Análise espacial dos acidentes de trânsito urbano atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência: um recorte no espaço e no tempo

Marcela Franklin Salvador de Mendonça Amanda Priscila de Santana Cabral Silva Claudia Cristina Lima de Castro Sobre os autores

RESUMO:

Introdução:

Os acidentes de trânsito urbano são um problema de saúde pública mundial. Objetivou-se descrever o perfil das vítimas atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Recife e das ocorrências por acidentes de trânsito urbano, bem como sua distribuição a partir de análise espacial.

Metodologia:

Estudo ecológico, desenvolvido a partir de dados secundários do SAMU no Recife, referentes às ocorrências dos acidentes de trânsito urbano de 01 de janeiro a 30 de junho de 2015. A análise espacial se deu por meio do índice de Moran.

Resultados:

As unidades de suporte básico realizaram a maioria dos atendimentos (89,2%). Entre as vítimas, houve predomínio do sexo masculino (76,8%) e da faixa etária de 20 - 29 anos (31,5%). A colisão foi responsável por 59,9% dos acidentes de trânsito, e as motos representaram 61,6% das ocorrências entre os meios de locomoção. A sexta-feira apresentou maior risco e houve concentração de acidentes das 06h00min. às 08h59min. e das 18h00min. às 20h59min. O MoranMap identificou áreas críticas para a ocorrência de atendimentos durante o período analisado.

Discussão:

As fichas de atendimento do SAMU, a partir da análise espacial, configuraram-se como importante fonte de informação para a vigilância em saúde.

Conclusão:

A análise espacial dos acidentes de trânsito urbano identificou regiões com correlação espacial positiva, proporcionando subsídios ao planejamento logístico do serviço de atendimento móvel de urgência. Este estudo é pioneiro ao contribuir com tais informações na região.

Palavras-chave:
Acidentes de trânsito; Serviços médicos de emergência; Análise espacial; Pesquisa sobre serviços de saúde; Aplicações da epidemiologia; Epidemiologia descritiva

INTRODUÇÃO

Há vários anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece os acidentes de trânsito urbano como um sério problema de saúde pública em todo o mundo, em virtude de serem acompanhados por elevado índice de morbimortalidade11. World Health Organization (WHO). Promovendo a defesa da segurança viária e das vítimas de lesões causadas pelo trânsito: um guia para organizações não governamentais. Geneva: WHO;2013. [Internet]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44854/8/9789248503320_por.pdf (Acessado em 24 de novembro de 2015).
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,22. Maciel WV, Maciel SS, Farias AH, Silva ET, Gondim LA, Oliveira TF. Internações hospitalares por fraturas do crânio e dos ossos da face no nordeste brasileiro. Revista da Amrigs 2009; 53(1): 28-33.. Aproximadamente 1,2 milhão de mortes por ano no mundo são consequências de acidentes de trânsito. Dessas mortes, 90% ocorrem em países de baixa e média renda33. World Health Organization (WHO). Road traffic injuries. Fact sheet. Geneva: WHO; 2016. [Internet]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs358/en/ (Acessado em 12 de novembro de 2015).
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.

O Brasil está entre os países que lideram a mortalidade por acidentes de trânsito urbano. A maioria dos óbitos e internações por esse agravo é observada no sexo masculino, na raça/cor da pele negra, nos adultos jovens, em indivíduos com baixa escolaridade e entre motociclistas44. Andrade SS, Jorge MH. Estimate of physical sequelae in victims of road traffic accidents hospitalized in the Public Health System. Rev bras Epidemiol 2016; 19(1): 100-11. DOI: 10.1590/1980-5497201600010009
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,55. Ascari RA, Chapieski CM, Silva OM, Frigo J. Perfil epidemiológico de vítimas de acidente de trânsito. Rev Enferm UFSM 2013; 3(1): 112-21. DOI: 10.5902/217976927711
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,66. Bacchieri G, Barros AJ. Traffic accidents in Brazil from 1998 to 2010: many changes and few effects. Rev Saúde Pública [online] 2011; 45(5): 949-63. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000069
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,77. Franco MS, Lins AC, Lima AK, Araújo TL, Amaral RC. Caracterização de pacientes vítimas de acidentes de transito admitidos em hospital regional da Paraíba. R Interd 2015; 8(2): 123-29.,88. Malta DC, Andrade SS, Gomes N, Silva MM, Morais OL, Reis AA, et al. Injuries from traffic accidents and use of protection equipment in the Brazilian population, according to a population-based study. Ciênc saúde coletiva 2016; 21(2): 399-410. DOI: 10.1590/1413-81232015212.23742015
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O alto índice de acidentes de trânsito urbano no país pode estar relacionado à cultura do brasileiro em dispor do espaço público como seu e de mais ninguém, ao fato de o veículo automotor ser visto e usado como instrumento de poder, à adoção de desobediência civil diante das leis de trânsito, além de estar conectado com o consumo de bebida alcoólica99. Moyses SJ. Determinação sociocultural dos acidentes de transporte terrestre (ATT). Ciênc saúde coletiva 2012; 17(9): 2241-3. DOI: 10.1590/S1413-81232012000900005
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,1010. Cerqueira GL. Consumo de álcool e outras drogas por jovens condutores. [Internet]. Disponível em: http://www.psicologia.pt. (Acessado em 11 de outubro de 2015).
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.

