Incidência e fatores preditores de quedas de idosos hospitalizados

Hellen Cristina de Almeida Abreu Annelita Almeida Oliveira Reiners Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo Ageo Mário Cândido da Silva Débora Regina de Oliveira Moura Abreu Adriana Delmondes de Oliveira Sobre os autores

Resumo

OBJETIVO

Estimar a incidência e fatores preditores de quedas de idosos hospitalizados.

MÉTODOS

Estudo de coorte prospectivo realizado em unidades de clínica médica de três hospitais de Cuiabá, MT, no período de março a agosto de 2013. Foram acompanhadas 221 pessoas com 60 anos ou mais internadas até a alta, óbito ou queda. Para o cálculo das taxas de incidência utilizou-se o método de densidade de incidência. Realizou-se análise bivariada pelo teste do Qui-quadrado e múltipla por meio de regressão Cox.

RESULTADOS

A incidência de quedas foi 12,6 por mil pacientes/dia. Os fatores preditores para quedas durante a internação foram baixa escolaridade (RR = 2,48; IC95% 1,17;5,25), polifarmácia (RR = 4,42; IC95% 1,77;11,05), presença de disfunção visual (RR = 2,06; IC95% 1,01;4,23) e de marcha e equilíbrio (RR = 2,95; IC95% 1,22;7,14), incontinência urinária (RR = 5,67; IC95% 2,58;12,44) e uso de laxativos (RR = 4,21; IC95% 1,15;15,39) e antipsicóticos (RR = 4,10; IC95% 1,38;12,13).

CONCLUSÕES

A incidência de quedas dos idosos hospitalizados é alta. Os fatores preditores encontrados foram baixa escolaridade, polimedicação, presença de disfunção visual, de marcha e equilíbrio, incontinência urinária e uso de laxativos e antipsicóticos. São necessárias medidas de prevenção de quedas nos hospitais a fim de reduzir a incidência desse evento.

Idoso; Acidentes por Quedas; Fatores de Risco; Estudos de Coortes


INTRODUÇÃO

Quedas em idosos podem acontecer em diversas situações e ambientes, como em domicílios, espaços públicos e instituições. Em geral, idosos institucionalizados, tanto em hospital quanto em instituição de longa permanência, caem com maior frequência do que aqueles que vivem na comunidade. A cada ano, aproximadamente 30,0% a 50,0% das pessoas que vivem em instituições sofrem quedas e cerca de 40,0% delas experimentam quedas recorrentes.1212 Gonçalves LG, Vieira ST, Siqueira FV, Hallal PC. Prevalência de quedas em idosos asilados do município de Rio Grande, Brasil. Rev Saude Publica. 2008;42(5):938-45. DOI:10.1590/S0034-89102008000500021,2121 Stevens JA, Corso PS, Finkelstein EA, Miller TR. The costs of fatal and non-fatal falls among older adults. Inj Prev. 2006;12(5):290-5. DOI:10.1136/ip.2005.011015 Nos hospitais, a incidência de quedas em pessoas de 60 anos ou mais varia entre três a sete quedas por 1.000 pacientes/dia6Chen XL, Liu YH, Chan DK, Shen Q, Van Nguyen H. Characteristics associated with falls among the elderly within aged care wards in a tertiary hospital: a retrospective. Chin Med J (Engl). 2010;123(13):1668-72.,7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x e está relacionada a fatores intrínsecos ao paciente, tais como idade avançada, déficit de equilíbrio e marcha, incontinência urinária, estado cognitivo comprometido e outros.5Chen X, Van Nguyen H, Shen Q, Chan DK. Characteristics associated with recurrent falls among the elderly within aged-care wards in a tertiary hospital: the effect of cognitive impairment. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(2):e183-6. DOI:10.1016/j.archger.2010.08.012,7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x Os fatores extrínsecos são representados por algumas condições do ambiente hospitalar e situações referentes à atenção à saúde pela equipe médico-hospitalar, como uso de medicamentos hipnóticos, ansiolíticos e antiparkinsonianos, entre outros.1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000,2020 Shuto H, Imakyure O, Matsumoto J, Egawa T, Jiang Y, Hirakawa M, et al. Medication use as a risk factor for inpatient falls in an acute care hospital: a case-crossover study. Br J Clin Pharmacol. 2010;69(5):535-42. DOI:10.1111/j.1365-2125.2010.03613.x

