alcoólicas destiladas esteve associado com o câncer de boca (OR = 5,87; IC95% 3,65 - 9,44). Tal fato está relacionado ao maior teor alcoólico que essas bebidas apresentam2828. Macfarlane GJ, Zheng T, Marshall JR, Boffetta P, Niu S, Brasure J, et al. Alcohol, tobacco, diet and the risk of oral cancer: a pooled analysis of three case control studies. Eur J Cancer B Oral Oncol 1995; 31B(3): 181-7.. Por sua vez, mais importantes do que o tipo de bebida alcoólica consumida são a quantidade de álcool ingerida e o tempo desse hábito2929. Mc Dowell JD. An overview of epidemiology and common risk factors for oral squamous cell carcinoma. Otolaryngol Clin N Am 2006; 39(2): 277-94.. É importante dizer que é difícil mensurar o consumo do álcool, visto que os indivíduos ingerem diferentes tipos de bebidas alcoólicas e são imprecisos ao informar a respeito das doses ingeridas3030. Reidy J, Mchugh E, Stassen LFA. A review of the relationship between alcohol and oral cancer. Surgeon 2011; 9(5): 278-83..

Em relação ao consumo sinérgico de tabaco e álcool, observamos que o sinergismo aumentou quase 10 vezes (OR ajustada = 9,65; IC95% 1,57 - 59,08) o risco para CCE de boca. O consumo simultâneo de tabaco e álcool eleva o risco de seis a 15 vezes para câncer de boca3131. Cruz GD, Shulman LC, Kumar JV, Salazar CR. The cultural and social context of oral and pharyngeal cancer risk and control among Hispanics in New York. J Health Care Poor Underserved 2007; 18(4): 833-46.. Indivíduos que consomem mais de 40 cigarros/dia e que ingerem mais de 30 "drinks " por semana têm um risco 38 vezes maior de desenvolver câncer de boca, em relação àqueles que se abstêm de tais substâncias3232. Warnakulasuriya S, Sutherland G, Scully C. Tobacco, oral cancer, and treatment of dependence. Oral Oncology 2005; 41(3): 244-60.. O fumo e o álcool são os fatores de maior potencial carcinogênico, apesar do aspecto multifatorial da doença3333. Llewellyn CD, Linklater K, Bell J, Johnson NW, Warnakulasuriya S. An analysis of risk factors for oral cancer in young people: a case-control study. Oral Oncol 2004; 40(3): 304-13..

Em relação ao sexo, nossos resultados estão de acordo com a literatura77. Dedivitis RA, França CM, Mafra ACB, Guimarães FT, Guimarães AV. Características clínico-epidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. Rev Bras Otorrinolaringol 2004; 70(1): 35-40. 99. Fardin M, Freitas SM, Dedivitis RA, Rapoport A, Denardin OVP, A-Sobrinho J. Fatores de risco no prognóstico do câncer da boca: estudo de 1440 casos. Rev Bras Cirurgia Cabeça Pescoço 2004; 33(1): 27-33. 1010. Perez RS, et al. Estudo Epidemiológico do Carcinoma Espinocelular da Boca e Orofaringe Arq. Int. Otorrinolaringol 2007; 11(3): 271-7. 1111. Silva PSL, Leão VML, Scarpel RD. Caracterização da população portadora de câncer de boca e orofaringe atendida no setor de cabeça e pescoço em hospital de referência na cidade de Salvador - BA. Rev CEFAC 2009; 11(3): 441-7., que relata uma ocorrência maior de CCE de boca no sexo masculino. Os autores atribuem isso a maior exposição ao tabagismo e ao etilismo entre os homens. Quanto à idade, verificou-se uma maior ocorrência de CCE de boca em pacientes com idade superior a 50 anos, o que também está compatível com a literatura1111. Silva PSL, Leão VML, Scarpel RD. Caracterização da população portadora de câncer de boca e orofaringe atendida no setor de cabeça e pescoço em hospital de referência na cidade de Salvador - BA. Rev CEFAC 2009; 11(3): 441-7. 1616. Daher GSA, Pereira GA, Oliveira ACD. Características epidemiológicas de casos de câncer de boca registrados em hospital de Uberaba no período 1999-2003: um alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 584-96. 3434. Teixeira AKM, Almeida MEL, Holanda ME, Sousa FB, Almeida PC. Carcinoma espinocelular da cavidade bucal: um estudo epidemiológico na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Rev Bras Cancerol 2009; 55(3): 229-36..

