Ciência & Saúde Coletiva, Volume: 27, Número: 12, Publicado: 2022
  • Hanseníase entre mulheres privadas de liberdade no Brasil Article

    Parente, Eriza de Oliveira; Leal, Marto; Kendall, Carl; Mota, Rosa Maria Salani; Pires Neto, Roberto da Justa; Macena, Raimunda Hermelinda Maia; Kerr, Ligia

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivou-se estimar a prevalência de hanseníase entre presidiárias brasileiras e identificar fatores associados à doença. Estudo transversal realizado entre 2014 e 2015 em 15 presídios femininos brasileiros. Os dados de 1.327 mulheres foram coletados por meio de autoentrevista assistida por computador e exame dermatológico e neurológico para identificar lesões suspeitas de hanseníase. A idade média foi de 33,4 anos. A suspeita de hanseníase foi identificada em 5,1% das mulheres na prisão, e a prevalência autorreferida ao longo da vida foi de 7,5%. As variáveis que se associaram à hanseníase autorrelatada ao longo da vida foram: mulheres presas uma vez com duas vezes mais chance de ter hanseníase; mulheres brancas tinham 1,4 vez mais chance de ter hanseníase do que mulheres não brancas; mulheres que conheciam alguém com hanseníase tinham 1,9 vez mais chance de ter hanseníase; e mulheres que compartilhavam uma cela com 11 ou mais mulheres tinham 2,5 vezes mais chance de ter hanseníase do que mulheres que compartilhavam uma cela com duas ou menos pessoas. A prevalencia de hanseníase entre presidiárias no Brasil foi maior do que a encontrada entre mulheres da população geral e evidencia a vulnerabilidade dessa população gerada pela pobreza pré-reclusão, bem como o potencial de transmissão na prisão.

    Resumo em Inglês:

    Abstract To estimate the prevalence of leprosy among Brazilian female prisoners and identify factors associated with the disease. Cross-sectional study conducted between 2014 and 2015 in 15 Brazilian female prisons. The data of 1,327 women were collected using Audio Computer-Assisted Self-Interviewing and dermatological and neurological examination to identify suspicious lesions of leprosy. The average age was 33.4 years. Suspicion of leprosy was identified in 5.1% of women in prison, and lifetime self-reported prevalence was 7.5%. The variables that were associated with lifetime self-reported leprosy were: women in prison once being twice as likely to have leprosy; white women were 1.4 time more likely to have leprosy than non-white women; women who knew someone with leprosy was 1.9 time more likely to have leprosy; and women who shared a cell with 11 or more women were 2.5 times more likely to have leprosy than women who shared a cell with two or fewer people. The leprosy prevalence among female prisoners in Brazil were greater than that found in a Brazilian woman of the general population and show the extremely high vulnerability of this population generated through pre-incarceration poverty, as well as potential transmission in prison.
  • Saúde de mulheres privadas de liberdade no Brasil Article

    Leal, Marto; Kerr, Ligia; Mota, Rosa Maria Salani; Pires Neto, Roberto da Justa; Seal, David; Kendall, Carl

    Resumo em Português:

    Resumo A maioria das mulheres nas prisões vem das camadas mais pobres da sociedade, com acesso limitado a educação, renda e serviços de saúde. Isso contribui para o fato de que presidiárias têm maior carga de eventos adversos à saúde do que presidiários do sexo masculino e mulheres da população em geral. Objetivamos estimar a prevalência de diferentes morbidades e fatores de risco entre presidiárias no Brasil. Um total de 1.327 mulheres foram recrutadas neste estudo transversal. Os dados foram coletados por meio de um questionário de autoentrevista com áudio assistido por computador, testes rápidos de anticorpos e exame físico. As maiores prevalências foram de sífilis, infecções sexualmente transmissíveis, hipertensão arterial, asma, transtornos mentais comuns e violência física grave. Em relação aos fatores de risco, 36,3% têm bom conhecimento sobre o HIV, 55,8% são fumantes, 72,3% já usaram alguma droga ilícita, 92,1% são sedentários e 92,1% mantêm alimentação não saudável. As presidiárias são desproporcionalmente afetadas por várias condições adversas de saúde. É necessário um sistema de vigilância eficaz dentro das prisões para o diagnóstico e tratamento precoce.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The majority of the women in prisons comes from the poorest strata of society with limited access to education, income and health services. This contributes to the fact that female prisoners have a higher burden of adverse health events than both male prisoners and women in general population We objectived to estimate the prevalence of different morbidities and risk factors among female prisoners in Brazil. A total of 1,327 women were recruited in this cross-sectional study. Data were collected using a using audio computer-assisted self-interviewing questionnaire, rapid antibody tests and physical examination. The higher prevalences was of syphilis, infection sexually disease, arterial hypertense, asthma, common mental disorders and severe physical violence. Regarding risk factors, 36.3% have good knowledge about HIV, 55.8% were smokers, 72.3% had ever used any illicit drug, 92.1% are sedentary and 92.1% maintained an unhealthy diet. Female prisoners are disproportionately affected by various adverse health conditions. There is a need for an effective surveillance system inside prisons for early diagnosis and treatment.
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br