Saúde e Sociedadehttps://www.scielosp.org/journal/sausoc/feed/2018-01-05T00:07:00ZVol. 33 No. 1 - 2024Werkzeug“Aquende a neca e aperte os seios”: inteligibilidade, trabalho e saúde nas experiências de pessoas trans universitárias10.1590/s0104-12902024230086pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCosta-Val, AlexandreTeixeira, Flávia do BonsucessoMoraes, Victor Miguel Fernandes deManganelli, Mariana de SousaCáus, Victor Araújo Fortuna
<em>Costa-Val, Alexandre</em>;
<em>Teixeira, Flávia Do Bonsucesso</em>;
<em>Moraes, Victor Miguel Fernandes De</em>;
<em>Manganelli, Mariana De Sousa</em>;
<em>Cáus, Victor Araújo Fortuna</em>;
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Resumo As pessoas trans estão expostas a diferentes situações de vulnerabilidade que se entrecruzam, causando impactos negativos no processo saúde-doença-cuidado. Para melhor compreender essa questão, buscamos conhecer as experiências de sete estudantes trans de uma universidade pública de Minas Gerais, a partir de entrevistas norteadas por roteiro semiestruturado. As falas foram analisadas pela perspectiva da análise de conteúdo, e as categorias finais foram tensionadas com estudos das ciências sociais e da saúde coletiva. De forma geral, as narrativas se diferenciaram daquelas que compõem a maioria das pesquisas sobre o tema no Brasil, sobretudo em relação à manutenção de vínculos familiares e ao acesso à universidade pública. Nesse sentido, formulamos a hipótese de que a interação desses elementos com outros marcadores de diferenças pode contribuir positivamente para o estabelecimento de alianças e estratégias, a fim de lidar com o regime de inteligibilidade das identidades de gênero e com as dificuldades de acesso à educação, ao trabalho e à saúde. Compreender essa dinâmica e suas limitações, em uma perspectiva em que o individual se enlaça ao coletivo, possibilitou evidenciar o funcionamento da (hétero)normatividade nos processos de segregação de pessoas trans, assim como refletir sobre ações políticas que possam transformar essa realidade social efetivamente.Medicalização da subjetividade e fetichismo psicofármaco: uma análise dos fundamentos10.1590/s0104-12902024220833pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZOliveira, JarbasCavalcanti, FillipeEricson, Sóstenes
<em>Oliveira, Jarbas</em>;
<em>Cavalcanti, Fillipe</em>;
<em>Ericson, Sóstenes</em>;
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Resumo Este trabalho trata dos fundamentos da epidemia das drogas psiquiátricas e tem por objetivo analisar a medicalização da subjetividade e o fetichismo dos psicofármacos em suas bases fundamentais. Trata-se de uma reflexão teórica à luz da análise do discurso inaugurada por Michel Pêcheux, a partir da qual se apresenta um gesto de interpretação, possibilitando identificar a epidemia das drogas psiquiátricas como expressão da medicalização da vida. Com base na crítica dos fundamentos da forma capitalista de consumo e da prescrição dos psicofármacos, esta análise demonstrou como o modelo de metabolismo social do capital impõe aos sujeitos uma terapêutica fetichizada. Espera-se contribuir com práticas que lutam pelo legado do movimento antimanicomial e, com isso, somar aos esforços dos sujeitos envolvidos na produção de práticas terapêuticas efetivamente humanizadas e críticas.Subjetividades de médicas y médicos en su encuentro con víctimas de violencia sexual en hospitales universitarios de Medellín, Antioquia, 2021-202210.1590/s0104-12902024230441es2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMoreno-Realphe, Sandra-Patricia
<em>Moreno-Realphe, Sandra-Patricia</em>;
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Resumen Objetivo: Comprender la expresión de las subjetividades de médicas(os) en su encuentro con víctimas de violencia sexual en urgencias hospitalarias. Metodología: Investigación cualitativa, diseño de caso colectivo, con enfoque etnográfico, con la elaboración de un diario de campo, dos itinerarios institucionales, dos entrevistas a coordinadoras, diez entrevistas en profundidad a médicas(os) y un encuentro reflexivo. Resultados: Se identificaron cuatro momentos en el recorrido de la víctima, y en ellos emergieron expresiones subjetivas que se agruparon en formas de reconocimiento y mecanismos. Se incorporaron el campo médico en el subcampo medicina moderna en sus habitus, sus prácticas clínicas vulneraron a las víctimas de violencia sexual. Por el contrario, si se apartaron de las lógicas que impuso el campo médico, sus prácticas se tradujeron en un cuidado comprensivo. Discusión: El no reconocimiento conduce a la imposibilidad del ejercicio de la ciudadanía de la salud; sus mecanismos parten de procesos de socialización desde sus constructos sociohistóricos que se ven reforzados por el modelo médico hegemónico y el campo médico generando tensión entre las lógicas prácticas de médicas(os) y las necesidades de las víctimas. Sin embargo, se observa una fractura de dicho modelo como una posibilidad de transformación hacia un cuidado comprensivo.Patentes, acesso e produção local de medicamentos: reflexões a partir de experiências no SUS10.1590/s0104-12902024220791pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFernandes, Daniela Rangel AffonsoGadelha, Carlos Augusto GraboisMaldonado, Jose Manuel Santos de Varge
<em>Fernandes, Daniela Rangel Affonso</em>;
<em>Gadelha, Carlos Augusto Grabois</em>;
<em>Maldonado, Jose Manuel Santos De Varge</em>;