No que se refere às variáveis sociais, destacamos as variáveis situação conjugal e escolaridade. Em relação à primeira, observamos que os indivíduos sem companheiro (solteiros, divorciados, viúvos) associaram-se com o desfecho até o primeiro nível da análise multivariada, contudo tal dado perdeu a significância após ajuste para tabagismo e etilismo (OR =1,53; IC95% 0,90 - 2,58). Em estudo de caso-controle de CCE de boca realizado na Dinamarca3535. Bundgaard T, Wildt J, Frydenberg M, Elbrønd O, Nielsen JE. Case-control study of squamous cell cancer of the oral cavity in Denmark. Cancer Causes Control 1995; 6(1): 57-67. observou-se, contudo, um risco duas vezes maior para CCE de boca em indivíduos divorciados (OR = 2,3; IC95% 1,1 - 4,6), mesmo após ajuste para tabagismo e etilismo.

A escolaridade, que também é uma variável social, esteve associada com o câncer de boca até o primeiro nível da análise multivariada, perdendo, todavia, a significância após ajuste para tabagismo e etilismo (OR = 1,71; IC95% 0,74 - 3,96). Indivíduos com menor grau de escolaridade são mais propensos a desenvolver CCE de boca, devido ao fato de possuírem maior contato com tabaco e álcool, precárias condições de saúde bucal e carências nutricionais3636. Menvielle G, Luce D, Geoffroy-Perez B, Chastang JF, Leclerc A. Social inequalities and cancer mortality in France, 1975-1990. Cancer Causes Control 2005; 16(5): 501-13..

Em relação à localização anatômica do tumor, encontramos como sítio mais frequente a língua (40,5%), seguida do assoalho de boca (20,6%). Tal resultado está de acordo com a maioria dos estudos44. Abdo EM, Garrocho AA, Aguiar MCF. Perfil do paciente portador de carcinoma epidermóide da cavidade bucal, em tratamento no Hospital Mário Penna em Belo Horizonte. Rev Bras Cancerol 2002; 48(3): 357-62. 66. Carli ML, Santos SL, Pereira AAC, Hanemann JAC. Características clínicas, epidemiológicas e microscópicas do câncer bucal diagnosticado na Universidade Federal de Alfenas. Rev Bras Cancerol 2009; 55(3): 205-11. 77. Dedivitis RA, França CM, Mafra ACB, Guimarães FT, Guimarães AV. Características clínico-epidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. Rev Bras Otorrinolaringol 2004; 70(1): 35-40. 1212. Oliveira LR, Ribeiro-Silva A, Zucoloto S. Perfil da incidência e da sobrevida de pacientes com carcinoma epidermóide oral em uma população brasileira. J Bras Patol Med Lab 2006; 42(5): 385-92..

Alguns aspectos metodológicos do presente trabalho merecem ser discutidos. No que se refere às limitações do estudo, ressalta-se a incompletude dos registros em alguns prontuários, o que gerou perdas de dados. Outro aspecto limitante e passível de ocorrer em estudos de caso-controle é a questão do viés de memória, em que ser doente pode influenciar as respostas dadas a certas questões. Além disso, ressalta-se que a generalização dos resultados deste trabalho é circunscrita aos indivíduos atendidos no Centro de Referência de Lesões Bucais do Nordeste Brasileiro.

O câncer de boca é um problema de saúde pública, com elevados índices de morbimortalidade. O conhecimento da epidemiologia e dos fatores associados a essa doença se constitui na chave para o planejamento de programas de prevenção que favorecerão a redução desses nefastos indicadores que atingem a população. Apesar dos já conhecidos papéis do fumo e do álcool na etiologia dessa doença, estudos epidemiológicos têm mostrado que, mesmo após ajuste para esses fatores de risco, ainda há um efeito residual das condições sociais sobre o risco de câncer de boca3737. Conway DI, Petticrew M, Marlborough H, Berthiller J, Hashibe M, Macpherson LMD. Socioeconomic inequalities and oral cancer risk: a systematic review and meta-analysis of case-control studies. Int J Cancer 2008; 122(12): 2811-9.. Nesse sentido, é necessário que mais pesquisas sejam realizadas a fim de que se evidencie a carga que as condições sociais exercem sobre a complexa cadeia causal do câncer de boca.

