Saúde e Sociedadehttps://www.scielosp.org/feed/sausoc/2010.v19n2/2018-01-05T00:07:00ZVol. 19 No. 2 - 2010WerkzeugEditorialS0104-129020100002000012018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZLefèvre, Fernando
<em>Lefèvre, Fernando</em>;
<br/><br/>
Tatuagem, body piercing e a experiência da dor: emoção, ritualização e medicalizaçãoS0104-129020100002000022018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFerreira, Vitor Sérgio
<em>Ferreira, Vitor Sérgio</em>;
<br/><br/>
Configurando uma experiência física que desafia tabus físicos e sociais, a marcação do corpo através da tatuagem e body piercing tem sido bastante explorada no espaço público mediatizado em função das questões da dor voluntária e dos riscos de saúde individual e pública implicados. Ao pânico moral que já envolvia estas práticas, associadas a comportamentos tidos como socialmente desviantes, psico-patológicos ou criminosos, junta-se-lhes outra espécie de pânico social, o «pânico higienista», associado ao receio de contrair doenças infecto-contagiosas, ou de reagir aos materiais ou tintas encarnados. No sentido de ir além destes discursos, este artigo pretende analisar: por um lado, como os consumidores actuais de tatuagem e body piercing lidam com a dor que lhe está associada, que emoções enquadram essa sensação e que estratégias convocam no seu controlo; por outro lado, como é que os produtores de tatuagem e body piercing, perante novas e mais alargadas clientelas, lidam com exigência de disciplinas sanitárias na sua prática profissional. Em termos metodológicos, a informação empírica apresentada no artigo foi obtida em situação de entrevista em profundidade, de natureza biográfica, semi-estruturada na sua preparação e semi-diretiva na sua aplicação, a portadores de corpos multitatuados e multiperfurados, profissionais ou apenas consumidores de tatuagem e body piercing. Quinze entrevistados com diferentes perfis sociais foram recrutados em estúdios de tatuagem e body piercing de Lisboa e arredores, depois de intenso trabalho etnográfico nesses mesmos espaços.Girando a lente socioantropológica sobre o corpo: uma breve reflexãoS0104-129020100002000032018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSeparavich, Marco AntonioCanesqui, Ana Maria
<em>Separavich, Marco Antonio</em>;
<em>Canesqui, Ana Maria</em>;
<br/><br/>
O artigo reflete, a partir de revisão bibliográfica, sobre o corpo e o processo saúde e doença como fatos não naturais. Vale-se de algumas ideias da história da Medicina Ocidental para contextualizar as concepções do corpo, as diferenças sexuais e a saúde e doença, assim como de outras racionalidades médicas e cosmologias religiosas onde as concepções do corpo e da saúde e doença diferem da medicina ocidental. Recorre a algumas abordagens antropológicas para mostrar a modelagem cultural do corpo e de seus usos; a dimensão simbólica e sua emersão na teia das relações e normas sociais e nas relações com o meio ambiente, assim como suas articulações com a representação da pessoa, através de exemplos etnográficos extraídos da literatura.Relações disciplinares em um centro de ensino e pesquisa em práticas de promoção da saúde e prevenção de doençasS0104-129020100002000042018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZGuedes, Lígia EmeritaFerreira Junior, Mario
<em>Guedes, Lígia Emerita</em>;
<em>Ferreira Junior, Mario</em>;
<br/><br/>
