Saúde no parque: características de praticantes de caminhada em espaços públicos de lazer

Health in the park: characteristics of people walking in public areas of leisure

Marcos Roberto Kunzler Emmanuel Souza da Rocha Gabriéli Deponti Bombach Douglas Neves Gislaine S. dos Santos Felipe Pivetta Carpes Sobre os autores

Resumos

A prática regular de caminhada pode tornar a população mais ativa fisicamente. Buscamos relatar as atividades desenvolvidas com praticantes de caminhada em ambientes públicos de lazer em Uruguaiana - RS. Os participantes foram entrevistados, avaliados fisicamente, e divididos em faixas etárias. Resultados sugerem que idosos têm maior frequência e são motivados pela orientação médica. Jovens assumem prazer na realização da prática. Adultos de meia idade são maioria, e se exercitam pela preocupação com a saúde. Alterações posturais observadas sugerem precaução quanto ao tipo e forma de atividade física praticada, mostrando a necessidade de maior orientação profissional em espaços de lazer.

Caminhada; Envelhecimento; Atividade motora; Saúde; Exercício


Walking can help people become physically active. We present a report concerning activities developed with walkers in a public space for leisure in Uruguaiana - RS. Participants were interviewed, underwent a simple physical examination and divided into age groups. Elderly are more frequent in weekly activities, motivated by medical personnel. Young people indicated enjoyment when performing walking or running. Middle-aged adults are the majority, and exercise for health concerns. The concerns of users and postural alterations suggest concern regarding the modality and development of the physical activity, denoting that the professional orientation in these leisure spaces should be considered.

Walking; Aging; Motor activity; Health; Exercise


Introdução

O exercício físico regular faz parte da atenção primária, secundária e terciária à saúde humana. No entanto, os benefícios significativos desta prática dependem da orientação de profissionais capacitados (KOIKE ., 2008KOIKE, D. C.; NASCIMENTO, V. C.; ZUCCO, R. C. Avaliação dos fatores de risco cardiovascular em praticantes de atividade física não orientada. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 189-194, 2008.). Neste sentido, existem recomendações para a prática de exercícios físicos que visam auxiliar os praticantes e os profissionais que buscam um estilo de vida saudável através da prática de exercícios regulares (COELHO; BURINI, 2009COELHO, C. F.; BURINI, R. C. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Revista de Nutrição, Campinas, v. 22, n. 6, p. 937-946, 2009.). De acordo com Silva (2010), o exercício físico é uma forma de lazer, e também de restaurar a saúde frente aos efeitos nocivos que a rotina estressante do trabalho pode trazer, além de contribuir para o aumento da autoestima.

A caminhada é uma das atividades físicas de mais fácil acesso com potencial para tornar a população mais ativa fisicamente, além de poder ser praticada em ambientes variados, independe do uso de equipamentos especiais (ADAMOLI ., 2011ADAMOLI, A. N.; SILVA, M. C..; AZEVEDO, M. R. Prática da caminhada no lazer na população adulta de Pelotas, RS. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 16, n.2, p. 113-119, 2011.). Dessa forma é uma prática acessível à população, desde que existam espaços públicos adequados. A promoção da atividade física em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é uma meta. Para mudar tal cenário, a formação inicial dos profissionais da saúde precisa ser urgentemente repensada, com foco na promoção da saúde, e não simplesmente na prevenção e tratamento de doenças (HALLAL, 2011HALLAL, P. C. Promoção da atividade física no Brasil: uma questão que vai além da saúde pública. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 4, p. 620-621, 2011.).

O número de pessoas que começou a praticar atividades físicas de maneira sistemática aumentou nos últimos anos (ALBINO ., 2010ALBINO, J.; FREITAS, C. G.; MARTINS V. M. S. et al. Tabelas de Classificação da Aptidão Física para Frequentadores de Parques Públicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 373-377, 2010.), e os parques públicos são considerados locais privilegiados a essa prática (SILVEIRA; SILVA, 2010SILVEIRA, A. C. C.; SILVA, R. H. A. Os espaços de lazer na cidade: a política urbana de Belo Horizonte. Licere, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 1-42, 2010.). Nestes espaços observa-se a circulação de um grande número de pessoas, que realizam atividades com variados níveis de custo energético e intensidade (SILVA ., 2009SILVA, D. A. S.; REIS, R. S.; PETROSKI, E. L. Barreiras e facilitadores de atividades físicas em frequentadores de parques públicos. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2 p. 219-227, 2009.).

