Revista Brasileira de Epidemiologiahttps://www.scielosp.org/feed/rbepid/1998.v1n1/2017-01-10T00:03:00ZVol. 1 No. 1 - 1998WerkzeugEditorialS1415-790X19980001000012017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZCarvalheiro, José da Rocha
<em>Carvalheiro, José Da Rocha</em>;
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Amamentação ao seio, amamentação com leite de vaca e o diabetes mellitus tipo 1: examinando as evidênciasS1415-790X19980001000022017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZGimeno, Suely Godoy AgostinhoSouza, José Maria Pacheco de
<em>Gimeno, Suely Godoy Agostinho</em>;
<em>Souza, José Maria Pacheco De</em>;
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A etiologia do diabetes mellitus tipo 1 (DM1) envolve tanto herança genética como a exposição a fatores ambientais. Evidências de estudos epidemiológicos e experimentais sugerem que a dieta pode ser importante na etiopatogenia dessa doença. Em 1984, Borch-Johnsen e col. sugeriram, com base nos resultados de um estudo caso-controle, que o leite materno seria um fator de proteção para o DM1; esse efeito se daria devido às propriedades anti-infecciosas desse tipo de leite, ou pelo fato de que a amamentação ao seio evitaria que as crianças pudessem ser precocemente expostas a outros agentes etiológicos contidos nos substitutos do leite materno. Esses mesmos achados foram poste-riormente encontrados em diversos estudos, mas o papel do leite materno no aparecimento do DM1 ainda permanece controverso. Em 1992, Karjalainen e col., ao compararem os soros de indivíduos com e sem DM1, observaram, entre os diabéticos, altas concentrações de anticorpos anti-albumina bovina. Os autores postularam a hipótese de que a albumina bovina poderia atuar como desencadeadora do processo destrutivo das células ß do pâncreas e, conseqüentemente, do diabetes. Resultados conflitantes foram observados nas publicações que se sucederam a essa. Neste artigo, resumem-se e discutem-se os achados de diferentes pesquisadores que investigaram a importância desses fatores dietéticos para o aparecimento do DM1.Epidemiologia e saber científicoS1415-790X19980001000032017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZBarata, Rita Barradas
<em>Barata, Rita Barradas</em>;
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Todo conhecimento, seja ele oriundo do cotidiano ou das interpretações mágicas, religiosas, filosóficas, científicas ou artísticas da realidade, tem sua origem em problemas práticos. Desde a Antigüidade o homem preocupou-se com as doenças e suas causas. Entretanto, os saberes referentes ao processo saúde-doença em sua dimensão coletiva só ultrapassam o limiar de positividade , isto é, só se individualizam como prática discursiva, no século XVII, quando as noções de população, Estado e coletivo ganham significado social. Tais saberes, entretanto, não caracterizam ainda uma disciplina científica com seu conjunto particular de enunciados, normas de verificação e coerência. A superação do limiar de epistemologização só se dará no século XIX, com a incorporação de cálculos estatísticos, formulação de taxas, desenvolvimento de teorias de causalidade e elaboração dos métodos de investigação. Na primeira metade do século XX observa-se a transição da disciplina para a ciência epidemiológica, marcada pela incorporação de instrumentos analíticos da Bioestatística, explicitação do caráter coletivo do objeto e sistematização dos métodos. Atualmente vive-se nova etapa de transição para o limiar de formalização.Relevância epidemiológica da desnutrição e da obesidade em distintas classes sociais: métodos de estudo e aplicação à população brasileiraS1415-790X19980001000042017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZMondini, LeniseMonteiro, Carlos Augusto
<em>Mondini, Lenise</em>;
<em>Monteiro, Carlos Augusto</em>;
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Buscou-se construir critérios de mesma especificidade no diagnóstico da desnutrição e da obesidade, de modo a produzir estimativas comparáveis para a prevalência desses eventos em distintos estratos socioeconômicos da população brasileira infantil e adulta. A fonte primária de dados é a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição - PNSN, estudo do tipo transversal de base domiciliar, realizado no país em 1989. Foram considerados o conjunto das mulheres adultas estudadas pela PNSN, com idades entre 18 e 64 anos (n=15.669), o conjunto dos homens adultos com idades entre 20 e 64 anos (n=14.235) e o conjunto das crianças com idade entre 6 e 35 meses (n=3.641). Na avaliação do estado nutricional dos adultos empregou-se o Índice de Massa Corporal (kg/m²) e, na avaliação infantil, os índices peso/idade e peso/altura. Os percentis 5 e 95 da distribuição desses índices em uma população de referência foram utilizados como níveis críticos para o diagnóstico, respectivamente, da desnutrição e da obesidade. Os resultados obtidos evidenciam, entre outros aspectos, que a desnutrição infantil mostra-se controlada (prevalências muito baixas) mesmo em estratos da população com níveis muito modestos de renda familiar, enquanto a obesidade em mulheres adultas constitui problema de Saúde Pública (altas prevalências), mesmo para famílias situadas abaixo da linha da pobreza extrema. Tais evidências indicam a necessidade de se rever os modelos de causalidade tradicionalmente admitidos no país para a desnutrição e para a obesidade, ao mesmo tempo em que apontam a urgência de uma ampla revisão das prioridades e das estratégias de intervenção da Saúde Pública brasileira, no campo da nutrição.A tendência da prática da amamentação no Brasil nas décadas de 70 e 80S1415-790X19980001000052017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZVenancio, Sonia IsoyamaMonteiro, Carlos Augusto
<em>Venancio, Sonia Isoyama</em>;
<em>Monteiro, Carlos Augusto</em>;