As quedas podem causar fraturas, lesões de tecidos moles, hematomas, lacerações e morte.6Chen XL, Liu YH, Chan DK, Shen Q, Van Nguyen H. Characteristics associated with falls among the elderly within aged care wards in a tertiary hospital: a retrospective. Chin Med J (Engl). 2010;123(13):1668-72.,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x Além dos danos físicos, os cuidadores e familiares próximos a esses idosos apresentam maiores prevalências de transtornos psicoemocionais.1414 Hill KD, Vu M, Walsh W. Falls in the acute hospital setting: impact on resource utilisation. Aust Health Rev. 2007;31(3):471-7. DOI:10.1071/AH070471,1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000 Os acidentes por quedas em hospitais também causam prejuízo às próprias instituições por estarem associadas com aumento do período de internação e maior utilização de recursos de saúde. Como exemplo, no ano de 2007 o custo médio para tratar as consequências da queda de um idoso durante a internação em um hospital nos Estados Unidos foi 29.363 dólares.2424 Woolcott JC, Khan KM, Mitrovic S, Anis AH, Marra CA. The cost of fall related presentations to the ED: a prospective, in-person, patient-tracking analysis of health resource utilization. Osteoporos Int. 2012;23(5):1513-9. DOI:10.1007/s00198-011-1764-1 Não existem dados sobre esses custos no Brasil.

Estudos sobre quedas em hospitais investigaram principalmente as características dos pacientes e das quedas.1Abreu C, Mendes A, Monteiro J, Santos FR. Quedas em meio hospitalar: um estudo longitudinal. Rev Latino-Am Enfermagem. 2012;20(3):597-603. DOI:10.1590/S0104-11692012000300023,1818 Paiva MCMS, Paiva SAR, Berti HW, Campana AO. Caracterização das quedas de pacientes segundo notificação em boletins de eventos adversos. Rev Esc Enferm USP. 2010;44(1):134-8. DOI:10.1590/S0080-62342010000100019 Estudos sobre quedas de idosos hospitalizados pesquisaram sobretudo os fatores associados.5Chen X, Van Nguyen H, Shen Q, Chan DK. Characteristics associated with recurrent falls among the elderly within aged-care wards in a tertiary hospital: the effect of cognitive impairment. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(2):e183-6. DOI:10.1016/j.archger.2010.08.012,6Chen XL, Liu YH, Chan DK, Shen Q, Van Nguyen H. Characteristics associated with falls among the elderly within aged care wards in a tertiary hospital: a retrospective. Chin Med J (Engl). 2010;123(13):1668-72.,1313 Härlein J, Halfens RJ, Dassen T, Lahmann NA. Falls in older hospital inpatients and the effect of cognitive impairment: a secondary analysis of prevalence studies. J Clin Nurs. 2011;20(1-2):175-83. DOI:10.1111/j.1365-2702.2010.03460.x,1414 Hill KD, Vu M, Walsh W. Falls in the acute hospital setting: impact on resource utilisation. Aust Health Rev. 2007;31(3):471-7. DOI:10.1071/AH070471,1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000,2020 Shuto H, Imakyure O, Matsumoto J, Egawa T, Jiang Y, Hirakawa M, et al. Medication use as a risk factor for inpatient falls in an acute care hospital: a case-crossover study. Br J Clin Pharmacol. 2010;69(5):535-42. DOI:10.1111/j.1365-2125.2010.03613.x Poucas são as pesquisas que determinaram a incidência e os fatores associados às quedas de idosos hospitalizados e utilizaram estudos de seguimento de coorte.7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x Desenhos desse tipo podem trazer maior compreensão dos fatores preditores das quedas do que a maioria dos estudos observacionais.

O objetivo deste estudo foi estimar a incidência e fatores preditores de quedas em idosos hospitalizados.

