• Associação entre fatores contextuais e auto-avaliação de saúde: uma revisão sistemática de estudos multinível Revisão

    Santos, Simone M.; Chor, Dóra; Werneck, Guilherme Loureiro; Coutinho, Evandro Silva Freire

    Resumo em Português:

    A influência de características do local de moradia na auto-avaliação de saúde ainda é um tema pouco estudado, especialmente no Brasil. Neste trabalho realizou-se uma síntese das evidências disponíveis a respeito da associação entre fatores contextuais e auto-avaliação de saúde. Foi realizada uma revisão sistemática de artigos publicados entre janeiro de 1995 e agosto de 2005, nas bases ISI, PubMed e LILACS, utilizando-se os termos neighbourhood ou neighborhood, ecological, contextual, environment, community, em combinação com self-rated health, self-reported health, e também com multilevel ou hierarchical. Foram revisados 18 artigos, cuja maior parte analisou características sócio-econômicas; alguns investigaram variáveis psicossociais, poucos incluíram indicadores do ambiente físico. As unidades de referência espacial variaram desde setores censitários até estados. As diferenças entre as escalas de análise do nível contextual, o uso de diversos indicadores e suas diferentes categorizações dificultaram a comparação direta entre os resultados encontrados. As associações encontradas corroboram a hipótese de que o contexto de moradia influencia a auto-avaliação de saúde, para além do efeito dos fatores individuais. Piores condições sócio-econômicas do ambiente afetam negativamente a saúde, aumentando a chance de auto-avaliação de saúde ruim. Áreas mais carentes, com mais pobreza ou menos riqueza, com maior desigualdade de renda, aumentaram a prevalência de auto-avaliação de saúde pior. As características físicas e psicossociais da vizinhança também são fatores importantes na determinação da auto-avaliação de saúde.

    Resumo em Inglês:

    The influence of residential characteristics on self-rated health has received little research attention, especially in Brazil. This study summarizes the available evidence on the association between contextual factors and self-rated health, using a systematic review of articles published from January 1995 to August 2005. We searched for the terms neighbourhood or neighborhood, ecological, contextual, environment, and community, combined with self-rated health, self-reported health, and multilevel or hierarchical in digital bases. Most of the 18 reviewed studies analyzed socioeconomic indicators, while some investigated psychosocial variables and a few included physical environmental indicators. Spatial units of reference varied from census tracts to States. Differences among scales of contextual analysis and several indicators, with different categories, were identified. The associations corroborate the hypothesis that neighborhood context influences self-rated health, beyond the effect of individual factors. Physical and psychosocial neighborhood characteristics are important contextual factors in the determination of self-rated health. Worse socioeconomic neighborhood conditions have a negative effect on health, thereby increasing the odds of worse self-rated health.
  • Mensuração do impacto dos problemas bucais sobre a qualidade de vida de crianças: aspectos conceituais e metodológicos Revisão

    Tesch, Flávia Cariús; Oliveira, Branca Heloísa de; Leão, Anna

    Resumo em Português:

    As crianças estão sujeitas a problemas de saúde bucal que podem causar impacto na sua vida diária e na vida de suas famílias. A necessidade de instrumentos para acessar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida das crianças tem sido ressaltada, e questionários foram desenvolvidos ou adaptados para este grupo específico. O objetivo deste trabalho é descrever os instrumentos de mensuração do impacto da saúde bucal na qualidade de vida de crianças e as dificuldades para esta mensuração. Entre esses instrumentos destacamos o Child Oral Health Quality of Life Questionnaire, para crianças de 6-7, 8-10 e 11-14 anos; o Child-Oral Impacts on Daily Performances, para a idade de 11-12 anos e o Early Childhood Oral Health Impact Scale para a faixa etária de 2-5 anos. Apesar dos progressos nessa área, mais estudos são necessários para a elaboração de medidas que abordem a criança dentro do processo dinâmico de saúde e doença no seu contexto psicológico, familiar e social, e a utilização, tanto na prática clínica quanto na pesquisa, dos instrumentos existentes deve ser estimulada.

    Resumo em Inglês:

    Children are subject to oral health problems that can impact their own quality of life and that of their families. The need for measurements to assess the impact of oral health on children's quality of life has been emphasized, and questionnaires have been developed or adapted to this specific group. The aim of this study was to describe such instruments (identified in the literature) and discuss their inherent difficulties. Among such instruments, we highlight the Child Oral Health Quality of Life Questionnaire, for children aged 6-7, 8-10, and 11-14, the Child-Oral Impacts on Daily Performances, for children aged 11-12, and the Early Childhood Oral Health Impact Scale for children aged 2-5. Although progress was observed in this area, more research is needed to develop measurements that apply to children in their dynamic health/disease process, encompassing their psychosocial, family, and social context. The use of such instruments should be encouraged in clinical practice and research.
  • Evidências do impacto da suplementação de vitamina A no grupo materno-infantil Revisão

    Oliveira, Julicristie Machado de; Rondó, Patrícia Helen de Carvalho

    Resumo em Português:

    O objetivo deste artigo é reunir os resultados de revisões sistemáticas e metanálises sobre o efeito da suplementação de vitamina A no crescimento, morbi-mortalidade infantil, materna e fetal. Foi realizada uma busca criteriosa nas bases de dados bibliográficos PubMed, Embase, LILACS, PAHO, Biblioteca Cochrane, Banco de Teses da CAPES, Biblioteca Digital de Teses da USP e acervo da Biblioteca Central da UNIFESP, localizando-se 14 trabalhos publicados entre 1993 e 2006. Há evidências de que a suplementação de vitamina A em crianças esteja associada à redução de 23% a 30% no risco de morte e atenuação da gravidade do quadro de sarampo e diarréia. Não há evidências de que a intervenção em crianças reduza a incidência de pneumonia não associada ao sarampo e mortalidade por essa causa. Em crianças e gestantes com HIV/AIDS, a suplementação apresenta impacto positivo na morbi-mortalidade infantil e no peso ao nascer. Não há evidências de que a suplementação em gestantes e lactantes esteja associada à redução da morbi-mortalidade infantil, mas há indicação de que essa intervenção seja protetora em relação à morbidade materna.

    Resumo em Inglês:

    The aim of this article was to collect the results of systematic reviews and meta-analyses that evaluated the effect of vitamin A supplementation on child growth and maternal, fetal, and child morbidity and mortality. A detailed search was performed in PubMed, Cochrane Library, LILACS, PAHO, CAPES, USP Digital Thesis Library, and UNIFESP Collection Database. A total of 14 studies published from 1993 to 2006 were included in the review. There is evidence that vitamin A supplementation in children is associated with a reduction of 23% to 30% in mortality risk and attenuation in the severity of measles and diarrhea. There is no evidence of the intervention's impact on pneumonia incidence or mortality in children without measles. Vitamin A also appears to be protective in children and pregnant women with HIV/AIDS, with a positive effect on child morbidity and mortality and birth weight. There is no evidence that supplementation in pregnant and lactating women reduces infant morbidity and mortality, but there is an indication that vitamin A protects against maternal morbidity.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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