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Resumo Este artigo procurou contribuir para a literatura e para o debate nacional e global sobre a superação de uma polarização relacionada ao aspecto jurídico e administrativo do processo de inovação, procurando se concentrar nas patentes como um fator condicionante das trajetórias tecnológicas que viabilizam o aprendizado em âmbito produtivo. Baseou-se em um arcabouço teórico e político relacionado à inovação e ao acesso a medicamentos, especialmente quanto aos direitos de Propriedade Intelectual, e na análise crítico-reflexiva de instrumentos de Propriedade Intelectual utilizados em Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), desenvolvidas por um instituto de tecnologia em fármacos sintéticos, público e nacional. Os resultados demonstram a relevância da compatibilização dos direitos de patentes com a construção de uma capacidade tecnológica e de inovação no país, vinculada ao acesso universal, especialmente quando envolverem produtos que se destinam ao tratamento de doenças graves, de alta complexidade tecnológica e de alto custo. Conclui-se que, para superação da dependência tecnológica e ampliação do acesso a medicamentos no Brasil, o Estado deve buscar o equilíbrio entre os interesses públicos e privados na área da saúde, a articulação entre os instrumentos jurídicos legais existentes e o alinhamento entre suas políticas de saúde, industriais, de CT&I e Propriedade intelectual.Catadoras de materiais recicláveis: estratégias de resistência e medicamentos durante a pandemia de covid-1910.1590/s0104-12902024230509pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCoutinho Júnior, Miguel Eusébio PereiraDiehl, Eliana Elisabeth
<em>Coutinho Júnior, Miguel Eusébio Pereira</em>;
<em>Diehl, Eliana Elisabeth</em>;
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Resumo A catação de materiais recicláveis é uma ocupação com crescente número de trabalhadores, que encontram nela sustento diante das desigualdades socioeconômicas e do desemprego. Este artigo descreve as estratégias de resistência de mulheres catadoras que fazem parte de uma associação no Nordeste brasileiro, além da forma como elas lidaram com problemas de saúde durante a pandemia de covid-19, especialmente no que se refere aos medicamentos. Utilizamos uma abordagem quantitativa e uma etnográfica, coletando dados sociodemográficos de 13 participantes e dos medicamentos presentes em suas casas, e também realizando observação participante e entrevistas aprofundadas. Em meio à crise sanitária, foram mencionados problemas como o desemprego, as relações de gênero, a violência e os estigmas do trabalho. Se por um lado a pandemia vulnerabilizou ainda mais alguns segmentos populacionais, por outro potencializou estratégias coletivas de enfrentamento. As catadoras e a associação se organizaram para obter insumos e melhorias tanto na sede quanto no bairro. Identificamos 58 unidades de medicamentos, prescritos e obtidos principalmente na Unidade Básica de Saúde. Desses, 27,6% tinham ação sobre o sistema nervoso (analgésicos, psicolépticos e psicoanalépticos) e 17,2% sobre o sistema cardiovascular e sobre o trato alimentar e metabolismo. As catadoras desenvolveram práticas de autoatenção com os medicamentos, destacando o papel central deles no enfrentamento dos problemas de saúde.Migração e mortalidade por câncer entre os migrantes colombianos nos EUA: um estudo com dados de declaração de óbito10.1590/s0104-12902024210034pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZVries, Esther deArroyave, IvanChayo, IsaacPinheiro, Paulo S.
<em>Vries, Esther De</em>;
<em>Arroyave, Ivan</em>;
<em>Chayo, Isaac</em>;
<em>Pinheiro, Paulo S.</em>;
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Resumo Este estudo teve como objetivo comparar padrões de mortalidade por câncer entre os imigrantes colombianos nos EUA e colombianos em sua terra natal. Dados de 2008 a 2012 foram coletados, e foram calculadas taxas de mortalidade por câncer de colombianos residindo em seu país natal e colombianos residindo em Califórnia, Flórida e Nova York, bem como taxas específicas de mortalidade por idade e sexo por cada 100.000 pessoas. Para comparar as duas populações, tanto antes como após a correção pela escolaridade, as razões de taxas de mortalidade (MRR) foram estimadas por modelo de regressão binomial negativa. Foi descoberto que colombianos em sua terra natal apresentam taxas de mortalidade por câncer mais altas quando comparados aos que residem nos EUA (MRR masculino 1,4 (IC 95%: 1,2-1,5), MRR feminino 1,5 (IC 95%: 1,3-1,7)). Essas diferenças persistem para a maioria dos tipos de câncer, mesmo após correção pela escolaridade. Os colombianos em sua terra natal apresentaram taxa de mortalidade por câncer gástrico (MRR masculino 2,6; feminino 2,8) e cervical (MRR 5,0) significativamente mais alta em comparação com os que residem nos EUA. As desigualdades educacionais na mortalidade por câncer foram mais acentuadas para aqueles que moram em sua terra natal. A menor taxa de mortalidade por câncer observada entre os colombianos nos EUA, porém, não pode ser atribuída às diferenças de escolaridade, um indicador de status socioeconômico. Em vez disso, provavelmente ocorre devido à maior acessibilidade aos serviços de saúde preventivos e curativos nos EUA.Relação entre fatores socioeconômicos e a pandemia da covid-1910.1590/s0104-12902024220248pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZNascimento, Érica Suélen doCarvalho, Francisval de MeloCarvalho, Eduardo Gomes
<em>Nascimento, Érica Suélen Do</em>;
<em>Carvalho, Francisval De Melo</em>;
<em>Carvalho, Eduardo Gomes</em>;
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Resumo Este artigo objetivou verificar a relação entre os fatores socioeconômicos e a pandemia da covid-19 nos municípios de médio porte mineiros. O procedimento de análise de dados foi a modelagem de equações estruturais de mínimos quadrados parciais. As variáveis utilizadas foram vulnerabilidade, saneamento, renda, agravantes, vacinação, casos de covid-19, mortalidade por covid-19, hospitalização e doenças crônicas não transmissíveis. Os dados foram coletados no Índice Mineiro de Responsabilidade Social, no painel de monitoramento dos casos de covid-19 e no painel de monitoramento de vacinação contra covid-19. O recorte temporal foi determinado pelo início da pandemia e a disponibilidade de dados (março de 2020 a setembro de 2021). Os resultados evidenciaram que melhores condições de saneamento estão negativamente relacionadas aos casos de covid-19, a renda está positivamente relacionada com os casos de covid-19 e a taxa de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis está relacionada de forma positiva com a mortalidade por covid-19. Os casos de covid-19 têm impacto negativo na hospitalização e a hospitalização tem impacto positivo na mortalidade. Os casos moderados pela vacinação estão negativamente relacionados à mortalidade por covid-19. Os resultados confirmam que condições socioeconômicas menos favoráveis tornam a sociedade mais vulnerável a covid-19.Entre a busca por assistência e sua efetivação: peregrinação de gestantes e puérperas com quadro de Near Miss Materno10.1590/s0104-12902024220633pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBrilhante, AlineColares, MonalisaBranco, July Grassiely de OliveiraAlmeida, Rosa Lívia deAlves, SilvioBonvini, Ottorino
