Qualidade de vida e adesão ao tratamento em hipertensão: revisão sistemática com metanálise

Ana Célia Caetano de Souza José Wicto Pereira Borges Thereza Maria Magalhães Moreira Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Verificar os efeitos do tratamento anti-hipertensivo (farmacológico e não-farmacológico) na qualidade de vida relacionada à saúde de pessoas com hipertensão arterial.

MÉTODOS

Foi conduzida revisão sistemática com metanálise utilizando as bases de dados IBECS, Lilacs, SciELO, Medline, Cochrane, Science Direct, Scopus e o banco de teses da Capes. A análise estatística foi realizada pelo Review Manager versão 5.2. Foi utilizada a diferença da média na sumarização do efeito metanalítico pelo modelo de efeito fixo. Vinte estudos foram incluídos.

RESULTADOS

A sumarização do efeito mostrou incremento de 2,45 pontos na média (IC95% 1,02–3,87; p < 0,0008) da qualidade de vida em pessoas com adesão ao tratamento não farmacológico para hipertensão arterial. A adesão ao tratamento farmacológico indicou aumento de 9,24 pontos na média (IC95% 8,16–10,33; p < 0,00001) da qualidade de vida em pessoas com hipertensão arterial.

CONCLUSÕES

O tratamento não-farmacológico melhora a qualidade de vida global e o domínio físico de pessoas com hipertensão arterial. A adesão ao tratamento farmacológico impacta positivamente nos domínios mental, físico e escore total da qualidade de vida.

Hipertensão, Quimioterapia; Anti-Hipertensivos, uso terapêutico; Adesão à Medicação; Qualidade de Vida; Metanálise

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são um problema de saúde pública mundial, acometendo parcela significativa da população99. Colantonio LD, Baldridge AS, Huffman MD, Bloomfield GS, Prabhakaran D. Publicações de pesquisas cardiovasculares da América Latina entre 1999 e 2008: um estudo bibliométrico. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):5-14. DOI:10.5935/abc.20140213
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,1616. King HC, Xu J. Hypertension-related mortality in the United States, 2000-2013. NCHS Data Brief. 2015;(193):1-8.,3333. Tao L, Pu C, Shen S, Fang H, Wang X, Xuan Q et al. Tendency for age-specific mortality with hypertension in the European Union from 1980 to 2011. Int J Clin Exp Med. 2015;8(2):1611-23.. No Brasil, ocorre aumento da mortalidade populacional pelas doenças cardiovasculares e, dentre elas, a hipertensão arterial sistêmica (HAS), cuja prevalência estimada é de 35,0% na população acima de 40 anos2525. Ribeiro AG, Cotta RMM, Ribeiro SMR. A promoção da saúde e a prevenção integrada dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Cienc Saude Coletiva. 2012;17(1):7-17. DOI:10.1590/S1413-81232012000100002
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. Nos Estados Unidos, o número de mortes associadas à HAS teve incremento de 61,8% do ano 2000 para 20131616. King HC, Xu J. Hypertension-related mortality in the United States, 2000-2013. NCHS Data Brief. 2015;(193):1-8..

Os impactos epidemiológicos da HAS são inegáveis e abrem espaço para outras discussões no âmbito dos cuidados em saúde. Recentes evidências sugerem que a HAS contribui para reduzir a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) dos pacientes, quando comparada com a de indivíduos normotensos3535. Trevisol DJ, Moreira LB, Kerkhoff A, Fuchs SC, Fuchs FD. Health-related quality of life and hypertension: a systematic review and meta-analysis of observational studies. J Hypertens. 2011;29(2):179-88. DOI:10.1097/HJH.0b013e328340d76f
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. A qualidade de vida de pessoas com HAS é afetada por diversos fatores, dentre eles os ligados à própria existência da enfermidade e seu caráter crônico-degenerativo, à descoberta da doença, aos déficits nos aspectos físico, emocional e social, bem como aqueles relacionados à terapia medicamentosa55. Brito DMS, Araújo TL, Galvão MTG, Moreira TMM, Lopes MVO. Qualidade de vida e percepção da doença entre portadores de hipertensão arterial. Cad Saude Publica. 2008;24(4):933-40. DOI:10.1590/S0102-311X2008000400025
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,66. Chin YR, Lee IS, Lee HY. Effects of hypertension, diabetes, and/or cardiovascular disease on health-related quality of life in elderly Korean individuals: a population-based cross-sectional survey. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2014;8(4):267-73. DOI:10.1016/j.anr.2014.10.002
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. No entanto, estudos mostram que anti-hipertensivos aumentam significativamente o controle da pressão sanguínea, melhoram simultaneamente a QVRS dos pacientes3131. Silva PM, Haag U, Guest JF, Brazier JE, Soro M. Health-related quality of life impact of a triple combination of olmesartan medoxomil, amlodipine besylate and hydrochlorotiazide in subjects with hypertension. Health Qual Life Outcomes. 2015;13(1):24. DOI:10.1186/s12955-015-0216-6
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,3737. Zyoud Sa’ed, Al-Jabi SW, Sweileh WM, Widali AH, Saleem HM, Aysa HA et al. Health-related quality of life associated with treatment adherence in patients with Hypertension: a cross-sectional-Study. Int J Cardiol. 2013;168(3):2981-3. DOI:10.1016/j.ijcard.2013.04.105
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e diminuem a ocorrência de complicações decorrentes da hipertensão.