MÉTODOS

Estudo de coorte prospectivo concorrente foi conduzido no período de março a agosto de 2013, em três hospitais gerais, de grande porte, conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Cuiabá, MT. Esses hospitais foram selecionados por possuírem unidades de clínica médica nas quais havia maior número de internações de idosos e o tempo de internação geralmente é mais longo quando comparado a outras unidades hospitalares.

Os participantes foram todos os pacientes, com idade de 60 anos ou mais, admitidos no período do estudo nos 98 leitos das clínicas médicas. Nesse período foram internados 224 idosos. Após aplicação do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM),4Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuro Psiquiatr. 2003;61(3B):777-81. DOI:10.1590/S0004-282X2003000500014 três idosos foram excluídos do estudo por apresentarem capacidade mental comprometida e por não terem um acompanhante para responder em seu lugar. Foram realizadas visitas diárias aos três hospitais para verificação das admissões dos pacientes com idade de 60 anos ou mais nas últimas 24h. Esse foi considerado o ponto de partida para o seguimento da coorte. Os dados sobre o paciente foram obtidos nos prontuários, por entrevista e aplicação de testes para o estado cognitivo, visão, equilíbrio e marcha e audição com uso de escalas.

Para avaliação das variáveis de exposição, utilizou-se questionário que contemplava informações sociodemográficas: sexo (feminino; masculino), idade (categorizada em anos, posteriormente recategorizada em faixas etárias), escolaridade (analfabeto; um ano de estudo ou mais), renda do idoso (em salários mínimos) e estado conjugal (casado; viúvo/solteiro/divorciado). Além disso, dados sobre as condições de saúde: história de quedas (sim; não), número de morbidades (apenas uma; duas ou mais), tipo de morbidade, quantidade de medicamentos usados (um a seis; sete ou mais), tipo de medicamentos, uso de prótese ou órtese (sim; não). Também foram avaliados: acuidade auditiva dos participantes pelo teste do sussurro (Whisper)1616 Macphee GJ, Crowther JA, McAlpine CH. A simple screening test for hearing impairment in elderly patients. Age Ageing. 1988;17(5):347-51. DOI:10.1093/ageing/17.5.347 (com disfunção; sem disfunção), acuidade visual pelo Cartão de Jaeger1717 Mangione CM, Phillip RS, Seddon JM, Lawrence MG, Cook EF, Dailey R, et al. Development of the “Activities of Daily Vision Scale”: a measure of visual functional status. Med Care. 1992;30(12):1111-26. (com disfunção; sem disfunção), distúrbio de marcha e equilíbrio utilizando a Escala de marcha e equilíbrio de Tinetti2323 Tinetti ME. Performace- oriented assessment of mobility problems in elderly patients. J Am Geriatr Soc. 1986;34(2):119-26. (com disfunção; sem disfunção), e capacidade mental pelo MEEM4Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuro Psiquiatr. 2003;61(3B):777-81. DOI:10.1590/S0004-282X2003000500014 (comprometida; não comprometida).

Os idosos foram diariamente visitados e questionados sobre a ocorrência de queda (desfecho). Neste estudo, a queda foi considerada como o evento referido pelo idoso ou acompanhante a partir da seguinte pergunta: O(a) sr(a) sofreu algum tipo de queda hoje? Nos casos em que a resposta foi positiva, realizou-se nova entrevista com questões sobre as características e consequências das quedas ocorridas.

Os dados coletados foram digitados com dupla entrada no programa EpiInfo 2000 versão 3.5.2 e os erros de digitação foram corrigidos por meio do aplicativoData Compare do mesmo programa. Posteriormente, foi realizada análise descritiva, bivariada e múltipla utilizando-se oStatistical Package for Social Sciences 18.0 (SPSS). Para medir as razões de taxa de incidência entre expostos e não expostos à queda, optou-se pelo método de densidade de incidência, no qual é calculado o número de pessoas/dia de exposição a partir do momento em que ocorreu (ou não) a queda (falha). O período de observação de cada indivíduo foi calculado levando-se em conta a data de início da internação, estendendo-se até a data de ocorrência da queda, alta ou óbito. Os indivíduos que não sofreram queda durante o período de segmento foram classificados como censurados. O tempo até a ocorrência da queda foi analisado pelo método de Kaplan-Meier que estima a função e curva de sobrevida.

