Utilização de medicamento pelos usuários da atenção primária do Sistema Único de Saúde

Clarisse Melo Franco Neves Costa Micheline Rosa Silveira Francisco de Assis Acurcio Augusto Afonso Guerra Junior Ione Aquemi Guibu Karen Sarmento Costa Margô Gomes de Oliveira Karnikowski Orlando Mario Soeiro Silvana Nair Leite Ediná Alves Costa Renata Cristina Rezende Macedo do Nascimento Vânia Eloísa de Araújo Juliana Álvares Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Caracterizar o perfil de utilização de medicamentos pelos usuários da Atenção Primária do Sistema Único de Saúde no Brasil.

MÉTODOS

Estudo transversal, exploratório, de natureza descritiva, integrante da Pesquisa Nacional Sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015. Foram realizadas entrevistas com usuários presentes nos serviços por meio de questionários semiestruturados. Foram avaliadas as variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas ao uso de medicamentos e verificado o uso de medicamentos nos 30 dias anteriores à entrevista. A população foi estratificada em três faixas etárias: 18 a 44, 45 a 64 e 65 anos ou mais. As diferenças entre as faixas etárias foram verificadas por meio do teste t de Student para variáveis contínuas e teste qui-quadrado para categóricas. Utilizou-se o plano de análises de amostras complexas. Os medicamentos foram classificados conforme Anatomical Therapeutical Chemical Classification System.

RESULTADOS

De 8.803 usuários entrevistados, 6.511 (76,2%) relataram uso de medicamentos nos 30 dias anteriores à entrevista. Em média, cada usuário utilizou 2,32 medicamentos, sem diferença entre os sexos. Dentre os usuários de medicamentos, 18,2% tinham 65 anos de idade ou mais. Em comparação com as demais faixas etárias os idosos apresentaram mais comorbidades, usaram mais medicamentos e autorrelataram pior condição de saúde; eram menos escolarizados, relataram pior situação econômica e viviam sozinhos. Os medicamentos mais utilizados foram “outros analgésicos e antipiréticos” (3º nível ATC) e losartana (5º nível ATC).

CONCLUSÕES

A maioria dos usuários de medicamentos possuía baixa escolaridade e comorbidades. Os medicamentos mais utilizados foram os anti-hipertensivos. A automedicação foi maior entre os jovens. A maioria dos usuários relatou utilização de medicamentos genéricos. O número médio de medicamentos e a prevalência de uso aumentaram com a idade. Devido às características observadas e as dificuldades no uso de medicamentos, os idosos estão em situação de maior vulnerabilidade.

Uso de Medicamentos; Farmacoepidemiologia; Assistência Farmacêutica; Atenção Primária à Saúde; Pesquisa sobre Serviços de Saúde; Sistema Único de Saúde

INTRODUÇÃO

Os medicamentos têm assumido um papel importante na redução do sofrimento humano. Produzem curas, prolongando a vida e retardando o surgimento de complicações associadas às doenças, facilitando o convívio entre o indivíduo e sua enfermidade. Ademais, os medicamentos são considerados tecnologias altamente custo-efetivas e seu uso apropriado pode influenciar o processo de cuidado em saúde2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
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A utilização de medicamentos é influenciada pela estrutura demográfica, fatores socioeconômicos, comportamentais e culturais, perfil de morbidade, características do mercado farmacêutico e pelas políticas governamentais dirigidas ao setor1616. Oliveira NSC, Xavier RMF, Araújo PS. Análise do perfil de utilização de medicamentos em uma unidade de saúde da família, Salvador, Bahia. Rev Cienc Farm Basica Apl. 2012 [cited 2016 Mar 4];33(2):283-9. Available from: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/2051/1245
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. A grande oferta de produtos, o marketing da indústria farmacêutica e o número de medicamentos prescritos são fatores que podem comprometer a qualidade do uso de medicamentos1818. Osorio de Castro CGS, coordenadora. Estudos de utilização de medicamentos: noções básicas. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ; 2000..

O aumento da prevalência de doenças crônicas no país, especialmente a hipertensão arterial, diabetes, artrite/artrose e depressão é resultado do rápido e crescente processo de envelhecimento da população brasileira nos últimos anos. Paralelamente a esse processo, há o crescimento da utilização de medicamentos, necessários para o controle e prevenção de problemas relacionados à saúde dos indivíduos1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 50% dos medicamentos são prescritos ou dispensados de forma inadequada em todo o mundo e cerca de 50% dos pacientes usam medicamentos incorretamente, levando a alto índice de morbimortalidade. Acrescenta-se que o uso inadequado de medicamentos se relaciona ao uso de múltiplos fármacos, ao uso inapropriado de antibióticos e de medicamentos injetáveis, à automedicação e à prescrição em desacordo com diretrizes clínicasaaWorld Health Organization, Quality Assurance and Safety of Medicines Team. The safety of medicines in public health programmes: pharmacovigilance an essential tool. Geneva: WHO; 2006 [citado 4 mar 2016]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665 /43384/1/9241593911_eng.pdf.