Os benefícios do exercício físico à saúde e prevenção de doenças são bastante descritos na literatura (COELHO; BURINI, 2009COELHO, C. F.; BURINI, R. C. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Revista de Nutrição, Campinas, v. 22, n. 6, p. 937-946, 2009.; KOIKE ., 2008KOIKE, D. C.; NASCIMENTO, V. C.; ZUCCO, R. C. Avaliação dos fatores de risco cardiovascular em praticantes de atividade física não orientada. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 189-194, 2008.; BEM ., 2012BEM, E. V.; TOCCHIO, A. G.; SOUZA, A. R. A importância da prática de exercícios orientados na academia ao ar livre. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física). - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Muzambinho, Muzambinho, 2012.). No entanto, quando se trata de sua prática em espaços públicos de lazer, ainda há carência de estudos. Autores têm sugerido que existem diversas barreiras para a prática de atividade física nestes espaços (COPETTI ., 2010COPETTI, J.; NEUTZLING, M. B.; SILVA, M. C. Barreiras à prática de atividades físicas em adolescentes de uma cidade do sul do Brasil. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Pelotas, v. 15, n. 2, p. 15-23, 2010.; BRAZÃO ., 2009BRAZÃO, M. C. et al. Estágios de mudança de comportamento e barreiras percebidas para a atividade física de idosos que vivem em uma cidade de médio porte no Brasil. Motriz, Rio Claro, v. 15 n.4 p. 759-767, 2009.). Nesse sentido, o perfil dos praticantes é uma informação importante para profissionais da área da saúde e gestores do esporte e lazer para que ações específicas possam ser planejadas e realizadas de maneira eficiente.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi relatar a experiência em traçar o perfil de indivíduos de diferentes faixas etárias que praticam exercícios físicos regulares em um parque público da cidade de Uruguaiana, no Estado do Rio Grande do Sul. Dessa forma, buscou-se evidenciar as principais características de praticantes de caminhada, de modo a levantar informações que sirvam para intervenções, por profissionais da saúde, com o objetivo de promover adesão ao exercício físico regular em espaços públicos.

Metodologia

O estudo foi desenvolvido no Parque Dom Pedro II, mais conhecido pelos moradores do município como 'Parcão', e proposto pelos participantes de um projeto de extensão da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Campus Uruguaiana. O projeto envolveu um docente, um técnico desportivo e acadêmicos da instituição, tendo como objetivo orientar as atividades de caminhadas e corridas no parque, em dois períodos do dia, em horários fixados pelos participantes do projeto considerando o de maior volume de praticantes usando o local, e com uma equipe designada para atuar em cada horário, no período de setembro a dezembro de 2011.

Os indivíduos, que foram aleatoriamente abordados, eram praticantes de caminhada e realizavam a atividade no local. Eles foram convidados a participar do projeto, e aqueles que concordavam eram entrevistados através de uma ficha de avaliação e um questionário específico (anamnese), contendo questões sobre características socioeconômicas relacionadas à idade, sexo, profissão, escolaridade, histórico de lesões, informações sobre frequência de prática semanal da atividade física, motivação para a prática e tipo de calçado utilizado. Logo após, eles passavam por uma avaliação funcional simples, onde eram avaliados alguns aspectos como Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca (FC) e postura corporal, especialmente alinhamentos de segmentos e da coluna. Por fim, recebiam orientações sobre fisiologia do exercício, biomecânica, alongamentos e cuidados gerais durante a prática de atividade física, e continuavam recebendo o acompanhamento da equipe ao longo da duração do projeto. Todos os procedimentos desenvolvidos neste projeto estiveram de acordo com os preceitos de ética e pesquisa com seres humanos da Instituição local, sendo o projeto registrado e aprovado sob número 10.002.11.

Participaram das ações 232 indivíduos, sendo 89 do sexo masculino e 143 do sexo feminino, todos praticantes de caminhada no espaço público em questão. As coletas de dados foram realizadas no próprio ambiente da prática. Para análise dos dados, os praticantes foram divididos de acordo com a faixa etária em que se encontravam no referido período, formando grupos: Grupo 1 (G1), adultos jovens de 21 a 40 anos; Grupo 2 (G2), adultos de meia idade de 41 a 60 anos; e Grupo 3 (G3), idosos acima dos 61 anos. Os indivíduos com idade abaixo dos 21 anos foram excluídos da amostra, pelo baixo número de praticantes (n=4).