<em>Brilhante, Aline</em>;
<em>Colares, Monalisa</em>;
<em>Branco, July Grassiely De Oliveira</em>;
<em>Almeida, Rosa Lívia De</em>;
<em>Alves, Silvio</em>;
<em>Bonvini, Ottorino</em>;
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Resumo Este estudo, de caráter misto e sequencial exploratório, objetivou identificar padrões relacionados a trajetória de mulheres gestantes e puérperas que evoluíram para situações de risco, desde sua chegada em um primeiro serviço de assistência até sua admissão em uma maternidade terciária. A fase quantitativa analisou 1.703 prontuários e registros de internação de mulheres assistidas em três maternidades terciárias da Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará, entre 2010 e 2019. Na fase qualitativa, realizada entre janeiro e setembro de 2020, participaram 14 mulheres sobreviventes ao Near Miss Materno (NMM), por meio da Entrevista Narrativa Autobiográfica de Schütze. Os achados desvelam como atrasos relacionados aos profissionais e ao sistema de saúde contribuíram para a peregrinação de gestantes e puérperas e, consequentemente, para os quadros de NMM. A peregrinação destas mulheres associa-se a problemas nas estruturas da rede de atenção e dos serviços de saúde. Assim, fazem-se necessários o uso de ferramentas de acompanhamento da qualidade do serviço prestado pelos profissionais de saúde, os processos assistenciais bem estabelecidos, as estruturas físicas e as Redes de Atenção à Saúde (RAS), que suportem o seguimento desses processos.Saúde e reparação integral de comunidades camponesas em territórios da transposição do rio São Francisco10.1590/s0104-12902024220703pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZGonçalves, José ErivaldoGonçalves, Glaciene Mary da SilvaAugusto, Lia Giraldo da SilvaGomes, Wanessa da SilvaCosta, André Monteiro
<em>Gonçalves, José Erivaldo</em>;
<em>Gonçalves, Glaciene Mary Da Silva</em>;
<em>Augusto, Lia Giraldo Da Silva</em>;
<em>Gomes, Wanessa Da Silva</em>;
<em>Costa, André Monteiro</em>;
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Resumo A saúde é um complexo de situações de condições de vida alinhadas a contextos e lugares no tempo. O processo de reparação a partir do entendimento ampliado da saúde é um conjunto de direitos, ações e medidas protagonizadas por diferentes sujeitos nas diversas dimensões da vida. Este artigo tem como objetivo analisar as percepções e ações de reparação direcionadas a camponeses que sofreram perdas materiais e simbólicas no decurso das obras da transposição do Rio São Francisco, em Sertânia, Pernambuco. Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa. Os sujeitos desta pesquisa foram camponeses maiores de 18 anos, sem especificação de sexo, residentes em três comunidades nas proximidades do canal Eixo Leste da transposição. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas nas comunidades e uma oficina participativa. Observou-se que há uma insuficiência no reconhecimento dos direitos de reparação pelos habitantes e, consequentemente, uma não efetivação das ações desenvolvidas nesse aspecto. As ações de reparação focaram compensações monetárias para a perda de bens materiais, porém sendo muitas vezes subdimensionadas ou até mesmo ausentes. É imprescindível que a reparação seja pensada na perspectiva da complexidade do caso, considerando todas as dimensões da saúde e da vida.Homens autores de homicídios femininos e feminicídios: análise de casos entre 2018 e 2019 na cidade de Campinas, São Paulo, Brasil10.1590/s0104-12902024220120pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCaicedo-Roa, MonicaCordeiro, Ricardo Carlos
<em>Caicedo-Roa, Monica</em>;
<em>Cordeiro, Ricardo Carlos</em>;
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Resumo A violência contra as mulheres em entornos domésticos e familiares tem raízes na desigualdade existente entre os gêneros. Estudos sobre autores de violência letal são necessários para uma compreensão ampliada do fenômeno. O objetivo do estudo é caracterizar os crimes dessa natureza e seus autores, mediante autópsias verbais realizadas com conhecidos e familiares de mulheres vítimas de homicídio na cidade de Campinas. No total, foram estudados 38 casos de homicídio feminino, dos quais 63,2% correspondem a feminicídios. A maioria dos responsáveis pelos crimes eram conhecidos (parceiros, cônjuges e namorados) nos casos de feminicídio, e desconhecidos (sujeitos cuja identidade foi ignorada) nos casos de homicídio feminino. As mortes ocorreram majoritariamente em entornos domésticos, sendo ocasionadas mediante o uso expressivo de violência e o emprego de objetos cortantes/perfurantes e armas de fogo. A fuga foi a conduta mais frequente depois da perpetração dos assassinatos. Os casos foram discutidos articulando intervenções voltadas para grupos reflexivos de masculinidade, centros de educação e reabilitação ou programas de recuperação, problematizando as dificuldades e ganhos no marco da Lei Maria da Penha.O percurso pela atenção à crise em saúde mental na cidade do Rio de Janeiro10.1590/s0104-12902024220893pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCoutinho, Maria Fernanda CruzO’Dwyer, GiselePortugal, ClariceNunes, Mônica de Oliveira
<em>Coutinho, Maria Fernanda Cruz</em>;
<em>O’dwyer, Gisele</em>;
<em>Portugal, Clarice</em>;
<em>Nunes, Mônica De Oliveira</em>;