O trabalho em equipe interdisciplinar é considerado um importante pressuposto para reorganização do processo de trabalho com práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças, visando a uma abordagem mais integral e resolutiva. Neste artigo avaliam-se as relações disciplinares entre profissionais de saúde a partir do estudo de caso de um centro universitário voltado ao ensino e pesquisa em práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Com base na visão humanista das relações disciplinares, procurou-se identificar as principais premissas que determinam o trabalho interdisciplinar. Utilizaram-se os métodos da observação participante e entrevistas semi-estruturadas com profissionais de saúde, seguidas da análise de conteúdo na modalidade temática, para a coleta e interpretação dos dados. A análise revelou que o serviço de saúde avaliado apresentava uma situação possivelmente transitória da pluri para a interdisciplinaridade. Partindo-se do estudo de caso, discutem-se os fatores sociais, culturais, educacionais, institucionais e subjetivos que podem agir tanto como facilitadores quanto como obstáculos à interdisciplinaridade.Mulher no climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidadeS0104-129020100002000052018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZValença, Cecília NogueiraNascimento Filho, José Medeiros doGermano, Raimunda Medeiros
<em>Valença, Cecília Nogueira</em>;
<em>Nascimento Filho, José Medeiros Do</em>;
<em>Germano, Raimunda Medeiros</em>;
<br/><br/>
O climatério é um período abrangente da vida feminina, caracterizado por alterações metabólicas e hormonais que trazem mudanças envolvendo o contexto psicossocial. Tendo como referência as alterações de sexualidade vivenciadas no climatério, este trabalho tem por objetivo refletir sobre desejo sexual, beleza e feminilidade da mulher nessa fase. A metodologia adotada consistiu em estudo bibliográfico, em livros e artigos publicados, entre 1999 e 2009. A exigência exacerbada pela beleza eterna e jovialidade é agravada no climatério, no qual o corpo feminino não tem o mesmo vigor físico pelas alterações decorrentes do envelhecimento. A mulher climatérica vive o mito da perda do desejo sexual, todavia, continua a sentir prazer, não devendo deixar de manifestar amor e sexualidade. A visão social estereotipada sobre o papel da mulher (esposa e mãe) pode interferir negativamente na visão das mulheres sobre si mesmas e no seu relacionamento com as pessoas e o mundo. Nesse sentido, é importante que as mulheres tenham acesso à informação em saúde para a compreensão das mudanças do período de climatério/menopausa, contemplando e ressignificando tal fase como integrante de seus ciclos de vida e não como sinônimo de velhice, improdutividade e fim da sexualidade.Mulheres em situação de abortamento: estudo de casoS0104-129020100002000062018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBertolani, Georgia Bianca MartinsOliveira, Eleonora Menicucci de
<em>Bertolani, Georgia Bianca Martins</em>;
<em>Oliveira, Eleonora Menicucci De</em>;
<br/><br/>
Este trabalho pretende, por meio da abordagem qualitativa e a partir de estudo de caso, analisar as narrativas de 19 mulheres em situação de abortamento, que foram atendidas no Hospital da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam) do município de Vitória. A coleta dos dados foi realizada com o uso de técnicas de observação participante, entrevista com roteiro semiestruturado, registro em diário de campo e análise de prontuário. Os dados se apresentam a partir da construção de narrativas, segundo o modelo proposto por Bourdieu (2003); a análise das entrevistas gravadas seguiu a orientação de Pope e colaboradores (2006), com a consequente construção de categorias empíricas emergentes das narrativas. As categorias emergentes das narrativas das mulheres foram divididas em quatro: as experiências reprodutivas; como as mulheres perceberam-se grávidas; a experiência do abortamento; e o atendimento nos serviços de saúde. Os resultados demonstraram que a assistência não contempla suas necessidades de saúde, nem respeita seus direitos reprodutivos. Elas caracterizam o atendimento como ruim, ineficiente, preconceituoso, independentemente de terem provocado ou não o abortamento.A violência sob o olhar de lideranças comunitárias de Londrina, Paraná, BrasilS0104-129020100002000072018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZAmaro, Marcia Caroline PortelaAndrade, Selma Maffei deGaranhani, Mara Lúcia
<em>Amaro, Marcia Caroline Portela</em>;