Os dados de FC de repouso foram comparados estatisticamente entre os grupos, empregando uma análise de variância de um fator (ANOVA one-way) com teste post-hoc de Bonferroni, uma vez que o teste de Shapiro-Wilk indicou uma distribuição normal. Os dados de PA sistólica e diastólica foram comparados entre os grupos através do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Todos os testes consideraram um nível de significância de 0,05 empregando um pacote estatístico comercial (SPSS Inc 17.0, Chicago, EUA).

Resultados e discussão

O grupo de adultos jovens (G1) foi composto por 45 participantes com idade média±desvio padrão de 31,24±6,85 anos. Adultos de meia idade (G2) envolveram 129 indivíduos com idade média de 50,39±5,1 anos. Já o grupo de idosos (G3), foi composto por 58 pessoas com idade média 67,91±6,40 anos. Albino . (2010)ALBINO, J.; FREITAS, C. G.; MARTINS V. M. S. et al. Tabelas de Classificação da Aptidão Física para Frequentadores de Parques Públicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 373-377, 2010. também encontraram valores semelhantes de distribuição etária dos sujeitos que praticavam algum tipo de atividade física em parques públicos, assim como Santos (2007)SANTOS, E. S. Perfil dos usuários do parque esportivo Eduardo Gomes/Canoas/RS. Revista Eletrônica da Escola de Educação Física de Desportos-UFRJ. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 69-86, 2007., que caracterizou a predominância de adultos de meia idade fazendo uso desse tipo de ambiente. Tais dados sugerem que a maioria das pessoas toma consciência da importância de uma regularidade da prática de exercícios físicos à medida que amadurece, ou quando começa a perceber problemas de saúde ou alterações corporais que possam ser percebidos como fatores de risco (SCHERR; RIBEIRO, 2009SCHERR, C.; RIBEIRO, J. P. Gênero, Idade, Nível Social e Fatores de Risco Cardiovascular: Considerações Sobre a Realidade Brasileira. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 93, n. 3, p. 54-56, 2009.). Dentre as avaliações realizadas, alguns dados evidenciaram informações importantes sobre o perfil dos praticantes como, a Frequência Cardíaca (FC) de repouso, a pressão arterial, os desvios posturais, os tipos de calçados usados, a frequência semanal e a motivação para a prática do exercício.

A FC média de repouso dos participantes foi similar entre as faixas etárias (F= 2,916; P= 0,057), conforme ilustra a figura 1 (a). A pressão arterial diferiu entre as idades, sendo que foi observado aumento significativo tanto na sistólica (H(2)=11,398, P=0,003) quanto na diastólica (H(2)=14,236, P=0,001) conforme o aumento da idade figura 1(b). Este aumento ascendente da pressão arterial juntamente com a idade, é um resultado esperado, visto que o aumento da pressão arterial está relacionado ao envelhecimento humano (MENDES; BARATA, 2008MENDES, R.; BARATA, J. L. T. Envelhecimento e pressão arterial. Acta Médica Portuguesa, Lisboa, v. 21, n. 2, p. 193-198, 2008.). Na avaliação postural foram observados desvios nas regiões cervical, torácica e lombar da coluna vertebral. O G1 apresentou predominância de índices normais nas três regiões da coluna vertebral (Lombar 68,89%, Torácica 71,11%, Cervical 91,11%). No G2, houve um aumento nos valores para região lombar, onde 26,27% dos participantes apresentaram aumento da lordose lombar. Percentuais importantes de alterações na coluna apareceram no G3 onde na região torácica 38,46% dos avaliados apresentaram cifose torácica aumentada, e 28,85% hiperlordose.

Figura 1
Informações de frequência cardíaca de repouso, em batimentos por minuto (bpm) e pressão arterial (mmHg)

Fonte: Elaboração própria

Nota: Estão apresentadas na imagem da esquerda (a) a frequência cardíaca de repouso e na imagem da direta (b) os valores de pressão arterial. G1, G2 e G3 representam os grupos de adultos jovens, adultos meia idade e idosos, respectivamente. PAS = Pressão Arterial Sistólica; PAD = Pressão Arterial Diastólica.