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Resumo O conceito de crise em saúde metal envolve uma complexa formulação multidimensional, forjada no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que nem sempre é tomado de maneira unívoca pelos envolvidos. Contudo, há de se considerar uma rede capaz de dar respostas adequadas sobre como acolher essa situação, de maneira que o trabalho em rede é uma condição essencial dessa abordagem. Este artigo traz a discussão do manejo da crise em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial III (CAPS III) do município do Rio de Janeiro, Brasil, a partir da perspectiva dos gestores de saúde de nível central e local, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e analisadas com base na Teoria da Estruturação de Giddens. Este trabalho identificou que o Rio de Janeiro apresenta um modelo de atenção à crise estruturado em rede de atenção centralizada e rede integrada, uma vez que apresenta grande integração da rede de urgência com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), sobretudo com os CAPS III, e as situações de crises são atendidas preferencialmente em serviços específicos para seu atendimento. Ainda assim, pela perspectiva de Giddens, os CAPS III têm legitimidade para cumprir o papel de atenção à crise em saúde mental.O fim da extensão das patentes e as Parcerias para Desenvolvimento Produtivo: reflexos no acesso a medicamentos no Brasil10.1590/s0104-12902024220461pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZLopes, Luciana de Melo NunesAndrade, Eli Iola Gurgel deBorde, Elis Mina Seraya
<em>Lopes, Luciana De Melo Nunes</em>;
<em>Andrade, Eli Iola Gurgel De</em>;
<em>Borde, Elis Mina Seraya</em>;
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Resumo A covid-19 jogou luz sobre o impacto negativo da propriedade intelectual na saúde e deu nova relevância à Ação Direta de Inconstitucionalidade 5529/DF, que, acatada pelo Supremo Tribunal Federal em 2021, culminou na extinção da extensão automática de patentes no Brasil. Este estudo busca analisar o efeito do julgamento histórico da ADI 5529/DF sobre pedidos de patente e as patentes de interesse das Parcerias para Desenvolvimento Produtivo (PDP). Trata-se de um estudo com base em uma pesquisa documental de análise do andamento, até 31 de dezembro de 2020, de 90 pedidos de patente relacionados a 15 medicamentos objetos de PDP. Nos sites do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, do Ministério da Saúde, da Anvisa e da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, foram pesquisadas variáveis para comparar o cenário patentário dos medicamentos com o das PDP. De 88 pedidos válidos, 28 patentes foram concedidas, das quais dezessete foram estendidas para mais de vinte anos (média de 24 anos e nove meses). A decisão do STF resultou em mais de 68 anos de monopólio perdidos, potencialmente desanuviando alternativas para a produção de genéricos no país. Neste momento de retomada das PDP, estratégias para a superação de barreiras patentárias deveriam ser incorporadas à política.Investigação de surtos e epidemias: transformações na teoria, nos conceitos e nas práticas do século XVIII ao século XXI10.1590/s0104-12902024220310pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBarata, Rita Barradas
<em>Barata, Rita Barradas</em>;
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Resumo Este ensaio objetiva discutir as investigações de surtos e epidemias, desde os primeiros relatos disponíveis na literatura científica do século XVIII até o momento atual, utilizando para sua construção artigos científicos e livros sobre a temática. O principal argumento desenvolvido é a passagem de abordagens qualitativas da epidemiologia, predominantes nos períodos iniciais, para a abordagem quantitativa, que inicialmente convive com a qualitativa, mas se torna dominante a partir da segunda metade do século XIX. Conclui-se com uma breve reflexão sobre o momento atual de enfrentamento da epidemia da covid-19.La hegemonía del modelo biomédico desde las representaciones del personal de salud en el contexto de un modelo de atención en salud con enfoque intercultural en Chugchilán, Ecuador10.1590/s0104-12902024230087es2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZQuiroz-Hidrovo, Ana LucíaLarrea-Killinger, CristinaRodríguez-Martín, Dolors
<em>Quiroz-Hidrovo, Ana Lucía</em>;
<em>Larrea-Killinger, Cristina</em>;
<em>Rodríguez-Martín, Dolors</em>;
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Resumen Este artículo pretende conocer cómo se pone en práctica el enfoque intercultural en el contexto del Modelo de Atención Integral de Salud con enfoque Familiar, Comunitario e Intercultural en Chugchilán (Ecuador), mediante los conocimientos, percepciones y prácticas que aplica el equipo de salud en la atención materno-infantil. Estudio etnográfico, en que participaron 21 profesionales sanitarios entre profesionales indígenas -técnicos de atención primaria de salud- y no indígenas del Centro de Salud. Las técnicas llevadas a cabo fueron observación participante y entrevistas en profundidad. Los datos generados se analizaron mediante análisis del contenido temático. El análisis de los datos evidenció que la hegemonía del modelo biomédico operante podría constituir una limitación en el desarrollo del enfoque intercultural, sin embargo, el personal de salud indígena, desde su rol ambiguo y contrario al modelo biomédico, emerge como un elemento contrahegemónico y articulador real entre los saberes biomédicos e indígenas en contextos interculturales de atención-autoatención.Gênero e sexualidade no currículo dos cursos de graduação em saúde coletiva10.1590/s0104-12902024220037pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSilva, Jessica Maiza NogueiraRasera, Emerson Fernando
<em>Silva, Jessica Maiza Nogueira</em>;
<em>Rasera, Emerson Fernando</em>;