Realizou-se análise múltipla pelo modelo de Cox, obtendo-se a razão de “hazards” na análise bivariada e multivariada para as variáveis com proporcionalidade dos riscos ao longo do tempo. Utilizou-se o método de retirada progressiva das variáveis (stepwise backward) passo a passo, com base em um conjunto inicial de variáveis. O conjunto inicial foi composto pelas variáveis que, individualmente, apresentaram α < 0,20. Consideraram-se como associações estatisticamente significantes aquelas que apresentaram α < 0,05.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller (Protocolo 206.880/2013 aprovado em 27 de fevereiro de 2013). Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

Os resultados da análise de sobrevida (tábua de vida) estão apresentados na Tabela 1. A incidência de quedas foi 12,6 por 1.000 pacientes/dia. A sobrevida global obtida pela estimativa de Kaplan-Meier foi 64,0% ao final do período de estudo, enquanto que entre sete e 14 dias a sobrevida estimada foi 82,0%. Ao final do seguimento, 35 pacientes (15,8%) sofreram quedas.

Tabela 1
Tábua de vida para tempo até a ocorrência das quedas de idosos hospitalizados. Cuiabá, MT, 2013. (N = 221)

Na análise bivariada das variáveis sociodemográficas (Tabela 2), apenas a variável escolaridade baixa (analfabeto) apresentou associação estatisticamente significante (RR = 2,03; IC95% 1,05;3,93).

Tabela 2
Distribuição dos idosos hospitalizados que sofreram quedas por densidade de incidência de tempo de internação segundo variáveis sociodemográficas. Cuiabá, MT, 2013.

As Tabelas 3 e 4 contemplam a análise bivariada das variáveis de condições de saúde. A Tabela 3 mostra as variáveis que se mantiveram associadas como preditoras de queda, número de morbidades (duas ou mais) (RR = 3,70; IC95% 1,54;8,88), incontinência urinária (RR = 6,80; IC95% 3,38;13,64), declínio do estado cognitivo (RR = 3,21; IC95% 1,63;6,35), alteração de equilíbrio e marcha (RR = 5,30; IC95% 2,32;12,09), disfunção visual (RR = 1,92; IC95% 1,00;3,71), uso de prótese e/ou órteses (RR = 4,09; IC95% 1,92;8,69). Além disso, a presença de hipertensão (RR = 3,11; IC95% 0,75;12,9) e diabetes (RR = 1,86; IC95% 0,96;3,60) apresentou associações estatísticas limítrofes, com p-valores próximos a 0,05.

Tabela 3
Distribuição dos idosos hospitalizados que sofreram quedas por densidade de incidência de tempo de internação segundo variáveis de condições de saúde. Cuiabá, MT, 2013.

Na análise bivariada sobre uso de medicamentos e queda as variáveis associadas à queda foram uso de sete ou mais medicamentos (RR = 3,19; IC95% 1,33;7,65), uso de hipoglicemiantes (RR = 2,22; IC95% 1,12;4,40), uso de ansiolíticos (RR= 4,36; IC95% 1,84;10,30) e uso de antipsicóticos (RR = 3,51; IC95% 1,38;8,89). Os anti-hipertensivos (RR = 2,74; IC95% 0,66;11,41), laxativos (RR = 3,16; IC95% 0,99;10,12) e anticonvulsivantes (RR = 3,16; IC95% 0,99;10,12) apresentaram associações estatísticas limítrofes (Tabela 4).

Tabela 4
Distribuição dos idosos hospitalizados que sofreram quedas por densidade de incidência de tempo de internação segundo variáveis de medicação. Cuiabá, MT, 2013.

No modelo final da regressão multivariada de Cox (Tabela 5), as variáveis preditoras de quedas foram analfabetismo (RR = 2,48; IC95% 1,17;5,25), uso de sete ou mais medicamentos (RR = 4,42; IC95% 1,77;11,05), disfunção da acuidade visual (RR = 2,06; IC95% 1,01;4,23), e da marcha e equilíbrio (RR = 2,95; IC95% 1,22;7,14), presença de incontinência urinaria (RR = 5,67; IC95% 2,58;12,44), uso de laxativos (RR = 4,21; IC95% 1,15;15,39) e uso de antipsicóticos (RR = 4,10; IC95% 1,38;12,13).