Pode-se prever que pacientes, ao aderir ao seu regime de tratamento tanto farmacológico como não farmacológico, deve experimentar melhorias na QVRS. Estudo realizado na Espanha mostrou que a adesão ao tratamento farmacológico melhora a qualidade de vida1919. López LF, Llamas LG, Villaplana JMG, Reventos DE et al. Programa de intervención mixta sobre el cumplimiento y calidad de vida en pacientes hipertensos. Rev Soc Esp Enferm Nefrol. 2007;10(2):79-85.. Estudo americano encontrou baixos escores de qualidade de vida física e mental em idosos que não aderem ao tratamento farmacológico1515. Holt EW, Muntner P, Joyce CJ, Webber L, Krousel-Wood MA. Health-related quality of life and antihypertensive medication adherence among older adults. Age Ageing. 2010;39(4):481-7. DOI:10.1093/ageing/afq040
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. Por outro lado, estudos realizados no Paquistão concluíram que a fraca correlação encontrada entre adesão ao tratamento da hipertensão e QVRS indica falta de relação aparente entre elas, indicando que outros fatores são responsáveis por afetar a QVRS durante o curso do tratamento2727. Saleem F, Hassali MA, Shafie AA, Awad GA, Atif A, ul Haq N et al. Does treatment adherence correlates with health related quality of life? Findings from a cross sectional study. BMC Public Health. 2012;12(1):318. DOI:10.1186/1471-2458-12-318
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,2828. Saleem F, Hassali MA, Shafie AA, Ul Haq N, Farooqui M, Aljadhay H et al. Pharmacist intervention in improving hypertension-related knowledge, treatment medication adherence and health-related quality of life: a non-clinical randomized controlled trial. Health Expect. 2013;18(5):1270-81. DOI:10.1111/hex.12101
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.

Os estudos individuais trazem controvérsias quanto à presença e magnitude do impacto do tratamento e da adesão na QVRS de pessoas com HAS. Neste sentido, o presente estudo permitirá aprofundar o conhecimento sobre a associação existente entre qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas com hipertensão, elucidando o efeito da adesão na QVRS desses pacientes, dado ainda lacunoso na literatura mundial. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da adesão ao tratamento anti-hipertensivo (farmacológico e não-farmacológico) na QVRS de pessoas com hipertensão arterial.

MÉTODOS

Foi realizada revisão sistemática da literatura com metanálise, seguindo as recomendações Cochrane1414. Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handook for systematic reviews of interventions: version 5.1.0 [updated March 2011. London: Cochrane Training; 2011 [citado 2014 nov 6]. Disponível em: http://handbook.cochrane.org/
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. Foram pesquisadas as bases de dados IBECS, Lilacs, SciELO, Medline, Cochrane, Science Direct, Scopus e, como representante da literatura cinza, utilizou-se o Banco de Teses da Capes e buscas manuais nas referências dos estudos selecionados. As buscas foram realizadas de janeiro a março de 2014, sem delimitação temporal das publicações.

A pergunta de pesquisa foi elaborada por meio da estratégia PICO: “Quais os efeitos da adesão ao tratamento anti-hipertensivo (farmacológico e não-farmacológico) na qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial?” A decisão de incluir a adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico em uma mesma metanálise se deu porque os descritores referentes à adesão ao tratamento incluem trabalhos dessas duas vertentes, sendo, portanto, comuns aos dois tipos de tratamento. Assim, foi mantido o foco na adesão ao tratamento e conservada a capacidade analítica da revisão, uma vez que a adesão agrega essas duas vertentes.

A expressão geral de busca utilizada foi (((((((hypertension[MeSH Terms]) OR blood pressure[MeSH Terms]) AND Patient Adherence[MeSH Terms]) OR Patient Cooperation) OR Medication Adherence[MeSH Terms]) OR Medication Compliance[MeSH Terms]) AND Quality of Life[MeSH Terms]). O termo Patient Cooperation foi utilizado como descritor não controlado. A expressão de busca sofreu adaptações requeridas pelas especificidades da cada base.

Os critérios de inclusão foram: estudos observacionais (coorte, caso controle) e ensaios clínicos randomizados; pessoas com HAS primária, acima de 18 anos; status de adesão ao tratamento; escore de qualidade de vida por instrumentos validados; idiomas: português, inglês e espanhol.

Foi utilizado o Protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses)1414. Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handook for systematic reviews of interventions: version 5.1.0 [updated March 2011. London: Cochrane Training; 2011 [citado 2014 nov 6]. Disponível em: http://handbook.cochrane.org/
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para relatar a seleção dos estudos. Inicialmente, dois pesquisadores independentes realizaram as buscas que identificaram os potenciais estudos primários. Nesse processo, os estudos passaram por três filtros para seleção e avaliação:

Primeiro filtro (seleção das publicações relevantes): O fluxo dos procedimentos e os números correspondentes ao processo de busca e seleção das pesquisas estão descritos na Figura 1. Até 30 de março de 2014, as buscas sistemáticas recuperaram 29.543 referências potencialmente relevantes nas oito bases de dados investigadas. A partir dos filtros das próprias bases, foram identificados e removidos 27.301 estudos diferentes do especificado nos critérios de inclusão. Desse total, foram excluídos 25.095 artigos da Science Direct e 2.206 artigos das sete outras bases, denotando relativa adequação da chave de busca nessas últimas.

Figura 1
Fluxograma de seleção dos estudos. Fortaleza, CE, 2015.

Diante do volume de publicações do Science Direct, foi utilizado filtro de refinamento da própria base de dados. O filtro utilizado foi o ‘topic’, que apresenta o conteúdo presente nos estudos. Para adotar uma margem de segurança nesse processo de refinamento de busca, delineou-se a seguinte estratégia: 1) ativação dos tópicos que não designavam o escopo da revisão sistemática: foram ativados os tópicos cancer, pulmonar hypertension, glaucoma, ocular hypertension, AIDS, animal, pain e heart failure. A cada tópico do filtro acionado, os revisores observaram a listagem dos artigos com o objetivo de detectar possíveis títulos de interesse. O único tópico que mostrou assuntos correlatos aos da revisão sistemática foi o heart failure. Feito este procedimento preliminar, passou-se para o seguinte; 2) ativação dos filtros dos tópicos que designavam o escopo da revisão sistemática: foram ativados os tópicos blood pressure, hypertension, treatment, health care e quality of life, sendo observada a listagem dos estudos a partir da ativação de cada tópico, o que permitiu confirmar a presença de títulos de interesse; 3) por fim, foram ativados todos os tópicos do segundo passo (blood pressure, hypertension, treatment, health care e quality of life) mais o tópico do primeiro passo, heart failure, que havia mostrado conter estudos de interesse para a revisão.

