• Consumo de leite, ingestão dietética de cálcio e padrões de nutrientes desde a adolescência até o início da idade adulta e o efeito sobre a massa óssea: a coorte de nascimento de 1993 de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil Article

    Bierhals, Isabel Oliveira; Vaz, Juliana dos Santos; Menezes, Ana Maria Baptista; Wehrmeister, Fernando César; Pozza, Leonardo; Assunção, Maria Cecília Formoso

    Resumo em Português:

    O estudo teve como objetivo avaliar o consumo de leite, a ingestão dietética de cálcio e os padrões de nutrientes (favoráveis e desfavoráveis à saúde óssea) do final da adolescência até o início da idade adulta sobre a massa óssea aos 22 anos de idade. Foram realizadas análises transversais em 3.109 participantes da coorte de nascimentos de 1993 de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, nos acompanhamentos realizados aos 18 e 22 anos de idade. Aos 22 anos, foi avaliada a densidade mineral óssea (DMO) da coluna lombar, do fêmur direito e do corpo inteiro, utilizando absorciometria de raios-x de dupla energia (DXA). As variáveis de exposição (cálcio dietético, leite e padrões de nutrientes) foram criadas pela combinação das frequências de consumo entre os dois acompanhamentos (sempre baixo, moderado, sempre alto, aumentado ou diminuído). Foram realizadas análises de regressão linear múltipla, estratificadas por sexo. No fêmur direito, homens classificados nas categorias de consumo de leite “sempre alto” (média = 1,148g/cm²; IC95%: 1,116; 1,181) e “aumentado” (média = 1,154g/cm²; IC95%: 1,135; 1,174) apresentaram DMO ligeiramente baixa, comparado com as categorias de consumo “sempre baixo” (média = 1,190 g/cm²; IC95%: 1,165; 1,215) e “moderado” (média = 1,191g/cm²; IC95%: 1,171; 1,210). Além disso, os homens sempre classificados no tercil mais alto do padrão “favorável à saúde óssea” apresentaram a média mais baixa de DMO de corpo inteiro (média = 1,254g/cm²; IC95%: 1,243; 1,266). Não foram observadas associações entre as categorias de ingestão de cálcio dietético e do padrão “favorável à saúde óssea” e cada um dos três desfechos de DMO. Os resultados corroboram o fato de que dietas constituídas de alimentos e nutrientes inibidores podem afetar negativamente a saúde óssea.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo de este estudio es evaluar el efecto del consumo de leche, ingesta dietética de calcio y patrones nutricionales (beneficiosos y no beneficiosos para los huesos), desde la adolescencia tardía hasta la etapa adulta temprana, en huesos con 22 años de edad. Se realizó un análisis transversal con 3.109 participantes procedentes de la cohorte de nacimiento de 1993 en Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, con seguimientos a los 18 y 22 años de edad. Se evaluó la densidad mineral ósea de la columna lumbar, fémur derecho y todo el cuerpo a los 22 años, utilizando densitometría ósea por absorción de rayos X (DXA). Las variables de exposición (calcio dietético, leche y patrones nutricionales) se crearon mediante la combinación de las frecuencias de consumo entre los dos seguimientos (siempre bajo, moderado, alto, incremento o disminución). Se realizaron regresiones múltiples lineales, estratificadas por sexo. En la zona del fémur derecho, los hombres fueron clasificados en “siempre alto” (media = 1,148g/cm²; IC95%: 1,116; 1,181) e “incrementado” en las categorías de consumo de leche (media = 1,154g/cm²; IC95%: 1,135; 1,174) presentó una ligeramente baja densidad mineral ósea (DMO), comparándolas con las categorías bajas (media = 1,190g/cm²; IC95%: 1,165; 1,215) y moderadas (media = 1,191g/cm²; IC95%: 1,171; 1,210). Asimismo, los hombres siempre fueron clasificados en el tercil más alto del patrón “no beneficioso para los huesos”, puesto que presentaron la media más baja de todo el cuerpo de DMO (media = 1,254g/cm²; IC95%: 1,243; 1,266). No se observaron asociaciones entre las categorías de ingesta de calcio dietético y los patrones “beneficiosos para los huesos” en cada uno de los tres resultados de DMO. Estos resultados indican el hecho de que las dietas que inhiben alimentos/nutrientes pueden contribuir negativamente en la salud de los huesos.