A Atenção Primária em Saúde (APS) como parte e como coordenadora de uma rede de atenção à saúde deve estar preparada para solucionar a quase totalidade dos problemas mais frequentes que se apresentam no âmbito dos cuidados primários. A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da população adstrita nos campos da promoção, da prevenção, da cura, do cuidado e da reabilitação. O acesso a medicamentos de qualidade e a promoção do seu uso correto e oportuno contribuem para uma APS resolutiva1414. Mendes EV. As redes de atenção a saúde. 2. ed. Brasília (DF): Organização Pan-Americana da Saúde; 2011..

A importância dos medicamentos na atenção à saúde é crescente, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista sanitário. A ampliação do acesso da população à assistência à saúde, pelo SUS, exigiu que ao longo dos últimos anos houvesse mudanças na organização da Assistência Farmacêutica (AF) pública, de modo que se aumentasse a cobertura da distribuição gratuita de medicamentos, além da construção de um arcabouço legal para sustentar o processo de descentralização da gestão das ações de AF1515. Oliveira LCF, Assis MMA, Barboni AR. Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde: da Política Nacional de Medicamentos a Atenção Básica a Saúde. Cienc Saude Coletiva. 2010;15 Supl 3:3561-7. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000900031
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A partir da análise do consumo de medicamentos e da AF, é possível qualificar o uso de medicamentos, melhorando as condições de saúde individual e coletiva, bem como implantar ações preventivas ou curativas99. Fleith VD, Figueiredo MA, Figueiredo KFLRO, Moura EC. Perfil de utilização de medicamentos em usuários da rede básica de saúde de Lorena, SP. Cienc Saude Coletiva. 2008;13 Supl:755-62. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000700026
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A Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Uso Racional de Medicamentos (PNAUM) – Serviços visou caracterizar a organização dos serviços de AF na APS do SUS, com vistas ao acesso e à promoção do uso racional de medicamentos, bem como identificar e discutir os fatores que interferem na sua consolidação no âmbito municipal. Neste contexto, objetivou-se com o presente estudo caracterizar o perfil de utilização de medicamentos pelos usuários da APS do SUS.

MÉTODOS

A PNAUM é um estudo transversal, exploratório, de natureza avaliativa, composto por um levantamento de informações numa amostra representativa de serviços de APS, em municípios das regiões do Brasil. Foram realizadas entrevistas presenciais com usuários, médicos e responsáveis pela entrega dos medicamentos nos serviços de APS do SUS. O estudo foi composto de várias populações, com amostras estratificadas por região. Adotou-se a amostragem em múltiplos estágios de seleção e, em cada estágio, as populações foram amostradas e as estimativas referentes a elas foram feitas de forma independente. Foram sorteadas três amostras: de municípios, de serviços e de usuários. Na primeira, os municípios constituíram-se elementos da amostra. Na segunda, esses municípios passaram a ser unidades primárias de amostragem, nas quais foram sorteados os serviços que compuseram a amostra. Na terceira, os serviços tornaram-se unidades secundárias de amostragem, nas quais foram sorteados os usuários, que constituem o foco deste trabalho. A metodologia da PNAUM – Serviços, bem como o processo amostral estão descritos detalhadamente em Alvares et al (2016)11. Alvares J, Alves MCGP, Escuder MML, Almeida AM, Izidoro JB, Guerra Junior AA, et al. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos: métodos. Rev Saude Publica. 2017;51 Supl 2:4s. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051007027
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Para a caracterização do perfil de utilização de medicamentos foram utilizados os dados das entrevistas realizadas com usuários presentes nos serviços de APS. Foi verificado o uso de medicamentos nos 30 dias anteriores à entrevista. Foram avaliadas as variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas ao uso de medicamentos (uso de medicamentos genéricos, automedicação, necessidade de ajuda para utilizar os medicamentos, medicamentos mais utilizados e uso de farmácia popular).