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Resumo A graduação em saúde coletiva (GSC) é recente no país e tem buscado construir sua identidade. Gênero e sexualidade interferem nas condições de saúde, devendo ser contemplados na formação dos(as) sanitaristas. Assim, buscou-se analisar neste estudo a inserção das questões de gênero e sexualidade no currículo da GSC no Brasil. Por meio da análise de conteúdo das fichas de disciplina de quase todos os cursos, observou-se que: as principais categorias de objetivos e conteúdo programático apontaram o tratamento das temáticas de forma interseccional; as metodologias de ensino e avaliação privilegiaram a participação do(a) aluno(a), sua autonomia e reflexividade; e nas referências, destacam-se os estudos em saúde da mulher. Conclui-se que, apesar do espaço já conquistado, é necessário ampliar o debate, principalmente em relação à sexualidade humana e à saúde do homem, temas que têm ficado à margem do currículo.Fatores de estresse e resiliência no acesso e utilização de serviços de saúde por travestis e mulheres transexuais no nordeste brasileiro10.1590/s0104-12902024220904pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMedeiros, Matheus AlvesGomes, Sávio MarcelinoSpinelli Junior, Vamberto Fernandes
<em>Medeiros, Matheus Alves</em>;
<em>Gomes, Sávio Marcelino</em>;
<em>Spinelli Junior, Vamberto Fernandes</em>;
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Resumo O gênero é uma categoria social diretamente ligada à determinação da saúde, mas tem sido frequentemente limitado às categorias de masculino e feminino, invisibilizando demandas importantes de identidades que fogem ao binarismo, como no caso de identidade transgênero (travestis e transexuais). A teoria do estresse de minorias de gênero categoriza fatores de estresse e resiliência relevantes para explicar como as vivências ligadas ao gênero impactam de maneira desproporcional pessoas transgênero, especialmente em desfechos de saúde mental. Nesse contexto, este estudo analisa a relação entre acesso e uso de serviços de saúde e os fatores de estresse e resiliência de travestis e mulheres transexuais no interior do nordeste brasileiro. Foi conduzida uma pesquisa qualitativa em saúde: dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com cinco mulheres trans adultas, residentes da região do Cariri, Ceará. Observou-se homogeneidade no acesso à saúde, mas todas as entrevistadas enfrentaram situações de estresse durante a utilização. Identificaram-se fatores de resiliência que levam essa população a buscar cuidados de saúde fora do sistema de saúde, devido a suas dificuldades de uso. Portanto, evidencia-se a necessidade de discutir a amplitude e o progresso do processo transexualizador e a capacidade de aplicação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros no âmbito do Sistema Único de Saúde no interior do nordeste brasileiro.O que dizem familiares de autistas sobre o trabalho desenvolvido pelos CAPSi?10.1590/s0104-12902024230327pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZLima, Rossano CabralCouto, Maria Cristina VenturaAndrada, Bárbara Costa
<em>Lima, Rossano Cabral</em>;
<em>Couto, Maria Cristina Ventura</em>;
<em>Andrada, Bárbara Costa</em>;
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Resumo A política de saúde mental infantojuvenil, implantada no Brasil no início do século XXI, estabeleceu os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSi) como equipamentos estratégicos para priorizar os casos de maior complexidade, com destaque para os autistas. Este estudo visa cotejar duas fontes de informação sobre a percepção de familiares de autistas acerca do trabalho desenvolvido pelos CAPSi: a primeira foi colhida em pesquisa de 2011, que utilizou grupos focais; e a segunda, a partir da literatura produzida sobre o tema nos 10 anos seguintes. As narrativas foram organizadas em quatro eixos temáticos: percepção sobre os efeitos do trabalho psicossocial; compartilhamento de informações; percepção sobre os processos de cuidado; e demandas e reivindicações. A despeito da heterogeneidade entre os estudos, os resultados indicaram que o trabalho dos CAPSi produz efeitos positivos, principalmente em relação à socialização. Contudo, essa percepção não é acompanhada de melhor entendimento do quadro clínico e dos processos de cuidado. O valor do tratamento é frequentemente atribuído à atitude pessoal dos profissionais, indicando a ausência de compartilhamento e participação dos familiares. Esses aspectos devem instigar os CAPSi a envolver os familiares como parceiros do cuidado, dando atenção especial à transmissão da lógica psicossocial, suas estratégias e direção do cuidado.Transmissão vertical do HIV na rede de saúde: reflexões bioéticas sobre gênero e cuidado a partir de um caso emblemático10.1590/s0104-12902024230102pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZGonçalves, Tonantzin RibeiroTavares, GabrielaGuimarães, Nathalia LuizJunges, José RoqueLópez, Laura Cecilia
<em>Gonçalves, Tonantzin Ribeiro</em>;
<em>Tavares, Gabriela</em>;
<em>Guimarães, Nathalia Luiz</em>;
<em>Junges, José Roque</em>;
<em>López, Laura Cecilia</em>;
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Resumo Num cenário epidêmico ainda preocupante, a prevenção da Transmissão Vertical (TV) do HIV impõe problemas complexos, devido as vulnerabilidades individual, social e moral das mulheres vivendo com o vírus, somadas às fragilidades da rede de saúde. A partir de um caso emblemático, este estudo buscou compreender os desafios bioéticos do cuidado para a prevenção da TV do HIV no âmbito do Comitê de Porto Alegre/RS. Os eixos analíticos desenvolvidos refletem sobre como a produção do cuidado se articula, por um lado, com discursos e práticas relacionais pautadas no gênero e interseccionadas por raça e classe social e, por outro, com vulnerabilidades programáticas das políticas de saúde. Vislumbrou-se um processo de extrema estigmatização, em que as poucas ofertas para as mulheres cisgênero se dirigiam à regulação reprodutiva e perpetuavam dinâmicas de violência estrutural. Discute-se caminhos para a construção de um cuidado que incorpore a perspectiva decolonial e busque produzir equidade e justiça social ao reconhecer as trajetórias das mulheres.O campo de estudos sobre saúde da população negra no Brasil: uma revisão sistemática das últimas três décadas10.1590/s0104-12902024220754pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCoelho, RonyCampos, Gisele