As alterações gerais, que são observadas em qualquer nível da coluna, apresentaram índices de aumento progressivo com o aumento da idade dentro de cada faixa etária, sendo 44,44% no G1, 66,95% no G2 e 76, 92% no G3 (tabela 1). As alterações posturais, mais evidentes em adultos de meia idade e idosos (tabela 1), indicam precaução e preocupação quanto ao tipo de atividade física praticada e como essa atividade é conduzida pelos praticantes.

Tabela 1
Informações sobre incidência de desvios posturais em praticantes de atividade física em espaço público de lazer

O aumento da curvatura ou a retificação da lombar, em alguns casos, pode ter como causa a própria prática conduzida de modo incorreto, assim como hábitos e características do treinamento associados à inexperiência na prática da corrida, aumentando o risco para lesões musculoesqueléticas (HESPANHOL JUNIOR ., 2012HESPANHOL JUNIOR, L. C. et al. Perfil das características do treinamento e associação com lesões musculoesqueléticas prévias em corredores recreacionais: um estudo transversal. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 16, n. 1, p. 46-53, 2012.). Talvez somente o treinamento composto por caminhada ou corrida, não seja suficiente para melhorar ou evitar problemas posturais relativos à coluna. Um treinamento de força poderia melhorar significativamente a funcionalidade de indivíduos com lombalgia, tendo um efeito positivo sobre a diminuição dos sintomas de dor (LOPES, 2009LOPES, A. Avaliação do efeito de um programa de treino de musculação na dor e na funcionalidade da região lombar. 2009. 40 f. Monografia de Conclusão de Curso (Licenciatura em Desporto e Educação Física). - Faculdade de Desporto. Universidade do Porto, Porto, 2009.). Dessa maneira, é importante saber como são orientados os usuários de espaços de exercício ao ar livre (BEM ., 2012BEM, E. V.; TOCCHIO, A. G.; SOUZA, A. R. A importância da prática de exercícios orientados na academia ao ar livre. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física). - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Muzambinho, Muzambinho, 2012.), para assim contribuir, juntamente com os exercícios aeróbicos, na melhoria da postura. Ambos os padrões de mobilidade dos membros inferiores ou velocidade, da caminhada ou da corrida, podem ser avaliados e empregados na prescrição do exercício quando há o acompanhamento de um profissional.

O uso do calçado adequado foi observado para a grande maioria dos adultos jovens (G1) e adultos de meia idade (G2). No entanto, o grupo de idosos (G3) apresentou um grande percentual de sujeitos que não utilizam calçado adequado para a caminhada (tabela 2). O uso inadequado do calçado em G3 parece não estar correlacionado com lesões, as quais ocorreram mais frequentemente em G1 (tabela 2). Entretanto a utilização do calçado inadequado pode estar relacionada com a alteração postural em qualquer nível da coluna vertebral, que foi mais presente no grupo G3 (tabela 1).

Tabela 2
Indicadores dos hábitos pessoais sobre a prática de atividade física em espaço público de lazer

A frequência semanal de prática foi alta nos três grupos, sendo que a maior parte dos praticantes se exercita de três a cinco vezes por semana (tabela 2). Os motivos para a prática regular estão primeiramente relacionados com a preocupação em buscar manutenção da saúde, para todos os grupos. Em segundo lugar, assumir a prática como uma forma de lazer foi o maior motivador para a prática regular em G1 e G2, enquanto que sujeitos do G3 mencionaram a recomendação de um médico como motivação. A estética figura entre os motivadores da prática, mas com índices mais baixos e que diminuem com o avançar da idade (tabela 2).