Assim, apesar dos filtros automáticos das bases de dados não serem considerados fidedignos para a exclusão de estudos, pois estão fora do controle dos revisores, o procedimento adotado permitiu clareza do conteúdo dos tópicos e sua relação com o escopo da revisão sistemática, direcionando a escolha dos filtros, aplicados de forma segura. Esses procedimentos permitiram a exclusão de grande número de referências (25.095 artigos).

Em seguida, foram encaminhados para avaliação por título e resumo 2.243 estudos. Destes, 2.215 foram excluídos no processo de triagem (Figura 1). Essa etapa visou a descartar artigos irrelevantes. Cada pesquisador chegou a uma lista de estudos primários. Compararam-se as duas listas, chegando a uma única lista. Nessa fase, também foram incluídos artigos que geraram discordância na inclusão ou exclusão.

Foram lidos 28 estudos elegíveis na íntegra, dos quais 10 foram excluídos. Os 18 estudos selecionados foram novamente lidos e tiveram suas referências examinadas manualmente pelos pesquisadores. Deste processo, foram identificados dois estudos, que se somaram aos anteriormente selecionados, resultando em 20 estudos incluídos (Tabela). O principal motivo de exclusão dos estudos na revisão foi não trazer em seu bojo as duas variáveis (adesão ao tratamento e qualidade de vida) associadas.

Tabela
Caracterização dos estudos sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas hipertensas. Fortaleza, CE, 2015.

Os estudos selecionados tiveram suas listas de referências examinadas. Os títulos identificados como vinculados à pergunta de partida tiveram seus resumos recuperados e analisados. Daqueles em que foi confirmada a vinculação do artigo com a pergunta de partida buscou-se o texto completo, confrontando-o com os critérios de inclusão e exclusão, para sua inclusão na revisão sistemática.

Segundo filtro (seleção das publicações a partir dos critérios de qualidade): fez-se o exame acurado de todos os estudos selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão pelos dois pesquisadores, com a finalidade de confirmar os estudos incluídos. Para a avaliação da qualidade dos estudos, utilizamos o instrumento Newcastle-Ottawa ScaleaaWells G, Shea B, O’Connell J, Robertson J, Peterson V, Welch V et al. The Newcastle-Ottawa scale (NOS) for assessing the quality of nonrandomised studies in meta-analysis. 2011 [citado 2013 abr 13]. Disponível em: http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxfordasp .

Nessa etapa, dois pesquisadores independentes avaliaram os estudos selecionados no primeiro filtro. Após avaliação foi realizado o consenso. Dados divergentes foram resolvidos tomando por base os elementos do protocolo, o que promoveu maior acurácia e evitou viéses. A concordância interavaliadores no estudo foi confirmada pelo coeficiente Kappa de 0,87.

Terceiro filtro (seleção dos dados relevantes): Para a seleção dos dados relevantes, foram utilizados dois formulários distintos, um para estudos caso-controle ou ensaio clínico, e outro para estudos de coorte. Foram coletadas as seguintes informações: título, autores, pesquisadores que fizeram a avaliação, tipo de estudo, data de avaliação, fonte, local de publicação, data da publicação, critério de inclusão, amostra, avaliação da qualidade dos estudos, escores da qualidade de vida e adesão ao tratamento.

Os dados foram aninhados1414. Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handook for systematic reviews of interventions: version 5.1.0 [updated March 2011. London: Cochrane Training; 2011 [citado 2014 nov 6]. Disponível em: http://handbook.cochrane.org/
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em subgrupos que apresentaram um tronco comum: (i) adesão ao tratamento farmacológico; e (ii) adesão ao tratamento não farmacológico. Em seguida, analisaram-se seus efeitos sobre o componente mental, componente físico e escore total da QVRS, permitindo a detecção das semelhanças (homogeneidades) e diferenças (heterogeneidades) entre eles.

Para a realização da metanálise, é necessária a existência de, no mínimo, dois estudos que respondam a mesma pergunta, utilizem pelo menos um desfecho em comum e tenham desenhos semelhantes1414. Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handook for systematic reviews of interventions: version 5.1.0 [updated March 2011. London: Cochrane Training; 2011 [citado 2014 nov 6]. Disponível em: http://handbook.cochrane.org/
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. A análise estatística foi realizada utilizando o Review Manager versão 5.2 (Centro Cochrane Nórdico, Copenhague, Dinamarca).

A exploração da homogeneidade determinou a escolha do modelo metanalítico utilizado. O modelo de efeito aleatório foi escolhido quando a heterogeneidade estava entre moderada e alta, conforme o Teste Q de Cochran e a estatística I22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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. Na presença de baixa ou nenhuma heterogeneidade, foi utilizado o modelo de efeito fixo. Para as variáveis contínuas, foi utilizada a diferença da média na sumarização do efeito; para as dicotômicas, foi utilizada odds ratio e aplicado o método de Mantel-Haenszel. Em ambos os casos foi considerado IC95% (p < 0,05)2626. Rodrigues CL, Ziegelmann PK. Metanálise: um guia prático. Clin Biom Res. 2010;30(4):437-47..