<em>Coelho, Rony</em>;
<em>Campos, Gisele</em>;
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Resumo A saúde da população negra (SPN) pode ser compreendida simultaneamente como campo de estudos, de intervenção social e de domínio cultural. Essa complexa esfera de conhecimento e prática surgiu imbricada com demandas de movimentos sociais e de profissionais, sobretudo de mulheres negras, com a finalidade de enfrentar problemas concretos de saúde pública. Como campo de estudos, ainda é incipiente a produção científica no Brasil. Dado esse contexto, conduzimos esta investigação com o objetivo de demonstrar como tem se estruturado a produção sobre SPN no país nas últimas três décadas. Trata-se de uma revisão sistemática integrativa, que visa a síntese e a análise do conhecimento científico já produzido sobre esse tema. Selecionamos 400 trabalhos publicados entre 1998 e 2020 e analisamos a evolução do volume de produção, seus lócus (estados, instituições, áreas científicas e abrangência territorial), temáticas e metodologias, bem como alguns desses intercruzamentos. Como resultado, encontramos um aumento notório do volume de pesquisas mais recentemente, em um campo interdisciplinar e com maior diversidade temática em relação aos estudos pioneiros. Essa evolução pode apontar um processo de consolidação do campo de estudos sobre saúde e raça no Brasil, ainda que os sinais apresentados sejam ambíguos.Insegurança alimentar, saúde e produção da vida: uma aproximação às práticas alimentares de mulheres de camadas populares à luz da antropologia da alimentação10.1590/s0104-12902024220547pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZVenegas, Maria Elisa do CarmoOliveira-Cardoso, Érika Arantes deSantos, Manoel Antônio dos
<em>Venegas, Maria Elisa Do Carmo</em>;
<em>Oliveira-Cardoso, Érika Arantes De</em>;
<em>Santos, Manoel Antônio Dos</em>;
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Resumo A alimentação, além de imperativo biológico para sobrevivência e saúde humana, é revestida de significados culturais que determinam suas múltiplas expressões na sociedade. Os campos da alimentação, da nutrição, da saúde e da antropologia se interseccionam na discussão sobre práticas alimentares. Este ensaio teórico do tipo reflexivo tem como objetivo refletir sobre a relevância das práticas alimentares das mulheres de camadas populares para possível superação da insegurança alimentar e nutricional, examinando as relações estabelecidas com a comida no contexto da cozinha, de seus corpos e do acesso aos alimentos. O percurso metodológico consiste no estudo reflexivo de caráter exploratório, que recorre a fontes bibliográficas e documentais para alicerçar as análises com base em uma leitura crítica da realidade. A herança patriarcal continua delegando à mulher o papel de cuidadora familiar, o que abarca a alimentação: desde a aquisição do alimento até o preparo e fornecimento das refeições. Propomos que as práticas alimentares dessas mulheres podem impulsionar potenciais mudanças, que serviriam como ferramentas para aplicação de políticas públicas. As reflexões oferecem subsídios para o planejamento de políticas que possam empoderá-las como sujeitos de ação e reflexão crítica, abrindo uma projeção de cenários possíveis para agenciar formas de superação das inseguranças alimentares.“Eu não sei como eu tenho força pra vir na escola”: manifestações e implicações do bullying entre adolescentes escolares10.1590/s0104-12902024220692pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFerreira, Diego RaoneOliveira Junior, Isaias Batista deHigarashi, Ieda Harumi
<em>Ferreira, Diego Raone</em>;
<em>Oliveira Junior, Isaias Batista De</em>;
<em>Higarashi, Ieda Harumi</em>;
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Resumo Este artigo tem como objetivo compreender, pelo uso do Photovoice, as representações de bullying presentes entre adolescentes escolares do ensino médio. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com 54 adolescentes da rede pública de ensino do estado do Paraná, organizados em seis grupos focais. Os dados foram coletados mediante a técnica participativa Photovoice e submetidos à análise de conteúdo proposta por Bardin. Da análise dos dados emergiram três categorias: “Bullying estético, homofóbico e de gênero: estratégias subversivas”, “Os efeitos danosos do bullying” e “O diálogo interdisciplinar como estratégia de prevenção e combate ao bullying”. Com os resultados, foi possível evidenciar que a prática do bullying acontece a partir das dissonâncias entre agressores e vítimas, com insultos à condição de conformação corporal, orientação sexual, identidade de gênero, entre outros. Por essa razão, é preciso viabilizar ações articuladas entre educação e saúde para o diálogo e escuta a respeito do bullying na comunidade escolar, com vistas a seu enfrentamento, prevenção e proteção, almejando, sobretudo, o respeito e valorização das diferenças.Vacinar ou arriscar? A mensagem da Organização Mundial de Saúde para promover a vacinação contra a covid-1910.1590/s0104-12902024220584pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSilva, SóniaAraújo, Diogo da SilvaRibeiro, FábioAraújo, Catarina Silva
<em>Silva, Sónia</em>;
<em>Araújo, Diogo Da Silva</em>;
<em>Ribeiro, Fábio</em>;
<em>Araújo, Catarina Silva</em>;