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A prática da amamentação sofreu um declínio em todo o mundo, levando a conseqüências desastrosas para a saúde das crianças e suas mães. A partir da década de 70 iniciou-se um verdadeiro movimento mundial para o retorno à amamentação, sendo que no Brasil, estudos realizados em algumas cidades indicam o possível sucesso deste movimento no País. Este estudo teve por objetivo descrever a trajetória recente do aleitamento materno no Brasil, em diferentes estratos populacionais, compa-rando duas pesquisas nacionais (ENDEF/75 e PNSN/89). Empregou-se a análise de probitos, que permite estimar freqüências da amamentação a partir de regressões lineares ponderadas, utilizando o teste de aderência de Kolmogorov-Smirnov para verificar a adequação dos modelos obtidos. Verificou-se uma expansão considerável da prática da amamentação no País. Esta tedência ocorreu em todos os estratos da população, porém o aumento da prática da amamentação foi mais acentuado na área urbana, na região Centro-Sul do país, entre as mulheres de maior poder aquisitivo e de maior escolaridade.Incidência e fatores de risco para tuberculose em Pelotas, uma cidade do Sul do BrasilS1415-790X19980001000062017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZMenezes, Ana M. B.Costa, Juvenal Dias daGonçalves, HelenMorris, SaulMenezes, MarceloLemos, SoilaOliveira, Ricardo K.Palma, Eduardo
<em>Menezes, Ana M. B.</em>;
<em>Costa, Juvenal Dias Da</em>;
<em>Gonçalves, Helen</em>;
<em>Morris, Saul</em>;
<em>Menezes, Marcelo</em>;
<em>Lemos, Soila</em>;
<em>Oliveira, Ricardo K.</em>;
<em>Palma, Eduardo</em>;
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Objetivou-se medir a incidência e avaliar fatores de risco para tuberculose, em adultos de Pelotas. Os casos foram detectados na "Secretaria Municipal da Saúde e Bem Estar" (Centro de Saúde), no período de junho de 1994 a junho de 1995. Concomitante, controles populacionais, pareados por sexo e idade, eram sorteados e aplicado o mesmo questionário aos casos e controles. A incidência notificada de tuberculose foi de 72,4/100.000 habitantes. A análise estatística bruta mostrou os seguintes odds ratios: 10,8 (classe social E), 5,4 (renda familiar < 1 salário mínimo) e 6,6 (analfabetos). O risco em pessoas de cor não branca foi de 4,7; aglomeração e contato com tuberculose apresentaram respectivamente riscos de 3,1 e 5,3. Alcoolismo mostrou um risco de 4,3 e os portadores de doenças associadas à tuberculose um risco de 3,6; as variáveis história de diabete e moradia próxima a pedreiras não se mostraram associadas com tuberculose. Os trabalhadores de pedreiras apresentaram um risco de 4,0. Na análise por regressão logística condicional, as seguintes variáveis permaneceram, após ajuste para fatores de confusão, significativamente associadas com tuberculose: contato com tuberculose (OR=8,2), alcoolismo (OR=4,0), trabalho em pedreira (OR=4,7) e cor não branca (OR=3,1). Conclui-se que a incidência de tuberculose em Pelotas é muito elevada e que a maioria dos fatores de risco são passíveis de prevenção ou redução."Grow and multiply": social development, birth rates and demographic transition in the Municipality of São Paulo, Brazil, time-series for 1901-94S1415-790X19980001000072017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZAntunes, José Leopoldo Ferreira
<em>Antunes, José Leopoldo Ferreira</em>;
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This study reports the construction of time-series related to standardized mortality rate, proportional mortality ratio of Swaroop and Uemura, infant mortality rate, fetal death rate, expectation of life at birth and birth rate for the city of São Paulo, SP, Brazil, from 1901 to 1994. In order to determine the structural variation of these measures, the model, forecast and correlation of these series were submitted to statistical analysis. The results obtained were compared to the historical analysis of the major socioe-conomic phenomena during this period in an effort to explain populational movements in the city, with emphasis on the slow and late nature of the process of demographic transition in the city. It was concluded that time-series analysis for demographic measures is efficient in many ways: by allowing the application of statistical methodology to the human sciences, by passing the difficulties inherent in the characteristics of these values (serial correlation, heteroscedasticity, multicollinearity and non-normality of forecast error distribution), by integrating quantitative analysis with the historical interpretation of the phenomena approached, by projecting estimates of future trends on the basis of the behavior of the variables analyzed, and by systematizing the methodology for application in future studies of social research.The relationship between the use of primary health care and infant health status at 12 months in a Brazilian communityS1415-790X19980001000082017-01-10T00:03:00Z2017-01-10T00:03:00ZMoura, Erly Catarina
<em>Moura, Erly Catarina</em>;
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The Brazilian government has been implementing health care policies that emphasize primary health care since 1988. Yet, to date, no study has examined the effects of the policies on children. A cohort study assessed the effects of primary care on the health status of 85 twelve-month-old infants residing in a neighborhood of São Paulo. Infants were classified as "healthy" if they had been ill no more than three times during the first year, or "ill" if they had been ill at least four times. Primary pediatric care was considered either "continuous" or "fragmented". Continuous care was defined as starting care in the first month after birth and following the guidelines of the Health Secretariat of the City as to the number and interval of medical appointments. Otherwise, the infant was defined as receiving fragmented care. Forty percent of infants were classified as ill, and 89.4% were classified as receiving fragmented care. A bivariate analysis showed an association between fragmented care and illness (p=0.003). After adjusting for other variables, health status was predicted by maternal age and number of persons per room. The results show a relationship between low socio-economic status, inadequate access to care, and illness. The transition towards an equitable primary care system in Brazil is slow and challenging.