Os Estados do Nordeste tiveram aumento das taxas de mortalidade de acidentes de trânsito urbano1111. Morais OL, Montenegro MM, Monteiro RA, Siqueira JB, Silva MM, Lima CM, et al. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil na última década: tendência e aglomerados de risco. Ciênc saúde coletiva 2012; 17(9): 2223-36. DOI: 10.1590/S1413-81232012000900002
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. Também foram relatadas menores frequências do uso de cinto de segurança nos bancos dianteiro e traseiro, maiores proporções de ocorrência de acidente envolvendo bicicletas e motocicletas, além de vítimas que referiram deixar de realizar as atividades habituais por consequência das lesões decorrentes do trânsito1212. Malta DC, Mascarenhas MD, Bernal RT, Silva MM, Pereira CA, Minayo MC, et al. Análise das ocorrências das lesões no trânsito e fatores relacionados segundo resultados da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) Brasil, 2008. Ciênc saúde coletiva 2011; 16(9): 3679-87. DOI: 10.1590/S1413-81232011001000005
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Já houve constatação, em Pernambuco, de um crescimento de 875% do coeficiente de mortalidade dos motociclistas por 100.000 habitantes entre 1996 e 2006. O crescimento da produção de motocicletas observado é uma possível explicação para o aumento dos acidentes envolvendo esse tipo de veículo1313. Silva PH, Lima ML, Moreira RS, Souza WV, Cabral AP. Spatial study of mortality in motorcycle accidents in the State of Pernambuco, Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública 2011; 45(2): 409-15. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000010
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Pedestres, ciclistas e motociclistas são grupos de vítimas que, além de representarem metade dos óbitos por acidentes de trânsito no mundo33. World Health Organization (WHO). Road traffic injuries. Fact sheet. Geneva: WHO; 2016. [Internet]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs358/en/ (Acessado em 12 de novembro de 2015).
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, causam maior impacto na frequência dos atendimentos (cerca de 80%) em unidades de emergências hospitalares e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
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,1515. Gawryszewski VP, Coelho HM, Sarpelini S, Zan R, Jorge MH, Rodrigues EM. Land transport injuries among emergency department visits in the state of São Paulo, in 2005. Rev Saúde Pública 2009; 43(2): 275-82. DOI: 10.1590/S0034-89102009000200008
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O SAMU, componente pré-hospitalar móvel fundamental da Política Nacional de Atenção às Urgências, lançada em 20031616. Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências. Série E. Legislação de Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde 2006; 256. [Internet]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_urgencias_3ed.pdf (Acessado em 16 de novembro de 2015).
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, é um serviço gratuito, que funciona 24 horas, por meio da prestação de orientações e do envio de veículos tripulados por equipe capacitada, acessado por um número de telefone e acionado por uma Central de Regulação das Urgências1717. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. O que é o SAMU 192? Criado em 13 de Junho de 2014. [Internet]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/951-sas-raiz/dahu-raiz/forca-nacional-do-sus/l2-forca-nacional-do-sus/13407-servico-de-atendimento-movel-de-urgencia-samu-192 (Acessado em 16 de novembro de 2015).
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Atualmente, o SAMU atende a 75% da população brasileira1717. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. O que é o SAMU 192? Criado em 13 de Junho de 2014. [Internet]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/951-sas-raiz/dahu-raiz/forca-nacional-do-sus/l2-forca-nacional-do-sus/13407-servico-de-atendimento-movel-de-urgencia-samu-192 (Acessado em 16 de novembro de 2015).
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. No Recife, o SAMU foi inaugurado em 21 de dezembro de 2001. A capital pernambucana é sede da Central de Regulação Médica do SAMU Metropolitano do Recife; nela, também são reguladas as ligações de 17 municípios da Região Metropolitana1818. Prefeitura do Recife. SAMU. [Internet]. Disponível em: http://www2.recife.pe.gov.br/servico/samu-0 (Acessado em 02 de abril de 2015).
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No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) vem apoiando os Estados e os municípios para a estruturação da capacidade para implementação de intervenções de vigilância e prevenção de lesões e mortes causadas pelo trânsito1919. Novoa AM, Perez K, Borrell C. Efectividad de las intervenciones de seguridad vial basadas en la evidencia: una revision de la literatura. Gac Sanit 2009; 23(6): 553.e1-553.e14.. Exemplo disso é o Projeto Vida no Trânsito, que é parte de um projeto maior denominado Segurança no Trânsito em Dez Países2020. Hyder AA, Allen KA, Di Pietro G, Adriazola CA, Sobel R, Larson K, et al. Addressing the implementation gap in global road safety: exploring features of an effective response and introducing a 10-country program. Am J Public Health 2012; 102(6): 1061-7. DOI: 10.2105/AJPH.2011.300563
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, visando a subsidiar gestores por meio de qualificação das informações, planejamento, monitoramento, acompanhamento e avaliação das intervenções1111. Morais OL, Montenegro MM, Monteiro RA, Siqueira JB, Silva MM, Lima CM, et al. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil na última década: tendência e aglomerados de risco. Ciênc saúde coletiva 2012; 17(9): 2223-36. DOI: 10.1590/S1413-81232012000900002
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Para subsidiar possíveis políticas de prevenção para os acidentes de trânsito urbano, a análise espacial vem sendo incluída como uma ferramenta poderosa de saúde pública, por permitir a visualização dos padrões espaciais de um fenômeno por meio da construção de mapas, mesmo com dados esparsos2121. Best N, Richardson S, Thomson U. A comparison of bayesian spatial models for disease mapping. Stat Methods Med Res 2005; 14(1): 35-59. DOI: 10.1191/0962280205sm388oa
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, e de mapeamento de fatores de risco no âmbito populacional2222. Bailey TC. Métodos estatísticos espaciais em saúde. Cad Saúde Pública 2001; 17(5): 1083-98. DOI: 10.1590/S0102-311X2001000500011
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,2323. Bailey TC, Carvalho MS, Lapa TM, Souza WV, Brewer MJ. Modeling of under-detection of cases in disease surveillance. Annals of Epidemiology 2005; 15(5): 335-43. DOI: 10.1016/j.annepidem.2004.09.013
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. A espacialização dos acidentes de trânsito é importante por fornecer subsídios para o planejamento e para a execução de políticas públicas, aumentando sua eficácia e eficiência na redução e na prevenção desses agravos2424. Souza VR, Cavenaghi S, Alves JE, Magalhães MA. Análise espacial dos acidentes de trânsito com vítimas fatais: comparação entre o local de residência e de ocorrência do acidente no Rio de Janeiro. Rev Bras Estud Popul 2008; 25(2): 353-64. DOI: 10.1590/S0102-30982008000200010
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O presente trabalho teve por objetivo descrever o perfil das vítimas atendidas pelo SAMU do Recife e das ocorrências por acidentes de trânsito urbano, bem como sua distribuição a partir de análise espacial.