É importante ressaltar que, na presença de subgrupos de estudos muito pequenos, embora o modelo de efeitos aleatórios fosse preferível, seguiu-se a consideração de autores, que orientam a implementação do modelo de efeito fixo, a fim de obter uma estimativa de variância entre os estudos com boa precisão33. Berwanger O, Suzumura EA, Buehler AM, Oliveira JB. Como avaliar criticamente revisões sistemáticas e metanálises? Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):475-80. DOI:10.1590/S0103-507X2007000400012
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,1313. Fuchs SC, Paim BS. Revisão sistemática de estudos observacionais com metanálise. Clin Biom Res. 2010;30(3):294-301.,2626. Rodrigues CL, Ziegelmann PK. Metanálise: um guia prático. Clin Biom Res. 2010;30(4):437-47..

Os dados foram apresentados em gráficos forest plot. O viés de publicação foi avaliado por inspeção do funnel plot.

RESULTADOS

Características dos Estudos Incluídos

Os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida foram diversos, embora o questionário SF-36 e sua versão curta, SF-12, tenham sido os mais utilizados (42,0% dos estudos). Mais da metade (52,6%) utilizou escalas de bem estar geral, psicológica, de estresse e de estado físico, bem como escalas visuais analógicas, para avaliar a qualidade de vida. Apenas um estudo (5,2%) utilizou instrumento específico para medir a qualidade de vida de pessoas com hipertensão. A adesão ao tratamento foi medida por meio de desfecho clínico indicado pela redução ou controle da pressão sanguínea sistólica e diastólica, e na resposta do paciente a questões pontuais. O instrumento Morisky foi utilizado em dois (10,5%) estudos e a contagem de comprimidos em três (15,7%) (Tabela).

A análise dos 20 estudos permitiu a organização dos dados em dois subgrupos: um com estudos sobre adesão ao tratamento não-farmacológico e qualidade de vida, utilizando programas educativos, intervenções educativas e ações de educação em saúde para promoção da qualidade de vida em pessoas com hipertensão (cinco estudos), e outro com estudos estabelecendo relação entre qualidade de vida e adesão ao tratamento anti-hipertensivo farmacológico. Cada subgrupo apresentou variáveis de dimensão mental, dimensão física e escore total da qualidade de vida.

Avaliação da Qualidade

Neste estudo, o coeficiente interavaliadores Kappa foi de 0,87% na aplicação da Newcastle-Ottawa ScaleaaWells G, Shea B, O’Connell J, Robertson J, Peterson V, Welch V et al. The Newcastle-Ottawa scale (NOS) for assessing the quality of nonrandomised studies in meta-analysis. 2011 [citado 2013 abr 13]. Disponível em: http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxfordasp nos estudos selecionados. O escore mínimo atribuído foi cinco e o máximo de nove estrelas. No quesito seleção, foram atribuídas três estrelas para a grande maioria dos estudos (72,2%). Em relação à comparabilidade, a grande maioria dos estudos (72,2%) teve pontuação de duas estrelas. No quesito exposição, mais da metade dos estudos (65,0%) teve pontuação de três ou mais estrelas. No geral, os estudos apresentaram elevada qualidade científica (Tabela).

Metanálise

Cinco estudos analisaram a qualidade de vida em pessoas com adesão ao tratamento não farmacológico. Os dados desses estudos foram avaliados utilizando o modelo de efeito fixo. A adesão ao tratamento não farmacológico, como a participação em intervenções educativas, não apresentaram associação positiva no domínio mental da qualidade de vida (decreção da média = -0,96; IC95% -3,10–1,17; p = 0,38) (Figura 2). Entretanto, no domínio físico, houve incremento de 3,59 na média (IC95% 1,22–5,95; p = 0,003) (Figura 2). A análise do escore total da qualidade de vida mostrou incremento de 8,26 (IC95% 4,99–11,53; p < 0,00001) pontos na média dos indivíduos (Figura 2). A sumarização do efeito mostrou incremento de 2,45 pontos na média (IC95% 1,02–3,87; p < 0,0008) da qualidade de vida em pessoas que aderiram ao tratamento não farmacológico no formato de intervenções educativas.

Figura 2
Diferenças médias nos componentes mental, físico e escore total da qualidade de vida de hipertensos com adesão ao tratamento não farmacológico. Fortaleza, CE, 2015.

Ressaltamos que para essas análises um estudo foi retirado22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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, pois sua presença estava trazendo viés ao resultado, a partir da análise do funnel plot. A exploração qualitativa indicou heterogeneidade pela diferença na pontuação dos escores de qualidade de vida utilizados, o que culminou com a desconsideração do artigo22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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no cálculo metanalítico.

A Figura 3 mostra as diferenças médias nos componentes mental, físico e escore total da qualidade de vida em hipertensos com adesão ao tratamento farmacológico. Esses pacientes apresentaram incremento médio de 7,49 (IC95% 5,65–9,33; p < 0,00001) no domínio mental da qualidade de vida. No domínio físico, o incremento foi de 10,76 pontos (IC95% 8,69–12,83; p < 0,00001). O impacto da adesão ao tratamento farmacológico no escore total da qualidade de vida foi de 9,75 pontos na média (IC95% 7,99–11,51; p = 0,00001). Devido ao pequeno número de estudos que trouxeram dados para a metanálise sobre adesão ao tratamento farmacológico e qualidade de vida, foi utilizado o modelo de efeito fixo. A sumarização do efeito indicou aumento de 9,24 pontos na média (IC95% 8,16–10,33; p < 0,00001) da qualidade de vida em pessoas com adesão ao tratamento da hipertensão arterial.

Figura 3
Diferenças médias nos componentes mental, físico e escore total da qualidade de vida em hipertensos com adesão ao tratamento farmacológico. Fortaleza, CE, 2015.