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Resumo Centrando-se no impacto que a comunicação de risco emitida pelas organizações de saúde pública tem na mudança dos comportamentos da sociedade, esta investigação pretende analisar as mensagens-chave que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu para promover o programa de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este objetivo, enveredou-se por uma metodologia de estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a 31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas 62 publicações. Os resultados mostraram que a OMS utilizou quatro eixo de comunicação para promover a importância da vacinação na sociedade: garantir a credibilidade e a transparência da informação transmitida; certificar a segurança e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de responsabilidade coletiva; e associar a vacina à solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do estudo mostram que, embora a equidade no acesso à vacina ainda seja uma realidade em construção, os quase 70% da população mundial vacinada sugerem que as mensagens enviadas pela OMS no contexto de comunicação de risco podem ter contribuído para a construção de uma imagem positiva do programa de vacinação.Práticas integrativas e complementares em saúde entre estudantes universitários: motivos de uso e de não uso10.1590/s0104-12902024220953pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCarvalho, Vinicius Pereira deCoelho, Maria Thereza Ávila DantasCarmo, Maria Beatriz Barreto do
<em>Carvalho, Vinicius Pereira De</em>;
<em>Coelho, Maria Thereza Ávila Dantas</em>;
<em>Carmo, Maria Beatriz Barreto Do</em>;
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Resumo O objetivo deste estudo é compreender os motivos de uso e não uso das práticas integrativas e complementares entres estudantes universitários da área da saúde. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, com dados coletados por meio de questionários (667) e entrevistas (34) e submetidos à análise de conteúdo. Os efeitos terapêuticos, a influência familiar e a oferta de alternativa à biomedicina foram as principais razões elencadas para o uso das práticas integrativas e complementares, ao tempo que a ausência de demanda, o desinteresse e a falta de oportunidade foram as motivações mais frequentes para o não uso. Nesse sentido, as motivações de uso enfatizam as vantagens obtidas através da interlocução com essas práticas e alguns contextos que determinam sua adoção. Em relação às motivações de não uso, destaca-se um cenário de baixa oferta e dominância da biomedicina na cultura ocidental contemporânea. Portanto, esses resultados corroboram a demanda de enfrentamento da monocultura da biomedicina, bem como a abordagem das práticas integrativas na educação superior. Desse modo, a universidade pode se construir a partir da tessitura entre diferentes culturas em saúde, com a facilitação do emprego das práticas não hegemônicas e a ampliação das bases epistêmicas de cuidado na formação e vida da comunidade acadêmica.Compreendendo o termo gordofobia médica a partir da perspectiva de pessoas gordas10.1590/s0104-12902024220842pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPaim, Marina BastosKovaleski, Douglas FranciscoSelau, Bruna Lima
<em>Paim, Marina Bastos</em>;
<em>Kovaleski, Douglas Francisco</em>;
<em>Selau, Bruna Lima</em>;
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Resumo O ativismo gordo tem como objetivo unir e mobilizar pessoas gordas, a fim de romper com a inviabilização de seus corpos e denunciar a gordofobia. Há algum tempo, o ativismo vem impulsionando a expressão “gordofobia médica” para denunciar a opressão vivenciada dentro dos serviços de saúde. Este artigo tem como objetivo compreender o termo, a partir da percepção de pessoas gordas. É uma pesquisa qualitativa, com dados coletados por meio de um questionário virtual direcionado a pessoas gordas ou ex-gordas, que alcançou 515 respondentes de todas as regiões do Brasil. Os dados foram analisados utilizando a análise temática, com a criação de seis categorias. Entre os principais resultados, pode-se compreender que a gordofobia médica envolve: despreparo, desrespeito e autoritarismo; reprodução de estereótipos, repulsa e preconceito, desumanização da pessoa gorda, diagnóstico superficial e generalizante, desprezo da queixa, foco no peso e negligência, e precarização do acesso e dos cuidados em saúde. Conclui-se que o estudo auxilia na compreensão do termo gordofobia médica, o que facilita o seu reconhecimento e prevenção na área da saúde.Quem disse que ser mulher é ser mãe? Feminilidade(s) e maternidade(s)10.1590/s0104-12902024220388pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSantos, Gisele CerqueiraGalrão, Paula da LuzSousa, Lucivanda Cavalcante Borges de
<em>Santos, Gisele Cerqueira</em>;
<em>Galrão, Paula Da Luz</em>;
<em>Sousa, Lucivanda Cavalcante Borges De</em>;
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Resumo A feminilidade na sociedade brasileira é compreendida como uma experiência destinada à vivência da maternidade, sendo este um caminho indispensável para a confirmação do ser mulher. Dessa maneira, existem mulheres que são marginalizadas a partir da negação do seu direito de escolher a construção da maternidade. Este estudo objetiva discutir as maternidade(s) das mulheres diante do processo de tornar-se mãe. Trata-se de um ensaio teórico, na medida em que apresenta contribuições teóricas em relação à feminilidade e à maternidade de modo crítico e reflexivo. Discute-se a redução da mulher à esfera materna, à invisibilidade, à negação de direitos, seu silenciamento e como os marcadores sociais de raça, classe e gênero influenciam o olhar da sociedade sobre a maternidade e a ocupação dos diversos papéis sociais. Debruçar-se para enxergar a pluralidade do ser mulher e das experiências de ser mãe é importante para a construção de um novo olhar sobre as maternidades. É premente o desenvolvimento de estudos científicos que escutem as narrativas femininas, para que sejam evidenciados os discursos sociais enclausuradores que atravessam sua existência, possibilitando o desenvolvimento de políticas públicas que transformem essa realidade.Processos de vulnerabilização em comunidades camponesas afetadas pela transposição do rio São Francisco em Sertânia10.1590/s0104-12902024220907pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZGonçalves, José ErivaldoGonçalves, Glaciene Mary da SilvaAugusto, Lia Giraldo da SilvaGomes, Wanessa da SilvaSantos, Mariana Olívia Santana dosGurgel, Aline do MonteCosta, André Monteiro
<em>Gonçalves, José Erivaldo</em>;
<em>Gonçalves, Glaciene Mary Da Silva</em>;
