Ciência & Saúde Coletiva, Volume: 25 Suplemento 2, Publicado: 2020
  • Atividade física em períodos de distanciamento social devidos à COVID-19: um estudo transversal Article

    Martinez, Edson Zangiacomi; Silva, Fabrícia Mabelle; Morigi, Thais Zanin; Zucoloto, Miriane Lucindo; Silva, Thaise Lucena; Joaquim, Anderson Gregorio; Dall’Agnol, Gabriela; Galdino, Guilherme; Martinez, Maisa Oliveira Zangiacomi; Silva, Wanderson Roberto da

    Resumo em Português:

    Resumo Inatividade física e sedentarismo são associados com baixa saúde física e mental. O objetivo deste artigo é avaliar as mudanças nos hábitos dos participantes brasileiros praticantes de atividades físicas em relação às suas práticas, devido às medidas de distanciamento social durante a epidemia COVID-19 em 2020. O objetivo secundário foi descrever seus níveis de ansiedade e depressão. O questionário utilizado nesta pesquisa on-line incluiu informações demográficas, questões sobre a autopercepção do impacto do COVID-19 nas rotinas da vida e a Escala de Depressão de Ansiedade Hospitalar de 14 itens. Um total de 1.613 adultos completou o questionário entre 11 e 15 de maio de 2020. Destes, 79,4% relataram que as medidas para conter a epidemia tiveram algum impacto em suas atividades físicas e muitos tiveram que interromper ou diminuir a frequência de suas práticas. Os participantes que sentiram um maior impacto da quarentena em suas atividades físicas tendem a ter maior prevalência de sintomas de ansiedade e depressão. Os indivíduos que praticavam atividades físicas relataram que o distanciamento social teve alta influência em suas práticas. Além disso, as mudanças destes hábitos são associadas com altos níveis de precária saúde mental.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Physical inactivity and sedentary behavior are associated with poor physical and mental health. The article aims to assess the changes in the habits of the Brazilian participants engaged in physical activities in relation to their practices, due the measures of social distancing during the COVID-19 epidemic in 2020. The secondary objective was to describe their levels of anxiety and depression. The questionnaire used in this online survey included demographic information, questions about self-perceptions of the impact of the COVID-19 in the life routines and the 14-item Hospital Anxiety Depression Scale. A total of 1,613 adults completed the questionnaire between May 11 and 15, 2020. Of those, 79.4% reported that the measures to contain the epidemic had any impact on their physical activities, and many had to interrupt or decrease the frequency of their practices. Participants who felt a higher impact of quarantine on their physical activities tend to have higher prevalence of anxiety and depression symptoms. Individuals who practiced physical activities reported that social distance had a high influence on their practices. Furthermore, changes in these habits are associated with high levels of poor mental health.
  • Fatores de risco associados ao atraso no diagnóstico e mortalidade em pacientes com COVID-19 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil Article

    Cobre, Alexandre de Fátima; Böger, Beatriz; Fachi, Mariana Millan; Vilhena, Raquel de Oliveira; Domingos, Eric Luiz; Tonin, Fernanda Stumpf; Pontarolo, Roberto

    Resumo em Português:

    Resumo Investigamos os preditores de atraso no diagnóstico e mortalidade de pacientes com COVID-19 no Rio de Janeiro, Brasil. Uma coorte de 3.656 pacientes foi avaliada (fevereiro-abril de 2020) e as características sociodemográficas dos pacientes, o bairro e o índice de desenvolvimento social (IDS) foram usados como fatores determinantes dos atrasos no diagnóstico e da mortalidade. Foram realizadas análises de sobrevivência de Kaplan-Meier, modelos de regressão Cox dependentes do tempo e análises de regressão logística multivariada. O tempo mediano desde o início dos sintomas até o diagnóstico foi de oito dias (intervalo interquartil [IQR] 7,23-8,99 dias). Metade dos pacientes se recuperou no período avaliado e 8,3% faleceram. As taxas de mortalidade foram maiores nos homens. Atrasos no diagnóstico foram associados ao sexo masculino (p = 0,015) e pacientes que moravam em áreas com baixo IDS (p < 0,001). As faixas etárias estatisticamente associadas à morte foram: 70-79 anos, 80-89 anos e 90-99 anos. Atrasos no diagnóstico superiores a oito dias também foram fatores de risco para óbito. Atrasos no diagnóstico e fatores de risco para morte por COVID-19 foram associados ao sexo masculino, idade abaixo de 60 anos e pacientes que vivem em regiões com menor IDS. Atrasos superiores a oito dias no diagnóstico aumentam as taxas de mortalidade.