<em>Andrade, Selma Maffei De</em>;
<em>Garanhani, Mara Lúcia</em>;
<br/><br/>
Estudos têm mostrado que a mobilização popular é importante para se combater a violência. Este trabalho identificou a visão que lideranças comunitárias de duas regiões da periferia da cidade de Londrina-PR, com diferentes níveis de mobilização popular, têm sobre esse fenômeno. A abordagem utilizada foi a de pesquisa qualitativa, com técnica de análise de conteúdo. Foram realizadas entrevistas com lideranças identificadas a partir do processo "bola de neve", até a saturação das respostas. Os resultados mostraram que a visão das lideranças é perpassada por mecanismos de negação e naturalização da violência, que é sempre algo vindo do "outro" ou de um contexto externo. Houve forte convergência em torno da delinquência em ambas as comunidades, sendo o tráfico de drogas seu principal pano de fundo. As violências estrutural e cultural foram mais destacadas pelas lideranças da comunidade mais mobilizada. A violência institucional destacou-se na visão das duas comunidades, mas principalmente na da mais mobilizada. Estes resultados apontam que as lideranças da comunidade mais mobilizada conseguem ter uma análise mais abrangente do seu contexto social e da complexidade do problema.A rede de comércio popular de drogas psicoativas na cidade de Diadema e o seu interesse para a Saúde PúblicaS0104-129020100002000082018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSoares Neto, Julino A. R.Galduróz, José Carlos F.Rodrigues, Eliana
<em>Soares Neto, Julino A. R.</em>;
<em>Galduróz, José Carlos F.</em>;
<em>Rodrigues, Eliana</em>;
<br/><br/>
O comércio popular de drogas vegetais sem garantia de qualidade implica risco sanitário. O presente estudo faz uma análise da rede de comércio popular de drogas vegetais psicoativas (DVPs) na cidade de Diadema e os riscos associados ao seu consumo. São apresentados dados parciais de um projeto realizado em colaboração com outras áreas de investigação. Métodos da etnofarmacologia, tais como entrevistas informais, semiestruturadas e observação participante foram utilizados para a realização do trabalho de campo, durante o qual selecionaram-se quatro comerciantes, a fim de registrar a obtenção, manipulação, acondicionamento e uso das DVPs comercializadas (nomes populares, receitas, partes utilizadas, contraindicações e doses). Foram registradas 63 DVPs distintas, e posteriormente categorizadas de acordo com suas possíveis ações psicoativas, predominando as estimulantes (67%) e depressoras (27%). Observaram-se deficiências na manipulação e acondicionamento das drogas por parte dos comerciantes, expondo seus clientes a possíveis riscos à saúde. Os resultados obtidos nesse estudo possibilitaram observar prioridades de adequação na comercialização de drogas vegetais no comércio popular a fim de resguardar a saúde de seus usuários, bem como a necessidade de promover um diálogo entre este e o sistema formal de saúde.Doença e incapacidade: dimensões subjetivas e identidade social do trabalhador ruralS0104-129020100002000092018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZRiquinho, Deise LisboaGerhardt, Tatiana Engel
<em>Riquinho, Deise Lisboa</em>;
<em>Gerhardt, Tatiana Engel</em>;
<br/><br/>
Este artigo aborda a interface entre os determinantes sociais de saúde, as condições de vida e as concepções de saúde e doença de moradores de uma localidade rural no sul do Brasil. O objetivo é conhecer e compreender as necessidades em saúde, por meio das concepções de doença, considerando as desigualdades sociais presentes na localidade rural do Rincão dos Maia, Canguçu-RS. Utilizou-se a triangulação de métodos. No desenho qualitativo entrevistaram-se 20 sujeitos. A amostra foi intencional, ilustrativa das diferentes situações de vida. Os resultados referem-se à doença como incapacidade ou restrição de locomoção, uso de remédios e trabalho ou, ainda, como resultante do comportamento cotidiano, de perdas e exposição a