Tabela 5
Regressão dos riscos proporcionais de Cox para a incidência de quedas de idosos hospitalizados. Cuiabá, MT, 2013.

DISCUSSÃO

A incidência de quedas de 12,6 por 1.000 pacientes/dia (sobrevida global = 42,0%) encontrada neste estudo foi expressivamente maior que a de estudos anteriores.7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x Em estudo longitudinal prospectivo realizado com 620 idosos de 70 anos ou mais hospitalizados em Turim (Itália), acompanhados durante um ano, foi observada a incidência de 6,0 quedas por 1.000 pacientes/dia.7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004 Em uma coorte com 2.973 mil idosos de 65 anos ou mais internados em um hospital do Japão e acompanhados durante dois anos, a incidência foi 3,8 quedas por 1.000 pacientes/dia.2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x Essa diferença se deve provavelmente ao contexto em que as quedas ocorreram. Nos hospitais pesquisados neste estudo, as medidas de prevenção de quedas de pacientes ainda são baseadas na observação e no julgamento dos profissionais que os assistem. Estratégias de prevenção de quedas de pacientes hospitalizados necessitam ser baseadas em programas estabelecidos, utilizando protocolos validados que identifiquem as pessoas em risco e implementem ações de redução do risco. Atualmente, evidências indicam que intervenções multifatoriais reduzem tanto as taxas de quedas de idosos nos hospitais quanto na comunidade.1515 Karlsson MK, Vonschewelov T, Karlsson C, Cöster M, Rosengen BE. Prevention of falls in the elderly: a review. Scand J Public Health. 2013;41(5):442-54. DOI:10.1177/1403494813483215

Neste estudo, a baixa escolaridade esteve associada à queda. Uma possível explicação é que idosos com baixos níveis de instrução percebem e se preocupam menos com cuidados de saúde, além de terem menor capacidade de envolvimento na recuperação da saúde, o que acaba aumentando o risco de quedas.2525 World Health Organization. Injuries and violence: the facts. Geneva; 2010. Adicionalmente, estudos indicam que o nível educacional influencia a percepção espacial dos idosos de modo que, ao executar tarefas de busca visual, indivíduos com baixo nível educacional necessitam de mais tempo, cometem mais erros e alcançam menos alvos quando comparados a indivíduos com maior escolaridade.8Custódio EB, Malaquias Júnior J, Voos MC. Relação entre cognição (função executiva e percepção espacial) e equilíbrio de idosos de baixa escolaridade. Fisioter Pesq. 2010;17(1):46-51. DOI:10.1590/S1809-29502010000100009

A associação da disfunção visual com o risco de quedas é compatível com os resultados de alguns estudos que mostram que idosos hospitalizados com menor acuidade visual caem mais.5Chen X, Van Nguyen H, Shen Q, Chan DK. Characteristics associated with recurrent falls among the elderly within aged-care wards in a tertiary hospital: the effect of cognitive impairment. Arch Gerontol Geriatr. 2011;53(2):e183-6. DOI:10.1016/j.archger.2010.08.012

Chen XL, Liu YH, Chan DK, Shen Q, Van Nguyen H. Characteristics associated with falls among the elderly within aged care wards in a tertiary hospital: a retrospective. Chin Med J (Engl). 2010;123(13):1668-72.
-7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004,2222 Tanaka B, Sakuma M, Ohtani M, Toshiro J, Matsumura T, Morimoto T. Incidence and risk factors of hospital falls on long-term care wards in Japan.J Eval Clin Pract. 2012;18(3):572-7. DOI:10.1111/j.1365-2753.2010.01629.x As alterações nos olhos decorrentes do processo de envelhecimento incluem além de perda gradativa da acuidade visual, diminuição da visão periférica, da acomodação visual e da percepção de profundidade, lentidão no processamento de informações visuais, e dificuldades para escanear uma área. Uma vez que o sistema visual exerce importante papel no controle postural, suas disfunções podem prejudicar a manutenção do equilíbrio.3Boutin T, Kergoat MJ, Latour J, Massoud F, Kergoat H. Vision in the global evaluation of older individuals hospitalized following a fall. J Am Med Dir Assoc. 2012;13(2):187.e15-9. DOI:10.1016/j.jamda.2011.04.003