    Resumo em Inglês:

    The objective of this study is to evaluate the effect of milk consumption, dietary calcium intake and nutrient patterns (bone-friendly and unfriendly patterns) from late adolescence to early adulthood, on bone at 22 years of age. Cross-sectional analysis was performed with 3,109 participants from 1993 Pelotas (Brazil) birth cohort in the follow-ups of 18 and 22 years of age. Bone mineral density (BMD) of the lumbar spine, right femur and whole body were assessed at 22 years using a dual-energy X-ray absorptiometry (DXA). The exposure variables (dietary calcium, milk and nutrient patterns) were created by combining the consumption frequencies between the two follow-ups (always low, moderate, high, increase or decrease). Multiple linear regressions were performed, stratified by sex. In the right femur site, men classified into the “always high” (mean = 1.148g/cm²; 95%CI: 1.116; 1.181) and “increased” categories of milk consumption (mean = 1.154g/cm²; 95%CI: 1.135; 1.174) presented a slightly low BMD comparing with low (mean = 1.190g/cm²; 95%CI: 1.165; 1.215) and moderate (mean = 1.191g/cm²; 95%CI: 1.171; 1.210) categories. In addition, men always classified in the highest tertile of the “bone-unfriendly” pattern presented the lowest mean of whole body BMD (mean = 1.25g/cm²; 95%CI: 1.243; 1.266). No associations were observed between the categories of dietary calcium intake and “bone-friendly” pattern and each of the three BMD outcomes. These results point to the fact that diets composed of inhibiting foods/nutrients can contribute negatively to bone health.
  • Ambiente alimentar, renda e obesidade: uma análise multinível da realidade de mulheres no Sul do Brasil Article

    Backes, Vanessa; Bairros, Fernanda; Cafruni, Cristina Borges; Cummins, Steven; Shareck, Martine; Mason, Kate; Dias-da-Costa, Juvenal Soares; Olinto, Maria Teresa Anselmo

    Resumo em Português:

    O estudo teve como objetivo explorar as relações entre o ambiente alimentar da vizinhança e obesidade em mulheres na área urbana de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil, através de um inquérito transversal. O estudo teve uma amostra de 1.096 mulheres. Foram realizadas entrevistas estruturadas com um questionário padronizado e previamente testado. A obesidade foi definida como índice de massa corporal (IMC) ≥ 30kg/m2. Foram criadas zonas-tampão com raio de 400m em torno do centroide das residências das participantes nos 45 setores censitários. Os estabelecimentos varejistas com venda de alimentos na vizinhança foram identificados através de uma pesquisa sistemática das áreas do estudo, e foram coletadas as coordenadas geográficas dessas lojas. Os estabelecimentos foram avaliados com a ferramenta NEMS. A prevalência de obesidade foi 33% entre as participantes. Depois de ajustar para as variáveis individuais, os supermercados e os estabelecimentos com alimentos saudáveis mostraram uma associação positiva com a obesidade, RP = 1,05 (IC95%: 1,01-1,10), RP = 1,02 (IC95%: 1,00-1,04), respectivamente, enquanto que a renda média da zona-tampão mostrou associação negativa, RP = 0,64 (IC95%: 0,49-0,83). Os fatores de ambiente alimentar da vizinhança estiveram associados à obesidade, mesmo depois de controlar para as variáveis individuais, socioeconômicas, comportamentais e de compra de alimentos.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo de este estudio fue investigar las relaciones entre el entorno alimentario del vecindario y la obesidad en mujeres que viven en áreas urbanas de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Se llevó a cabo un estudio transversal. Este estudio se realizó con 1.096 mujeres. Se realizaron entrevistas estructuradas, usando un cuestionario estándar probado previamente. La obesidad se definió como un índice de masa corporal (IMC) ≥ 30kg/m2. Se crearon amortiguadores circulares en un radio de 400m, basados en el centroide de las casas de las mujeres que participaron, en los 45 distritos censales donde residían. Los establecimientos de comida del vecindario fueron identificados mediante un estudio sistemático de todas las calles en las áreas de estudio y también se recabaron las coordenadas geográficas de las tiendas. Los establecimientos fueron evaluados usando el instrumento NEMS. La prevalencia de obesidad fue de un 33% entre las mujeres participantes. Tras el ajuste de las variables individuales, los supermercados y los establecimientos de comida sana estuvieron positivamente asociados con la obesidad, RP = 1,05 (IC95%: 1,01-1,10), RP = 1,02 (IC95%: 1,00-1,04), respectivamente, mientras que un promedio de renta media estuvo negativamente asociado, RP = 0,64 (IC95%: 0,49-0,83). Los factores del vecindario en el entorno alimentario estuvieron asociados con la obesidad incluso después de ser controlados por variables individuales como: socioeconómicas, comportamentales y de compra de comida.