Os medicamentos foram classificados em categorias terapêuticas, conforme seu princípio ativo, de acordo com o Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC). Nesse sistema, a substância é classificada, de acordo com o órgão ou sistema no qual atua e conforme suas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas. Os fármacos são divididos em 14 grupos principais (1º nível), com subgrupos farmacológicos/terapêuticos (2º nível). Os 3º e 4º níveis correspondem a subgrupos químicos/farmacológicos/terapêuticos, e o 5º nível, à substância química2626. WHO Collaborating Centre for Drugs Statistics Methodology. Anatomical Therapeutic Chemical Classification - ATC Code. Oslo; 2016 [cited 2016 Feb 10]. Available from: http://www.whocc.no/atc_ddd_index/.
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Foram classificados como anti-hipertensivos os medicamentos das classes: anti-hipertensivos (C02), diuréticos (C03), agentes betabloqueadores (C07), bloqueadores dos canais de cálcio (C08) e agentes que atuam no sistema renina-angiotensina (C09). Como antidiabéticos utilizaram-se drogas usadas na diabetes (A10) e como antidepressivos os psicolépticos (N05) e psicoanalépticos (N06). Consideraram-se medicamentos para dislipidemia os agentes modificadores de lipídeos (C10) e as preparações antiobesidade, excluindo produtos dietéticos (A08). Como não há protocolo específico para artrite, artrose e reumatismo, para essas doenças foram considerados os medicamentos corticosteróides para uso sistêmico simples (A07E), produtos anti-inflamatórios não esteroidais e antirreumáticos (C01E), corticosteroides simples (D07A), corticosteroides para uso sistêmico simples (H02A), imunossupressores (L04A), produtos anti-inflamatórios não esteroidais e antirreumáticos (M01A), outros analgésicos e antipiréticos (N02B) e antimaláricos (P01B).

Foi avaliada também, a relação entre o relato de diagnóstico médico das doenças mais prevalentes e o uso de medicamentos indicados para o tratamento dessas doenças. A população foi estratificada em três faixas etárias: de 18 a 44 anos; de 45 a 64 e 65 anos ou mais. As diferenças entre essas faixas foram verificadas por meio do teste t de Student, para variáveis contínuas e teste qui-quadrado de Pearson, para variáveis categóricas.

A análise dos dados foi realizada utilizando-se o plano de análises de amostras complexas, no software SPSS® versão 22.

A PNAUM foi aprovada pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde, mediante Parecer nº 398.131/2013. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

Foram entrevistados 8.803 pacientes em 1.305 serviços de APS, localizados em 272 municípios distribuídos nas cinco regiões do Brasil. Destes, 6.511 pacientes (76,2%) relataram ter utilizado algum medicamento nos 30 dias anteriores à entrevista.

O número médio de medicamentos utilizados foi de 2,32 (IC95%: 2,186–2,554) por usuário. A média para cada faixa etária variou significantemente, sendo de 1,75 (IC95%: 1,65–1,85) para a faixa etária de 18 a 44 anos, 2,63 (IC95%: 2,45–2,81) para a de 45 a 64 anos e 3,00 (IC95%: 2,74–3,25) para idosos (65 anos ou mais). A prevalência do uso de medicamentos aumentou de acordo com a faixa etária, sendo de 92,1% em pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.

Houve predominância do sexo feminino na população usuária de medicamentos, mas a proporção de homens aumentou com o aumento da idade, sendo de 36,1% na faixa etária de 65 anos ou mais. Não foram observadas diferenças no uso de medicamentos entre os sexos. A maioria dos usuários de medicamentos possuía ensino fundamental incompleto (43,2%) e apenas 3% declararam ter ensino superior completo. Observou-se entre os idosos os menores níveis de escolaridade, com proporção de 26,5% de analfabetos. A maioria dos entrevistados usuários de medicamentos declarou estado civil casado. Entre os idosos, 33,5% eram viúvos ou divorciados, com diferenças estatisticamente significantes em comparação com as outras faixas etárias. Com relação à classificação econômica, a maioria era da classe econômica C, e entre os idosos D ou E (Tabela 1).

Tabela 1
Características sociodemográficas e de condições de saúde dos usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015.

A maioria dos usuários de medicamentos relatou possuir uma ou mais doenças crônicas (77,6%), com diferença significante entre as faixas etárias (p < 0,001), sendo que entre os idosos a prevalência foi de 96,9%. Entre as principais doenças crônicas relatadas, a hipertensão arterial foi a mais prevalente (48,9%). Hipertensão, dislipidemia, artrite/artrose ou reumatismo, diabetes mellitus, doenças do coração e acidente vascular cerebral foram mais prevalentes entre os idosos e a diferença foi significante entre as faixas etárias (p < 0,001).

Com relação à necessidade de ajuda de outra pessoa para usar os medicamentos, foram observadas maiores proporções entre os idosos, sendo que 10% sempre precisam e 4,4% às vezes.

A automedicação foi maior entre os usuários mais jovens (45,7%) com diferença significante (p < 0,001) por faixa etária. Dentre os motivos para a automedicação, os mais relatados foram “uso anterior do medicamento” e “possuí-lo em casa”.