Neste estudo, piores condições de equilíbrio e marcha foi variável preditora para quedas. Fatores relacionados com a mobilidade prejudicada têm sido identificados como sendo associados a maior risco de quedas em idosos hospitalizados.6Chen XL, Liu YH, Chan DK, Shen Q, Van Nguyen H. Characteristics associated with falls among the elderly within aged care wards in a tertiary hospital: a retrospective. Chin Med J (Engl). 2010;123(13):1668-72.,7Corsinovi L, Bo M, Ricauda Aimonino N, Marinello R, Gariglio F, Marchetto C, Gastaldi L, et al. Predictors of falls and hospitalization out comes in elderly patients admitted to an acute geriatric unit. Arch Gerontol Geriatr. 2009;49(1):142-5. DOI:10.1016/j.archger.2008.06.004 O envelhecimento é caracterizado por gradual declínio motor e diminuição da força muscular, afetando a capacidade laboral, a atividade motora e a adaptabilidade ao ambiente, o que contribui para a ocorrência de quedas.1111 Gomes GAO, Cintra FA, Batista FS, Neri AL, Guariento ME, Sousa MLR, et al. Elderly outpatient profile and predictors of falls. Sao Paulo Med J. 2013;131(1):13-8. DOI:10.1590/S1516-31802013000100003

A incontinência urinária destacou-se como principal fator associado às quedas dos idosos hospitalizados. Essa condição acomete metade dos idosos que vivem em instituições de longa permanência ou em pacientes hospitalizados.9Damián J, Pastor-Barriuso R, Valderrama-Gama E, Pedro-Cuesta J. Factors associated with falls among older adults living in institutions.BMC Geriatrics. 2013;13:6. DOI:10.1186/1471-2318-13-6 Alguns estudos chegam a classificar a incontinência urinária e a queda como “Gigantes da Geriatria”, ou seja, morbidades importantes no desencadeamento de diferentes processos patológicos em idosos.1010 Foley AL, Loharuka S, Barrett JA, Mathews R, Williams K, McGrother CW, et al. Association between the Geriatric Giants of urinary incontinence and falls in older people using data from the Leicestershire MRC Incontinence Study.Age Ageing. 2012;41(1):35-40. DOI:10.1093/ageing/afr125Acredita-se que a incontinência urinária contribua para maior risco de quedas dos idosos pelo fato de estes pacientes terem necessidade de levantar mais vezes para ir ao banheiro.2525 World Health Organization. Injuries and violence: the facts. Geneva; 2010.

O uso de polimedicação mostrou-se associado à ocorrência de queda. Semelhante a esse achado, alguns estudos encontraram associações entre utilização de medicamentos e ocorrência de quedas e quedas recorrentes.1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000,2020 Shuto H, Imakyure O, Matsumoto J, Egawa T, Jiang Y, Hirakawa M, et al. Medication use as a risk factor for inpatient falls in an acute care hospital: a case-crossover study. Br J Clin Pharmacol. 2010;69(5):535-42. DOI:10.1111/j.1365-2125.2010.03613.x A polifarmácia em idosos pode causar mais quedas pois aumenta a incidência de efeitos colaterais e interações medicamentosas.1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000

