• O consumo de alimentos ultraprocessados e nível socioeconômico: uma análise transversal do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, Brasil Articles

    Simões, Bárbara dos Santos; Barreto, Sandhi Maria; Molina, Maria del Carmen Bisi; Luft, Vivian Cristine; Duncan, Bruce Bartholow; Schmidt, Maria Inês; Benseñor, Isabela Judith Martins; Cardoso, Letícia de Oliveira; Levy, Renata Bertazzi; Giatti, Luana

    Resumo em Português:

    O estudo teve como objetivo estimar a contribuição dos alimentos ultraprocessados à ingestão calórica total e investigar se essa contribuição difere de acordo com nível socioeconômico. Analisamos os dados da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil (ELSA-Brasil 2008-2010; N = 14.378) e os de ingestão alimentar, usando um questionário sobre frequência de consumo alimentar, em três categorias: alimentos não processados ou minimamente processados e ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Estimamos as associações entre nível socioeconômico (escolaridade, renda domiciliar per capita e classe social ocupacional) e o percentual da contribuição calórica dos ultraprocessados, usando modelos lineares generalizados, ajustados por idade e sexo. Os alimentos não processados ou minimamente processados e ingredientes culinários processados representaram 65,7% da ingestão calórica total, seguidos pelos ultraprocessados (22,7%). Depois dos ajustes, a contribuição dos ultraprocessados foi 20% mais baixa entre participantes com ensino fundamental incompleto, quando comparados aos indivíduos com pós-graduação. Quando comparados aos indivíduos das classes de renda mais alta, a contribuição calórica dos ultraprocessados foi 10%, 15% e 20% mais baixa entre aqueles pertencentes aos três quintis de renda mais baixos, respectivamente. Além disso, a contribuição calórica dos ultraprocessados foi 7%, 12%, 12% e 17% mais baixa entre os participantes da classe social ocupacional mais baixa, comparados aos das classes sociais mais altas. Os resultados sugerem que a contribuição calórica dos alimentos ultraprocessados é mais alta entre os indivíduos de nível socioeconômico mais alto, com gradiente de dose e resposta nas associações.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo del estudio fue estimar la contribución de las comidas ultraprocesadas en la ingesta total calórica e investigar si difiere según el nivel socioeconómico. Analizamos datos de referencia, procedentes del Estudio Longitudinal Brasileño sobre Salud en la Edad Adulta (ELSA-Brasil 2008-2010; N = 14.378) y datos de la ingesta nutricional, usando un cuestionario de frecuencia sobre comidas, asignándole tres categorías: comida sin procesar o mínimamente procesada e ingredientes culinarios procesados, comidas procesadas, y comidas ultraprocesadas. Medimos las asociaciones entre el nivel socioeconómico (educación, ingreso por hogar per cápita, y clase ocupacional social) y el porcentaje de la contribución calórica de la comida ultraprocesada, usando modelos de regresión lineal generalizada, ajustados por edad y sexo. Las comidas sin procesar o mínimamente procesadas con ingredientes culinarios procesados contribuyeron al 65,7% del total de la ingesta calórica, seguidos de la comida ultraprocesada (22,7%). Tras los ajustes, el porcentaje de la contribución calórica de la comida ultraprocesada fue un 20% menor entre los participantes con la escuela elemental incompleta, cuando se compararon con los postgraduados. Comparados con los individuos de las clases con ingresos superiores, la contribución calórica de las comidas ultraprocesadas fue un 10%, 15% y 20% menor entre quienes pertenecían a las tres categorías de ingresos más bajas, respectivamente. La contribución calórica de la comida ultraprocesada fue también un 7%, 12%, 12%, y 17% más baja entre los participantes en el nivel ocupacional social más bajo, comparados con aquellos de las clases sociales altas. Los resultados sugieren que la contribución calórica de la comida ultraprocesada es más alta entre quienes proceden de niveles socioeconómicos más altos con una relación dosis-respuesta para las asociaciones establecidas.

    Resumo em Inglês:

    The objective of the study was to estimate the contribution of ultra-processed foods to total caloric intake and investigate whether it differs according to socioeconomic position. We analyzed baseline data from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil 2008-2010; N = 14.378) and data on dietary intake using a food frequency questionnaire, assigning it into three categories: unprocessed or minimally processed foods and processed culinary ingredients, processed foods, and ultra-processed foods. We measured the associations between socioeconomic position (education, per capita household income, and occupational social class) and the percentage of caloric contribution of ultra-processed foods, using generalized linear regression models adjusted for age and sex. Unprocessed or minimally processed foods and processed culinary ingredients contributed to 65.7% of the total caloric intake, followed by ultra-processed foods (22.7%). After adjustments, the percentage of caloric contribution of ultra-processed foods was 20% lower among participants with incomplete elementary school when compared to postgraduates. Compared to individuals from upper income classes, the caloric contribution of ultra-processed foods was 10%, 15% and 20% lower among the ones from the three lowest income, respectively. The caloric contribution of ultra-processed foods was also 7%, 12%, 12%, and 17% lower among participants in the lowest occupational social class compared to those from high social classes. Results suggest that the caloric contribution of ultra-processed foods is higher among individuals from high socioeconomic positions with a dose-response relationship for the associations.
  • O sistema de encaminhamento de pacientes na zona rural do Irã: propostas para melhorias Articles

