Cadernos de Saúde Pública, Volume: 38, Número: 12, Publicado: 2022
  • A percepção dos pais sobre o ambiente se associa à duração da atividade física ao ar livre em pré-escolares de baixa renda? Articles

    Souza, Cleene Tavares de; Nobre, Glauber Carvalho; de Souza Filho, Anastácio Neco; Autran, Roseanne Gomes; Pizarro, Andréia; Mota, Jorge Augusto Pinto da Silva; Martins, Clarice Maria de Lucena

    Resumo em Português:

    A percepção dos pais sobre o ambiente pode influenciar o tempo gasto em atividades físicas ao ar livre em crianças pré-escolares. Este estudo teve como objetivo analisar a associação entre a percepção dos pais sobre o ambiente e atividades físicas ao ar livre fora da escola em pré-escolares de baixa renda. No total, 129 pré-escolares de 3 a 5 anos (4,4 anos ± 0,7 anos, 50% meninos) e seus pais participaram do estudo. Uma versão adaptada da Escala de Caminhabilidade Ambiental do Bairro foi usada para obter as percepções ambientais dos pais. A atividade física ao ar livre foi mensurada com base em duas questões considerando o tempo habitual despendido nessas atividades durante a semana e os dias de fim de semana. As informações sociodemográficas foram coletadas por meio de entrevista. Foi utilizada regressão logística para analisar as associações. As análises estatísticas foram realizadas no SPSS, versão 21.0. A maioria dos pré-escolares (76,9%) teve ≤ 2 horas/dia em atividade física ao ar livre durante a semana enquanto no final de semana, 65,9% atingiu > 2 horas. A percepção dos pais sobre o trânsito inseguro (OR = 0,39; p = 0,03) foi associada a maiores chances de menor tempo de atividade física ao ar livre tanto durante a semana quanto no final de semana (OR = 0,46; p = 0,04). Além disso, pré-escolares cujos pais percebem falta de lugares para caminhar (OR = 0,33; p = 0,02) e período noturno inseguro (OR = 0,36; p = 0,04) são mais propensos a passar menos tempo em atividade física ao ar livre durante a semana. Após ajustes para fatores de confusão sociodemográficos, a percepção de trânsito inseguro (OR = 0,26; p = 0,01) e locais para caminhar (OR = 0,15; p = 0,01) foram preditores de menor tempo do pré-escolar em atividade física ao ar livre durante a semana. A percepção dos pais sobre o trânsito inseguro e os lugares para caminhar foram associados ao menor tempo de atividade física ao ar livre entre pré-escolares de baixa renda.

    Resumo em Espanhol:

    La percepción de los padres sobre el entorno puede influir en el tiempo dedicado a actividades físicas al aire libre en niños en edad preescolar. Este estudio tuvo como objetivo analizar la asociación entre la percepción de los padres sobre el ambiente y la actividade física al aire libre fuera de la escuela en preescolares de bajos recursos. En total, participaron en el estudio 129 preescolares de 3 a 5 años (4,4 años ± 0,7 años, 50% niños) y sus padres. Se utilizó una versión adaptada de la Escala de Caminabilidad Ambiental del Vecindario para obtener las percepciones ambientales de los padres. La actividade física al aire libre se midió a partir de dos preguntas considerando el tiempo habitual dedicado a estas actividades durante los días de semana y los fines de semana. La información sociodemográfica se recogió mediante entrevista. Se utilizó regresión logística para analizar las asociaciones. Los análisis estadísticos se realizaron con SPSS, versión 21.0. La mayoría de los preescolares (76,9%) tenían ≤ 2 horas/día en actividade física al aire libre durante la semana mientras que el fin de semana, el 65,9% alcanzaba > 2 horas. La percepción de los padres sobre el tráfico inseguro (OR = 0,39; p = 0,03) se asoció con mayores posibilidades de pasar menos tiempo en actividade física al aire libre tanto entre semana como en fin de semana (OR = 0,46; p = 0,04). Además, los preescolares cuyos padres perciben la falta de lugares para caminar (OR = 0,33; p = 0,02) e inseguridad en la noche (OR = 0,36; p = 0,04) tienen más probabilidades de pasar menos tiempo en actividade física al aire libre durante la semana. Después de los ajustes por factores de confusión sociodemográficos, la percepción de tráfico inseguro (OR = 0,26; p = 0,01) y lugares para caminar (OR = 0,15; p = 0,01) fueron predictores de menor tiempo en actividade física al aire libre de los preescolares durante la semana. La percepción de los padres sobre el tráfico inseguro y los lugares para caminar se asoció con menos tiempo en actividades físicas al aire libre en preescolares de bajos ingresos.