diversas temperaturas na lavoura, da alimentação e da presença de enfermidade, geralmente "doenças metáforas". Apesar das desigualdades socioeconômicas, não se observaram diferenças nas concepções de saúde e doença, possivelmente devido ao contexto cultural comum e à matriz de trabalhador rural. Evidenciou-se a relevância de se conhecer os determinantes sociais em saúde, por meio das condições de vida materiais e dos aspectos subjetivos dos processos cotidianos, como forma de aproximação da construção de saberes e lógicas locais.Discursos e a construção do senso comum sobre alimentação a partir de uma revista femininaS0104-129020100002000102018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZTeo, Carla Rosane Paz Arruda
<em>Teo, Carla Rosane Paz Arruda</em>;
<br/><br/>
Diversos elementos contribuem para a construção do senso comum sobre alimentação com impacto na saúde das populações. Nesse estudo, parte-se da hipótese de que o discurso midiático desempenha um papel estruturador relevante no processo de construção e consolidação de padrões de estética corporal e de alimentação, produzindo sentidos coletivos que interferem nas escolhas feitas pelos sujeitos. Este trabalho objetivou reconhecer as estratégias discursivas adotadas por um veículo midiático direcionado ao público feminino quanto à alimentação saudável e sua contribuição para a formação do senso comum sobre o tema. Foram analisadas as matérias de capa dos doze números de uma revista feminina publicados no ano de 2007, segundo o referencial teórico da análise do discurso. Foi observado um discurso carregado de ambiguidade entre beleza e saúde, com forte apelo à sensualidade e ao culto do corpo perfeito, predominantemente divergente do saber científico na área da nutrição, legitimado por dois outros discursos transversais, o socioestético e o especializado. Concluiu-se que as estratégias discursivas adotadas pelo veículo midiático analisado contribuem para a formação de um saber comum sobre práticas alimentares que é frágil e não habilita os sujeitos para escolhas autônomas e saudáveis.Processo saúde-doença: concepções do movimento estudantil da área da saúdeS0104-129020100002000112018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZReis, Alessandra Martins dosSoares, Cássia BaldiniCampos, Célia Maria Sivalli
<em>Reis, Alessandra Martins Dos</em>;
<em>Soares, Cássia Baldini</em>;
<em>Campos, Célia Maria Sivalli</em>;
<br/><br/>
O objetivo deste trabalho foi analisar as concepções de saúde-doença de lideranças estudantis da área da saúde. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais com 15 estudantes engajados em executivas de curso da área da saúde e com dois membros da União Nacional dos Estudantes. A concepção de saúde-doença mais enfatizada entre as lideranças estudantis foi a multicausal, representada majoritariamente por fatores relacionados à esfera do consumo. Sobressaem também concepções centradas no indivíduo, na subjetividade e de caráter idealista. Poucos estudantes consideraram nas suas formulações, de maneira organizada, a categoria da reprodução social na determinação do processo saúde-doença. Pode-se concluir que, na área da saúde, os estudantes tendem a reproduzir os conceitos fundamentados na concepção funcionalista de saúde-doença, que toma como sujeito o indivíduo em "situação de risco" para o desenvolvimento de alguma patologia e propõe a responsabilização do indivíduo pela manutenção ou pelo aprimoramento das condições de saúde, e mesmo pelo enfrentamento da doença. A atuação como liderança no movimento estudantil parece não resultar na crítica aos fundamentos que majoritariamente amparam os currículos universitários na área da saúde.A saúde no contexto do polo gesseiro de Araripina-Pernambuco, BrasilS0104-129020100002000122018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMedeiros, Marcilio Sandro deHurtado-Guerrero, José CamiloSilva, Lia Giraldo Augusto
<em>Medeiros, Marcilio Sandro De</em>;