METODOLOGIA

Para o presente estudo, foi utilizado o desenho tipo ecológico, desenvolvido por meio da coleta e da análise de dados secundários do banco de dados do SAMU do Recife, referentes ao total de ocorrências decorrentes de acidentes de trânsito urbano atendidas de 01 de janeiro a 30 de junho de 2015.

O local do estudo foi o município de Recife, capital de Pernambuco. A cidade é dividida em 94 bairros aglutinados em 6 regiões político-administrativas (RPAs)2525. Brasil. Secretaria de Saúde do Recife. Plano Municipal de Saúde 2014 - 2017. Governo Municipal. Secretaria Executiva de Coordenação Geral, Gerência Geral de Planejamento. Recife: Secretaria de Saúde do Recife: 2014. 84 p.. No ano de 2010, o município contava com uma população de 1.537.704 habitantes distribuídos em um território de 218,435 km2 e densidade demográfica de 7.039,64 hab/km22626. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas (DPE). Coordenação de População e Indicadores Socias - COPIS. [Internet]. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=261160&search=pernambuco|recife (Acessado em 11 de novembro de 2015).
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. A população de referência foi a estimada pela Secretaria de Saúde do Recife para o ano de 2015, ou seja, 1.598.096 habitantes. Foram incluídas no estudo 1.225 vítimas de acidente de trânsito urbano atendidas pelo SAMU do Recife.

Foram descritos: o tipo de ambulância, as unidades de destino, a condição da vítima (sexo, faixa etária, meio de locomoção) e a natureza do acidente (colisão, tombamento ou capotamento, choque com objeto fixo, atropelamento e queda em/do veículo). Foram calculadas frequências relativas e taxas de incidência considerando a população residente (taxa de incidência: TI; número de ocorrências/população exposta a cada 10.000 habitantes).

A análise estatística foi realizada no programa BioEstat 5.3. A regressão de Poisson foi utilizada para estimar o risco relativo (RR) e os valores de intervalo de confiança de 95% (IC95%) da associação entre dias da semana, horários e bairro de ocorrência dos atendimentos. Consideraram-se como referências as terças-feiras (para os dias de semana) e o período de 00h0min. às 02h59min. (para horário de atendimento), devido à baixa circulação de pessoas que poderiam influenciar na ocorrência dos acidentes.