Quando foi investigada a não utilização de medicamentos receitados pelo médico, maiores proporções foram observadas em usuários na faixa etária de 18–44 anos (16,7%). Dentre os motivos para essa não utilização, destacam-se a experiência negativa anterior com o uso do mesmo produto (50,7%), acreditar que está curado (49,3%) e considerar que não precisa utilizar o medicamento (46,1%). Para a faixa etária de 65 anos ou mais, os principais motivos de não utilização do medicamento foram acreditar que o medicamento não está correto ou não funciona (49,4%) e experiência anterior negativa (ter utilizado o medicamento e passado mal) (49,2%).

Mais da metade (57,8%) dos usuários relatou utilizar medicamentos genéricos, mas não houve diferença significante entre as faixas etárias (Tabela 2). Com relação à Farmácia Popular, a utilização foi maior na faixa etária de 65 anos ou mais (67,8%), seguida por 45–64 anos (63,8%) e 18–44 anos (49,0%).

Tabela 2
Características do uso de medicamentos pelos usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015.

Dos 15.061 medicamentos relatados pelos usuários, foi possível identificar adequadamente 13.515 itens, que foram classificados considerando o 5° nível da ATC. Dentre os produtos autorreferidos, 1.546 (9,3%) foram descritos de forma inadequada, tais como “não lembro o nome”, “maleato”, “bactéria do câncer”, “ácido sulfúrico”.

Na Tabela 3 estão apresentados os grupos de medicamentos mais utilizados, considerando-se o 3º nível da ATC. Do total de medicamentos, 1.249 (8,1%) foram classificados como “outros analgésicos e antipiréticos”, 819 (5,6%) eram “medicamentos hipoglicemiantes, excluindo insulinas”, e 765 (5,5%) produtos anti-inflamatórios não esteroidais e antirreumáticos.

Tabela 3
Medicamentos mais utilizados pelos usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde considerando-se o 3°nível da Anatomical Therapeutic Chemical. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015.

Em relação à classificação no 5º nível da ATC, os medicamentos mais utilizados foram: losartana (4,8%), sinvastatina (4,1%), omeprazol (3,9%), hidroclorotiazida (3,4%) e metformina (3,2%) (Tabela 4).

Tabela 4
Medicamentos mais utilizados pelos usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde considerando-se o 5º nível da Anatomical Therapeutic Chemical. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015.

Dentre os entrevistados que relataram possuir doenças crônicas, 77,7% dos hipertensos e 62,1% dos diabéticos usavam medicamentos específicos para a doença referida. Entre os portadores de dislipidemia, artrite, artrose ou reumatismo e depressão, a maioria não relatou o uso de medicamentos específicos para essas doenças (Tabela 5).

Tabela 5
Porcentagem de usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde que relataram possuir a doença versus uso de medicamento específico para a doença referida. Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015.

DISCUSSÃO

Estudos de utilização de medicamentos possibilitam o melhor conhecimento sobre as características dos usuários de medicamentos e a identificação de fatores associados ao consumo, contribuindo para qualificar o uso e racionalizar os recursos em saúde1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
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. Estudos com dados representativos de abrangência nacional são escassos22. Arrais PSD, Coelho HLL, Batista MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev Saude Publica. 1997;31(1):71-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
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,55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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, sendo a maioria restrita a pesquisas locais44. Bertoldi AD, Barros AJ, Wagner A, Ross-Degnan D, Hallal PC. Medicine access and population covered by primary health care in Brazil. Health Policy. 2009;89(3):295-302. https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2008.07.001
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,1313. Loyola Filho AI, Uchoa E, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Cad Saude Publica. 2005;21(2):545-53. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000200021
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,1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
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.

Este estudo foi realizado em todo o Brasil, com amostra representativa de usuários da APS, que buscaram o serviço para atendimento médico. Essa característica pode ter influenciado alguns dos resultados encontrados neste trabalho.

A prevalência do uso de medicamentos neste estudo (76,1%) foi superior à de outros estudos realizados na APS44. Bertoldi AD, Barros AJ, Wagner A, Ross-Degnan D, Hallal PC. Medicine access and population covered by primary health care in Brazil. Health Policy. 2009;89(3):295-302. https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2008.07.001
https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2008...
,99. Fleith VD, Figueiredo MA, Figueiredo KFLRO, Moura EC. Perfil de utilização de medicamentos em usuários da rede básica de saúde de Lorena, SP. Cienc Saude Coletiva. 2008;13 Supl:755-62. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000700026
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e com base populacional55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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,77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
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,1010. Galvao TF, Silva MT, Gross R, Pereira MG. Medication use in adults living in Brasilia, Brazil: a cross-sectional, population-based study. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2014;23(5):507-14. https://doi.org/10.1002/pds.3583
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.