<em>Hurtado-Guerrero, José Camilo</em>;
<em>Silva, Lia Giraldo Augusto</em>;
<br/><br/>
O processo de deteriorização socioambiental do polo gesseiro de Pernambuco necessita ser mais bem conhecido. Este artigo objetivou estudar os fatores epidemiológicos que concorrem com a saúde das pessoas. Um estudo epidemiológico transversal foi realizado no período de 2001 a 2003, por meio da aplicação de um questionário fechado no distrito de Morais, município de Araripina, considerado uma das principais localidades de produção de gesso e artefatos. Uma amostra randomizada foi extraída a partir dos 2.486 habitantes, considerando-se como erro aceitável de 5% para o Intervalo de Confiança (IC) de Katz de 95%. Quatrocentas e sessenta e duas pessoas foram entrevistadas e os problemas de saúde mais referidos foram: irritação dos olhos (42,92%), sangramento de nariz (37,39%), tosse (28,26%), cansaço (21,73%), irritação na pele (18,48%), falta de ar (16,26%) e história de doença respiratória pregressa (16,34%), todos estatisticamente significantes. No geral, crianças (de 1 a 9 anos) e idosos ( > 60 anos) relataram mais sintomas respiratórios. A poeira de gesso dentro de casa apresentou-se como um importante indicador qualitativo na avaliação de seu impacto na saúde das pessoas. Nos domicílios avaliados, a presença de poeira de gesso mostrou-se mais prevalente com as queixas de irritação dos olhos (RP = 1,91), irritação na pele (RP = 1,79), cansaço (RP = 1,77) e tosse (RP = 1,70).Premissas para a compreensão da saúde dos trabalhadores no setor serviçoS0104-129020100002000132018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPena, Paulo Gilvane LopesMinayo-Gomez, Carlos
<em>Pena, Paulo Gilvane Lopes</em>;
<em>Minayo-Gomez, Carlos</em>;
<br/><br/>
O setor serviço ou terciário responde atualmente por mais de dois terços do PIB nos países desenvolvidos e, no Brasil, emprega cerca de três quartos da população economicamente ativa. Muitos autores consideram que esse fenômeno expressa uma transição da sociedade industrial para a sociedade de serviços. Entretanto, os estudos sobre a saúde do trabalhador, mesmo atentos às mutações tecnológicas e à reestruturação produtiva, não se aprofundam suficientemente no conhecimento das características do setor serviço, persistindo em referências aos processos industriais. O presente ensaio tem por objetivo analisar determinados conceitos sobre os processos de trabalho no setor serviço considerados importantes para compreensão da saúde dos trabalhadores desse setor. Formula-se a hipótese da proximidade entre trabalhador e consumidor como uma das principais características das relações de trabalho desse setor com possibilidades de repercussões específicas nos processos saúde e doença. Sob essa perspectiva de análise são incorporados os conceitos de simultaneidade, co-presença, co-produção, autosserviço e gestão emocional. Conclui-se que essas peculiaridades, além de permitirem uma compreensão mais adequada do processo saúde/doença dos trabalhadores no setor serviço, indicam a necessidade da construção de uma nova interface entre a saúde do trabalhador e as práticas emergentes de proteção à saúde do consumidor.Perfil da produção científica em saúde do trabalhadorS0104-129020100002000142018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBezerra, Marcio Luís SoaresNeves, Eduardo Borba
<em>Bezerra, Marcio Luís Soares</em>;
<em>Neves, Eduardo Borba</em>;
<br/><br/>