A unidade espacial adotada foi o bairro. Foram construídos mapas com a distribuição absoluta do total de atendimentos (intervalos iguais) e de RR (quartil). Posteriormente, realizou-se a análise espacial, com o objetivo de identificar a existência de aglomerados com significância estatística, o que sinalizaria a priorização de ações de controle do agravo. Foi adotado o índice de Moran, no qual há variação de -1 a 1: os valores próximos a zero indicam ausência de correlação espacial - diferença entre vizinhos; os valores positivos indicam autocorrelação espacial positiva, ou seja, existência de similaridade entre bairros vizinhos; e os valores negativos apresentam autocorrelação espacial negativa1313. Silva PH, Lima ML, Moreira RS, Souza WV, Cabral AP. Spatial study of mortality in motorcycle accidents in the State of Pernambuco, Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública 2011; 45(2): 409-15. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000010
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,2727. Krempi AP. Explorando recursos de estatística espacial para análise de acessibilidade na cidade de Bauru. Escola de Engenharia de São Carlos: Universidade de São Paulo 2004. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18137/tde-10032005-064613/pt-br.php (Acessado em 17 de outubro de 2015).
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. De uma forma geral, o índice de Moran presta-se a um teste cuja hipótese nula é de independência espacial; nesse caso, seu valor seria zero. Valores positivos (entre 0 e + 1) indicam para correlação direta, e negativos (entre 0 e - 1), correlação inversa2828. Câmara G, Carvalho MS, Cruz OG, Correa V. Análise espacial de dados geográficos: Cap. 5, análise espacial de áreas. Brasília, EMBRAPA, 2004 [Internet]. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise/cap5-areas.pdf (Acessado em 17 de abril de 2017).
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. A análise da distribuição espacial dos atendimentos contou com três etapas. A primeira foi a identificação de áreas críticas e de transição, com a utilização do diagrama de espalhamento de Moran para comparar a dependência espacial de cada bairro. Nessa etapa são gerados quadrantes interpretados da seguinte forma: Q1 (valores positivos, médias positivas); Q2 (valores negativos, médias negativas), que é um indicativo de pontos de associação espacial positiva ou similares aos seus vizinhos; Q3 (valores positivos, médias negativas); e Q4 (valores negativos, médias positivas), indicando pontos de associação espacial negativa, bairros que possuem valores distintos dos seus vizinhos. Essa etapa é representada visualmente pelo BoxMap1313. Silva PH, Lima ML, Moreira RS, Souza WV, Cabral AP. Spatial study of mortality in motorcycle accidents in the State of Pernambuco, Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública 2011; 45(2): 409-15. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000010
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,2727. Krempi AP. Explorando recursos de estatística espacial para análise de acessibilidade na cidade de Bauru. Escola de Engenharia de São Carlos: Universidade de São Paulo 2004. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18137/tde-10032005-064613/pt-br.php (Acessado em 17 de outubro de 2015).
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,2828. Câmara G, Carvalho MS, Cruz OG, Correa V. Análise espacial de dados geográficos: Cap. 5, análise espacial de áreas. Brasília, EMBRAPA, 2004 [Internet]. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise/cap5-areas.pdf (Acessado em 17 de abril de 2017).
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Na segunda etapa, utilizou-se o indica­dor local de associação espacial (em inglês: local indicators of spatial association - LISA), permitindo detectar regiões com correla­ção local significativamente diferente do resto dos dados, possível pela aplicação da estatística de autocorrelação espacial local. A avaliação de significância é feita comparando-se os valores observados com uma série de valores obtidos por meio de permutações dos valores das áreas vizinhas. Os índices locais são classificados como não significantes e com significância de 95, 99 e 99,9%1313. Silva PH, Lima ML, Moreira RS, Souza WV, Cabral AP. Spatial study of mortality in motorcycle accidents in the State of Pernambuco, Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública 2011; 45(2): 409-15. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000010
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,2727. Krempi AP. Explorando recursos de estatística espacial para análise de acessibilidade na cidade de Bauru. Escola de Engenharia de São Carlos: Universidade de São Paulo 2004. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18137/tde-10032005-064613/pt-br.php (Acessado em 17 de outubro de 2015).
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A terceira etapa mescla as zonas que possuem relação espacial positiva e são identificadas pelo BoxMap (com a significância espacial acima de 95%) e aquelas com relação espacial positiva identificada pelo LisaMap. A combinação entre esses dois grupos gerou o MoranMap. Foram consideradas áreas críticas aquelas formadas por bairros enquadrados na classe Q1 do MoranMap1313. Silva PH, Lima ML, Moreira RS, Souza WV, Cabral AP. Spatial study of mortality in motorcycle accidents in the State of Pernambuco, Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública 2011; 45(2): 409-15. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000010
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,2727. Krempi AP. Explorando recursos de estatística espacial para análise de acessibilidade na cidade de Bauru. Escola de Engenharia de São Carlos: Universidade de São Paulo 2004. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18137/tde-10032005-064613/pt-br.php (Acessado em 17 de outubro de 2015).
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As análises exploratórias espaciais para identificação das áreas de transição e críticas dos eventos estudados foram realizadas com o auxílio de planilhas eletrônicas do Excel© e do software TerraView, versão 4.2.2. Os resultados foram representados na base cartográfica digital do município do Recife.

Este projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa, em conformidade com a Resolução nº 466/2012, que regulamenta as pesquisas com seres humanos, do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) sob registro CAEE: 53175716.2.0000.5201.

RESULTADOS

No período estudado, foram atendidas 1.225 vítimas de acidente de trânsito urbano pelo SAMU na cidade do Recife, Pernambuco. Esse valor corresponde a 45,4% do total de atendimentos realizados pelo serviço (n = 2.698), considerando todas as causas de atendimento.

As unidades de suporte básico (USBs) realizaram a maioria dos atendimentos, sendo a maior parte das vítimas atendidas encaminhadas para as unidades da rede pública, principalmente para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município (Tabela 1).

Tabela 1:
Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito urbano atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência na cidade do Recife, Pernambuco, Brasil (janeiro a junho de 2015).