A prevalência do uso de medicamentos em indivíduos na faixa etária de 65 anos ou mais (92,1%) foi superior àquela encontrada nos estudos realizados exclusivamente com idosos tanto na APS1111. Goulart LS, Carvalho AC, Lima JC, Pedrosa JM, Lemos PL, Oliveira RB. Consumo de medicamentos por idosos de uma Unidade Básica de Saúde de Rondonópolis/MT. Estud Interdiscipl Envelhec. 2014 [cited 2016 Mar 4];19(1):79-94. Available from: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/view/25854/31002
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quanto em estudos de base populacional2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
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,2323. Silva AL, Ribeiro AQ, Klein CH, Acurcio FA. Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa etária: um inquérito postal. Cad Saude Publica. 2012;28(6):1033-45. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000600003
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O número de medicamentos utilizados pelos usuários da APS variou de um a 16, resultado semelhante ao verificado em outros estudos nacionais na APS44. Bertoldi AD, Barros AJ, Wagner A, Ross-Degnan D, Hallal PC. Medicine access and population covered by primary health care in Brazil. Health Policy. 2009;89(3):295-302. https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2008.07.001
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,2525. Vosgerau MZS, Soares DA, Souza RKT, Matsuo T, Carvalho GS. Consumo de medicamentos entre adultos na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família. Cienc Saude Coletiva. 2011;16 Supl 1:1629-38. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000700099
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e de base populacional33. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC, Lima RC. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saude Publica. 2004;38(2):228-38. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000200012
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. A média de medicamentos utilizados por indivíduo (2,32) foi semelhante à verificada pela Organização Pan-Americana de Saúde (2005)1717. Organização Pan-Americana da Saúde. Avaliação da Assistência Farmacêutica no Brasil: estrutura, processo e resultados. Brasília (DF): OPAS: Ministério da Saúde; 2005 [cited 2016 Mar 4]. (Série Medicamentos e Outros Insumos Essenciais para a Saúde). Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/avaliacao_assistencia_farmaceutica_estrutura_resultados.pdf
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e superior à de outros estudos brasileiros realizados em adultos44. Bertoldi AD, Barros AJ, Wagner A, Ross-Degnan D, Hallal PC. Medicine access and population covered by primary health care in Brazil. Health Policy. 2009;89(3):295-302. https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2008.07.001
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,77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
,1010. Galvao TF, Silva MT, Gross R, Pereira MG. Medication use in adults living in Brasilia, Brazil: a cross-sectional, population-based study. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2014;23(5):507-14. https://doi.org/10.1002/pds.3583
https://doi.org/10.1002/pds.3583...
,1616. Oliveira NSC, Xavier RMF, Araújo PS. Análise do perfil de utilização de medicamentos em uma unidade de saúde da família, Salvador, Bahia. Rev Cienc Farm Basica Apl. 2012 [cited 2016 Mar 4];33(2):283-9. Available from: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/2051/1245
http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/inde...
, cujas médias variaram de 1,81 a 2,1 e também foi menor do que a média encontrada em estudo feito na Atenção Primária em um distrito na Índia (2,76)66. Costa A, Bhartiya S, Eltayb A, Nandeswar S, Diwan VK. Patterns of drug use in the public sector primary health centers of Bhopal district. Pharm World Sci. 2008;30(5):584-9. https://doi.org/10.1007/s11096-008-9215-6
https://doi.org/10.1007/s11096-008-9215-...
.

A média de medicamentos utilizados aumenta de acordo com a faixa etária, elevando-se para 3,0 no grupo acima de 65 anos. Estes resultados corroboram outros estudos nacionais e internacionais33. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC, Lima RC. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saude Publica. 2004;38(2):228-38. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000200012
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200400...
,77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
,1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201200...
,2121. Sans S, Paluzie G, Puig T, Balañá L, Balaguer-Vintró I. Prevalencia del consumo de medicamentos en la población adulta de Cataluña. Gac Sanit. 2002 [cited 2016 Mar 4];16(2):121-30. Available from: http://scielo.isciii.es/pdf/gs/v16n2/v16n2a02.pdf
http://scielo.isciii.es/pdf/gs/v16n2/v16...
e são inferiores à média encontrada por Silva et al (2012)2323. Silva AL, Ribeiro AQ, Klein CH, Acurcio FA. Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa etária: um inquérito postal. Cad Saude Publica. 2012;28(6):1033-45. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000600003
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201200...
em amostra nacional de idosos (3,8) e aos 3,7 identificados por Rozenfeld et al (2008)2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
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em aposentados do Rio de Janeiro. Esses estudos também associam maior utilização de medicamentos à maior nível de renda das populações. Neste estudo, a maior parte da população concentra-se nas classes C, D e E. A menor participação de pessoas das classes A e B pode ter contribuído para o menor número de medicamentos em uso.