CONCLUSÃO

Por meio desta pesquisa conclui-se que o CCE de boca ocorreu mais no sexo masculino, a partir dos 50 anos, em indivíduos de cor de pele parda/preta, com baixo nível de escolaridade e sem companheiro. A região anatômica mais acometida por esse tumor foi a língua, seguida do assoalho de boca. Os fatores associados com o câncer de boca foram tabagismo e etilismo. Além disso, concluiu-se que o consumo sinérgico de tabaco e álcool aumenta o risco de desenvolver essa neoplasia. Fatores sociodemográficos não apresentaram associação com o câncer de boca após ajuste para tabagismo e etilismo.

REFERÊNCIAS

  • 1. Petti S, Scully C. Determinants of oral cancer at the national level: just a question of smoking and alcohol drinking prevalence? Odontology 2010; 98(2): 144-52.
  • 2. Warnakulasuriya S. Global epidemiology of oral and oropharyngeal cancer.Oral Oncology 2009; 45: 309-16.
  • 3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa (Acessado em 21 de janeiro de 2014).
    » http://www.inca.gov.br/estimativa
  • 4. Abdo EM, Garrocho AA, Aguiar MCF. Perfil do paciente portador de carcinoma epidermóide da cavidade bucal, em tratamento no Hospital Mário Penna em Belo Horizonte. Rev Bras Cancerol 2002; 48(3): 357-62.
  • 5. Dantas DDL. Clinical-Pathological Parameters in Squamous Cell Carcinoma of the Tongue. Braz Dent J 2003; 14(1): 22-5.
  • 6. Carli ML, Santos SL, Pereira AAC, Hanemann JAC. Características clínicas, epidemiológicas e microscópicas do câncer bucal diagnosticado na Universidade Federal de Alfenas. Rev Bras Cancerol 2009; 55(3): 205-11.
  • 7. Dedivitis RA, França CM, Mafra ACB, Guimarães FT, Guimarães AV. Características clínico-epidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. Rev Bras Otorrinolaringol 2004; 70(1): 35-40.
  • 8. Leite ICG. Mortalidade por câncer de boca e faringe em cidade de médio porte na Região Sudeste do Brasil, 1980-2005. Rev Bras Cancerol 2010; 56(1): 17-23.
  • 9. Fardin M, Freitas SM, Dedivitis RA, Rapoport A, Denardin OVP, A-Sobrinho J. Fatores de risco no prognóstico do câncer da boca: estudo de 1440 casos. Rev Bras Cirurgia Cabeça Pescoço 2004; 33(1): 27-33.
  • 10. Perez RS, et al. Estudo Epidemiológico do Carcinoma Espinocelular da Boca e Orofaringe Arq. Int. Otorrinolaringol 2007; 11(3): 271-7.
  • 11. Silva PSL, Leão VML, Scarpel RD. Caracterização da população portadora de câncer de boca e orofaringe atendida no setor de cabeça e pescoço em hospital de referência na cidade de Salvador - BA. Rev CEFAC 2009; 11(3): 441-7.
  • 12. Oliveira LR, Ribeiro-Silva A, Zucoloto S. Perfil da incidência e da sobrevida de pacientes com carcinoma epidermóide oral em uma população brasileira. J Bras Patol Med Lab 2006; 42(5): 385-92.
  • 13. Batista AB, Ferreira FM, Ignácio SA, Machado MAN, Lima AAS. Efeito do tabagismo na mucosa bucal de indivíduos jovens: análise citomorfométrica. Rev Bras Cancerol 2008; 54(1): 5-10.
  • 14. Figuero-Ruiz E, Peláez MAC, Cerero-Lapiedra R, Esparza-Gómez G, López LAM. Effects of the consumption of alcohol in the oral cavity: relationship with oral cancer. Med Oral 2004; 9(1): 14-23.
  • 15. Rezende CP, Dias MO, Denardin OVP, Rapoport A, Carvalho Neto PB, Beserra Júnior, et al. Mudança do paradigma da saúde bucal em pacientes com câncer de boca e orofaringe. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço 2007; 36(1): 19-22.
  • 16. Daher GSA, Pereira GA, Oliveira ACD. Características epidemiológicas de casos de câncer de boca registrados em hospital de Uberaba no período 1999-2003: um alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 584-96.
  • 17. Oliveira MC, Soares RC, Pinto LP, Souza LB, Medeiros SR, Costa A de L. High-risk human papillomavirus (HPV) is not associated with p53 and bcl-2 expression in oral squamous cell carcinomas. Auris Nasus Larynx 2009; 36(4): 450-6.