A constatação de que a maior motivação da prática é a manutenção da saúde, nos três grupos etários, remete ao entendimento que há uma preocupação preventiva e um reconhecimento de que se exercitar regularmente faz bem. Os dados corroboram os estudos que indicam a importância do suporte social para a prática de atividade física em todas as idades (SILVA ., 2009SILVA, D. A. S.; REIS, R. S.; PETROSKI, E. L. Barreiras e facilitadores de atividades físicas em frequentadores de parques públicos. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2 p. 219-227, 2009.; SALVADOR ., 2009SALVADOR, E. P. et al. Percepção do ambiente e prática de atividade física no lazer entre idosos. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 6, p. 972-980, 2009.), e a saúde como principal motivo para a prática (ADAMOLI, 2011ADAMOLI, A. N.; SILVA, M. C..; AZEVEDO, M. R. Prática da caminhada no lazer na população adulta de Pelotas, RS. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 16, n.2, p. 113-119, 2011.). Tal realidade denota a importância dos espaços públicos de lazer com finalidade expressiva para prática de atividades físicas, o que é observado em vários estudos sobre o assunto (MORAIS ., 2010MORAIS, P. et al. Projeto Saúde na Praça: uma experiência de promoção da saúde em Araraquara - SP. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Pelotas, v. 15, n. 4, p. 255-259, 2010.; SILVEIRA; SILVA, 2010SILVEIRA, A. C. C.; SILVA, R. H. A. Os espaços de lazer na cidade: a política urbana de Belo Horizonte. Licere, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 1-42, 2010.), mas ainda carecem de muitas melhorias físicas neste sentido (SILVA , 2012SILVA, M. C.; SILVA, A. B.; AMORIM, T. E. C. Condições de espaços públicos destinados à prática de Atividades Físicas na cidade de Pelotas/RS/Brasil. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 17, n. 1, p. 28-32, 2012.). Informações sobre o perfil dos usuários de espaços públicos de atividade física e lazer são importantes tanto para profissionais da área da saúde quanto para gestores de esporte e lazer.

Com base em ferramentas e análises simples, este estudo analisou perfis de indivíduos de diferentes faixas etárias praticantes de caminhada e/ou corrida em um espaço público de lazer. Os participantes foram descritos considerando aspectos físicos e também habituais, sendo estes, pontos importantes da pesquisa. Os resultados mostraram peculiaridades entre as faixas etárias em praticamente todos os fatores analisados, e sugerem que os maiores usuários de um espaço público são adultos de meia idade. A frequência semanal de prática acima de três dias na semana está de acordo com o observado em outras investigações (ADAMOLI ., 2011ADAMOLI, A. N.; SILVA, M. C..; AZEVEDO, M. R. Prática da caminhada no lazer na população adulta de Pelotas, RS. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 16, n.2, p. 113-119, 2011.; ALBINO ., 2010ALBINO, J.; FREITAS, C. G.; MARTINS V. M. S. et al. Tabelas de Classificação da Aptidão Física para Frequentadores de Parques Públicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 373-377, 2010.; FERMINO ., 2012FERMINO, R. C.; REIS, R. S.; CASSOU, A. C. Fatores individuais e ambientais associados ao uso de parques e praças por adultos de Curitiba - PR, Brasil. Revista Brasileiro Cineantropometria de Desempenho Humano, Florianópolis, v. 14, n. 4, p. 377-379, 2012.).

As evidências encontradas confirmam que a percepção do ambiente compreende um fator de influência para a frequência e estímulo na utilização de parques urbanos para a realização de atividades físicas, embora fatores intrínsecos sejam também de fundamental importância para um estilo de vida mais ativo (COLLET ., 2008COLLET, C.; et al. Fatores determinantes para realização de atividades físicas em parque urbano de Florianópolis. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Pelotas, v. 13, n. 1, p. 15-23, 2008.). Durante uma caminhada, tais influências devem ser mais compreendidas e estudadas por diferentes profissionais que utilizem a caminhada como forma de promoção, recuperação ou manutenção da saúde. A prática inadequada do exercício pode não trazer os benefícios pretendidos à saúde e ainda ser prejudicial, quando indivíduos que o realizam não são orientados (KOIKE ., 2008KOIKE, D. C.; NASCIMENTO, V. C.; ZUCCO, R. C. Avaliação dos fatores de risco cardiovascular em praticantes de atividade física não orientada. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 189-194, 2008.).

Conclusão

Com a experiência relatada, constatou-se que a maioria dos praticantes de caminhada, no espaço público, são sujeitos de meia idade, se exercitando ao menos três vezes na semana e tendo como principal motivação para a prática a preocupação com a saúde. Dentre idosos, boa parte se exercita por orientação médica. Considerando que alterações posturais mais evidentes foram observadas em adultos de meia idade e idosos, estas serviram como estratégias para informar aos usuários, que sua atividade física bem orientada, poderá contribuir muito para que alcancem seus objetivos mais rapidamente.

  • Suporte financeiro: não houve

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2014

Histórico

  • Recebido
    Mar 2013
  • Aceito
    Jan 2014
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde RJ - Brazil
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