O número médio de medicamentos é um importante indicador, que possibilita medir o grau de polimedicação do paciente, fator preditor de interações medicamentosas e eventos adversos88. Farias AD, Cardoso MAA, Medeiros ACD, Belem LF, Simoes MOS. Indicadores de prescrição medica nas unidades básicas de Saúde da Família no município de Campina Grande, PB. Rev Bras Epidemiol. 2007;10(2):149-56. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2007000200003
https://doi.org/10.1590/S1415-790X200700...
. O uso de múltiplos medicamentos é comum na população idosa devido à maior prevalência de doenças crônicas e às manifestações clínicas decorrentes do envelhecimento. O consumo de medicamentos nessa faixa etária requer um cuidado maior, pois os idosos apresentam alterações fisiológicas que afetam a farmacocinética clínica, podendo gerar efeitos tóxicos e eventos adversos2222. Secoli SR. Polifarmácia: interacões e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):136-40. https://doi.org/10.1590/S0034-71672010000100023
https://doi.org/10.1590/S0034-7167201000...
. As mulheres normalmente possuem maior preocupação com a saúde, procuram mais os serviços de saúde, além da existência de vários programas de saúde desenvolvidos para elas1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
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. Neste estudo as mulheres representaram a maior parte dos entrevistados. Entretanto, não foram observadas diferenças significantes na prevalência de uso de medicamentos entre homens (74,5%) e mulheres (76,0%), contrastando com achados de outros estudos onde as mulheres apresentaram prevalência de utilização de medicamentos superior à dos homens33. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC, Lima RC. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saude Publica. 2004;38(2):228-38. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000200012
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,55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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,77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
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,2525. Vosgerau MZS, Soares DA, Souza RKT, Matsuo T, Carvalho GS. Consumo de medicamentos entre adultos na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família. Cienc Saude Coletiva. 2011;16 Supl 1:1629-38. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000700099
https://dx.doi.org/10.1590/S1413-8123201...
.

Foi observada baixa escolaridade dentre os usuários de medicamentos, resultado semelhante ao observado em outro estudo nacional na APS1919. Pereira VOM, Acurcio FA, Guerra Junior AA, Silva GD, Cherchiglia ML. Perfil de utilização de medicamentos por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes mellitus em municípios da Rede Farmácia de Minas. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1546-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000800013
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e diferente daquele observado em outros estudos nacionais de base populacional33. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC, Lima RC. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saude Publica. 2004;38(2):228-38. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000200012
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,77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
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,2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
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. Esta correlação é preocupante pois a baixa escolaridade pode comprometer o grau de compreensão do esquema prescrito e a adesão ao tratamento. Tais diferenças podem ser explicadas pelas características diversas das populações avaliadas.

Dentre os usuários de medicamentos, 77,6% apresentavam uma doença crônica, resultado semelhante aos 77% encontrados por Carvalho (2005)55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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. Pessoas com doenças crônicas buscam mais os serviços e o medicamento é uma das intervenções terapêuticas mais utilizadas77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
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. O alto índice de doenças crônicas verificado na população idosa e o maior uso de medicamentos neste grupo etário reforçam esses achados.

O autorrelato de utilização de medicamentos genéricos foi registrado por 57,8% dos usuários de medicamentos. Este dado pode ser decorrente da alteração na legislação que regulamenta as compras públicas no Brasil. De acordo com a Política Nacional de Medicamentos, a promoção do uso de medicamentos genéricos é uma diretriz prioritária. Porém, apesar da obrigatoriedade da adoção da denominação genérica nas compras e licitações públicas de medicamentos realizadas pela Administração Pública, conforme a lei 8.666/93, as instâncias de gestão do SUS devem adquirir os medicamentos pelo menor preço, após cumpridas as exigências técnicas do edital. Desta forma, os medicamentos fornecidos pelo SUS podem ou não ser genéricos.