Viés de Publicação

A realização e inspeção do funnel plot sugeriu presença de viés de publicação. Não foram realizados os testes de Egger e Begg1212. Egger M, Davey Smith G, Schneider M, Minder C. Bias in meta-analysis detected by a simple, graphical test. BMJ. 1997;315(7109):629-34. DOI:10.1136/bmj.315.7109.629
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para detectar viés de publicação porque as metanálises possíveis tinham pequeno número de artigos e esses testes têm baixo poder estatístico para amostras relativamente pequenas (< 20 estudos)1212. Egger M, Davey Smith G, Schneider M, Minder C. Bias in meta-analysis detected by a simple, graphical test. BMJ. 1997;315(7109):629-34. DOI:10.1136/bmj.315.7109.629
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, ou seja, a veracidade de sua predição seria restrita. Além disso, há tendência de os pesquisadores relatarem preferencialmente associações estatisticamente significativas, o que, em amostras pequenas, favoreceria a comprovação de viés de publicação. No entanto, as correções da metanálise para viés de publicação geralmente são insuficientes para a remoção do viés, demandando a exploração dos vieses no texto1212. Egger M, Davey Smith G, Schneider M, Minder C. Bias in meta-analysis detected by a simple, graphical test. BMJ. 1997;315(7109):629-34. DOI:10.1136/bmj.315.7109.629
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,3232. Sterne JA, Gavaghan D, Egger M. Publication and related bias in meta-analysis: power of statistical tests and prevalence in the literature. J Clin Epidemiol. 2000;53(11):1119-29. DOI:10.1016/S0895-4356(00)00242-0
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, procedimento adotado no presente estudo.

DISCUSSÃO

Os principais achados desta revisão sistemática com metanálise foram: o tratamento não farmacológico melhora a qualidade de vida global e o domínio físico de pessoas com hipertensão arterial; e a adesão ao tratamento farmacológico impacta positivamente nos domínios mental, físico e escore total da QVRS.

Ensaio clínico randomizado realizado no México22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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mostrou o efeito do tratamento não farmacológico (intervenção educativa) na qualidade de vida de pessoas com hipertensão medido por meio do índice de mudança na qualidade de vida. De oito áreas de QVRS avaliadas, apenas no domínio estado de ânimo houve diferenças significativas entre os grupos (p < 0,001). Entretanto, nos Estados Unidos, um programa educativo de gestão de cuidados farmacêuticos não encontrou mudanças significativas nos seis domínios do SF-36 avaliados, entre os grupos de intervenção e comparação no final do estudo (p > 0,2)3636. Vivian EM. Improving blood pressure control in a pharmacist-managed hypertension clinic. Phamacotherapy. 2002;22(12):1533-40. DOI:10.1592/phco.22.17.1533.34127
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.

Estudo realizado no Iran2121. Mohammadi E, Abedi HA, Jalali F, Gofrannipour F, Kazemnejad A. Evaluation of “partnership care model” in the control of hypertension. Internacional J Nursing Practice. 2006;12(3):153-9. DOI:10.1111/j.1440-172X.2006.00563.x
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constatou melhoria na qualidade de vida (SF-36) de pacientes que participaram do modelo educativo, o modelo de cuidado de parceiros, atingindo média de escore total de QVRS de 64 pontos em comparação com aqueles que receberam apenas o cuidado usual (média de 50,3 pontos; p < 0,05). Já nos Estados Unidos3030. Schulz U, Pischke CR, Weidner G, Daubenmier J, Elliot-eller M, Scherwitz L et al. Social support group attendance is related to blood pressure, health behaviours, and quality of life in the Multicenter Lifestyle Demonstration Project. Psychol Health Med. 2008;13(4):423-37. DOI:10.1080/13548500701660442
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, ensaio clínico realizado com pacientes inseridos no Projeto Multicêntrico de Demonstração do Estilo de Vida, que oferecia como medida de cuidado educativo o atendimento em grupo de apoio social por um ano, indicou que os pacientes que receberam mais de 78,0% de atendimento nesses grupos melhoraram a QVRS. No domínio mental, a média de escores desses grupos foi de 53,6 e, no físico, de 52,8 comparados àqueles que receberam menos de 78,0% de atendimento (41,9 e 49,2 nos domínios mental e físico, respectivamente), porém não foram significativos.

O efeito de um programa de educação sobre hipertensão realizado no Canadá1717. Lauziére TA, Chevarle N, Poirier M, Utzscheneider A, Belnager M. Effects of an interdisciplinary education program on hypertension: a pilot study. Can J Cardiovasc Nurs. 2013;23(1):12-8. mostrou melhoria da qualidade de vida no primeiro mês do estudo no grupo intervenção, com incremento de 2,4 escores (IC95% 0,09–4,7; p < 0,04) em comparação com o grupo de cuidado regular. No entanto, a melhoria da QVRS não foi observada ao final de seis meses da participação no grupo intervenção.

Os estudos22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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,1717. Lauziére TA, Chevarle N, Poirier M, Utzscheneider A, Belnager M. Effects of an interdisciplinary education program on hypertension: a pilot study. Can J Cardiovasc Nurs. 2013;23(1):12-8.,2121. Mohammadi E, Abedi HA, Jalali F, Gofrannipour F, Kazemnejad A. Evaluation of “partnership care model” in the control of hypertension. Internacional J Nursing Practice. 2006;12(3):153-9. DOI:10.1111/j.1440-172X.2006.00563.x
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,3030. Schulz U, Pischke CR, Weidner G, Daubenmier J, Elliot-eller M, Scherwitz L et al. Social support group attendance is related to blood pressure, health behaviours, and quality of life in the Multicenter Lifestyle Demonstration Project. Psychol Health Med. 2008;13(4):423-37. DOI:10.1080/13548500701660442
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,3636. Vivian EM. Improving blood pressure control in a pharmacist-managed hypertension clinic. Phamacotherapy. 2002;22(12):1533-40. DOI:10.1592/phco.22.17.1533.34127
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que fazem menção à adesão ao tratamento não farmacológico como promotora de QVRS ressaltam que as intervenções educativas podem promover aumento nos escores dos seus principais domínios (físico, mental, função sexual, sono, dentre outros). Embora esse aumento não tenha se mostrado significativo em alguns estudos22. Barrón-Rivera AJ, Torreblanca-Roldán FL, Sánchez-Casanova LI, Martínez-Beltrán M. Efecto de una intervención educativa en la calidad de vida del paciente hipertenso. Salud Publica Mex. 1998;40(6):503-9. DOI:10.1590/S0036-36341998000600007
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,1717. Lauziére TA, Chevarle N, Poirier M, Utzscheneider A, Belnager M. Effects of an interdisciplinary education program on hypertension: a pilot study. Can J Cardiovasc Nurs. 2013;23(1):12-8.,3636. Vivian EM. Improving blood pressure control in a pharmacist-managed hypertension clinic. Phamacotherapy. 2002;22(12):1533-40. DOI:10.1592/phco.22.17.1533.34127
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, as intervenções podem se configurar como disparadoras de reflexões importantes nas pessoas com hipertensão, na busca de comportamentos ou ações de saúde que promovam melhoria na sua qualidade de vida.