    Naseriasl, Mansour; Janati, Ali; Amini, Abolgasem; Adham, Davoud

    Resumo em Português:

    Devido à comunicação insuficiente entre os profissionais de saúde na atenção primária e os especialistas, levando a ineficiências e ineficácias nos desfechos de saúde na população rural, a implementação de um sistema funcional de referência e contra-referência é uma das tarefas mais importantes para alguns países. Com o uso de métodos propositais e de “bola de neve”, o estudo incluiu especialistas em saúde pública, gestores, especialistas clínicos e representantes de planos de saúde, de acordo com critérios predeterminados. Gravamos e transcrevemos todas as entrevistas, e depois analisamos o conteúdo através de métodos qualitativos. Inicialmente extraímos 1.522 códigos individuais. Também coletamos dados complementares através da revisão de documentos. A partir das revisões e resumos, emergiram dados sobre quatro temas principais, dez subtemas e 24 questões. Foram desenvolvidas as seguintes soluções: reforma do sistema de atenção, reforma do sistema de ensino, reforma do sistema de remuneração e melhorias na construção de cultura e no ensino público. Em função da experiência executiva, a familiaridade plena e a diversidade ocupacional e geográfica dos participantes, as soluções propostas pelo estudo poderiam impactar positivamente a implementação e melhoria do sistema de encaminhamento de pacientes no Irã. As soluções propostas se complementam e são menos intercambiáveis.

    Resumo em Espanhol:

    Debido a la insuficiente comunicación entre los responsables de la atención primaria y los especialistas, se producen ineficiencias y falta de eficacia en las condiciones de salud de la población rural iraní. Por ello, implementar un buen sistema de derivación sanitario es una de las tareas más importantes para algunos países. Usando un método de muestreo intencional y de bola de nieve, incluimos a expertos en salud, formuladores de políticas, médicos de familia, especialistas clínicos, y expertos del ámbito de las empresas de seguros de salud en este estudio, de acuerdo con criterios predeterminados. Grabamos todas las entrevistas, transcribimos y analizamos su contenido usando métodos cualitativos. En un principio se seleccionaron 1.522 códigos individuales. También obtuvimos datos complementarios a través de la revisión de documentación. Fruto de las revisiones y puestas en común, se obtuvieron 4 temas principales, 10 subtemas y 24 cuestiones que afloraron de estos datos. Las soluciones desarrolladas fueron: reforma del sistema de atención, reforma del sistema educativo, reforma del sistema de pago, y mejoras en la educación cultural y pública. Dada la experiencia ejecutiva, la gran sinceridad en las respuestas, la diversidad ocupacional y geográfica de los participantes, las soluciones propuestas en este estudio pueden afectar positivamente la implementación y mejora del sistema de derivación sanitario en Irán. Las soluciones sugeridas son complementarias entre ellas, aunque poseen una menor intercambiabilidad entre sí.

    Resumo em Inglês:

    Because of insufficient communication between primary health care providers and specialists, which leads to inefficiencies and ineffectiveness in rural population health outcomes, to implement a well-functioning referral system is one of the most important tasks for some countries. Using purposive and snowballing sampling methods, we included health experts, policy-makers, family physicians, clinical specialists, and experts from health insurance organizations in this study according to pre-determined criteria. We recorded all interviews, transcribed and analyzed their content using qualitative methods. We extracted 1,522 individual codes initially. We also collected supplementary data through document review. From reviews and summarizations, four main themes, ten subthemes, and 24 issues emerged from the data. The solutions developed were: care system reform, education system reform, payment system reform, and improves in culture-building and public education. Given the executive experience, the full familiarity, the occupational and geographical diversity of participants, the solutions proposed in this study could positively affect the implementation and improvement of the referral system in Iran. The suggested solutions are complementary to each other and have less interchangeability.
  • Nível socioeconômico na primeira infância e oclusopatia em adolescentes e adultos jovens no Uruguai Articles

    Goettems, Marília Leão; Ourens, Mariana; Cosetti, Laura; Lorenzo, Susana; Álvarez-Vaz, Ramon; Celeste, Roger Keller

    Resumo em Português:

    O estudo teve como objetivo estimar a necessidade de tratamento ortodôntico na faixa etária de 15 a 24 anos em Montevideo, Uruguai, e a associação entre características oclusais e fatores demográficos, clínicos e socioeconômicos, com base na trajetória de vida. Foi realizado um estudo transversal, utilizando dados da 1ª Pesquisa Nacional de Saúde Oral do Uruguai. Foi utilizado um procedimento de cluster em dois estágios para selecionar uma amostra de 278 indivíduos em Montevideo. Entrevistas domiciliares e exames odontológicos foram realizados por seis odontólogos. O índice de estética dentária (DAI) e o índice de dentes cariados, perdidos e obturados (DMFT/CPOD) foram usados para avaliar a necessidade de tratamento ortodôntico e de cárie dentária, respectivamente. Foram obtidos dados socioeconômicos da primeira infância e atuais, a partir de entrevistas. Foi utilizada a regressão logística ordinal para modelar o índice de estética dentária. A prevalência de oclusopatia definida era 20,6%, seguida pela forma grave (8,2%) e muito grave (7,6%). Na análise ajustada, indivíduos com cárie dentária não tratada (OR = 1,11; IC95%: 1,03-1,20) e aqueles de nível socioeconômico mais baixo aos 6 anos de idade (OR = 5,52; IC95%: 1,06-28,62) mostravam chances mais altas de apresentar oclusopatia mais grave. O nível socioeconômico atual não mostrou associação com necessidade de tratamento ortodôntico. Os indivíduos na faixa etária de 22-24 anos (OR = 1,59; IC95%: 1,05-2,41) mostraram probabilidade menor de oclusopatia quando comparados com a faixa etária de 14-17 anos. O estudo mostra que a necessidade de tratamento ortodôntico é relativamente alta entre adolescentes e adultos jovens uruguaios. De acordo com a abordagem de trajetória de vida, existe uma relação potencial entre nível socioeconômico na primeira infância e oclusopatia em adolescentes e adultos jovens.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo de este estudio es estimar el tratamiento de ortodoncia que necesitan jóvenes entre 15 y 24 años en Montevideo, Uruguay, y la asociación de los rasgos oclusores con factores demográficos, clínicos y socioeconómicos, considerando el ciclo vital. Se trata de un estudio transversal que maneja datos de la Primera Encuesta Nacional de Salud Bucal en Uruguay. Se utilizó un procedimiento de análisis de clúster en dos fases para seleccionar una muestra de 278 personas en Montevideo. Se realizaron entrevistas domiciliarias y exámenes bucales por parte de seis dentistas. Se usaron también datos de índices de cirugías estéticas (DAI) y del número de dientes cariados, perdidos y obturados (DCPO), con el fin de evaluar el tratamiento necesario ortodóntico y las caries dentales, respectivamente. La primera infancia y la situación socioeconómica actual fueron factores que se obtuvieron de la entrevista. Se usó una regresión logística ordinaria para modelar el índice DAI. La prevalencia de la maloclusión definitiva fue de un 20,6%, seguida por la severa (8,2%) y la muy severa (7,6%). En el análisis ajustado, las personas que no se habían tratado las caries dentales (OR = 1,11; IC95%: 1,03-1,20), y quienes informaron de un nivel socioeconómico bajo a los 6 años de edad (OR = 5,52; IC95%: 1,06-28,62), tenían una mayor probabilidad de sufrir un caso de maloclusión. La posición socioeconómica actual no se asoció con el tratamiento ortodóntico necesitado. Las personas con 22-24 años (OR = 1,59; IC95%: 1,05-2,41) tenían una probabilidad más baja que aquellos con una edad entre 14-17. Este estudio muestra que el tratamiento ortodóntico necesario es relativamente alto en adolescentes uruguayos y adultos jóvenes. Hay una relación potencial entre el estatus socioeconómico en la primera infancia y la ocurrencia de maloclusión en adolescentes y jóvenes adultos desde una perspectiva del ciclo vital.

    Resumo em Inglês:

    This study aims to estimate orthodontic treatment need among 15-24 year-old individuals in Montevideo, Uruguay, and the association of occlusal traits with demographic, clinical and socioeconomic factors, considering a life course approach. A cross-sectional study using data from the First National Oral Health Survey in Uruguay was conducted. A two-stage cluster procedure was used to select a sample of 278 individuals in Montevideo. Household interviews and oral examinations were performed by six dentists. Dental Aesthetic (DAI) and Decayed Missing and Filled Teeth Indices (DMFT) were used to assess orthodontic treatment need and dental caries, respectively. Early life and current socioeconomic factors were obtained from the interview. Ordinal logistic regression was used to model the DAI index. Prevalence of definite malocclusion was 20.6%, followed by severe (8.2%) and very severe (7.6%). In the adjusted analysis, individuals with untreated dental caries (OR = 1.11; 95%CI: 1.03-1.20) and those who reported a lower socioeconomic level at 6 years of age (OR = 5.52; 95%CI: 1.06-28.62) had a higher chance of being a worse case of malocclusion. Current socioeconomic position was not associated with orthodontic treatment need. Individuals aged 22-24 years (OR = 1.59; 95%CI: 1.05-2.41) had a lower chance than those aged 14-17. This study shows that orthodontic treatment need is relatively high in Uruguayan adolescents and young adults. There is a potential relationship between early life socioeconomic status and the occurrence of malocclusion in adolescents and young adults under a life course approach
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br