Quando avaliados os grupos farmacológicos mais utilizados, os analgésicos e antipiréticos destacam-se como o principal, condizente com outros estudos nacionais e internacionais33. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC, Lima RC. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saude Publica. 2004;38(2):228-38. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000200012
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,55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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,2121. Sans S, Paluzie G, Puig T, Balañá L, Balaguer-Vintró I. Prevalencia del consumo de medicamentos en la población adulta de Cataluña. Gac Sanit. 2002 [cited 2016 Mar 4];16(2):121-30. Available from: http://scielo.isciii.es/pdf/gs/v16n2/v16n2a02.pdf
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. Porém, quando se avaliam de forma isolada, observa-se que os medicamentos que atuam no aparelho cardiovascular, em especial os antihipertensivos, são o grupo mais utilizado. Esses dados são coerentes com o processo de transição demográfica vivenciado pelo país, onde o crescimento das doenças crônicas não transmissíveis está associado à ocorrência de condições agudas ainda relevantes para a atenção à saúde1414. Mendes EV. As redes de atenção a saúde. 2. ed. Brasília (DF): Organização Pan-Americana da Saúde; 2011..

Ao serem avaliados os 20 medicamentos mais utilizados, sete pertencem ao grupo C (medicamentos para o sistema cardiovascular) e dois são antidiabéticos (grupo A10). Há coerência entre o perfil de utilização e as doenças crônicas autorreferidas pelos usuários da APS do SUS. À semelhança de outros estudos nacionais77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
,1010. Galvao TF, Silva MT, Gross R, Pereira MG. Medication use in adults living in Brasilia, Brazil: a cross-sectional, population-based study. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2014;23(5):507-14. https://doi.org/10.1002/pds.3583
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,2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
https://doi.org/10.1590/S1020-4989200800...
,2323. Silva AL, Ribeiro AQ, Klein CH, Acurcio FA. Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa etária: um inquérito postal. Cad Saude Publica. 2012;28(6):1033-45. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000600003
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, a hipertensão foi a doença mais relatada. Esse resultado está de acordo com o perfil epidemiológico brasileiro, onde as doenças cardiovasculares possuem alta prevalência, entre elas a hipertensão arterial, em especial na população acima de 65 anos55. Carvalho MF, Pascom ARP, Souza-Junior PRB, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica. 2005;21 Supl 1:S100-8. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700011
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,1313. Loyola Filho AI, Uchoa E, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Cad Saude Publica. 2005;21(2):545-53. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000200021
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.

O fármaco mais utilizado pela população do estudo foi a losartana (4,8%), bloqueador do receptor AT1 da angiotensina II. Em outros estudos nacionais77. Costa KS, Barros MBA, Francisco PMSB, Cesar CLG, Goldbaum M, Carandina L. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(4):649-58. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000400004
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
,1616. Oliveira NSC, Xavier RMF, Araújo PS. Análise do perfil de utilização de medicamentos em uma unidade de saúde da família, Salvador, Bahia. Rev Cienc Farm Basica Apl. 2012 [cited 2016 Mar 4];33(2):283-9. Available from: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/2051/1245
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os antihipertensivos também foram os medicamentos mais utilizados, com destaque para o diurético hidroclorotiazida. Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão2424. Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1 Supl 1):1-51. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010001700001
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em vigor, o tratamento farmacológico da hipertensão inicia-se por monoterapia, sendo os bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II um dos preferencialmente prescritos. No tratamento da hipertensão arterial, especialmente em populações de alto risco cardiovascular ou com comorbidades, bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II proporcionam redução da morbimortalidade cardiovascular e possuem efeito protetor cerebrovascular superior aos demais antihipertensivos, justificando a crescente prescrição desta classe farmacológica.

Destaca-se que todos os 20 medicamentos mais utilizados pelos usuários da APS pertencem à Relação Nacional de Medicamentos vigente, sendo financiados pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica ou fornecidos pelo Programa Farmácia PopularaaWorld Health Organization, Quality Assurance and Safety of Medicines Team. The safety of medicines in public health programmes: pharmacovigilance an essential tool. Geneva: WHO; 2006 [citado 4 mar 2016]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665 /43384/1/9241593911_eng.pdf. Este resultado sugere que os prescritores têm utilizado as relações de medicamentos públicas como norteadoras da prescrição no âmbito do SUS, favorecendo o acesso gratuito aos medicamentos essenciais.

Dentre os usuários de medicamentos, uma significativa parcela (9,3%) não sabe qual o medicamento está utilizando, nem para qual doença ele foi indicado. Apesar de alguns usuários informarem o motivo para o qual estavam utilizando o medicamento, como por exemplo “para pressão alta” ou “anti-inflamatório”, grande número de pessoas responderam “não sei”, “não lembro”. A baixa escolaridade identificada especialmente em idosos (26,5%), faixa etária que mais utiliza medicamentos neste estudo, pode justificar os resultados encontrados. Este desconhecimento é um relevante achado, indicando a necessidade do desenvolvimento de estratégias de educação em saúde contínuas, pelas equipes multiprofissionais, a fim de contribuir para a correta utilização dos medicamentos.