    Resumo em Inglês:

    Parents’ perception of the environment may influence the time spent in outdoor physical activities in pre-school children. This study aimed to analyze the association between parents’ perception of the environment and outdoor physical activities outside the school in low-income preschoolers. In total, 129 preschoolers aged 3 to 5 years (4.4 years ± 0.7 years, 50% boys) and their parents participated in the study. An adapted version of the Neighborhood Environmental Walkability Scale was used to obtain parents’ environmental perceptions. Outdoor physical activities was measured based on two questions considering the usual time spent in these activities during week and weekend days. Information on sociodemographic was collected by interview. Logistic regression was used to analyze the associations. Statistical analyses were conducted using SPSS, version 21.0. Most preschoolers (76.9%) had ≤ 2 hours/day in outdoor physical activities during the week while at the weekend, 65.9% reached > 2 hours. Parents’ perception of unsafe traffic (OR = 0.39; p = 0.03) was associated with higher chances for a shorter time in outdoor physical activities both during the week and at the weekend (OR = 0.46; p = 0.04). Moreover, preschoolers’ whose parents perceive a lack of places to walk (OR = 0.33; p = 0.02) and unsafe night time (OR = 0.36; p = 0.04) are more likely to spend less time in outdoor physical activities during the week. After adjustments for sociodemographic confounders, the perception of unsafe traffic (OR = 0.26; p = 0.01) and places to walk (OR = 0.15; p = 0.01) were predictors of preschooler’s shorter time in outdoor physical activities during the week. Parents’ perception of unsafe traffic and places to walk were associated with less time in outdoor physical activities in low-income preschoolers.
  • Violência no território e saúde mental de agentes comunitários de saúde em uma metrópole brasileira Articles

    Vieira-Meyer, Anya Pimentel Gomes Fernandes; Morais, Ana Patrícia Pereira; Santos, Helena Paula Guerra dos; Yousafzai, Aisha Khizar; Campelo, Isabella Lima Barbosa; Guimarães, José Maria Ximenes

    Resumo em Português:

    A violência é um grande problema social no Brasil, com graves repercussões no setor de saúde. Profissionais da atenção primária à saúde, principalmente os agentes comunitários de saúde (ACS), apresentam alto risco de violência nas instalações e na área de vulnerabilidade social onde atuam. Este estudo analisou as relações entre condições adversas de trabalho e as dimensões da violência no território na prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) entre ACS de Fortaleza, uma capital do Nordeste do Brasil. As informações foram coletadas por meio de um questionário de autorrelato (Self-Reporting Questionnaire-20) com itens sobre dados sociodemográficos, violência relacionada ao trabalho, sinais e sintomas psicoemocionais, cuidados em saúde mental e ausência ao trabalho por problemas gerais ou de saúde mental. Com base nas respostas de 1.437 ACS, a prevalência de TMC (32,75%) foi associada à violência percebida, testemunhada ou sofrida na área de trabalho. Na análise hierárquica, os TMC estavam associados a idade, sexo, identidade religiosa, anos de experiência como ACS na Estratégia Saúde da Família (ESF), bairro onde trabalha, atividades na comunidade, considerando a falta de vínculo com as famílias como obstáculo, ter sofrido violência doméstica, uso de medicação para desregulação emocional, identificar o bairro como violento, considerar violência um determinante da saúde física ou mental e identificar a impunidade como causa de violência. Assim, o trabalho e a saúde mental dos ACS foram significativamente afetados pelas dimensões da violência. Nossos achados são relevantes para a adoção de estratégias para mitigar os efeitos da violência no trabalho e na saúde mental dos ACS.