    Resumo em Inglês:

    Abstract We investigated the predictors of delay in the diagnosis and mortality of patients with COVID-19 in Rio de Janeiro, Brazil. A cohort of 3,656 patients were evaluated (Feb-Apr 2020) and patients’ sociodemographic characteristics, and social development index (SDI) were used as determinant factors of diagnosis delays and mortality. Kaplan-Meier survival analyses, time-dependent Cox regression models, and multivariate logistic regression analyses were conducted. The median time from symptoms onset to diagnosis was eight days (interquartile range [IQR] 7.23-8.99 days). Half of the patients recovered during the evaluated period, and 8.3% died. Mortality rates were higher in men. Delays in diagnosis were associated with male gender (p = 0.015) and patients living in low SDI areas (p < 0.001). The age groups statistically associated with death were: 70-79 years, 80-89 years, and 90-99 years. Delays to diagnosis greater than eight days were also risk factors for death. Delays in diagnosis and risk factors for death from COVID-19 were associated with male gender, age under 60 years, and patients living in regions with lower SDI. Delays superior to eight days to diagnosis increased mortality rates.
  • Suscetibilidade dos sobreviventes da tragédia de Bhopal–isocianato de metila (CIM)–gás e seus filhos ao COVID-19: O que sabemos, o que não sabemos e o que devemos? Article

    Senthilkumar, Chinnu Sugavanam; Malla, Tahir Mohi-Ud-Din; Akhter, Sameena; Sah, Nand Kishore; Ganesh, Narayanan

    Resumo em Português:

    Resumo Há evidências plausíveis de que os sobreviventes a longo prazo da exposição a gás de 1984 e isocianato de metila (CIM), em Bhopal, e seus filhos nascidos após esse fato estão suscetíveis a doenças infecciosas/transmissíveis e não transmissíveis. A taxa de fatalidade COVID-19 de Bhopal sugere que os sobreviventes da tragédia do gás MIC estão em maior risco, devido a um sistema imunológico enfraquecido e comorbidades. Essa situação nos encorajou a refletir sobre o que sabemos, o que não sabemos e o que devemos saber sobre a suscetibilidade deles ao COVID-19. Este artigo objetiva responder a essas três perguntas que surgem na mente dos funcionários de saúde pública sobre estratégias de prevenção contra o COVID-19 e promoção da saúde na população afetada pelo Bhopal MIC (BMAP). Nossas visões e opiniões apresentadas neste artigo chamam a atenção para prevenir e reduzir as consequências do COVID-19 no BMAP. Da perspectiva da profilaxia com COVID-19, os indivíduos de alto risco do BMAP com condições comórbidas precisam ser identificados por meio de uma visita de porta em porta nas regiões severamente afetadas por gases e aconselhados a manter uma boa higiene respiratória, ingestão regular de dieta que estimule o sistema imunológico e seguir práticas de estilo de vida saudáveis.