    Resumo em Inglês:

    The objective of this study was to explore relationships between the neighborhood food environment and obesity in urban women living in São Leopoldo, Rio Grande do Sul State, Brazil. A cross-sectional survey was carried out. This study was conducted with 1,096 women. Structured interviews were conducted using a standard pre-tested questionnaire. Obesity was defined as body mass index (BMI) ≥ 30kg/m2. Circular buffers of 400m in radius were created based on the centroid of the women’s houses who participated, in the 45 census tracts inhabited by them. Neighborhood food establishments were identified through systematic survey of all streets in the study areas and geographical coordinates of shops were collected. Establishments were evaluated using the NEMS tool. The prevalence of obesity was 33% among the women participants. After adjusting for individual variables, supermarkets and healthy food establishments were positively associated with obesity, PR = 1.05 (95%CI: 1.01-1.10), PR = 1.02 (95%CI: 1.00-1.04), respectively, while mean buffer income was negatively associated, PR = 0.64 (95%CI: 0.49-0.83). Neighborhood food environment factors were associated with obesity even after controlled for individual variables, as socioeconomic variables, behavioral and food purchase.
  • “A body shape index” e a associação com hipertensão arterial e diabetes mellitus entre idosos brasileiros: a Pesquisa Nacional de Saúde (2013) Article

    Nascimento-Souza, Mary Anne; Lima-Costa, Maria Fernanda; Peixoto, Sérgio Viana

    Resumo em Português:

    O estudo teve como objetivo avaliar a associação isolada e conjunta dos indicadores de adiposidade abdominal (a body shape index - ABSI, circunferência da cintura - CC, razão cintura-estatura - RCE) e índice de massa corporal (IMC) com a hipertensão arterial e o diabetes mellitus em idosos brasileiros. Foram usados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) para a população com 60 anos ou mais (10.537 idosos). A hipertensão arterial e o diabetes mellitus foram auto-relatados, e os seguintes índices antropométricos foram avaliados através da aferição direta: índice de formato corporal ABSI, IMC, CC e RCE. As associações foram avaliadas por regressão logística, com ajustes para fatores de confusão. Os resultados do estudo evidenciaram uma associação mais forte entre o relato de hipertensão arterial e diabetes mellitus em análises separadas com IMC, CC e RCE na população idosa brasileira, quando comparado ao ABSI. Quando ajustado para IMC, o ABSI mostrou uma associação mais forte com os desfechos, mas não foi superior ao desempenho da CC ou da RCE. Considerando a associação mais fraca nas análises separadas e conjuntas entre o novo índice (ABSI) e as doenças crônicas avaliadas, o IMC, CC e RCE ainda são índices úteis na saúde pública, pelo menos em relação à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus em idosos brasileiros.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo de este estudio fue evaluar la asociación independiente y conjunta de los indicadores de adiposidad abdominal (a body shape index - ABSI, circunferencia de cintura - CC, proporción cintura-altura - ICA) y el índice de masa corporal (IMC) con la hipertensión arterial y la diabetes mellitus, en ancianos brasileños. Los datos procedieron de la Encuesta Nacional de Salud de 2013 (PNS 2013) pertenecientes a una población con 60 años o más (10.537 ancianos). Los resultados de hipertensión arterial y diabetes mellitus fueron autoinformados y se evaluaron los siguientes índices antropométricos mediante medición directa: ABSI, IMC, CC y ICA. Las asociaciones se evaluaron mediante regresión logística, con ajustes por factores de confusión. Los resultados del presente estudio evidenciaron una fuerza de asociación más alta entre el reporte de hipertensión arterial y la diabetes mellitus con el IMC, CC e ICA en la población anciana brasileña en los análisis por separado, cuando se compararon con el ABSI. Cuando se ajustó al IMC, el ABSI mostró una fortaleza mayor de asociación con los resultados, pero no fue superior al desempeño de la CC e ICA. Considerando una fortaleza de asociación más baja, en los análisis por separado y conjuntos, entre el nuevo índice (ABSI) y las condiciones crónicas de salud evaluadas, IMC, CC e ICA probablemente siguen siendo índices útiles en salud pública, al menos en relación con la hipertensión arterial y la diabetes mellitus en ancianos brasileños.

    Resumo em Inglês:

    The aim was to evaluate the separate and joint association of abdominal adiposity indicators (a body shape index - ABSI, waist circumference - WC, waist-to-height ratio - WHtR) and body mass index (BMI) with arterial hypertension and diabetes mellitus, in Brazilian older adults. Data from the 2013 Brazilian National Health Survey (PNS 2013) were used for the population aged 60 years or older (10,537 older adults). Arterial hypertension and diabetes mellitus outcomes were self-reported and the following anthropometric indices were evaluated by direct measurement: a ABSI, BMI, WC and WHtR. Associations were assessed by logistic regression, with adjustments for confounding factors. The results of this study evidenced a higher strength of association between the report of arterial hypertension and diabetes mellitus with BMI, WC and WHtR in the Brazilian population of older adults in separate analyses, when compared to ABSI. When adjusted for BMI, ABSI showed a greater strength of association with the outcomes, but it was not superior to the performance of WC and WHtR. Considering the lower strength of association, in separate and joint analyses, between the new index (ABSI) and the chronic conditions assessed, BMI, WC and WHtR probably remain as useful indices in public health, at least in relation to arterial hypertension and diabetes mellitus in Brazilian older adults.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br