Em relação aos tratamentos farmacológicos específicos, os medicamentos associados às quedas foram os antipsicóticos e laxantes. Antipsicóticos levam a maior ocorrência de sonolência, alteração na marcha, tonturas e perda de consciência e, consequentemente, maior risco de queda.1919 Rhalimi M, Helou R, Jaecker P. Medication use and increased risk of falls in hospitalized elderly patients: a retrospective, case-control study.Drugs Aging. 2009;26(10):847-52. DOI:10.2165/11317610-000000000-00000,2020 Shuto H, Imakyure O, Matsumoto J, Egawa T, Jiang Y, Hirakawa M, et al. Medication use as a risk factor for inpatient falls in an acute care hospital: a case-crossover study. Br J Clin Pharmacol. 2010;69(5):535-42. DOI:10.1111/j.1365-2125.2010.03613.x Quanto aos laxantes, o uso desses medicamentos faz com que o idoso se levante diversas vezes para ir ao banheiro, muitas vezes sem auxílio, o que contribui para maior ocorrência de quedas. Em estudo de revisão sistemática, foi observado que idosos com idade mais avançada fazem maior uso de laxantes, são mais confinados ao leito e têm maior prevalência de doenças que predispõem à queda como Mal de Parkinson.2Bloch F, Thibaud M, Dugué B, Brèque C, Rigaud AS, Kemoun G. Laxatives as a risk factor for iatrogenic falls in elderly subjects: myth or reality? Drugs Aging. 2010;27(11):895-901. DOI:10.2165/11584280-000000000-00000

O desenho epidemiológico deste estudo tem maior validade e precisão que estudos observacionais, pois avalia as exposições no momento em que acontecem, não tendo de recorrer à memória dos indivíduos. Ademais, o desenho permite a aferição dos riscos sem a influência da presença do evento, no caso, a ocorrência de queda.

Por outro lado, estudos de coorte podem apresentar como limitação a perda de participantes ao longo do seguimento, especialmente em estudos de base populacional. Contudo, como o presente estudo foi de base hospitalar e o acompanhamento foi realizado pela pesquisadora principal, tais perdas foram minimizadas.

A pergunta realizada diariamente para verificar a ocorrência de quedas dos idosos poderia levar o idoso a referir qualquer evento semelhante à queda como “queda”, mesmo que ela não tivesse ocorrido. Contudo, a realização de entrevista complementar sobre as características e consequências das quedas permitiu a validação da ocorrência desse evento como definido pela literatura.

Este estudo mostrou dados epidemiológicos importantes sobre quedas de idosos internados nos hospitais, indicando seus principais fatores preditores. Enfatizamos que não foram investigadas as causas diretas ou indiretas no ambiente hospitalar que levaram às quedas dos idosos internados.

A incidência de quedas de idosos hospitalizados é alta. Baixa escolaridade, polimedicação, presença de disfunção visual, de marcha e equilíbrio, incontinência urinária e uso de laxativos e antipsicóticos foram associados à ocorrência de quedas. Esses resultados reforçam a necessidade de mais investigações sobre quedas de idosos em ambientes hospitalares e medidas de prevenção de quedas que envolvam diversos profissionais da assistência à saúde, gestores e familiares.

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  • Estudo financiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES/MEC (bolsa REUNI para Abreu HCA) e pelo Programa de Iniciação Científica do CNPq (Bolsa para Oliveira AD).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2014
  • Aceito
    18 Ago 2014

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Rita de Cássia Barradas Barata Sobre o autor

Diariamente, nos hospitais, um número considerável de pessoas com 60 anos ou mais sofre quedas. As consequências dessas quedas incluem fraturas, lesões de tecidos moles, hematomas, lacerações e morte. Elas também causam prejuízos aos cuidadores e familiares e às próprias instituições por estarem associadas com aumento do período de internação e maior utilização de recursos de saúde.

Neste estudo, a incidência de quedas foi de 12,6 por mil pacientes/dia.

Os fatores preditores para quedas dos idosos durante a internação foram: baixa escolaridade, polifarmácia, presença de disfunção visual e de marcha e equilíbrio, incontinência urinária e uso de laxativos e antipsicóticos.

Os resultados deste estudo evidenciam a necessidade de esforços dirigidos à prevenção de quedas de pessoas hospitalizadas com 60 anos ou mais. Eles podem servir de base para a elaboração de intervenções abrangentes e integradas para identificação e redução dos riscos de quedas nos hospitais, bem como para o planejamento e avaliação de serviços de saúde.

Rita de Cássia Barradas Barata
Editora Científica

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br