    Resumo em Inglês:

    Abstract There is credible evidence that the 1984–Bhopal–methyl isocyanate (MIC)–gas–exposed long-term survivors and their offspring born post-exposure are susceptible to infectious/communicable and non-communicable diseases. Bhopal’s COVID-19 fatality rate suggests that the MIC–gas tragedy survivors are at higher risk, owing to a weakened immune system and co-morbidities. This situation emboldened us to ponder over what we know, what we don’t, and what we should know about their susceptibility to COVID-19. This article aims at answering these three questions that emerge in the minds of public health officials concerning prevention strategies against COVID-19 and health promotion in the Bhopal MIC-affected population (BMAP). Our views and opinions presented in this article will draw attention to prevent and reduce the consequences of COVID-19 in BMAP. From the perspective of COVID-19 prophylaxis, the high-risk individuals from BMAP with co-morbidities need to be identified through a door-to-door visit to the severely gas-affected regions and advised to maintain good respiratory hygiene, regular intake of immune-boosting diet, and follow healthy lifestyle practices.
  • Mudanças de comportamentos saudáveis durante a quarentena por conta da pandemia do COVID-19 entre 6.881 adultos brasileiros com depressão e 35.143 sem depressão Article

    Werneck, André Oliveira; Silva, Danilo Rodrigues da; Malta, Deborah Carvalho; Souza-Júnior, Paulo Roberto Borges de; Azevedo, Luiz Otávio; Barros, Marilisa Berti de Azevedo; Szwarcwald, Célia Landmann

    Resumo em Português:

    Resumo Nosso objetivo foi analisar a associação entre depressão previamente diagnosticada e alterações na atividade física (AF), tempo assistindo TV, consumo de frutas e vegetais, bem como na frequência do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP). Foram utilizados dados de 41.923 adultos brasileiros (6.881 com depressão e 35.042 sem depressão) de uma pesquisa de comportamentos em âmbito nacional. Os participantes relataram a prática de AF (≥ 150 min / semana), tempo de TV (≥ 4 h/dia), frequência de consumo de frutas ou vegetais (≤ 4 dias/semana) e AUP (≥ 5 dias/semana). Para indicadores de incidência, consideramos apenas participantes sem o comportamento de risco antes da quarentena. Pessoas sem e com depressão apresentaram, respectivamente, incidência de inatividade física [70,1% (IC95%: 67,4-72,8) vs 76,3 (70,3-81,5)], elevado tempo assistindo TV [31,2 (29,6-32,8) vs 33,9 (30,5- 37,4)], baixa frequência de consumo de frutas ou vegetais [28,3 (25,8-31,0) vs 31.5 (26.1-37.5)] e frequência elevada de AUP [9,7 (8,9-10,7) vs 15,2 (13,0-17,7)]. Pessoas com diagnóstico prévio de depressão apresentaram maior probabilidade de incidência de elevado consumo de AUP [OR:1,49 (IC95%:1,21-1,83)]. Portanto, participantes com diagnóstico prévio de depressão apresentam maior risco de incidência de comportamentos alimentares não saudáveis.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Our aim was to analyze the association between previously diagnosed lifetime depression and changes in physical activity (PA), TV-viewing, consumption of fruits and vegetables as well as frequency of ultra-processed food (UPF) consumption. Data of 41,923 Brazilian adults (6,881 with depression and 35,042 without depression) were used. Participants reported PA (≥ 150 min/week), TV-viewing (≥ 4 h/day), frequency of eating fruits or vegetables (≤ 4 days/week) and UPF (≥ 5 days/week). For incidence indicators, we only considered participants without the risk behavior before the quarantine. People without and with depression presented, respectively, incidence of physical inactivity [70.1% (95%CI: 67.4-72.8) vs 76.3 (70.3-81.5)], high TV-viewing [31.2 (29.6-32.8) vs 33.9 (30.5-37.4)], low frequency of fruit or vegetable consumption [28.3 (25.8-31.0) vs 31.5 (26.1-37.5)] and elevated frequency of UPF consumption [9.7 (8.9-10.7) vs 15.2 (13.0-17.7)]. Participants with depression were more likely to present elevated frequency of UPF consumption incidence [OR:1.49 (95%CI:1.21-1.83)]. Thus, participants with previous diagnosis of depression were at risk for incidence of unhealthy diet behaviors.
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