<em>Augusto, Lia Giraldo Da Silva</em>;
<em>Gomes, Wanessa Da Silva</em>;
<em>Santos, Mariana Olívia Santana Dos</em>;
<em>Gurgel, Aline Do Monte</em>;
<em>Costa, André Monteiro</em>;
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Resumo O projeto da transposição do rio São Francisco é parte do conjunto de políticas de acesso à água no semiárido brasileiro e tem incidido sobre os processos de desterritorialização e vulnerabilização na região. O objetivo deste estudo foi analisar os processos de vulnerabilização em comunidades camponesas, decorrentes das obras da transposição do rio São Francisco. Trata-se de um estudo qualitativo, com aplicação de entrevistas semiestruturadas e realização de oficina com camponeses atingidos pela transposição no município de Sertânia (PE). O enfoque teórico-metodológico foi a matriz da reprodução social. Foram identificados diversos processos de vulnerabilização material e simbólica, além de agravos à saúde, como a destruição de reservatórios de água, poços artesianos, cacimbas e terras férteis, a desterritorialização, a incidência de doenças respiratórias agudas, decorrente das escavações para construção dos canais, e processos relativos à saúde mental, relacionando-se à reprodução social e ao modo de vida. A leitura sistêmica ancorada na autoconsciência e na conduta dos processos de vulnerabilização identificou uma ruptura do modo de vida tradicional e efeitos à saúde física e mental dos habitantes da região. Os efeitos negativos desse processo retroagem sobre as vulnerabilidades históricas nos territórios afetados, produzindo novas fragilidades nessas comunidades.Uso de psicotrópicos: usuários, prescrições e prescritores. Estudo na cidade de Mar del Plata, Argentina (2021-2022)10.1590/s0104-12902024220654pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBru, Gabriela Silvina
<em>Bru, Gabriela Silvina</em>;
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Resumo Os estudos sociais sobre drogas e as pesquisas sobre a medicalização da vida permitem a concepção do uso de drogas como um dispositivo teórico-metodológico, a partir do qual se analisam transformações sociais, políticas e culturais. A pesquisa na qual este trabalho se enquadra visa problematizar o uso de drogas psicoativas por meio de uma análise interpretativa de significados e experiências de fontes primárias. Para isso, foi adotada uma metodologia qualitativa, que incluiu a realização de nove entrevistas com médicos que prescrevem psicofármacos e trabalham no campo da saúde na cidade de Mar del Plata. As conclusões incluem que, nas decisões tomadas nos tratamentos com drogas psicotrópicas, prevalece um critério centrado na viabilidade e na acessibilidade; os significados do uso de psicofármacos estão relacionados à regulação das atividades da vida diária; e há sociabilidades específicas em torno da medicação a partir da transmissão de recomendações e conhecimentos.Vítimas indiretas dos homicídios: impactos; apoio recebido e estratégias de superação10.1590/s0104-12902024230138pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZSouza, Edinilsa Ramos dePoltronieri, Bruno CostaBueno, Rayana
<em>Souza, Edinilsa Ramos De</em>;
<em>Poltronieri, Bruno Costa</em>;
<em>Bueno, Rayana</em>;
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Resumo O Brasil tem apresentado elevado percentual de homicídio e mortes por intervenção legal. Este artigo faz parte de um estudo qualitativo de casos múltiplos sobre vítimas indiretas que perderam parentes por homicídio devido à ação de agentes de segurança e de policiais no Rio de Janeiro. Os dados provêm de quatro entrevistas individuais com familiares de pessoas mortas por policiais e três familiares de policiais vítimas de homicídio, que foram submetidos à análise temática. Os depoimentos revelaram os impactos da perda do familiar na saúde das vítimas indiretas, como o intenso sofrimento mental e a repercussão negativa em ocupações humanas, como trabalho, lazer, sono e cuidado em saúde. Ante a experiência traumática, o apoio das instituições é limitado, ao passo que grupos ativistas e entidades ligadas aos direitos humanos são relatados, pelos entrevistados, como de grande ajuda na elaboração da dor da perda, sobretudo no grupo dos que perderam seus entes pela ação policial. O estudo indica a necessidade de pesquisas sobre as lacunas entre os equipamentos e políticas públicas e as necessidades das vítimas indiretas.Inclusão da espiritualidade do paciente durante o tratamento quimioterápico10.1590/s0104-12902024220053pt2018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZDe La Longuiniere, Agnes Claudine FontesYarid, Sérgio Donha
<em>De La Longuiniere, Agnes Claudine Fontes</em>;
<em>Yarid, Sérgio Donha</em>;
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Resumo A relação da espiritualidade com a saúde tem sido estudada e apontada como uma dimensão que traz benefícios na promoção, proteção e recuperação, além de colaborar com o enfrentamento de doenças. Assim, o objetivo deste estudo é relatar uma experiência vivenciada durante um ensaio clínico randomizado, que incluiu a dimensão espiritual do paciente no tratamento contra o câncer, a partir da realização de uma pesquisa que incluiu a espiritualidade do paciente oncológico durante o processo quimioterápico. O ensaio clínico foi composto por 30 pacientes portadores de câncer atendidos em uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia. Percebeu-se que eles demonstraram surpresa por terem sua dimensão espiritual incluída, relatando que era uma questão importante para vivenciarem o que estavam passando. Também se notou a importância de incluir estudantes de medicina na coleta dos dados, oportunizando aos futuros profissionais contato com essa temática no contexto do cuidado em saúde. A vivência de experiências que trazem questões tão subjetivas, delicadas, profundas e essenciais sobre o ser humano, como são a espiritualidade e a fé, permitiu ao pesquisador desenvolver uma reflexão sobre a necessidade de mudança de paradigma na forma de prestar cuidado à saúde.