O objetivo deste estudo foi traçar o perfil da produção científica referente à saúde do trabalhador, no período compreendido entre 2001 e março de 2008. A pesquisa foi operacionalizada por meio da busca eletrônica de artigos indexados na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), a partir dos descritores "saúde do(s) trabalhador(es)" e "saúde ocupacional". Foram analisados 170 artigos completos. O periódico Cadernos de Saúde Pública concentra a maior parte dos trabalhos (35.29%), seguido pela Revista Ciência & Saúde Coletiva (16,47%). Constatou-se, ainda, que o método de abordagem mais utilizado foi o quantitativo (53,52%), os objetos de estudo mais frequente foram as discussões conceituais das relações saúde-ambiente-trabalho (40,59%), e a população mais estudada foi a dos profissionais da área de saúde (20,59%). Verificou-se, ainda, que a produção científica nacional sobre o tema concentra-se na região sudeste (69,66%). O aumento da produção científica no campo da saúde do trabalhador acompanha a tendência de aumento da produção científica nacional nos últimos 8 anos. O estudo mostra o potencial de crescimento da área compatível com a demanda de conhecimento dos gestores de políticas públicas que envolvem as relações saúde-ambiente-trabalho.Construção do conhecimento em biossegurança: uma revisão da produção acadêmica nacional na área de saúde (1989-2009)S0104-129020100002000152018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPereira, Maria Eveline de CastroCosta, Marco Antonio Ferreira daBorba, Cintia de MoraesJurberg, Claudia
<em>Pereira, Maria Eveline De Castro</em>;
<em>Costa, Marco Antonio Ferreira Da</em>;
<em>Borba, Cintia De Moraes</em>;
<em>Jurberg, Claudia</em>;
<br/><br/>
Este artigo refere-se a uma revisão bibliográfica realizada através do portal da Biblioteca Virtual de Saúde com objetivo de identificar os artigos científicos relacionados à biossegurança, publicados em periódicos nacionais, visando a conhecer inicialmente de que forma esse tema vem sendo abordado no Brasil e como está inserido no nexo trabalho e na educação do profissional da área de saúde. Foram identificados inicialmente 126 artigos publicados durante o período de 1989 a outubro de 2009, em periódicos nacionais na área de saúde. Do total de artigos, 46 estavam relacionados diretamente à temática educação, mas apenas oito abordaram a prática educacional em biossegurança. Identificou-se também que a região Sudeste concentrou o maior número de publicação (77 artigos) acerca do tema biossegurança. Apesar da abrangência dos artigos analisados, ainda existe muito que pesquisar sobre o assunto, de forma a ampliar o debate sobre a educação profissional para o setor saúde, onde o trabalhador seja considerado como sujeito da aprendizagem, capaz de ter uma postura crítica-reflexiva do seu ambiente ocupacional.Quem sente é a gente, mas é preciso relevar: a lombalgia na vida das trabalhadoras do setor têxtil de Blumenau - Santa CatarinaS0104-129020100002000162018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPolizelli, Karine MunizLeite, Silvana Nair
<em>Polizelli, Karine Muniz</em>;
<em>Leite, Silvana Nair</em>;
<br/><br/>
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de compreender o enfrentamento da lombalgia no cotidiano de mulheres trabalhadoras do setor têxtil de Blumenau, Santa Catarina. Três mulheres trabalhadoras do setor têxtil daquela cidade foram as informantes principais do estudo, desenvolvido em encontros quinzenais e visitas a locais de trabalho. Foram utilizados como ferramentas de estudo um calendário com data e dias da semana para a marcação de dores relativas à lombalgia e uma Escala Análogo Visual (EAV). Além de relatos anotados em formulários de acompanhamento dos encontros quinzenais, utilizou-se um diário de campo para transcrição de fatos e relatos. Os dados coletados levaram à construção de duas categorias interpretativas: a dor lombar sob o aspecto da normalidade e a dor sentida. Os resultados da pesquisa levam à conclusão de que a lombalgia, sob o ponto de vista das trabalhadoras do setor têxtil de Blumenau, apresenta-se como uma espécie de conflito entre a dor normal, sem importância social, e a dor sentida e limitante, que traz sofrimentos e angústias no âmbito privado. A dualidade da lombalgia é marcante, pois são mulheres que têm dor, real para elas, com um impacto importante para suas vidas, mas elas mesmas esforçam-se por negligenciá-la, seguindo a concepção socialmente aceita para esta questão no contexto cultural da região. O conceito de lombalgia construído é de algo inerente à vida e ao trabalho, o que não permite o direito de estar doente.Associação entre prática de atividade física, escolaridade e perfil alimentar de motoristas de caminhãoS0104-129020100002000172018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCodarin, Maria Alice FranziniMoulatlet, Eloisa MassaineNehme, PatríciaUlhôa, MelissaMoreno, Claudia Roberta de Castro