A utilização de intervenções educativas que proporcionem maior sensibilização e envolvimento das pessoas com a enfermidade no seu cuidado/tratamento, compreendendo o contexto social, econômico e cultural no qual estão inseridas, poderá repercutir na melhoria da QVRS das pessoas acometidas e, ainda, em mudanças no atual quadro epidemiológico da HAS e de suas comorbidades associadas.

Por sua vez, a adesão ao tratamento farmacológico traz melhorias no dominio mental, físico e no escore total de QVRS44. Bramlage P, Wolf WP, Fronk EM, Stuhr T, Erdlenbruch W, Wasem J et al. Improving quality of life in hypertension management using a fixed-dose combination of olmesartan and amlodipine in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2010;11(17):2779-90. DOI:10.1517/14656566.2010.521499
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,88. Cleophas TJM, Mey NVD, Meulen JVD, Niemeyer MG. Quality of life before and during antihypertensive treatment: a comparative study of celiprolol and atenolol. Am J Ther. 1997;4(4):117-22. DOI:10.1097/00045391-199704000-00002
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,1111. Dahlöf B, Degl’ Innocenti A, Elmfeldt D, Puig JG, Gundersen T, Hosie J et al. Felodipine-metoprolol combination tablet: maintained health-related quality of life in the presence of substantial blood pressure reduction. Am J Hypertens. 2005;18(10):1313-9. DOI:10.1016/j.amjhyper.2005.04.017
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,2323. Paran E, Anson O, Neumann L. The effects of replacing beta-blockers with an angiotensin converting enzyme inhibitor on the quality of hypertensive patients. Am J Hypertens. 1996;9(12):1206-13. DOI:10.1016/S0895-7061(96)00253-1
https://doi.org/10.1016/S0895-7061(96)00...
,2424. Guez D, Crocq L, Safavian A, Labardens P. Effects of indapamide on the quality of life of hypertensive patients. Am J Med. 1988;84(suppl 1):53-8. DOI:10.1016/S0002-9343(88)91113-8
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,2929. Schmidt AC, Bramlage P, Limberg R, Kreutz R. Quality of life in hypertension management using olmesartan in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2008;9(10):1641-53. DOI:10.1517/14656566.9.10.1641
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,3434. Testa MA, Anderson RB, Nackley JF, Hollenberg NK. Quality of life and antihypertensive therapy in men. A comparison of captopril with enalapril. N Engl J Med. 1993;328(13):907-13. DOI:10.1056/NEJM199304013281302
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. Observa-se que, nesse subgrupo, os estudos ressaltaram melhoria na QVRS, seja no dominio físico, mental ou no escore total, com repercussões positivas na vida das pessoas com hipertensão.

Nesses estudos, a qualidade de vida das pessoas com adesão ao tratamento anti-hipertensivo variou de acordo com o tipo de fármaco utilizado. Estudo quase experimental2424. Guez D, Crocq L, Safavian A, Labardens P. Effects of indapamide on the quality of life of hypertensive patients. Am J Med. 1988;84(suppl 1):53-8. DOI:10.1016/S0002-9343(88)91113-8
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analisou a qualidade de vida, a partir da escala visual analógica de bem-estar global, em pacientes que fizeram uso de indapamida e indicou melhoria na QVRS nos escore total e no domínio mental (p < 0,01). Em um ensaio multicêntrico3434. Testa MA, Anderson RB, Nackley JF, Hollenberg NK. Quality of life and antihypertensive therapy in men. A comparison of captopril with enalapril. N Engl J Med. 1993;328(13):907-13. DOI:10.1056/NEJM199304013281302
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realizado com homens nos Estados Unidos, pacientes tratados com captopril tiveram mais mudanças favoráveis na qualidade de vida global, percepção geral de saúde, vitalidade e no status de saúde, sono e controle emocional, em comparação com os tratados com enalapril. O escore inicial na escala de qualidade de vida foi um preditor significativo de mudança (p < 0,001) nas análises univariadas e multivariadas; ou seja, independente do uso do captopril ou do enalapril, os pacientes que possuíam qualidade de vida inicial mais baixa antes do uso do medicamento apresentaram melhora na qualidade de vida com o uso do fármaco. Aqueles que tinham melhor qualidade de vida inicial permaneceram igual ou tiveram a QVRS diminuída.