As vítimas eram majoritariamente do sexo masculino (razão de 3,6 homens para cada mulher). A faixa etária predominante foi a de 20 a 29 anos de idade, e a de menor frequência, de 0 a 9 anos. Considerando a natureza do acidente, em aproximadamente 60% dos casos a causa foi colisão. Com relação ao meio de locomoção da vítima, as motos representaram a maioria entre os veículos envolvidos em acidente de trânsito urbano (Tabela 1).

Ao observar a distribuição de atendimentos por dia da semana, tendo a terça-feira como dia de referência, constatou-se que a sexta-feira apresentou um risco 29% maior de ocorrência de acidente de trânsito urbano. Quanto aos horários de risco, os atendimentos aconteceram cerca de 5 vezes mais das 06h00min. às 08h59min. e das 18h00min. às 20h59min.,em relação ao horário de referência - 00h00min. às 02h59min. (Tabela 2).

Tabela 2:
Distribuição absoluta e relativa, taxa de incidência, risco relativo, intervalo de confiança e valor p dos acidentes de trânsito urbano atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, segundo dia da semana e horário da ocorrência na cidade do Recife, Pernambuco, Brasil (janeiro a junho de 2015).

Os bairros com maior frequência de acidentes de transporte foram: Ibura (n = 76; 6,2%), na Zona Sul do município; seguido de Santo Amaro (n = 62; 5,1%), na Zona Central; e Boa Viagem (n = 54; 4,4%), na Zona Sul (Figura 1A). A incidência municipal foi de 7,67 atendimentos (ou “ocorrências”) de acidentes de trânsito urbano por 10.000 habitantes. Os bairros com os maiores RRs para ocorrência de atendimentos por acidentes de trânsito foram: Santo Antônio (RR = 43,76; IC95% [23, 74; 80, 72]), seguido do bairro do Recife (RR = 23,17; IC95% [12, 87; 41, 75]), ambos da Zona Central do município, e Cidade Universitária (RR = 19,82; IC95% [11, 52; 34, 08]), na região noroeste (Tabela 3 e Figura 1B).

Tabela 3:
Taxa de incidência, risco relativo e intervalos de confiança dos acidentes de trânsito urbano atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência dos principais bairros. Recife, Pernambuco, Brasil (janeiro a junho de 2015).

Figura 1:
Ocorrência (A) e risco relativo (B) dos acidentes de trânsito urbano, segundo bairro. Recife, Pernambuco, Brasil (janeiro a junho de 2015).

Ao explorar, por meio do BoxMap, a dependência espacial desse tipo de ocorrência, foram identificadas áreas de correlação positiva ao sul e ao nordeste do município (Tabela 3 e Figura 2A). O BoxMap também traz áreas com autocorrelação espacial negativa, representadas pelas regiões Q3 e Q4, as quais podem sinalizar potenciais nós críticos (Figura 2A).

Figura 2:
BoxMap (A) e MoranMap (B) dos acidentes de trânsito urbano, segundo bairro. Recife, Pernambuco, Brasil (janeiro a junho de 2015).

Por fim, o MoranMap confirma estatisticamente a região ao sul do município como a de maior relevância para a ocorrência de atendimentos por acidentes de trânsito urbano durante o período analisado. Regiões de transição nas proximidades das áreas críticas também são mantidas no modelo final (Tabela 3 e Figura 2B).

DISCUSSÃO

Neste trabalho, observou-se que a maior parte dos atendimentos às vítimas dos acidentes de trânsito urbano foi feita pelas USBs. Isso corrobora estudos realizados no Estado da Paraíba, cujos achados revelaram que mais de 90% dos atendimentos foram realizados por ambulâncias básicas2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97.,3030. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, Brasil, em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2012; 21(4): 589-600. DOI: 10.5123/S1679-49742012000400008
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, resultados semelhantes também em outros estudos3131. Dias LK. Avaliação do serviço de atendimento móvel de urgência na atenção aos acidentes de trânsito na zona urbana de sobral - CE. Universidade Federal do Ceará 2016. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19191/1/2016_dis_lksdias.pdf (Acessado em 04 de outubro de 2016).
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,3232. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Modelo de suporte à decisão para a gravidade de ferimentos das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo samu 192. Rev Saúde.Com 2013; 9(2): 2-16.,3333. Silva JK, Rios MA, Amaral TF, Silva PL. Profile of road transport accidents met by the mobile urgency attendance service. J Nurs UFPE on line 2016; 10(1): 9-17. DOI: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201602
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. Uma das explicações possíveis é o fato de que esse tipo de ambulância é maioria no município, que conta com cinco vezes mais USBs que unidades de suporte avançado (USAs).

Quanto às unidades de destino, os resultados observados foram consistentes com outros estudos2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97.,3030. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, Brasil, em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2012; 21(4): 589-600. DOI: 10.5123/S1679-49742012000400008
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,3131. Dias LK. Avaliação do serviço de atendimento móvel de urgência na atenção aos acidentes de trânsito na zona urbana de sobral - CE. Universidade Federal do Ceará 2016. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19191/1/2016_dis_lksdias.pdf (Acessado em 04 de outubro de 2016).
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, em que grande parte das vítimas foi encaminhada para algum hospital de referência em trauma da cidade. Especialmente no Recife, o alto número de encaminhamentos para as UPAs deve-se ao fato de essas integrarem, desde janeiro de 2010, quando foram implantadas, a rede estadual de urgência e emergência.