A prevalência de automedicação referida (38,8%) foi superior a outros estudos nacionais22. Arrais PSD, Coelho HLL, Batista MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev Saude Publica. 1997;31(1):71-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
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,1212. Loyola Filho AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Prevalência e fatores associados a automedicação: resultados do projeto Bambui. Rev Saude Publica. 2002;36(1):55-62. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000100009
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, sendo maior na faixa etária de 18 a 44 anos. Fatores econômicos, políticos e culturais têm contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde pública. De acordo com Arrais (1997)22. Arrais PSD, Coelho HLL, Batista MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev Saude Publica. 1997;31(1):71-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
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, o fornecimento inadequado de medicamentos e a não-execução de apresentação obrigatória de receitas médicas, juntamente com a baixa escolaridade geral, são os motivos mais citados para a alta frequência de automedicação no Brasil. No presente estudo, a experiência satisfatória anterior com o medicamento, a disponibilidade do produto em casa e a indicação de profissionais da farmácia foram as principais justificativas para o uso de medicamentos sem receita.

Com relação ao Programa Farmácia Popular, observou-se que a obtenção de medicamentos pelo programa eleva-se com o aumento das faixas etárias. Estes dados são coerentes com o perfil de medicamentos fornecidos gratuitamentebbO elenco fornecido de maneira gratuita pelo Programa Farmácia Popular constitui a estratégia “Saúde não tem preço”, que contempla medicamentos para hipertensão, diabetes e asma. Ministério da Saúde (BR), Portal Saúde. Elenco oficial dos medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo Programa Aqui tem Farmácia Popular (atualizado em 29/01/2016). Brasília (DF); 2016 [citado 4 mar 2016]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images /pdf/2016/fevereiro/02/rol-medicamentos-SNTP-290116.pdf por meio das drogarias e farmácias credenciadas pelo “Aqui Tem Farmácia Popular”, que englobam medicamentos para o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Hipertensão e diabetes, doenças cujo tratamento é contemplado pelo elenco de fornecimento gratuito pelo programa, foram as mais referidas pela população acima de 65 anos.

Neste estudo, apenas 10% dos idosos afirmaram necessitar de ajuda para usar os medicamentos, e em geral também se observou que a maioria dos entrevistados não precisava de ajuda para usar os medicamentos, o que também foi observado em outro estudo com idosos2020. Rozenfeld S, Fonseca, MJM, Acurcio FA. Drug utilization and polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro City, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23(1):34-43. https://doi.org/10.1590/S1020-49892008000100005
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.

O presente estudo mostrou que 78% dos hipertensos entrevistados usaram medicamentos indicados para hipertensão, e cerca de 62% dos diabéticos utilizaram medicamentos indicados para diabetes. O percentual de indivíduos que não utilizaram medicamentos para essas doenças pode ser explicado pelas desejáveis intervenções não farmacológicas para tratamento dessas doenças.

Entretanto, para dislipidemia, artrite, artrose e reumatismo e depressão, 28,7%, 33,1% e 32,9% respectivamente, dos entrevistados que relataram possuir essas comorbidades utilizaram medicamentos específicos para tal.

Uma das limitações deste trabalho é que, por ser um estudo transversal, não permite a identificação da relação causa e efeito. Além disso, foi utilizado um período recordatório de 30 dias para avaliar a utilização de medicamentos. Esse critério pode ter resultado em algum viés de memória, que se torna mais acentuado quanto maior o período a ser lembrado, a idade e o número de medicamentos utilizados no período. Os usuários com problemas de acesso às unidades públicas de saúde não estão representados, pois os dados de utilização foram obtidos a partir de entrevistas com os usuários das UBS.

Em conclusão, o perfil dos usuários de medicamentos verificado neste estudo foi composto, predominantemente, por pessoas com baixa escolaridade e com comorbidades, associado à identificação de um percentual importante de pessoas que não sabiam o nome dos medicamentos utilizados. Os medicamentos mais utilizados foram os anti-hipertensivos. A automedicação foi maior entre os jovens. A maioria dos usuários relatou utilização de medicamentos genéricos. O número médio de medicamentos e a prevalência de uso aumentaram com a idade. Usuários idosos necessitam de especial atenção e ações específicas, pois apresentaram baixa escolaridade, tiveram menos acesso a bens de consumo, relataram a presença de mais comorbidade e, quando comparados aos demais grupos, relataram dificuldades no uso de medicamentos, o que pode colocá-los em situação de maior vulnerabilidade.

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    » https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051007027
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    Arrais PSD, Coelho HLL, Batista MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev Saude Publica 1997;31(1):71-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000100010
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Nov 2017

Histórico

  • Recebido
    04 Jul 2016
  • Aceito
    17 Jan 2017
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br