Efeitos da substituição de β-bloqueadores por inibidor da enzima conversora de angiotensina (captopril) sobre a QVRS foram avaliados em ensaio clínico randomizado conduzido em Israel2323. Paran E, Anson O, Neumann L. The effects of replacing beta-blockers with an angiotensin converting enzyme inhibitor on the quality of hypertensive patients. Am J Hypertens. 1996;9(12):1206-13. DOI:10.1016/S0895-7061(96)00253-1
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. Quanto ao dominio físico, houve melhoria na qualidade do sono (p < 0,001) e nos sintomas gastrintestinais (p < 0,001) nos pacientes tratados com captopril. Nos Estados Unidos88. Cleophas TJM, Mey NVD, Meulen JVD, Niemeyer MG. Quality of life before and during antihypertensive treatment: a comparative study of celiprolol and atenolol. Am J Ther. 1997;4(4):117-22. DOI:10.1097/00045391-199704000-00002
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, adesão ao tratamento com dois β-bloqueadores (celiprolol e atenolol) sugeriu melhoria significativa (p < 0,05) de quatro dos cinco sintomas físicos (cefaleia frequente, cefaleia pela manhã, visão borrada, rubor e tontura) avaliados na qualidade de vida. Apenas visão borrada não teve melhoria com o uso do atenolol e rubor com o celiprolol. Em ambos os grupos, os pacientes sentiram-se mais satisfeitos com a vida e menos prejudicados pela pressão sanguínea deles.

A adesão ao tratamento de pacientes em uso de felodipino, enalapril ou placebo em ensaio clínico realizado nos Estados Unidos1111. Dahlöf B, Degl’ Innocenti A, Elmfeldt D, Puig JG, Gundersen T, Hosie J et al. Felodipine-metoprolol combination tablet: maintained health-related quality of life in the presence of substantial blood pressure reduction. Am J Hypertens. 2005;18(10):1313-9. DOI:10.1016/j.amjhyper.2005.04.017
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apresentou escores de qualidade de vida similares entre os grupos. A média de QVRS foi similar e relativamente alta em todos os três grupos de tratamento no inicio e permaneceram constantes durante o estudo.

Dois estudos multicêntricos, prospectivos, não intervencionais realizados na Alemanhã avaliaram a QVRS com a adesão ao olmesartan2929. Schmidt AC, Bramlage P, Limberg R, Kreutz R. Quality of life in hypertension management using olmesartan in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2008;9(10):1641-53. DOI:10.1517/14656566.9.10.1641
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e olmesartan combinado com anlodipino44. Bramlage P, Wolf WP, Fronk EM, Stuhr T, Erdlenbruch W, Wasem J et al. Improving quality of life in hypertension management using a fixed-dose combination of olmesartan and amlodipine in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2010;11(17):2779-90. DOI:10.1517/14656566.2010.521499
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. No primeiro estudo, todos os itens do SF-12 melhoraram significativamente durante o período observacional de seis semanas no tratamento com olmesartan. O sumário do componente físico (45,6) e mental (50,8) mostrou melhoria (p < 0,01)2929. Schmidt AC, Bramlage P, Limberg R, Kreutz R. Quality of life in hypertension management using olmesartan in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2008;9(10):1641-53. DOI:10.1517/14656566.9.10.1641
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. No segundo estudo, os 12 itens do SF-12 também melhoraram no período observacional de 12-18 semanas do tratamento. O sumário do componente físico (46,9) e mental (52,4) mostrou melhoria (p < 0,0001)44. Bramlage P, Wolf WP, Fronk EM, Stuhr T, Erdlenbruch W, Wasem J et al. Improving quality of life in hypertension management using a fixed-dose combination of olmesartan and amlodipine in primary care. Expert Opin Pharmacother. 2010;11(17):2779-90. DOI:10.1517/14656566.2010.521499
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.

No entanto, alguns estudos ressaltam efeitos secundários das drogas anti-hipertensivas afetando de forma negativa a QVRS. A utilização regular da metildopa, captopril ou propranolol e betaxolol foi investigada em estudos realizados nos Estados Unidos1818. Lee D, Leon CFM, Jenkins D, Croog SH, Levine S, Sudilovsky A. Relation of hostility to medication adherence, symptom complaints, and blood pressure reduction in a clinical field trial of antihypertensive medication. J Psychosom Res. 1992;36(2):181-219. DOI:10.1016/0022-3999(92)90027-Y
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e Holanda11. Ameling EH, Korte DF, Veld AJM in’T. Impact of diagnosis and treatment of hypertension on quality of life: a double-blind, randomized, placebo-controlled, cross-over study of betaxolol. J Cardiovasc Pharmacol. 1991;8(5):752-76. DOI:10.1097/00005344-199111000-00014
https://doi.org/10.1097/00005344-1991110...
. Os pesquisadores observaram qualidade de vida semelhante entre os pacientes, independentemente de qual desses quatro medicamentos era consumido. Ensaio clínico placebo controlado conduzido nos Estados Unidos2020. McCorvey E Jr, Wright JT Jr, Culbert JP, McKenney JM, Proctor JD, Annett MP. Effect of hydrochlorotizide, enalapril and propranolol on quality of life and cognitive and motor function in hypertensive patients. Clin Pharm. 1993;12(4):300-5. mostrou que, para os seis domínios de QVRS avaliados (dor, mobilidade física, sono, reação emocional, isolamento social e energia), houve pior avaliação do grupo tratado com o propranolol, em relação aos grupos tratados com hidroclorotiazida ou enalapril. Em relação ao placebo, os três grupos de tratamento apresentaram aumento nos escores de qualidade de vida. Em outro estudo1111. Dahlöf B, Degl’ Innocenti A, Elmfeldt D, Puig JG, Gundersen T, Hosie J et al. Felodipine-metoprolol combination tablet: maintained health-related quality of life in the presence of substantial blood pressure reduction. Am J Hypertens. 2005;18(10):1313-9. DOI:10.1016/j.amjhyper.2005.04.017
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, o uso da felodipina associada ao metoprolol aumentou os escores dos sintomas gastrintestinais, piorando a QVRS; entretanto, os autores observaram diminuição dos sintomas gastrointestinais com a adesão ao uso do enalapril.