O sexo masculino e os adultos jovens merecem destaque quanto à realização de ações de promoção e prevenção de acidentes de trânsito urbano, visto que esses grupos são os mais acometidos por esse agravo. Resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos44. Andrade SS, Jorge MH. Estimate of physical sequelae in victims of road traffic accidents hospitalized in the Public Health System. Rev bras Epidemiol 2016; 19(1): 100-11. DOI: 10.1590/1980-5497201600010009
https://doi.org/10.1590/1980-54972016000...
,55. Ascari RA, Chapieski CM, Silva OM, Frigo J. Perfil epidemiológico de vítimas de acidente de trânsito. Rev Enferm UFSM 2013; 3(1): 112-21. DOI: 10.5902/217976927711
https://doi.org/10.5902/217976927711...
,66. Bacchieri G, Barros AJ. Traffic accidents in Brazil from 1998 to 2010: many changes and few effects. Rev Saúde Pública [online] 2011; 45(5): 949-63. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000069
https://doi.org/10.1590/S0034-8910201100...
,77. Franco MS, Lins AC, Lima AK, Araújo TL, Amaral RC. Caracterização de pacientes vítimas de acidentes de transito admitidos em hospital regional da Paraíba. R Interd 2015; 8(2): 123-29.,1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201100...
,3131. Dias LK. Avaliação do serviço de atendimento móvel de urgência na atenção aos acidentes de trânsito na zona urbana de sobral - CE. Universidade Federal do Ceará 2016. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19191/1/2016_dis_lksdias.pdf (Acessado em 04 de outubro de 2016).
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riuf...
,3333. Silva JK, Rios MA, Amaral TF, Silva PL. Profile of road transport accidents met by the mobile urgency attendance service. J Nurs UFPE on line 2016; 10(1): 9-17. DOI: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201602
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,3434. Cabral AP, Souza WV. Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU): análise da demanda e sua distribuição espacial em uma cidade do Nordeste brasileiro. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 530-40. DOI: 10.1590/S1415-790X2008000400002
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. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esses grupos possuem cerca de três vezes mais chance de morrer em um acidente de transporte do que mulheres jovens33. World Health Organization (WHO). Road traffic injuries. Fact sheet. Geneva: WHO; 2016. [Internet]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs358/en/ (Acessado em 12 de novembro de 2015).
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.

Esse dado pode ser consequência de uma maior exposição da população masculina e jovem no trânsito: com base em comportamentos sociais e culturais, esse grupo assume mais riscos na condução de veículos, como alta velocidade, manobras inadequadas e uso de álcool1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
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. Essas e outras imprudências são características determinantes para os índices alarmantes dos acidentes de transporte nessa população3535. Miranda AL, Sarti EC. Consumo de bebidas alcoólicas e os acidentes de trânsito: o impacto da homologação da lei seca em Campo Grande-MS. Ensaios Cienc, Cienc Biol Agrar Saúde 2011; 15(6): 155-71.. Potenciais despesas previdenciárias podem ser geradas, elevando os custos aos cofres públicos, devido à impossibilidade de trabalho das vítimas, que convivem com a necessidade de reabilitação3636. Nunes MN, Nascimento LF. Análise espacial de óbitos por acidentes de trânsito, antes e após a Lei Seca, nas microrregiões do Estado de São Paulo. Rev Assoc Med Bras 2012; 58(6): 685-90. DOI: 10.1016/S2255-4823(12)70272-2
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.

A colisão aparece como um dos tipos de acidentes mais comuns, especialmente com motocicletas2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97.,3030. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, Brasil, em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2012; 21(4): 589-600. DOI: 10.5123/S1679-49742012000400008
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,3737. Rodrigues AS, Fernandes PG. Avaliação das características dos acidentes de trânsito do município de Botucatu e suas associações com as condições climáticas. Tekhne e Logos, Botucatu 2015; 6(2): 70-84.,3838. Almeida RL, Filho JG, Braga JU, Magalhães FB, Macedo MC, Silva KA. Man, road and vehicle: risk factors associated with the severity of traffic accidents. Rev Saúde Pública 2013; 47(4): 718-31. DOI: 10.1590/S0034-8910.2013047003657
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. Com relação ao meio de locomoção da vítima, outros estudos apresentaram resultados semelhantes, com as motos ocupando primeiro lugar nos envolvimentos em acidentes de trânsito1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
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,2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97.,3030. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, Brasil, em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2012; 21(4): 589-600. DOI: 10.5123/S1679-49742012000400008
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,3333. Silva JK, Rios MA, Amaral TF, Silva PL. Profile of road transport accidents met by the mobile urgency attendance service. J Nurs UFPE on line 2016; 10(1): 9-17. DOI: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201602
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,3939. Marín-León L, Belon AP, Barros MB, Almeida SD, Restitutti MC. Tendência dos acidentes de trânsito em Campinas, São Paulo, Brasil: importância crescente dos motociclistas. Cad Saúde Pública 2012; 28(1): 39-51. DOI: 10.1590/S0102-311X2012000100005
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.