  • 18. Toporcov TN, Antunes JLF, Tavares MR. Fat food habitual intake and risk of oral cancer. Oral Oncology 2004; 40(9): 925-31.
  • 19. Andreotti M, Rodrigues NA, Cardoso LMN, Figueiredo RAO, Eluf-Neto J, Wünsch Filho V. Ocupação e câncer da cavidade oral e orofaringe. Cad Saúde Pública 2006; 22(3): 543-52.
  • 20. Wünsch-Filho V, Antunes JLF, Boing AF, Lorenzi RL. Perspectivas da investigação sobre determinantes sociais em câncer. Physis 2008; 18(3): 427-50.
  • 21. Barnes L, Eveson JW, Reichart P, Sidransky D. World Health Organization. Classification of tumours. Pathology & genetics of head and neck tumours. IARC Press: Lyon; 2005.
  • 22. Brasil. Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde; 2012.
  • 23. Wünsch Filho V, Mirra AP, López RVM, Antunes LF. Tabagismo e câncer no Brasil: evidências e perspectivas. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(2): 175-87.
  • 24. Natarajan E, Eisenberg E. Contemporary concepts in the diagnosis of oral cancer and precancerDent Clin N Am 2011; 55: 63-88.
  • 25. Radoï L, Luce D. A review of risk factors for oral cavity cancer: the importance of a standardized case definition. Community Dent Oral Epidemiol 2013; 41(2): 97-109, e78-91.
  • 26. De Stefani E, Boffetta P, Deneo-Pellegrinia H, Ronco AL, Acosta G, Ferro G, et al. The effect of smoking and drinking in oral and pharyngeal cancers: A case-control study in Uruguay. Cancer Letters 2007; 246(1-2) 282-9.
  • 27. Moreno-López LA, Esparza-Gómez GC, González-Navarro A, Cerero-Lapiedra R, González-Hernández MJ, Domínguez-Rojas V. Risk of oral cancer associated with tobacco smoking, alcohol consumption and oral hygiene: a case-control study in Madrid, Spain. Oral Oncol 2000; 36(2): 170-4.
  • 28. Macfarlane GJ, Zheng T, Marshall JR, Boffetta P, Niu S, Brasure J, et al. Alcohol, tobacco, diet and the risk of oral cancer: a pooled analysis of three case control studies. Eur J Cancer B Oral Oncol 1995; 31B(3): 181-7.
  • 29. Mc Dowell JD. An overview of epidemiology and common risk factors for oral squamous cell carcinoma. Otolaryngol Clin N Am 2006; 39(2): 277-94.
  • 30. Reidy J, Mchugh E, Stassen LFA. A review of the relationship between alcohol and oral cancer. Surgeon 2011; 9(5): 278-83.
  • 31. Cruz GD, Shulman LC, Kumar JV, Salazar CR. The cultural and social context of oral and pharyngeal cancer risk and control among Hispanics in New York. J Health Care Poor Underserved 2007; 18(4): 833-46.
  • 32. Warnakulasuriya S, Sutherland G, Scully C. Tobacco, oral cancer, and treatment of dependence. Oral Oncology 2005; 41(3): 244-60.
  • 33. Llewellyn CD, Linklater K, Bell J, Johnson NW, Warnakulasuriya S. An analysis of risk factors for oral cancer in young people: a case-control study. Oral Oncol 2004; 40(3): 304-13.
  • 34. Teixeira AKM, Almeida MEL, Holanda ME, Sousa FB, Almeida PC. Carcinoma espinocelular da cavidade bucal: um estudo epidemiológico na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Rev Bras Cancerol 2009; 55(3): 229-36.
  • 35. Bundgaard T, Wildt J, Frydenberg M, Elbrønd O, Nielsen JE. Case-control study of squamous cell cancer of the oral cavity in Denmark. Cancer Causes Control 1995; 6(1): 57-67.
  • 36. Menvielle G, Luce D, Geoffroy-Perez B, Chastang JF, Leclerc A. Social inequalities and cancer mortality in France, 1975-1990. Cancer Causes Control 2005; 16(5): 501-13.
  • 37. Conway DI, Petticrew M, Marlborough H, Berthiller J, Hashibe M, Macpherson LMD. Socioeconomic inequalities and oral cancer risk: a systematic review and meta-analysis of case-control studies. Int J Cancer 2008; 122(12): 2811-9.

  • Fonte de financiamento: nenhuma.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Out-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Jan 2015
  • Aceito
    14 Jul 2015
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br