Embora alguns estudos ressaltem os efeitos negativos das drogas anti-hipertensivas na QVRS, a adesão ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo1111. Dahlöf B, Degl’ Innocenti A, Elmfeldt D, Puig JG, Gundersen T, Hosie J et al. Felodipine-metoprolol combination tablet: maintained health-related quality of life in the presence of substantial blood pressure reduction. Am J Hypertens. 2005;18(10):1313-9. DOI:10.1016/j.amjhyper.2005.04.017
https://doi.org/10.1016/j.amjhyper.2005....
,1818. Lee D, Leon CFM, Jenkins D, Croog SH, Levine S, Sudilovsky A. Relation of hostility to medication adherence, symptom complaints, and blood pressure reduction in a clinical field trial of antihypertensive medication. J Psychosom Res. 1992;36(2):181-219. DOI:10.1016/0022-3999(92)90027-Y
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,2020. McCorvey E Jr, Wright JT Jr, Culbert JP, McKenney JM, Proctor JD, Annett MP. Effect of hydrochlorotizide, enalapril and propranolol on quality of life and cognitive and motor function in hypertensive patients. Clin Pharm. 1993;12(4):300-5. mantém as pessoas hipertensas afastadas de possíveis complicações, garantindo aumento na expectativa de vida e melhoria no bem estar geral dessas pessoas.

Quanto à relação entre qualidade de vida e adesão, um ensaio multicêntrico realizado na Itália2222. Novo S, Abrignani MG, Longo B, Liquori M, Strano A. Long-term treatment with the ace inhibitor captopril, alone or in combination with hydroclorothiazide, in elderly hypertensives: effects on blood pressure and quality of life. Current Therapeutic Research. 1993;54(2):161-71. DOI:10.1016/S0011-393X(05)80596-X
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constatou que a adesão ao tratamento farmacológico promoveu melhoria estatisticamente significante (p < 0,005) em sete dos oito parâmetros (insônia, cefaleia, sonolência, bem-estar, libido normal, atividade física normal, ansiedade e humor) de QVRS avaliados. Apenas a libido normal não foi estatisticamente significante. Entretanto, em estudo longitudinal1010. Cotê I, Farris K, Feeny D. Is aderence to drug treatment correlated with health-related quality of life? Qual Life Res. 2003;12(6):621-33. DOI:10.1023/A:1025180524614
https://doi.org/10.1023/A:1025180524614...
, observaram-se correlações fracas entre adesão ao tratamento farmacológico e QVRS na população hipertensa.

Estudo transversal realizado na Palestina3737. Zyoud Sa’ed, Al-Jabi SW, Sweileh WM, Widali AH, Saleem HM, Aysa HA et al. Health-related quality of life associated with treatment adherence in patients with Hypertension: a cross-sectional-Study. Int J Cardiol. 2013;168(3):2981-3. DOI:10.1016/j.ijcard.2013.04.105
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mostrou que pacientes com alta taxa de adesão a fármacos, avaliada pela Escala de Adesão a Medicamento de Morisky (MMAS), apresentam altos valores no índice da Escala de Qualidade de Vida Europeia (EQ-5D) comparados àqueles com baixa ou média taxa de adesão (p < 0,05). Pesquisa realizada no Brasil encontrou resultados semelhantes, nos quais as pessoas com adesão ao tratamento farmacológico obtiveram médias mais altas, quando comparadas aos não aderentes (p < 0,05)77. Carvalho MR, Siqueira LB, Sousa ALL, Jardim PCBV. A influência da hipertensão arterial na qualidade de vida. Arq Bras Cardiol. 2013;100(2):164-74. DOI:10.5935/abc.20130030
https://doi.org/10.5935/abc.20130030...
. No entanto, estudo brasileiro encontrou que pacientes com adesão ao tratamento farmacológico apresentam médias mais baixas na qualidade de vida em relação aos sem adesão ao tratamentobbLima RA. Fatores que influenciam a qualidade de vida de pacientes hipertensos [dissertação]. São Luis (MA): Universidade Federal do Maranhão; 2012..

Os estudos77. Carvalho MR, Siqueira LB, Sousa ALL, Jardim PCBV. A influência da hipertensão arterial na qualidade de vida. Arq Bras Cardiol. 2013;100(2):164-74. DOI:10.5935/abc.20130030
https://doi.org/10.5935/abc.20130030...
,1010. Cotê I, Farris K, Feeny D. Is aderence to drug treatment correlated with health-related quality of life? Qual Life Res. 2003;12(6):621-33. DOI:10.1023/A:1025180524614
https://doi.org/10.1023/A:1025180524614...
,3737. Zyoud Sa’ed, Al-Jabi SW, Sweileh WM, Widali AH, Saleem HM, Aysa HA et al. Health-related quality of life associated with treatment adherence in patients with Hypertension: a cross-sectional-Study. Int J Cardiol. 2013;168(3):2981-3. DOI:10.1016/j.ijcard.2013.04.105
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,bbLima RA. Fatores que influenciam a qualidade de vida de pacientes hipertensos [dissertação]. São Luis (MA): Universidade Federal do Maranhão; 2012. que mencionaram a relação entre qualidade de vida e adesão ao tratamento farmacológico observaram associações estatisticamente significativas, ou seja, a QVRS aumenta na presença de maior adesão ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo.

Entretanto, uma limitação desta revisão sistemática se refere ao pequeno número de estudos passíveis de utilização em metanálise, tanto no tratamento farmacológico quanto no não farmacológico, tornando viável apenas a aplicação do modelo de efeito fixo, que desaconselha a generalização dos resultados.

Sugere-se o desenvolvimento de mais estudos de intervenção no tocante à promoção da adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico e sua repercussão na qualidade de vida, pois, como constatado no presente estudo, há efeito positivo da adesão ao tratamento da hipertensão nos vários domínios que compõem a qualidade de vida, restando aprimorar a mensuração desse efeito.

A implementação de estratégias inovadoras, associando intervenções educativas, individuais e coletivas, e de práticas de cuidado centradas no sujeito para gerenciamento de sua tomada medicamentosa pode promover melhoria na QVRS.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Dez 2016

Histórico

  • Recebido
    22 Maio 2015
  • Aceito
    11 Out 2015
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br