<em>Codarin, Maria Alice Franzini</em>;
<em>Moulatlet, Eloisa Massaine</em>;
<em>Nehme, Patrícia</em>;
<em>Ulhôa, Melissa</em>;
<em>Moreno, Claudia Roberta De Castro</em>;
<br/><br/>
A demanda da sociedade moderna intensificou o trabalho ininterrupto em diversas profissões. Além disso, o modo de organização da sociedade, com atividades predominantemente mecanizadas, tem contribuído para a prevalência de hábitos de vida não saudáveis, como a inatividade física. Este estudo objetiva verificar se fatores ocupacionais, sociodemográficos, antropométricos e alimentares estão associados à prática de atividade física insuficiente e se há diferenças nessa associação entre motoristas de caminhão que trabalham de dia ou à noite. Participaram da pesquisa 470 motoristas de caminhão, que responderam a questionários de dados sociodemográficos, atividade física e frequência alimentar. Foi realizada uma regressão logística univariada para verificar a associação entre atividade física insuficiente e as demais variáveis. Além disso, a regressão logística múltipla foi testada para obter modelos que mostrem a associação de conjuntos de variáveis relacionados à atividade física insuficiente. Os resultados indicaram que a prática de atividade física está associada ao maior nível de escolaridade (OR = 1,84; IC = 1,22-2,76) e menor consumo de bebidas alcoólicas (OR = 1,59; IC = 1,04-2,45). Maior ingestão de cereais integrais (OR = 1,63; IC = 1,08-2,46) foi associada à prática regular de atividade física. Entre os trabalhadores noturnos, foi encontrada associação entre a prática regular de atividade física, maior consumo de cereais integrais (OR = 2,02; IC =1,13-3,60) e menor consumo de carboidratos simples (OR = 1,91; IC = 1,08-3,37).Uma perspectiva de análise sobre o processo de trabalho em saúde: produção do cuidado e produção de sujeitosS0104-129020100002000182018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFaria, Helaynne XimenesAraujo, Maristela Dalbello
<em>Faria, Helaynne Ximenes</em>;
<em>Araujo, Maristela Dalbello</em>;
<br/><br/>
Este artigo tem por objetivo apresentar uma perspectiva de análise sobre o processo de trabalho em saúde que o considera capaz de produção de procedimentos especializados e atos cuidadores, e também como um campo fértil para a produção de sujeitos protagonistas na construção de um sistema de saúde mais justo e de relações societais mais democráticas. Trata-se de uma reflexão teórica alimentada por pesquisas desenvolvidas em serviços de atenção básica na região da Grande Vitória. Aborda a centralidade do trabalho na construção do homem, ressaltando as especificidades do trabalho em saúde no seu aspecto relacional. Sugere que o processo de trabalho seja analisado sob a ótica do jogo de forças que se presentifica no cotidiano e valoriza os instrumentos e estratégias metodológicas que incluam os trabalhadores no questionamento daquilo que se produz cotidianamente. Nesse sentido, aponta a necessidade de construção de espaços coletivos de fala e reflexão sobre o trabalho com a presença da comunidade, de modo a avançar na construção de um novo senso comum que conceba a saúde não apenas como ausência de sintomas, mas como qualificação da existência.A estruturação do Programa de Capacitação Profissional de Biossegurança no contexto do Projeto de Modernização da Gestão Científica do Instituto Oswaldo CruzS0104-129020100002000192018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPereira, Maria Eveline de CastroJurberg, ClaudiaSoeiro, Maria de Nazaré C.Borba, Cíntia M.