A motocicleta se tornou um veículo automotor muito popular por vários motivos, como facilidade de aquisição e financiamento do veículo, agilidade proporcionada no trânsito lento das grandes metrópoles e economia (com combustível e manutenção). Todos esses fatores podem influenciar diretamente na escolha do meio de locomoção da população, ocasionando, assim, o aumento desses veículos nas vias e, consequentemente, a elevação da frequência dos acidentes com motos. Ainda há de se considerar que esse aumento da frota de motos não é acompanhado de investimento adequado na segurança dos condutores4040. Anjos KC, Evangelista MR, Silva JS, Zumiotti AV. Paciente vítima de violência no trânsito: análise do perfil socioeconômico, características do acidente e intervenção do serviço social na emergência. Acta Ortop Bras 2007; 15(5):262-6. DOI: 10.1590/S1413-78522007000500006
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,4141. Felix NR, Oliveira SR, Cunha NA, Schirmer C. Caracterização das vítimas de acidente motociclistico atendidas pelo serviço de atendimento pré-hospitalar. Revista Eletrônica Gestão & Saúde 2013; 04(04): 1399-411.,4242. Nolasco TR, Andrade SM, Silva BA. Capacidade funcional de vítimas de acidentes de trânsito em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Ensaios Cienc, Cienc Biol Agrar Saúde 2016; 20(2): 104-10..

Ao se observar os atendimentos segundo dia da semana e horário das ocorrências, a sexta-feira é o dia com o maior número de atendimentos. Entretanto, outros estudos3333. Silva JK, Rios MA, Amaral TF, Silva PL. Profile of road transport accidents met by the mobile urgency attendance service. J Nurs UFPE on line 2016; 10(1): 9-17. DOI: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201602
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,3434. Cabral AP, Souza WV. Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU): análise da demanda e sua distribuição espacial em uma cidade do Nordeste brasileiro. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 530-40. DOI: 10.1590/S1415-790X2008000400002
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,4242. Nolasco TR, Andrade SM, Silva BA. Capacidade funcional de vítimas de acidentes de trânsito em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Ensaios Cienc, Cienc Biol Agrar Saúde 2016; 20(2): 104-10.,4343. Vieira RC, Hora EC, Oliveira DV, Vaez AC. Levantamento epidemiológico dos acidentes motociclísticos atendidos em um centro de referência ao trauma de Sergipe. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(6): 1359-63. DOI: 10.1590/S0080-62342011000600012
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relatam que a maior frequência dos acidentes de transporte ocorreu aos domingos, provavelmente em virtude do maior número de eventos comemorativos, entre outros fatores, como consumo de álcool, ultrapassagem do limite de velocidade e manobras arriscadas.

Os horários que concentram os maiores números de atendimentos possivelmente estão relacionados com o horário de pico ou rush da cidade, isto é, o horário em que há um maior número de veículos circulando devido a ida e volta do trabalho, faculdade e escola. Estudo semelhante, conduzido no município de Olinda1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
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, constatou que houve predominância de atendimentos entre 18h00min. e 23h59min., e que esse fato pode ser explicado ainda pelo cansaço bem como pelo desgaste físico e mental, que deixam as pessoas mais vulneráveis a acidentes.

Ao analisar as frequências dos acidentes por bairro, pode-se sugerir algumas hipóteses para aqueles com maior número de acidentes de trânsito urbano. Esses são cortados por grandes vias de elevada circulação de veículos, que dão acesso a importantes pontos da cidade, como universidades e aeroporto. Alguns bairros também fazem a ligação entre o centro do Recife e a Zona Norte da cidade, com vias de acesso marcadas por pontos de retenção.

Outro importante bairro, além de ser ponto turístico por apresentar a principal praia da cidade, concentra a maior parte da rede hoteleira e conta com um número significativo de escolas, lojas, restaurantes, consultórios médicos e um shopping center. Esses fatores contribuem para elevar o fluxo de veículos em suas principais avenidas.

Os bairros considerados comerciais e conhecidos por programações turístico-culturais, como o Carnaval e as festividades do ciclo natalino, localizados na região central da cidade, apresentaram os maiores riscos de ocorrência de atendimentos por acidentes de transporte, sendo esse comportamento esperado devido ao alto fluxo de veículos, com sua população residente baixa. Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97., em que um bairro comercial do município de João Pessoa, Paraíba, apresentou maior risco para os atendimentos pelo SAMU.

As áreas de maior risco para a ocorrência de atendimentos por acidentes de trânsito urbano apontadas pelo BoxMap e pelo MoranMap permitem inferir que existe um padrão na ocorrência desses eventos. Ao observar os bairros que correspondem ao Q1 em ambas as técnicas de análise espacial, verificou-se que a alta ocorrência de acidentes nas duas situações (estatisticamente significante) se dá na região sul do município.

Uma possível hipótese para os altos índices encontrados nessa região é a de que ela contempla as principais rotas de deslocamento com destino ao Complexo Industrial Portuário de Suape, que, a partir de 2007, constituiu em um dos maiores polos de negócios industriais e portuários da Região Nordeste do país. O complexo passou a atrair grandes investimentos públicos e privados, convertendo-se, com seu entorno, em um gigantesco “canteiro de obras”4444. Oliveira RV. Trabalho no Nordeste em perspectiva histórica. Estud Av 2016; 30(87): 49-73. DOI: 10.1590/S0103-40142016.30870004
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, resultando em um maior fluxo de veículos circulando na região sul da capital.