    Resumo em Espanhol:

    La violencia es un problema social importante en Brasil, con graves impactos en el sector de la salud. Los profesionales de la atención primaria de salud, en especial los agentes comunitarios de salud (ACS), se encuentran en alto riesgo de violencia en los establecimientos y en el área de vulnerabilidad social donde actúan. Este estudio analizó la relación entre las condiciones laborales adversas y las dimensiones de la violencia localizada en la prevalencia de los trastornos mentales comunes (TMC) entre los ACS de Fortaleza, una capital en la Región Nordeste de Brasil. Para recabar la información, se aplicó un cuestionario de autoinforme (Self-Reporting Questionnaire-20) que constaba de ítems sobre datos sociodemográficos, violencia laboral, signos y síntomas psicoemocionales, cuidados en salud mental y ausencia al trabajo por problemas generales o de salud mental. De las respuestas de 1.437 ACS, se constató que la prevalencia de TMC (32,75%) estuvo asociada con la violencia percibida, que se presenció o sufrió en el lugar de trabajo. En el análisis jerárquico, los TMC se asociaron con la edad, el sexo, la identidad religiosa, los años de experiencia como ACS en la Estrategia de Salud Familiar (ESF), el barrio donde actúan, las actividades en la comunidad, considerando como obstáculo la falta de vínculo con las familias, haber sufrido violencia intrafamiliar, uso de medicamentos para la desregulación emocional, la identificación del barrio como violento, considerar la violencia como determinante de la salud física o mental e identificar la impunidad como causa de la violencia. Por lo tanto, el trabajo y la salud mental de los ACS se vieron significativamente afectados por las dimensiones de la violencia. Estos hallazgos son relevantes para aplicar estrategias de mitigación de los efectos de la violencia en el trabajo y en la salud mental de los ACS.

    Resumo em Inglês:

    Violence is a major social problem in Brazil, with severe repercussions on the health care sector. Primary health care professionals, especially community health workers (CHWs), are at high risk of violence at facilities and in the socially vulnerable area where they work. This study analyzed the relationships between adverse working conditions and dimensions of localized violence on the prevalence of common mental disorders (CMD) among CHWs in Fortaleza, a state capital in Northeastern Brazil. Information was collected with a self-report questionnaire containing items on sociodemographic data, work-related violence, psychoemotional signs and symptoms (Self-Reporting Questionnaire-20), mental health care, and absence from work due to general or mental health issues. Based on the responses of 1,437 CHWs, the prevalence of CMD (32.75%) was associated with perceived, witnessed, or suffered violence in the work area. In the hierarchical analysis, CMD were associated with age, sex, religious identity, years of experience as a CHW with the Family Health Strategy (FHS), work neighborhood, activities in the community, considering the lack of bonding with families as an obstacle, having suffered domestic violence, use of medication for emotional dysregulation, identifying the neighborhood as violent, considering violence a physical or mental health determinant, and identifying impunity as a cause of violence. Thus, the work and mental health of CHWs were significantly affected by violence dimensions. Our findings are relevant to the adoption of strategies to mitigate the effects of violence on the work and mental health of CHWs.
  • Desigualdades regionais e sociais na insegurança alimentar no Brasil, 2013-2018 Articles

    Cherol, Camilla Christine de Souza; Ferreira, Aline Alves; Lignani, Juliana de Bem; Salles-Costa, Rosana

    Resumo em Português:

    Este artigo tem como objetivo analisar a associação entre indicadores sociais e o agravamento da insegurança alimentar entre 2013 e 2018 em diferentes regiões do Brasil. Foram analisados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2013) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2018). Foram investigadas amostras nacionalmente representativas de 110.750 e 57.920 domicílios, respectivamente. A insegurança alimentar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, estimando as variações percentuais nos níveis de insegurança alimentar entre dois períodos (2013 e 2018), segundo variáveis sociodemográficas. A associação entre indicadores sociais e insegurança alimentar desagregada por região foi estimada através de modelos de regressão logística multinomial. Apesar de o Norte e o Nordeste terem as maiores proporções de insegurança alimentar, o Sudeste e o Centro-oeste foram as regiões com maior aumento da insegurança alimentar durante os mesmos períodos. A renda foi o indicador com maior associação com insegurança alimentar, tanto nas pesquisas de 2013 quanto em 2018. Observou-se também a associação da presença de três ou mais moradores menores de 18 anos com maior risco de insegurança alimentar no Norte e no Sul. O aumento da insegurança alimentar durante a crise econômica brasileira ocorreu de forma desigual entre as regiões, além de ter sido maior entre as famílias com piores condições de vida econômica e social, o que reforçou a desigualdade regional, contribuindo para a desigualdade social no país. Reforça-se a necessidade de fortalecer políticas públicas de promoção da segurança alimentar e nutricional, de acordo com as iniquidades sociais regionais.

    Resumo em Espanhol:

    Este artículo tiene como objetivo analizar la asociación de los indicadores sociales con el empeoramiento de la inseguridad alimentaria entre 2013 y 2018 en diferentes regiones de Brasil. Se analizaron datos de corte transversal de la Encuesta Nacional por Muestra de Domicilios (2013) y de la Encuesta de Presupuestos Familiares (2018). Se investigaron muestras representativas a nivel nacional de 110.750 y 57.920 hogares, respectivamente. La inseguridad alimentaria se evaluó mediante la Escala Brasileña de Inseguridad Alimentaria, estimando los cambios porcentuales en los niveles de inseguridad alimentaria entre dos períodos (2013 y 2018), según las variables sociodemográficas. La asociación de los indicadores sociales con la inseguridad alimentaria desagregada por regiones se estimó mediante modelos de regresión logística multinomial. A pesar de que el Norte y el Nordeste tenían las proporciones más altas de inseguridad alimentaria, el Sudeste y el Centro-oeste fueron las regiones con el mayor aumento de la inseguridad alimentaria en los mismos períodos. Los ingresos fueron el indicador con mayor asociación con la inseguridad alimentaria, tanto en las encuestas de 2013 como en las de 2018. También se observó la asociación de la presencia de tres o más residentes menores de 18 años con el mayor riesgo de inseguridad alimentaria en el Norte y en el Sur. El aumento de la inseguridad alimentaria durante la crisis económica brasileña se produjo de forma desigual entre las regiones y reforzó la desigualdad regional, además de haber sido mayor entre las familias con peores condiciones de vida social y económica, contribuyendo a la desigualdad social en el país. Se refuerza la necesidad de fortalecer las políticas públicas para promover la seguridad alimentaria y la nutrición, según las iniquidades sociales regionales.

    Resumo em Inglês:

    This study aims to analyze the association between social indicators and the worsening of food insecurity in 2013 and 2018 in different regions of Brazil. Data from the Brazilian National Household Sample Survey (2013) and Brazilian Household Budgets Survey (2018) were analyzed, considering nationally representative samples of 110,750 and 57,920 households, respectively. Food insecurity was assessed using the Brazilian Food Insecurity Scale by estimating the percentage changes in food insecurity levels between 2013 and 2018, according to sociodemographic variables. The association between social indicators and food insecurity disaggregated by region was estimated using multinomial logistic regression models. Although North and Northeast regions had higher proportions of food insecurity, the Southeast and Central-West regions had the highest increase in food insecurity in the same periods. Income was the indicator with the highest association with food insecurity both in 2013 and 2018. We also observed the association between the presence of three or more residents aged under 18 in a household and a higher risk of food insecurity in North and South regions. Food insecurity increased unevenly among regions during the Brazilian economic crisis, which reinforced regional inequality. Moreover, food insecurity was greater among households with worse social and economic living conditions, contributing to social inequality in the country. Thus, strengthening public policies to promote food security and nutrition according to regional social inequities is necessary.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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