<em>Pereira, Maria Eveline De Castro</em>;
<em>Jurberg, Claudia</em>;
<em>Soeiro, Maria De Nazaré C.</em>;
<em>Borba, Cíntia M.</em>;
<br/><br/>
O presente artigo apresenta as etapas de estruturação do Programa de Capacitação Profissional de Biossegurança (PCPB), em consonância com o Projeto de Modernização da Gestão Científica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), detalhando o ciclo planejamento-desenvolvimento-avaliação, em especial do Curso de Biossegurança em Laboratório de Pesquisa Biomédica. Inicialmente, para o ciclo diagnóstico foram aplicados questionários aos interlocutores dos laboratórios do IOC, os quais revelaram interesse de participação no PCPB para ambas as categorias profissionais (níveis médio e superior), indicando como temáticas preferenciais biossegurança e boas práticas de laboratório. Na fase de planejamento foi definido que o PCPB seria subdivido em dois projetos (Boas Práticas de Laboratório de Saúde Pública para os profissionais de nível médio e Curso de Biossegurança para Laboratórios de Pesquisa Biomédica para profissionais de nível superior). A seguir, na fase de estruturação do curso, os módulos contemplados incluíram: introdutório; riscos químico, físico e biológico; gestão da qualidade e experimentação animal. Assim, no período 2006-2008, foram capacitados 315 profissionais e realizadas avaliações segundo o modelo de David Kirkpatrick. O primeiro nível, chamado de reação, foi aferido e demonstrou que 54,03% dos profissionais declararam que o curso foi excelente; 39,59% classificaram como bom e os demais 6,38% acharam que foi regular ou não opinaram. Para a avaliação do aprendizado foram realizados, a cada módulo, pré e pós-testes. Foi verificado que todos os módulos tiveram acréscimos nas médias do pós-teste em relação ao pré-teste. Os resultados obtidos apontaram estratégias a serem seguidas no aperfeiçoamento desse modelo de educação continuada em biossegurança.Organizações de saúde intensivas em conhecimento: um estudo no contexto de serviços de alta complexidadeS0104-129020100002000202018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZGonçalo, Cláudio ReisBorges, Maria de Lourdes
<em>Gonçalo, Cláudio Reis</em>;
<em>Borges, Maria De Lourdes</em>;
<br/><br/>
O objetivo deste estudo é identificar elementos críticos de gestão para promover a transformação de uma organização tradicional para uma organização de aprendizagem em serviços de alta complexidade em saúde. Assume-se que as organizações tradicionais são aquelas gerenciadas com ênfase na informação, e as organizações de aprendizagem são aquelas gerenciadas com ênfase no desenvolvimento de conhecimento. O conhecimento organizacional é reconhecido como um dos recursos de grande valor estratégico para a prestação de serviços de alta complexidade. A análise da gestão em serviços de saúde intensivos em conhecimento está estruturada a partir da qualificação do processo assistencial, o qual engloba as etapas de acesso, da permanência e da continuidade do tratamento. Realizou-se um estudo de caso em um hospital privado do Rio Grande do Sul, cuja estratégia de diferenciação é atuar na resolução de problemas de alta complexidade. Entre os elementos gerenciais críticos evidenciados salientam-se: que o paciente precisa ser compreendido como cliente; que o vínculo com a instituição não termina no final do atendimento hospitalar, mas somente na resolução do problema enfrentado com a doença; e que as especialidades precisam estar harmonizadas e dispostas a compartilhar conhecimento, impulsionadas por protocolos assistenciais reconhecidos por todos.Educação popular em Saúde Mental: relato de uma experiênciaS0104-129020100002000212018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCarneiro, Allann da CunhaOliveira, Ana Carolina MoreiraSantos, Mariane Marques de SouzaAlves, Mirian dos SantosCasais, Noêmia de AragãoSantos, Ailton da Silva
<em>Carneiro, Allann Da Cunha</em>;
<em>Oliveira, Ana Carolina Moreira</em>;
<em>Santos, Mariane Marques De Souza</em>;
<em>Alves, Mirian Dos Santos</em>;
<em>Casais, Noêmia De Aragão</em>;
<em>Santos, Ailton Da Silva</em>;
<br/><br/>
Este artigo tem o objetivo de relatar uma experiência de educação popular em Saúde Mental, no contexto do movimento de Reforma Psiquiátrica, realizada no bairro de Pernambués, território do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas, localizado no município de Salvador-BA e campo de prática dos residentes do Núcleo de Saúde Mental da Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Tal estratégia foi viabilizada através da realização de fóruns comunitários envolvendo vários atores sociais. Adotou-se neste trabalho a metodologia da sistematização da experiência proposta por Holliday, utilizando-se, para tanto, de registros de observações em diários de campo. Ao dar voz e vez a cada participante/falante, numa relação de valorização de saber e poder, a estratégia da educação popular permitiu que os sujeitos envolvidos no processo se organizassem politicamente e participassem da construção coletiva de novos saberes e práticas no campo da Saúde Mental, condizentes com a valorização da vida em sua multiplicidade.