Estudos de análise espacial para acidentes de trânsito urbano têm se mostrado úteis para identificar áreas de risco das ocorrências, locais onde as ações de vigilância devem ser revisadas, possibilitando implementar uma abordagem preventiva, além constituírem uma ferramenta de apoio para ações de segurança no trânsito3636. Nunes MN, Nascimento LF. Análise espacial de óbitos por acidentes de trânsito, antes e após a Lei Seca, nas microrregiões do Estado de São Paulo. Rev Assoc Med Bras 2012; 58(6): 685-90. DOI: 10.1016/S2255-4823(12)70272-2
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,4545. Hernández HV. Análisis exploratorio espacial de los accidentes de tránsito en Ciudad Juárez, México. Rev Panam Salud Publica 2012; 31(5): 396-402.. Outro estudo1414. Cabral AP, Souza WV, Lima ML. Serviço de atendimento móvel de urgência: um observatório dos acidentes de transportes terrestre em nível local. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 03-14. DOI: 10.1590/S1415-790X2011000100001
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, por meio do uso da análise espacial, ratificou a importância da integração entre a Secretaria Municipal de Saúde e órgãos afins para a implantação e implementação de medidas preventivas e corretivas.

Pesquisa realizada em Teresina, Piauí, destacou a importância da análise espacial para determinação das áreas prioritárias, possibilitando ações da gestão pública e dos profissionais inseridos nos diversos programas de atenção à saúde de diferentes grupos de usuários, em particular daqueles mais vulneráveis4646. Santos AM, Rodrigues RA, Santos CB, Caminiti GB. Distribuição geográfica dos óbitos de idosos por acidente de trânsito. Esc Anna Nery 2016; 20(1): 130-7. DOI: 10.5935/1414-8145.20160018
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.

No presente estudo, a análise espacial mostrou-se viável na identificação de áreas de risco para a ocorrência de acidentes de transporte, ao utilizar os dados secundários do SAMU, situação semelhante à encontrada em outros trabalhos2929. Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Aplicação do método scan para a detecção de conglomerados espaciais dos acidentes de trânsito ocorridos em João Pessoa-PB. Hygeia 2014; 10(18): 82-97.,3030. Soares RA, Pereira AP, Moraes RM, Vianna RP. Caracterização das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, Brasil, em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2012; 21(4): 589-600. DOI: 10.5123/S1679-49742012000400008
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. Uma das limitações desta pesquisa diz respeito ao registro incompleto dos dados, especialmente no que se refere ao maior detalhamento do local da ocorrência, impossibilitando análises pontuais. As estimativas da incidência e do RR, calculadas em função da população residente por bairro, podem ter sido afetadas pelas vítimas que residem em outros municípios, levando à superestimação dos casos em alguns bairros, situação esperada quando se trata de uma região metropolitana e quando não se leva em conta a estimativa da população que circula em seus municípios. Além disso, apesar de o atendimento feito pelo SAMU cobrir 100% do município, há vítimas atendidas pelo Corpo de Bombeiros ou até mesmo por terceiros, e esses dados não foram contemplados neste estudo.

É necessária a organização adequada de uma assistência à saúde, a partir do monitoramento das ocorrências atendidas pelo SAMU, além de um equacionamento dos problemas identificados, obedecendo aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)3434. Cabral AP, Souza WV. Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU): análise da demanda e sua distribuição espacial em uma cidade do Nordeste brasileiro. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(4): 530-40. DOI: 10.1590/S1415-790X2008000400002
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. As fichas de atendimento do SAMU, a partir da análise espacial, configuraram-se como importante fonte de informação para a vigilância em saúde.

CONCLUSÃO

Os atendimentos do SAMU foram predominantemente realizados pelas unidades de suporte básico. A maior parte das vítimas se constituiu por adultos jovens e do sexo masculino, com destaque para os motociclistas. A análise espacial dos acidentes de trânsito urbano identificou áreas críticas para a ocorrência de atendimentos durante o período analisado.

Os achados deste estudo ressaltam a importância da realização de ações de promoção e prevenção de acidentes de trânsito urbano de forma intersetorial focando, especialmente, o grupo de risco identificado.

A identificação dos horários mais críticos, coincidentes com os períodos de pico de trânsito na cidade, bem como das áreas que formaram regiões espaciais significativas, poderá servir de base para a implementação de ações educativas nos locais de maior relevância e voltadas para o público mais vulnerável, aumentando, assim, a eficiência dessas ações.

A análise espacial dos acidentes de trânsito urbano, realizada de forma inédita no município do Recife, proporciona ao SAMU a possibilidade de utilizar os resultados encontrados neste trabalho para planejar a redistribuição de suas unidades descentralizadas, com o intuito de agilizar e aprimorar seu atendimento.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Recife e ao SAMU do Recife, que possibilitaram na realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS

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  • Fonte de financiamento: nenhuma

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2017

Histórico

  • Recebido
    04 Jan 2017
  • Aceito
    22 Jun 2017
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br